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Aula 05 – Os Dois Primeiros Anos de Desenvolvimento

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Aula 05 – Os Dois Primeiros Anos de Desenvolvimento
Os Dois Primeiros Anos de Vida
Estudar o desenvolvimento humano é buscar conhecer as características comuns de cada faixa etária, identificando individualidades, dando condições, para nós profissionais de processos, de ensinar e aprender, observar e compreender comportamentos de nossos aprendizes, possibilitando planejar o que e como ensinar em cada uma dessas faixas etárias.
Nessa aula, estudaremos o Desenvolvimento humano da 1ª infância à Adolescência, embora o nosso livro universitário aborde desde a concepção, passando pelo pré-natal até a morte.
“A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias de sua idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas mentais e este novo dado do mundo exterior.” (BOCK& FURTADO&TEIXEIRA, 2001, p.98)
São vários os fatores que determinam o desenvolvimento humano. Bock & Furtado & Teixeira citam como fatores:
Maturação neurofisiológica
É o que torna possível determinados padrões de comportamento. Por exemplo, a criança para escrever precisa ter um desenvolvimento neurológico para segurar o lápis e manejá-lo.
Altura e estabilização do esqueleto
Eles permitem aos indivíduos comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam.
Crescimento orgânico
Compreende no desenvolvimento físico.
Hereditariedade
A carga genética pode influenciar o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se.
Meio
O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo.
O desenvolvimento humano deve ser compreendido como um processo global, que pode ser dividido em três domínios.
Biossocial
Inclui o corpo e o cérebro, bem como as modificações que neles ocorrem e as influências sociais que as direcionam.
Cognitivo
Inclui os processos do pensamento, as aptidões de percepção e o domínio da linguagem.
Psicossocial
Inclui as emoções, a personalidade e as relações interpessoais.
O Desenvolvimento Biossocial
Nos dois primeiros anos o desenvolvimento biossocial é significativo.
Crescimento físico demasiadamente rápido. --( Adoção de novos comportamentos a todo momento. (Desenvolvimento de várias habilidades: sentar, levantar, caminhar, correr, tocar, agarrar, apertar, jogar, etc (Desenvolvimento do cérebro: crescimento do tamanho, densidade e complexidade.
As modificações mais significativas que ocorrem são nos sistemas de comunicação do cérebro, que consistem nos neurônios (células nervosas) interligadas por fibras nervosas denominadas axônios e dendritos.
Algumas áreas do cérebro são especializadas na recepção e transmissão de diferentes tipos de informações. Já foi provado cientificamente que a experiência e o amadurecimento desempenham papéis importantes no desenvolvimento do cérebro.
O processo de mielinização nos permite obter um controle neurológico cada vez maior sobre as nossas funções motoras e habilidades sensoriais, facilitando o desenvolvimento intelectual.
Com a mielinização o funcionamento das redes de comunicação cerebral é aprimorado, revestindo de mielina (substância gordurosa protetora) que acelera a transmissão de impulsos neurais, até a adolescência.
Muitas áreas do cérebro humano têm mais conexões neurais aos dois anos do que nas demais faixas etárias. Nesta fase e nas posteriores, o cérebro humano se prepara para processar todo tipo de experiência.
Durante o início da vida humana ocorrem grandes impulsos de crescimento e refinamento das redes, que se tornam visíveis no córtex, camada mais externa do cérebro (massa cinzenta), responsável por controlar a percepção e o pensamento.
Em relação ao desenvolvimento das habilidades motoras, no início da vida humana, elas consistem apenas em reflexos, respostas involuntárias a estímulos e estão relacionadas aos mecanismos de sobrevivência.
As habilidades motoras se subdividem em grossas e finas. As habilidades motoras grossas envolvem movimentos grandes como correr e saltar; as finas envolvem movimentos curtos e precisos, como pegar um lápis, fazer movimentos de pinça. 
O desenvolvimento das mesmas nos dois primeiros anos de vida são imprescindíveis as novas possibilidades da criança descobrir o mundo.
Embora as crianças saudáveis desenvolvam as mesmas habilidades motoras na mesma sequência, a idade em que essas habilidades são desenvolvidas pode variar de indivíduo para indivíduo.
