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A dor e os desafios para o cuidar da enfermagem

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11. A dor e os desafios para o cuidar da enfermagem
Segundo Pedroso e Celich (2006, p.273), “a avaliação da dor como quinto sinal vital é uma maneira de melhorar a qualidade de vida do cliente, pois a dor é um dos mais frequentes sintomas relatados por estes.” Percebe-se, no entanto, que os profissionais da enfermagem encontram alguns desafios no que diz respeito a avaliação da experiência álgica e no seu esperado alívio.
Um dos desafios da enfermagem para o cuidar direcionado à dor refere-se a não instituição, na prática, dessa experiência como o quinto sinal vital. A avaliação da experiência álgica não deve ser realizada apenas quando o cliente se queixa de dor. Conforme um estudo realizado por Pedroso e Celich (2006, p. 273), pode-se constatar que a dor é pouco avaliada juntamente com a temperatura, o pulso, a respiração e a pressão arterial pelos profissionais da enfermagem. Observa-se, como consequência, que essa falta de compromisso ou de interesse em realizar a avaliação da dor resulta em um precário controle da sensação álgica e na ampliação do tempo de sofrimento do cliente.
Existem diversas escalas que podem ser utilizadas para se realizar a mensuração e avaliação da dor. No entanto, alguns profissionais enfrentam problemas quanto a sua utilização. Segundo uma pesquisa, 77% das dificuldades apresentadas por profissionais de saúde no que diz respeito à administração da dor são decorrentes da incompreensão dos clientes em expressa-la de acordo com a intensidade na escala numérica de 0 a 10 (NASCIMENTO; KRELING, 2011). A falta de compreensão das escalas de mensuração da dor dificulta e por vezes impossibilita uma avaliação fidedigna do estado dos clientes. A ausência de entendimento pode ser devido, por exemplo, à baixa escolaridade de alguns deles (NASCIMENTO; KRELING, 2011), além de fatores como a idade. Cabe, no entanto, ao profissional da enfermagem identificar essa dificuldade e a partir disso utilizar outros métodos de avaliação ou escalas. Nesse caso, por exemplo, pode ser utilizada a escala de faces.
A dor, quando não adequadamente avaliada e tratada, acaba afetando a qualidade de vida dos clientes nas dimensões psicológica, física, social e espiritual (SILVA; PIMENTA, 2003). Para que o tratamento seja realizado de forma eficaz, é preciso que as informações referentes à avaliação da dor circulem entre os componentes da equipe de enfermagem – considerando a troca de plantões –. Se a queixa de dor bem como a terapia farmacológica utilizada são adequadamente registradas no prontuário do cliente, o controle de seu estado álgico se torna bem mais fácil. Além disso, segundo análise de Silva e Pimenta (2006, p.117), “acredita-se que a adoção de um padrão de avaliação diária do doente, especificamente sobre dor, possa contribuir para o aperfeiçoamento da assistência de enfermagem”. Essa conclusão foi possível devido a um estudo realizado por esses autores, a partir do qual eles constataram, entre outras coisas, que a avaliação da dor é mal realizada, uma vez que não são consideradas as suas várias características e também porque nem sempre os registros feitos condizem com o relato do cliente.
Conforme Nascimento e Kreling (2011, p. 54), “a falta de tempo por parte do profissional, a linguagem que este utiliza ao questionar a dor, muitas vezes, técnica e de difícil entendimento pelo paciente, além do desconhecimento das técnicas de avaliação da dor, também são fatores limitantes para o seu monitoramento.” Existem diversas formas a partir das quais o enfermeiro pode realizar a avaliação do estado álgico. Se o cliente, por exemplo, apresenta o nível de consciência diminuído, não podendo expressar a sua experiência dolorosa verbalmente, há outras técnicas que podem ser utilizadas, tais como a observação comportamental (localização, expressão facial e movimento corporal) e a aferição de respostas biológicas à dor (pressão arterial, frequência respiratória e frequência cardíaca) (BARROS E COLS., 2010 p.403).
De acordo com Fontes e Jacques (2007, p.483) “os instrumentos unidimensionais são frequentemente utilizados em clínicas e hospitais para se obter informações rápidas sobre a dor e analgesia.” Esse é outro problema observado, já que a avaliação da dor não deve abranger somente a identificação de sua intensidade. Existem escalas multidimensionais que, além de mensurar a intensidade, auxiliam na análise de outros aspectos da experiência álgica.
Outro desafio para a enfermagem quanto ao cuidado da dor se relaciona à influência dos aspectos culturais do doente sobre essa ela. Percebe-se, por exemplo, que as mulheres, frente a uma experiência de dor, se tornam mais emotivas. Comparando-se a indivíduos do sexo masculino, vê-se que, geralmente, os homens não exteriorizam esse tipo de manifestação quando sentem alguma dor, tendendo a não comunicar aos outros essa sensação. Isso evidencia a diferença com a qual o homem e a mulher na maioria das vezes se comportam diante da experiência álgica. Outro fator que pode ser considerado quanto à cultura dos clientes, é que muitos deles acham que a dor está envolvida com questões físicas, religiosas, emocionais ou sentimentais, ou ainda há aqueles que a consideram como uma condição própria do ser humano. Esses aspectos podem interferir no processo de avaliação e controle da dor, devido à maneira com a qual cada indivíduo a identifica e a expõe para o profissional (BUDÓ et al., 2007). 
A experiência álgica é considerada subjetiva, sendo que cada um a sente de uma forma distinta. No entanto, alguns profissionais da enfermagem não conferem credibilidade a relatos de alguns pacientes que referem apresentar dor, o que constitui um empecilho à realização da analgesia e ao alcance do conforto para o paciente (PEDROSO; CELICH, 2006).
A partir dos aspectos expostos, percebe-se que existem diversos desafios enfrentados pela enfermagem no que diz respeito ao cuidado voltado para o tratamento da experiência álgica e que alguns deles podem ser resolvidos com a obtenção de conhecimento por parte dos enfermeiros e pelo comprometimento deles com a assistência humanizada ao paciente.
Referências
BARROS, Alba Lucia Botura Leite de. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem. Porto Alegre: Artmed, 2010.
BUDÓ, M. L. D. A cultura permeando os sentimentos e as reações frente à dor. Rev Esc Enferm USP, v. 41, p. 36-43, 2007.
FONTES, K. B.; JACQUES, A. E. O papel da enfermagem frente ao monitoramento da dor como o 5º sinal vital. Cienc Cuid Saúde, Paraná, v. 6, p. 481-487, 2007.
NASCIMENTO, L. A.; KRELING, M. C. G. D. Avaliação da dor como quinto sinal vital: opinião de profissionais de enfermagem. Acta Paul Enferm, Paraná, v. 24, p. 50-54, 2011.
PEDROSO, R. A.; CELICH, K. L. S. Dor: o quinto sinal vital, um desafio para o cuidar em enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 15, p. 270-276, abr-jun. 2006.
SILVA, Y. B.; PIMENTA, C. A. M. Análise dos registro de enfermagem sobre dor e analgesia em doentes hospitalizados. Rev Esc Enferm USP, v. 37, p. 109-118, 2003.

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