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Antropologia Jurídica

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A Antropologia surge num contexto marcado pela expansão do imperialismo. Ela é ligada ao imperialismo, assim o perfil colonial de cada potência expansionista se reflete em maior ou menor grau no seu desenvolvimento antropológico. O discurso antropológico acabou criando uma visão depreciativa de outros países, dando a ideia de que o homem branco precisava levar conhecimento aos outros. Isso constrói, para o ocidente, uma autoimagem positiva, mas negativa aos outros. Isso serviu como validação do imperialismo.
Imperialismo
O imperialismo é uma forma de expansionismo, mas nem todo expansionismo é um imperialismo.
Imperialismo + capitalismo = expansionismo moderno
Pretensão da hegemonia acidental → o capitalismo se internacionaliza anexando territórios
Bulimia territorial (Marc Ferro): um processo patológico de tentativas das potências ocidentais de englobar/expandir a lógica do capitalismo.
O Estado Nacional Moderno, financiado pela classe burguesa, é o grande autor do expansionismo.
Imperialismo (infraestrutura) ← causalidade (linearidade) → Antropologia (superestrutura)
Max Weber (A ética protestante e a época do capitalismo): afinidade eletiva = atração entre duas coisas sem explicação, relação entre o protestantismo e o capitalismo (predestinação).
Danilo Martuccelli (Sociologies de la Modernité): três matrizes = diferenciação social, racionalização social (dominar a emotividade) e condição moderna.
A Antropologia forneceu involuntariamente um cabidal de conhecimentos que, uma vez mobilizados pelos administradores coloniais, permitia otimizar a dominação. Também forneceu, em caráter não deliberado, um discurso com pretensões científicas que foi instrumentalizado politicamente para servir de justificativa retórica de legitimação a suposta naturalidade da dominação colonial.
A Antropologia do século XIX surge como um estudo dos “povos primitivos”, sendo caracterizada pelo etnocentrismo. Além disso, era um saber vocacionado à gestão de populações.
“Povos primitivos” = objeto
Etnocentrismo = enfoque
Gestão de populações = finalidade
Na passagem do século XIX ao XX, o saber antropológico entrou em crise, uma vez que os elementos que antes a caracterizavam se tornam insustentáveis. Do objeto decorre uma crise de delimitação entre (identidade) antropologia e sociologia. Do enfoque nasce uma crise relativa ao estatuto de cientificidade pretendido pela antropologia. Da finalidade, uma crise de delimitação entre os campos do saber/ciência e do poder/política (crise de inscrição).
A antropologia e a sociologia, enquanto saberes, surgiram na mesma época, assim havia um grande esforço por parte dos autores em imprimir uma identidade exclusiva a cada uma delas.
Sociologia ≠Antropologia
Razões para a crise do objeto segundo Robert Delliége: 
Histórica = “povos primitivos” começam a desaparecer porque são exterminados (supressão física) ou assimilados (supressão cultural) ou se tornam independentes
Integração x Assimilação
Semântica: os próprios antropólogos perceberam que configurar os povos como primitivos é etnocêntrico e depreciativo (além disso, dá valor para uma sociedade, perdendo caráter objetivo conceitual da antropologia)
Epistemológica: o objeto “povos primitivos” se torna insustentável
Assim, os antropólogos passam a estudar duas próprias sociedades, as consideradas modernas, então a barreira que diferenciava Antropologia e Sociologia acaba desaparecendo, levando a essa crise de identidade. Hoje, o que separa Antropologia e Sociologia não é mais o objeto de estudo, mas sim o enfoque e o método.
Etnocentrismo consiste em uma postura que projeta os valores e as categorias de uma determinada sociedade sobre as demais, imprimindo-lhes suposta universalidade, para que sirvam de critério para avaliação/comparação intercultural.
Boaventura de Sousa Santos → sociedades hegemônicas tendem a globalizar seus localismos
 → sociedades subalternas tendem a localizar os globalismos exportados pelas nações hegemônicas
A Antropologia surgiu com abordagem etnocêntrica comprometendo sua cientificidade, levando assim a uma crise progressiva relativo ao estatuto da cientificidade. A Antropologia do século XIX surgiu com uma falha metodológica que levou ao problema do etnocentrismo.
Pierre Clastres = o etnocentrismo é um obstáculo epistemológico porque se torna uma barreira para o desenvolvimento da ciência.
Para se tornar ciência, a antropologia precisava superar o etnocentrismo, que estava muito relacionado a “Antropologia de gabinete”, a qual era uma tendência de os próprios antropólogos não irem até as sociedades que queriam estudar, descrever e queriam fazê-lo de forma empírica. Então os dados das sociedades vinham de missionários, viajantes, militares e administradores coloniais, assim os antropólogos ficavam condicionados a essas visões cheias de carga valorativa (depreciativa) de outras pessoas.
Os antropólogos do século XIX achavam que uma Antropologia de gabinete podia existir porque tinham pensamentos positivistas, que valorizavam o documento oficial, acreditando que este seria neutro e isento de subjetividade, mas pelo contrário, qualquer documento reflete a visão deum grupo, especialmente aqueles do século XIX que tratavam das sociedades diferentes.
Para resolver esse problema, os antropólogos decidiram acabar com a metodologia da Antropologia de gabinete e instituíram, a partir de Franz Boas e Bronislaw Malinowski, um novo método, o field work (trabalho de campo).
