Buscar

Trabalho Dolo eventual e culpa consciente

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo:
 
O intuito deste trabalho é conscientizar estudantes e interessados nas questões jurídicas em relação a distinção do Dolo Eventual e Culpa Consciente, sobretudo no que tange a banalização do primeiro seja por influencias sociológicas ou interpretativas. O assunto em questão trata-se de uma das etapas mais importantes na interpretação do caso concreto investigado, que consequentemente tem a capacidade de mudar o destino do réu e que, portanto, tem um peso final imensurável. Desta forma são grandes as chances de se punir injustamente de forma dolosa, um indiciado que no máximo deveria ser punido na forma consciente da culpa.
Com o passar do tempo e a popularização dos meios de comunicação, notasse uma crescente interferência sociológica em decisões judiciais, que progressivamente sofre intervenções da opinião pública. Grande parcela dos civis não conhece a interpretação da letra da lei, tecendo juízo de forma prematura e, quase sempre, conhecendo apenas o lado mais emotivo dos fatos. A lei, em pleno vigor e que em tese, deveria ser aceita como certa pela grande maioria, fica em segundo plano em relação ao espetáculo da mídia, quase sempre alicerçada por parcelas do judiciário. Deixa de ser evidente a presunção da inocência e a condição de não podermos presumir dolo se não houver de forma clara, suas correspondentes qualificadoras.
Desta forma, se trata de algo relevante e de suma importância a distinção do Dolo Eventual e da Culpa Consciente, já que até mesmo a jurisprudência atual, se encontra um tanto quanto deturpada, acarretando a banalização do Dolo Eventual por parte de muitos penalistas.
Introdução: Das vertentes
O Dolo Eventual é um tema que tem causado diversas discussões relacionadas a culpabilidade, sendo um dos grandes causadores de contendas teóricas ligadas a ceara penal, pois apresentam características parecidas com a Culpa Consciente e realmente estão separadas por uma linha muito tênue, dando margem a interpretações controversas dos casos concretos. 
A diferenciação de Dolo Eventual x Dolo Direto x Culpa Consciente é extremamente necessária para a punição adequada do indivíduo que praticou fato típico penal. Entre os doutrinadores existem aqueles que alegam o uso banalizado do dolo eventual na jurisprudência, o que impacta na percepção do peso penal do Estado no imaginário coletivo. 
A título de complementação, para que fique claro a diferença das culpas e dolos presentes em nosso ordenamento jurídico, explicaremos de forma sucinta as definições das seguintes condutas: Culpa Inconsciente e Dolo Direto, logo após, Culpa Consciente e Dolo Eventual.
Dolo Direto e Culpa
As raízes da definição do dolo e culpa, se encontram intrínsecas ao ser humano e, logo, na forma moral do direito. Isto significa que o homem descobriu em algum momento da sua história antiga, o que era proposital e o que era acidental em um evento que ia contra os costumes de cada época. Desta forma a noção de culpado e inocente e suas agravantes ou atenuantes é algo “extrajurídico” e se encontra no agir do homem, sendo aprimorado com a evolução dos códigos e ritos processuais. 
Existe no dolo duas características que são intrínsecas, a volitiva (vontade) e a cognitiva (conhecimento, consciência, representação ou previsibilidade subjetiva) de praticar o ato. Toda e qualquer atitude praticada sem estas elementares não pode ser classificada como dolosa. Curiosamente, é certo que todos nós na maioria do tempo, agimos de forma dolosa, pois calculamos antes de agir, tentando atingir um fim específico, vertente esta que não interessa ao direito, a não ser que encontre tipicidade no Código Penal. O que diferencia as nossas ações objetivas do dolo passível a pena, é a valoração negativa causada contra um bem jurídico.
Outra coisa muito importante a ressaltar é que não existe o elemento cognitivo sem o volitivo, visto que é impossível haver vontade sem consciência, pois é necessário saber o que se quer. Neste caso, o agente tem a vontade de cometer e por consequência assume todos os riscos decorrentes de seu ato.
Já a conduta classificada como culposa basicamente ocorre pela inobservância de um dever prévio de cuidado, tendo como vertentes a imperícia, a negligência e/ou imprudência. Nesta modalidade o agente não quer fazer ou provocar o crime, nem mesmo assumi o risco de comete-lo, mas apesar de ser algo previsível não consegue enxergar os riscos e por conta disto o acaba cometendo de forma involuntária. 
Dolo Eventual X Culpa Consciente
Há uma grande confusão na interpretação destas vertentes, o que consequentemente atinge a conclusão, pois com o passar do tempo esqueceu-se a Culpa Consciente e deu-se ênfase somente ao Dolo Eventual. Para melhor compreensão, nos dois casos o agente prevê o que pode ocorrer como resultado e assume o risco, porém na culpa ele tem a plena convicção de que é capaz de evitar o resultado (o crime), já no dolo o causador é inferente ao que pode vir acontecer.
Visto isto, chega-se à conclusão que se trata de algo inerente ao agente em questão, algo completamente subjetivo, sendo necessário análise detalhada de predicados mentais do mesmo. Tornando algo de difícil interpretação em prática, salvo em raros casos.
Conceituado ainda mais o tema tão controverso, respectivamente a cada classificação encontra-se menos vontade de cometer o crime/infração penal: Dolo Direto, Dolo Eventual, Culpa Consciente e Culpa Inconsciente.
Outra característica diferenciadora é de que, quem age com Dolo Eventual está movido pelo seu egocentrismo (egoísmo), ou seja, sua ação tem maior valor do que o resultado. E para quem age com Culpa Consciente, existe o excesso de confiança e sua ação tem menor valor do que o resultado (o agente nesta última situação, tomando nota do desfecho, renunciaria a sua atitude).
Desenvolvimento: Entendendo um pouco mais
 
