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30/03/2017 1 AULA 2 (Direito Internacional Privado) PROF. ALVARO GOUVEIA Nacionalidade Conceito • É o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado (Pontes de Miranda). – Dimensão Jurídico-Política (vertical) • Série de obrigações do indivíduo para o Estado e vice-versa. • Ex: serviço militar, proteção diplomática. – Dimensão Sociológica (horizontal) • O nacional é membro de uma comunidade (população que constitui o Estado). Aquisição de nacionalidade • Nacionalidade originária –Adquirida no momento do nascimento. • Nacionalidade secundária ou derivada –Adquirida posteriormente ao nascimento. 30/03/2017 2 Critérios de aquisição de Nacionalidade Originária Jus Soli Jus Sanguinis • Aquisição de nacionalidade do país em cujo território se nasceu, não importando a nacionalidade que os pais tinham à época do nascimento, nem posteriores modificações na nacionalidade dos pais. • Aquisição de nacionalidade dos pais à época do nascimento. • Países imigratórios. • Países emigratórios. • Pais com nacionalidades diferentes: segue a do pai ou, com pai ignorado, segue a da mãe. • Se ignorados ambos os pais, usa-se o critério do jus soli. Nacionalidade Originária (Brasil - cumulação de critérios) Jus Soli • Jus Soli + Critério Funcional (a contrario sensu) • CRFB/88, art. 12, I, “a”: os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Nacionalidade Originária (Brasil - cumulação de critérios) Jus Sanguinis • Jus sanguinis + critério funcional • CRFB/88, art. 12, I, “b”: “os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil”. • Jus sanguinis + registro em repartição consular brasileira ou residência no país e opção pela nacionalidade dos pais. • CRFB/88, art. 12, I, “c”: “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”. (EC 54/2007) Nacionalidade Derivada ou Secundária • Ocorre por meio da naturalização/nacionalização, que pode ser: – Voluntária – Imposta • Ex: casamento 30/03/2017 3 Naturalização ou Nacionalização • Conceito – É ato unilateral pelo qual, mediante solicitação, um Estado concede a condição de nacional a estrangeiro determinado. – Em regra, é ato discricionário do Estado no exercício de sua soberania, podendo conceder ou negar a nacionalidade ao estrangeiro que a requeira. Modalidades de naturalização no Direito brasileiro Aquisição derivada ordinária Aquisição derivada extraordinária • art. 12, II, “a” da CRFB/88 • “os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral”. • art. 12, II, “b” da CRFB/88 • “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”. • É discricionária (lei 6.815/1980, art. 121). • É considerada um direito adquirido do estrangeiro. Requisitos para a naturalização ordinária no Brasil • Lei 6.815/1980, art. 112. São condições para a concessão da naturalização: – I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; – II - ser registrado como permanente no Brasil; – III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; – IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; – V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; – VI - bom procedimento; – VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e – VIII - boa saúde. Diminuição do prazo de residência para a naturalização ordinária no Brasil • Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, item III, poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: – I - ter filho ou cônjuge brasileiro; – II - ser filho de brasileiro; – III - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça; – IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística; ou – V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou civil, destinada, principal e permanentemente, à exploração de atividade industrial ou agrícola. • Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos, no do item V. 30/03/2017 4 Dispensa de requisitos para a naturalização ordinária no Brasil • Lei 6.815/1980, art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-se apenas a estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar: – I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com diplomata brasileiro em atividade; ou – II - de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez) anos de serviços ininterruptos. Direitos dos Naturalizados no Brasil • Há uma equiparação dos direitos entre os brasileiros natos e naturalizados em todos os direitos civis e políticos, ressalvados os casos dispostos no art. 12, §3º da CRFB/88 (cargos privativos