Também fazem parte do desenvolvimento biossocial as capacidades de sensação (Ocorre quando um sistema sensorial detecta um estímulo como um ruído, uma luz) e a percepção (Ocorre quando o cérebro tenta entender esse estímulo, tomando consciência do mesmo).
A criança pequena, desde o seu nascimento demonstra sensibilidade, sensações para estímulos que envolvam seus cinco sentidos, embora suas percepções sejam limitadas. Ao nascer o recém-nascido apresenta sua audição mais desenvolvida que a sua visão.
Devemos lembrar que a nutrição adequada é imprescindível para o crescimento físico, o desenvolvimento cerebral e o domínio das habilidades motoras (sensoriais e perceptivas).
O Desenvolvimento Cognitivo
Há quase oitenta anos, Jean Piaget, estudando seus três filhos e filhos de seus amigos descobriu que as crianças são verdadeiros aprendizes, co-autores de suas próprias aprendizagens.
O resultado de suas observações e experimentos com essas crianças de diferentes faixas etárias resultou numa teoria que divide o desenvolvimento humano em diferentes períodos.
Para Piaget, cada período se caracteriza pelo que de melhor o indivíduo consegue realizar em suas respectivas faixas etárias, com flexibilidade, já que as características biológicas, os fatores educacionais e sociais interferem e variam de indivíduo para indivíduo.
As crianças de 0 a 2 anos estão no período sensório-motor. Neste período a criança conhece o mundo pela manipulação. Ela conquista tudo a seu redor através da percepção e dos movimentos.
No início, a criança reduz sua vida mental ao exercício dos aparelhos reflexos, de fundo hereditário, como a sucção. Ela utiliza a inteligência prática ou sensório-motora, envolvendo percepções e movimentos.
Nesta fase o desenvolvimento físico (ósseo, muscular, neurológico) é base para o desenvolvimento de novas habilidades, isto é, permite comportamentos tais como: sentar-se, andar, passando a ter mais domínio do seu ambiente.
Gradativamente passa a diferenciar o seu “eu” do mundo exterior. Se antes o mundo era uma extensão do próprio corpo, os progressos intelectuais levam a mesma a situar-se como uma parte do mundo.
Por volta dos dois anos, a criança evolui de uma atitude passiva em relação ao ambiente e pessoas, para uma atitude ativa, participativa.
Para Piaget a inteligência sensório-motora desenvolve-se através de seis estágios sucessivos.
Estágio 1 e 2
Os dois primeiros estágios (do nascimento a 1 mês e de 1 a 4 meses) envolvem as respostas das crianças a seu próprio corpo. 
Baseiam-se nos reflexos e nas primeiras adaptações adquiridas por assimilação e coordenação dos reflexos (sugar a chupeta diferente de sugar o peito materno).
Estágio 3 e 4
Os dois próximos estágios (de 4 a 8 meses e de 8 a 12 meses) implicam nas respostas das crianças a objetos e pessoas, fazendo durar as visões interessantes, respondendo ativamente a pessoas e objetos. 
Também se inicia novas adaptações e antecipações, tornando-se mais planejador, deliberado e com o propósito em responder a pessoas e objetos.
Estágio 5 e 6
Nos dois últimos estágios (de 12 a 18 meses e de 18 a 24 meses) são mais criativos, com ações e ideias.Novos recursos são acionados por meio da experimentação ativa e novos recursos por meio de combinações mentais (pensa antes de agir) sem recorrer tanto a experiência de tentativa e erro.
As habilidades da linguagem começam a se desenvolver na medida em que o bebê se comunica com o mundo. A princípio por ruídos, gestos e balbucios. Depois as primeiras palavras e em seguida vão ampliando seu vocabulário a cada mês.
Ouvir os sons da fala (ou no caso dos bebês surdos os gestos linguísticos) dos que convivem com a criança, estimula-os a querer repetir, e assim a desenvolver sua linguagem. 
A aprendizagem de uma linguagem depende de vários fatores tais como: temperamento da criança, sensibilidade dos cuidadores, cultura em que a criança está inserida.
Embora a criança compreenda algumas palavras, ao final do período, só é capaz de fala imitativa.
Os bebês já nascem com uma predisposição para a sociabilidade, isto é, são capazes de expressar suas emoções de angústia, tristeza, alegria, satisfação frente aos sentimentos e ações das outras pessoas.