O saber vocacionado à gestão de populações mostra a afinidade eletiva entre antropologia e imperialismo. Essa afinidade vai causar uma crise entre os campos da ciência e da política porque a antropologia queria ser um saber científico, mas apresentava uma finalidade política.
O século XIX fornece as condições epistemológicas de constituição das ciências humanas. Não é casualidade o surgimento da antropologia no século XIX no Ocidente, seria impossível isso acontecer nos séculos anteriores.
Norbert Rouland lança o problema, mas não o explica. Já François Laplantine afirma que essa saber que surge não quer fazer especulações (como faziam autores anteriores) sobre o homem, o enxergar de maneira abstrata, ele quer estudar o homem de forma concreta e empírica (sistemática também), ou seja, enfocar o homem como entidade concreta inscrita no mundo no qual as relações linguísticas e sociais interferem em sua vida e a moldam. Esse processo foi demorado já que era tão significativa. Começou a se delinear no século XVIII, mas só foi possível na segunda metade do século XIX.
Como os saberes novos se relacionam com os antigos/como esse processo de transição aconteceu:
Desenvolvimento/continuidade = Dan Sperber não nega que aconteceu no século XIX, mas antes disso existia um conhecimento acerca do homem que ele chamava de antropologia filosófica (de viés especulativo), a partir desse conhecimento surgiu a antropologia e a psicologia (ambos de caráter empírico). A Antropologia, para Dan Sperber, era ramificada em antropologia física (que perde espaço por causa de seu caráter eugenista) e antropologia cultural (que ganha na popularidade).
A. F. → A e P
Ruptura/descontinuidade = para Michel Foucault, a antropologia, como as outras ciências humanas, não teve seu campo epistemológico previamente delimitado. É um saber novo, fundado na “épistémè” moderna que, por sua vez, manteria uma relação de descontinuidade com as anteriores.
Etnografia jurídica = descritiva
Etnologia jurídica = interpretativa
Antropologia jurídica = generalizadora
Para Lévi-Strauss, não são disciplinas diferentes, mas sim fases de uma mesma pesquisa.
Theodor Viehweg → dogmática
 → zetética (usa um recurso crítico)
Antropologia é uma abordagem zetética.
Niklas Luhmann → perspectiva autodescritiva (jurista – norma)
 → hetero descrição ou descrição externa (cientista social – fato)
Antropologia = generalizadora, crítica (zetética), ponto de vista externo (ciências sociais), se caracteriza pelo descentramento mediante o exercícioda alteridade (para François Ost, isso evita o etnocentrismo).
Homeomorfismo cultural
Aponta para diferenças substanciais entre sociedades/experiências jurídicas diferentes. Segundo Lévi-Strauss, toda sociedade é diferente, mas algumas são mais diferentes entre si do que outras (uma coisa é compara o Brasil com a Argentina e comparar o Brasil com uma tribo australiana).
Robert Vachon = discute o homeomorfismo. Diversas variantes da aplicação daquilo que o ocidente chama de direito/diversas culturas jurídicas.
As categorias jurídicas ocidentais seriam habilitadas a gerir/explicar sociedades além do ocidente, ou seja, seriam elas universais?
SIM (Max Gluckman) X NÃO (Paul Bohannan)
Há sempre um nível de distorção na Antropologia, cabe discutir qual é o nível aceitável (limite).
Pluralismo jurídico
Perspectiva que quer descrever a produção jurídica com adequação à estrutura da sociedade contemporânea. Perspectiva intencionalmente polêmica e contraintuitiva que rejeita a redução do fenômeno jurídica apenas à sua forma estatal de expressão. Contesta o monismo jurídico. Pode haver direito mesmo que não haja Estado.
Norbert Rouland: tendência de acreditarmos que Direito = lei, o que gera uma ocultação do Direito porque encobre outras dimensões do fenômeno jurídico que não a lei. Deveria ser Direito > lei. 
Pluralismo moderado
Apesar de não aceitar a redução do Direito a sua forma estatal de expressão, é dada ao Direito Estatal uma centralidade em relação as outras formas jurídicas paralelas que gravitam em torno deste.
X
Pluralismo radical
Despe do Direito Estatal sua pretensa centralidade. Radicaliza o descentramento da regulação jurídica. Boaventura de Sousa Santos propõe uma cartografia simbólica do Direito.
Segundo o autor, juristas têm usado uma única escala para observar o Direito, a escala nacional, o que os leva a enxergar apenas a dimensão estatal. Portanto, se usarmos escalas diferentes, como a regional/mundial e a local, nós poderemos enxergar a realidade jurídica por outras dimensões, como a supra-estatal e a infra-estatal (extra-estatalidade).
É etnocêntrico atrelar direito apenas ao Estado. Pode haver qualificação jurídica sem a figura do Estado, ou seja, existem sociedades sem Estado que tem Direito.
O pluralismo jurídico é polêmico, mas todos eles (as diferentes visões) tratam da relativização (e não da anulação) do papel do Estado no que concerne à sociedade segundo Norbert Rouland.
Juridicidade
Transformar relação social jurídica.
Direito X Juridicidade
Normas gerais impessoais (lei)
+
Modelos de conduta e de comportamento (costume)
+
Sistema de disposições duráveis (hábito)

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