de brasileiro nato). – CRFB/88, art. 12, § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Competência para cancelamento de naturalização • A concessão de naturalização é de competência do Poder Executivo, mas seu cancelamento é da competência do Judiciário Federal (arts. 24 a 34 da lei 818/1949). – Art. 24. O processo para cancelamento da naturalização será da atribuição do Juiz de Direito competente para os feitos da União, do domicílio do naturalizado, e iniciado mediante solicitação do Ministro da Justiça e Negócios Interiores, ou representação de qualquer pessoa. Perda da nacionalidade brasileira Perda-Punição Perda-Mudança • CRFB/88, art. 12, §4º, I da CRFB/88 • “Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional”. • CRFB/88, art. 12, §4º, II da CRFB/88 • “Será declarada a perda de nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis”. 30/03/2017 5 Reaquisição de nacionalidade • Os brasileiros natos e naturalizados poderão, nos termos do art. 36 da lei 818/1949, readquiri-la com o (re)estabelecimento de domicílio no Brasil, desde que a eleição de outra nacionalidade nãotenha sido motivada para se eximir de dever a cujo cumprimento estaria obrigado se se conservasse brasileiro. CONFLITO DE LEIS Conflitos de leis no tempo e no espaço • Fatos Jurídicos – Unitemporal • Ex: nascimento, óbito. – Uniespacial ou local • Ex: contrato celebrado e cumprido do Brasil. – Intertemporal • Ex: testamento elaborado de acordo com o CC/1916 e aberto sob a égide do CC/2002. • Conflito de leis no tempo (LINDB, art. 6º) – Interespacial • Ex: testamento elaborado na Alemanha e aberto no Brasil, por ter o testador se transferido para o Brasil e morrido aqui. • Conflito de leis no espaço (LINDB, arts. 7º e seguintes). Normas Diretas x Normas Indiretas • Normas diretas e normas indiretas – Norma Direta • Tutelam diretamente um fato jurídico, dando-lhe solução nos moldes do ordenamento estatal ou internacional. – Ex: normas sobre nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro. – Norma indireta • Apontam qual o preceito que deve incidir sobre um caso concreto, sem apresentar a conduta a ser seguida, a qual constará em uma outra norma indicada, que pode ser nacional ou estrangeira. 30/03/2017 6 Institutos básicos do DIPr • Ordem Pública – Aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da estrutura do Estado e de sua sociedade (soberania nacional e bons costumes). • Direito Adquirido – É aquele que a pessoa faz jus ao preencher os requisitos previstos por um ordenamento jurídico para a sua aquisição e que, uma vez obtido, não pode ser retirado. – O direito adquirido não será acolhido se ofender a ordem pública. • Ex: direitos relacionados aos casamento poligâmicos; direito ao duelo; direito de sevícias conjugais. Institutos básicos do DIPr • Reenvio, Retorno, Remissão, Devolução (Renvoi – FRA; Remission – ING) – Conceito – Graus de Reenvio – Proibição de Reenvio no Brasil (art. 16 da LINDB) • “Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”. • Conflito de Jurisdições – Discute-se qual Estado possui jurisdição sobre a matéria conflituosa. • Conflito de Leis – Discute-se qual norma direta será aplicada sobre a matéria conflituosa pelo juiz apto para julgar. Conflito de Leis x Conflito de Jurisdições Concorrente Art. 12 da LINDB; art. 21 (art. 88 do CPC/1973) e art. 22 do Novo CPC Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Conflito de Jurisdição 30/03/2017 7 Exclusiva Art. 12, §1º da LINDB e art. 23 do Novo CPC (art. 89 do CPC/1973) Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Conflito de Jurisdição Elementos de Conexão • Conceito – São os fatores que determinam qual é a norma aplicável a um conflito de lei no espaço que envolva um determinado objeto de conexão. • Modalidades – Pessoais (nacionalidade, domicílio e residência) – Reais (localização do bem) – Conducistas (local de celebração e/ou de execução do contrato e autonomia das partes) Domicílio (lex domicilii) • Implica na aplicação da norma do domicílio de uma das partes para os conflitos de leis no espaço. • LINDB – Pessoa • Art. 7º: “ A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”. – Casamento • Se o casamento for realizado do Brasil, aplica-se a lei brasileira para as formalidades da celebração (art. 7º, §1º). • Invalidade do Matrimônio (art. 7º, §3º) e Regime de Bens (art. 7º, §4º) – Aplica-se a lei do local em que os nubentes tem domicílio, ou se este for diverso (ao tempo do casamento) aplica-se a lei do primeiro domicílio conjugal. Domicílio (lex domicilii) • Bens Móveis – Art. 8º, §1º da LINDB : “Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares”. • Penhor – Art. 8º, §2º da LINDB : “O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada”. • Sucessão por morte ou ausência – Art. 10: “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”. • “A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder” (art. 10, §2º). 