6 semanas 
Pode surgir o primeiro sorriso social.
4 meses
Pode surgir a primeira gargalhada.
6 meses 
Surgem sinais de medo, de alguém estranho a família.
14 meses 
O temor alcança seu auge.
O mau humor se desenvolve nos dois primeiros anos, principalmente por consequência das frustrações. O meio e a cultura podem influenciar estes sentimentos e emoções. O contexto social é o espaço de aprendizado dos mesmos.
A criança começa a construir suas referências sociais, principalmente em relação aos pais por volta dos 6 meses. Ao longo deste período começa na criança uma diferenciação progressiva entre o seu eu e o mundo exterior.
Aos dois anos, a criança desenvolve a autoconsciência, que possibilita ampliar suas possibilidades de manifestação das suas emoções, através principalmente do orgulho, da vergonha e do ciúme. Assim, passa a se tornar menos submissa e menos previsível, ou seja, mais independente e mais participativa.
Sua integração no ambiente se dá também pela imitação das regras. Esse desenvolvimento é explicado por Freud através das fases oral e anal e explicado por Erikson através das crises de “confiança versus desconfiança”, e “autonomia versus vergonha” e dúvida.
Embora estas teorias enfatizem o papel dos pais, sabemos que em grande parte o temperamento básico e da personalidade da criança também é fator decisivo. Aos dois anos a criança já tem sua personalidade definida, resultado da interação entre a natureza e a criação.
Síntese da aula
Nesta aula, você pôde estudar o desenvolvimento humano desde o nascimento até os 2 anos de idade, nos aspectos biossocial, cognitivo e psicossocial.
Verificou que nos dois primeiros anos de vida a criança passa por transformações significativas.
No aspecto biossocial o desenvolvimento do corpo, do cérebro e do sistema nervoso possibilita o desenvolvimento das habilidades motoras e das capacidades perceptivas e sensoriais.
No aspecto cognitivo a linguagem é marcante, a sua aprendizagem ocorre rapidamente, grande parte por influencia do meio com estímulos em abundancia. Também influencia o temperamento da criança e a cultura em que está inserida.
No aspecto psicossocial, desde o nascimento, as crianças são capazes de expressar emoções e sentimentos. O contexto social ensina as crianças quando e como expressar suas emoções. Esta capacidade é ampliada na medida que a criança desenvolve a autoconsciência. Aí a criança torna-se menos submissa e menos previsível.
Compreender este processo permite-nos não somente poder compreender as crianças no seu desenvolvimento, mas ser capaz de se tornar um mediador e desafiador de desenvolvimentos saudáveis.
RELEMBRANDO
1 – Nos dois primeiros anos do desenvolvimento humano, as modificações mais significativas que ocorrem no desenvolvimento biossocial são as dos sistemas de comunicação do cérebro melhorando seu funcionamento. Esses sistemas de comunicação consistem em: neurônios utilizados por redes complexas de um axônio e vários dendritos encontram em interseções denominadas sinapses, gerando um impulso elétrico que aciona substâncias químicas cerebrais chamadas neurotransmissores. Baseada nesta asserção é correto afirmar que até os dois anos de idade a criança tem grandes impulsos de crescimento e refinamento das redes particularmente notáveis no córtex (camada mais externa do cérebro) que é responsável pelo controle da percepção e pensamento.
2 – Segundo Piaget a inteligência sensória motora desenvolve-se em seis estágios sucessivos que se caracterizam respectivamente por reflexos; assimilação e coordenação de reflexos; fazer permanecer visões que lhe interessa respondendo ativamente a pessoas e objetos; consegue antecipar ações; experimentação e criatividade nas ações (pequeno cientista); começa a pensar (combinações mentais) antes de fazer superando a experiência da tentativa e erro.
3 – As emoções se modificam a partir de reações inteiramente básicas para respostas complexas e autoconscientes. As emoções das crianças contribuem para as interações sociais. Com relação a elas é correto afirmar em relação às crianças de 0 a 2 anos desde o nascimento as crianças expressam emoções como angústias, tristeza, contentamento, prazer, medo, mau humor. Todas essas emoções tornam-se mais seletivas e individualizadas em sua expressão e todas são influenciadas pela cultura. Após o desenvolvimento da autoconsciência novas emoções surgem.

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