Com o crescente desenvolvimento das grandes metrópoles e os avanços capitalistas, pode-se observar um aumento na criminalidade e esta tem causado um grande impacto na sociedade como um todo. A partir de então, surgiram comunicadores nos meios midiáticos que começaram a tomar uma posição extremamente negativa aos acontecimentos que os mesmos cobriam. Fato é que a mídia tem grande poder (influência) sobre a opinião pública, mas este fato é apenas uma vertente da questão.
Mediante todo este quadro, surgiu a teoria do Populismo Penal que tem base no populismo clássico que hoje se encontra defasado. O mais novo carrega traços característicos do mais velho e pode ser definido como uma teoria movida a fatos emocionais, fundada em poucos elementos racionais, a fim de tornar o direito penal máximo e mais rigoroso. E como em um ciclo vicioso, o legislativo e o judiciário, editam e sentenciam, penas cada vez mais severas, com a finalidade de atender a maior parcela da população que indignados com o passo da justiça no país e o que assistem ou leem nos meios de comunicação, tecem fortes críticas aos ocupantes de cargos eletivos e juízes.
As consequências 
Magistralmente Césare Beccaria, cita em sua mais importante obra: 
Um dos maiores travões aos delitos não é a crueldade das penas, mas a sua infalibilidade [...] A certeza de um castigo, mesmo moderado, causará sempre impressão mais intensa que o temor de outro mais severo, aliado à esperança de impunidade. (BECCARIA, 2000, p.117, grifo nosso).
 Quanto mais pronta for a pena e mais de perto seguir o delito, tanto mais justa e útil ela será [...]. Eu disse que a presteza da pena é útil; e é certo que, quanto menos tempo decorrer entre o delito e a pena, tanto mais os espíritos ficarão compenetrados da ideia de que não há crimes sem castigo; tanto mais se habituarão a considerar o crime como a causa da qual o castigo é o efeito necessário e inseparável. (BECCARIA, 2000, p. 62).
Mundialmente tomado como referência entre juristas, a obra “Das Leis e Das Penas” do citado autor, ressalta importante percepção das leis ao imaginário popular. Não basta apenas aumentar a dureza das penas, pois istonão influenciará na reabilitação do réu, melhor seria a presteza do judiciário e a certeza da pena adequada. Isto causaria um melhor resultado, mostrando ao psicológico do réu e das pessoas em geral, que “não há crime sem seguida punição”. 
Em contraste a opinião pública cabe citar o atual estado do sistema prisional brasileiro, que se encontra sucateado e em estado deplorável. Com o sistema “Tolerância Zero” haverá um repentino aumento na demanda dos encarcerados. O que causaria ainda mais problemas a estrutura social do país e não menos importante, sérias consequências aos cofres públicos.
O cenário tumultuado construído pelos meios de comunicação, judiciário e a dificuldade de conhecimento e interpretação dos códigos, aliado com a opinião pública deturpada de impunidade, constrói um cenário onde a iniciativa de realizar ações tipificadas, mesmo não querendo o desfecho que lesa o bem jurídico, se proliferam.
Dolo Finalista Ontológico X Dolo Funcionalista Normativo
Algo que tem contribuído grandemente para o agravamento do problema, são os já citados erros interpretativos destes dois institutos, que em alguns casos são altamente criticados pelos “analistas” de plantão. O dolo ontológico é o clássico, nele acredita-se na existência do dolo por si só, sendo algo que existe e desta forma, necessitando apenas de sua constatação (identificação). Nesta o jurista necessita usar a Psicologia, adaptando-a da melhor maneira possível para a interpretação do caso concreto. Ou seja, neste sentido tenta-se interpretar qual era a intenção do agente, o que se passou na consciência do mesmo. 
Já no Dolo Normativo primeiramente citado por Kelsen, aponta que o dolo é algo que se atribui (imputa), tenta-se de certa forma, “enxergar” o sentimento do agente com base em dados objetivos. No caso, não se entra no mérito da Psicologia (ao contrário disto, tenta se apoiar somente na espera jurídica) já que não pode se valer de provas abstratas e potencialmente duvidosas para a sentença.
Tanto em uma interpretação quanto na outras reforça-se a dificuldade de criar uma analise clara e eficiente capaz de diferenciar o que é Dolo Eventual e Culpa Consciente.
Conclusão
A discussão sobre os dois institutos jurídicos é relativamente jovem e achou guarida na falta de clareza do Código Penal vigente, que se mostra lacunoso sobre o Dolo Eventual. As interpretações a cargo dos juízes de primeira instancia buscam fazer jus as provas coletadas e nas especificidades de cada situação. Não entendemos que há uma tendência a amenização de penas para proteger ou não piorar o sistema penitenciário brasileiro ou reduzir os gastos públicos, para falar de duas hipóteses.
O fato é que construímos uma sociedade onde ações que sabidamente podem gerar fatos tipificados são tentadas e não evitadas, onde o crime passa a ser uma possibilidade aceita e não acidental.
Referências Bibliográficas
https://youtu.be/q1Igd6YGpB8
http://blog.newtonpaiva.br/direito/wp-content/uploads/2016/02/DIR-27-05.pdf
http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/homicidio.pdf
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=8d55a249e6baa5c0
ANDREUCCI, R. A. Manual de direito penal. 5º ed. – São Paulo: Saraiva 2009

Outros materiais