30/03/2017 8 Nacionalidade (lex patriae) • Aplica-se aos conflitos a lei de nacionalidade da pessoa. • Foi o critério predominante no mundo e principal elemento de conexão no Brasil, sendo, ainda hoje, relevante na Europa. • No Brasil – Art. 7º, §2º da LINDB : “O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes”. Nacionalidade (lex patriae) • Art. 18 da LINDB: “Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país da sede do Consulado. – §1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 12.874, de 29/10/2013, com vigência 120 dias sua publicação, ou seja, 27/02/2014) – § 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.” (Vigência idêntica ao §1º) Territorialidade (lex rei sitae) • Incidência da norma do lugar onde está situada a coisa. • Tem por objeto o regime de bens e é o parâmetro aplicável aos bens imóveis e aos bens móveis de situação permanente. • LINDB – Bens• Art. 8º: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados”. – Sucessão • Art. 10, §1º: “A sucessão de bens de estrangeiros, situados no país, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”. Locus regit actum/lex loci contractus/Lugar da constituição da obrigação • Aplica-se a um conflito de leis no espaço a norma do lugar em que a obrigação foi contraída. • Esse é o critério geral para contratos e obrigações no Brasil. – Art. 9º da LINDB: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. • “A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”. • Art. 784, §3º do Novo CPC (art. 585, §2º do CPC/1973) – O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. 30/03/2017 9 Lex loci executionis/lex loci solutionis • Determina a aplicação da norma do local de execução de um contrato ou de uma obrigação. • Era aplicável aos contratos de trabalho, os quais ainda que tivessem sido celebrados no exterior, seriam regidos pela norma do local da execução das atividades laborais (Ver lei 7.064/1982, arts. 1º e 3º). – Súmula 207 do TST: “A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação”. (Cancelada em 16/04/2012) Autonomia da Vontade (lex voluntatis) • O elemento de conexão é a própria vontade das partes que pode derrogar normas dos Estados onde se encontram. – Ex: contratos internacionais, sucessões e regime de bens (escolha da lei ou do foro aplicável). • Só será aceito no Brasil se não houver violação à ordem pública ou aos tratados celebrados. – STJ, REsp 24283/SP: “A eleição de foro é válida, exceto quando a lide envolver interesses públicos”. • Não é expressamente reconhecido no art. 9º da LINDB, mas o é em seu art. 7º, §5º e na lei de arbitragem (lei 9.307/1996, art. 2º, §1º): – “Art. 7º, §5º. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato da entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro”. – “Art. 2, §1º. Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública”. Lex loci delicti comissi • Aplica-se a norma do lugar onde o ato ilícito foi cometido. – No Brasil, embora cometidos no estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira os crimes (CP, art. 7º, I e II): • Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; • Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; • Contra a administração pública, por quem está a seu serviço; • De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; • Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; • Praticados por brasileiro; • Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. • É o critério utilizado também para questões relativas à poluição ambiental, responsabilidade civil pela prática de atos ilícitos, etc. Saída Compulsória do Estrangeiro 30/03/2017 10 DEPORTAÇÃO (arts. 57 a 64 da lei 6.815/1980) • Conceito – Ato pelo qual o Estado retira compulsoriamente de seu território um estrangeiro que ali entrou ou permanece de forma irregular. • Exemplos de Irregularidades – Falta de documentação – Passaporte vencido – Passaporte não válido para o país no qual se pretenda entrar. – Uso de documento não aceito para estrangeiros. – Visto vencido – Exercício de atividade incompatível com o visto concedido. – Ausência de visto, quando exigido. DEPORTAÇÃO (arts. 57 a 64 da lei 6.815/1980) • A deportação é ato discricionário do Estado, mas não poderá ser levada a cabo em casos de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil quanto aos asilados e refugiados. • É de competência do Departamento de Polícia Federal. • Só podem ser deportados os estrangeiros que, quando deportados, deverão sair do Brasil e ir para qualquer país que os aceitem. (art. 58) • Não sendo apurada a responsabilidade do transportador pelas despesas com a retirada do estrangeiro, nem podendo este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas custeadas pelo Tesouro Nacional (art. 59). DEPORTAÇÃO (arts. 57 a 64 da lei 6.815/1980) • Não sendo exeqüível a deportação ou quando existirem indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do estrangeiro, proceder-se-á à sua expulsão. (art. 62) • Não é permitida a deportação quando configurar extradição inadmitida pela lei brasileira (art. 63) – Ex: responder a processo por crime político ou por crime não tipificado no Brasil. • É possível o retorno do deportado ao território nacional, desde que possua os documentos cabíveis e ressarça o Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com a sua deportação e efetue, se for o caso, o pagamento da multa devida à época, também corrigida (art. 64). EXPULSÃO (arts. 65 a 75 da lei 6.815/1980) • Conceito e hipóteses – Ato pelo qual o Estado retira do território nacional o estrangeiro considerado nocivo ou inconveniente aos interesses nacionais. (art. 65) • Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. • Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que: – a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil; [...] 30/03/2017 11 EXPULSÃO (arts. 65 a 75 da lei 6.815/1980) • Procedimento – Instauração de inquérito de Expulsão pelo Diretor do Departamento de Estrangeiros, da Secretaria Nacional de Justiça (Ministério da Justiça). – Processo administrativo no âmbito do Ministério da Justiça, com ampla defesa e contraditório ao expulsando. – Decisão sobre expulsão ou revogação de expulsão é de competência do Ministro da Justiça, por delegação do Presidente da República, vedada a subdelegação (Decreto nº 3.447/2000). EXPULSÃO (arts. 65 a 75 da lei 6.815/1980) • A Portaria de expulsão é discricionária e sujeita a controle de legalidade e constitucionalidade, sem que possa o Judiciário imiscuir-se no juízo de conveniência e oportunidade da medida (STF, HC 82.893/SP). • Da decisão de expulsão, cabe pedido administrativo de reconsideração, no prazo de 10 dias após a publicação do decreto de expulsão (art. 72), com efeito suspensivo (STF, HC 74.244/SP). – Proibição de pedido de reconsideração (art. 71): inquérito sumário com prazo não superior a quinze dias (garante-se a ampla defesa). – Ex: comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica. EXPULSÃO (arts. 65 a 75 da lei 6.815/1980) • O estrangeiro só poderá retornar ao Brasil se a Portaria de expulsão for revogada pelo Ministro da Justiça,de ofício ou por petição do interessado. – Se o expulso resolver retornar antes da revogação do decreto de expulsão, incorrerá no crime de ‘reingresso de estrangeiro expulso’ (art. 338 do CP). • Não se admite o banimento (expulsão de nacionais), à luz do art. 5º, XLVIII, c da CRFB/88. • Não é permitida a expulsão quando se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira (art. 75, I) – Ex: responder a processo por crime político ou por crime não tipificado no Brasil. EXPULSÃO (arts. 65 a 75 da lei 6.815/1980) • Impedimentos à expulsão (art. 75) – Art. 75. Não se procederá à expulsão: • I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou • II - quando o estrangeiro tiver: – a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou – b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. • § 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. • § 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo. • O Pacto de San José proíbe a expulsão coletiva (art. 22, §9º). 30/03/2017 12 Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Conceito – Ato pelo qual um Estado solicitado entrega a Estado solicitante indivíduo que tenha violado as leis penais deste ente estatal (em seu território ou não), para que neste responda pelo ilícito cometido. • É possível de ser pedida tanto na fase processual, como após condenação. • Tipos – Ativa • Quando o Estado a pede. – Passiva • Quando o Estado é solicitado a respeito. Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Compete ao STF processar e julgar, originariamente, os pedidos de extradição (art. 102, I, g da CRFB/88). • Fundamentos – Tratado internacional (bilateral ou plurilateral) – Promessa de reciprocidade, a qual será discricionariamente aceita pelo Estado solicitado e, se aceita, permite apenas o exame do pedido de extradição e não a sua concessão. • Nesse caso, a legislação do solicitante deve permiti- la (STF, Ext. 1.047/Líbano). Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Procedimento (3 fases) – Executivo • Recebimento por via diplomática do pedido de extradição. • O Ministério da Justiça deve pedir ao STF a prisão do extraditando (na prática, há liberdade vigiada após 60 dias de prisão – Súmula 2 do STF). – Judiciário • O STF analisa a adequação do pedido ao ordenamento jurídico brasileiro e internacional cabível (tratado ou reciprocidade), sem adentrar na questão de mérito (sistema de contenciosidade limitada – STF, Ext. 1.082/Uruguai). • A concordância do extraditando não dispensa a verificação da legalidade do pedido (STF, Ext. 1.056/França). • A decisão do STF é irrecorrível e se for negada a extradição não se admite pedido baseado no mesmo fato. Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Procedimento (3 fases) – Executivo • Concedida a extradição, o Executivo informa o solicitante e coloca o extraditando a disposição deste. • O solicitante deverá retirar o extraditando do território nacional no prazo de 60 dias após a comunicação oficial do Ministério das Relações Exteriores a respeito (art. 86). – Se não retirado o extraditando no prazo, este ganha liberdade (art. 87 e Súmula 367 do STF), mas podendo ainda ser expulso. 30/03/2017 13 Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Princípio da “dupla tipicidade” ou “dúplice tipicidade” (art. 77, II e VI) – O ato delituoso que baseia o pedido de extradição deve ser considerado ilícito penal no Estado solicitante e no Estado solicitado, bem como não haja prescrição em ambos os ordenamentos. – Não é necessária a total coincidência entre as denominações dos delitos nos ordenamentos do solicitante e solicitado, mas a conduta praticada tem que ser tratada como crime em ambos os Estados. (STF, Ext 480/França). Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Princípio da identidade das penas – O tipo de pena relativo ao delito que baseia a extradição tem que existir tanto no solicitante quanto no solicitado. • Por isso, no Brasil é proibida a extradição para Estado que adote penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis (art. 5º, XLVII da CRFB/88). – Caso não haja identidade de penas, a extradição só será concedida caso o solicitante comprometa-se a comutar a pena, cambiando-a para um tipo menos gravoso. (art. 91, III). • Princípio da especialidade – A extradição não será concedida senão para que o extraditando seja processado e/ou julgado pelos fatos que basearam o pedido extraditório. Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Art. 77. Não se concederá a extradição quando: – I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; – II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; – III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; – IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano; – V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; – VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; – VII - o fato constituir crime político; e – VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • O reconhecimento da condição de refugiado obsta o seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão do refúgio (art. 33 da lei 9.474/1997). • Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (art. 5º, LI da CRFB/88). • Súmula 421 do STF – Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 30/03/2017 14 Extradição (arts. 76 a 94 da lei 6.815/1980) • Pluralidade de pedidos – Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. • § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, sucessivamente: – I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; – II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e – III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. • § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Governo brasileiro. • § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à preferência de que trata este artigo.
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