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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA MÓDULO DE TORÇÃO TOLEDO/PR 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA Denise Bialeski Murilo Henrique Hernandez Candelaria Uriel Dilelli Lupepsa Thiago Spinardi Kaminski MÓDULO DE TORÇÃO TOLEDO/PR 2016 Relatório entregue como requisito parcial de avaliação da disciplina de Física Geral e Experimental II do curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo. Prof Dr. Fernando Rodolfo Espinoza- Quiñones. RESUMO Através de um experimento utilizando a balança de torção, determinou-se o módulo de torção de um fio metálico. Através da torção analisaram-se e utilizaram-se as leis de Hooke e Newton para sistemas mecânicos oscilatórios. Na prática decorrida, foi determinado o módulo de torção do mesmo fio de aço ajustado em quatro comprimentos diferentes (55 cm, 45 cm, 35 cm e 25 cm) a partir da medida do tempo em que o fio preso a uma haste, que servia de suporte aos corpos, oscilava cinco vezes em torno de seu eixo, sondo solto de um ângulo conhecido. O experimento foi realizado diversas vezes, com combinações de hastes e pesos diferentes na contagem das oscilações, resultando em tempos diferentes para o cálculo do módulo de torção. Por fim, verificou-se que o módulo de torção decresce com o aumento do comprimento do fio e esse aumento faz com que o período de oscilação para cada configuração de massa também aumente. Isso pode ser explicado pela Lei de Hooke, como também pela Lei de Newton para rotações. A partir dos valores encontrados para o módulo de torção calculou-se a tensão de cisalhamento S = 6,765 x1012 ± 1,2351 x1010 g cm-1 s-2 e comparando-a com valores teóricos comprovou-se que o fio em questão era realmente de aço. 1. INTRODUÇÃO 1.1. Torque Um corpo sólido cilíndrico sofre torção quando, por exemplo, um de seus extremos está fixo e o outro está submetido a uma força tangencial à superfície lateral. Se o corpo não for rígido, camadas superficiais do mesmo deslizariam entre si como no caso de fluidos líquidos devido às forças tangenciais. Em corpos sólidos as forças geram tensões de cisalhamento cuja tendência é separar as camadas do material, gerando assim deformações em torno do eixo do cilindro. Essas deformações podem ser temporárias ou permanentes, dependendo da intensidade da força, se o corpo volta a sua condição original após cessar a força extrema, diz-se que ele se comporta como um sistema elástico. (QUIÑONES, 2016). Nos sólidos é comum que as forças internas sejam muito intensas para impedir rupturas que podem ser causadas por forças externas. Caso haja uma deformação temporária, a partir do momento que as forças externas cessam, o sólido tende a voltar à forma original através de um torque (força) restaurador que se opõe ao torque (força) que o deformou. 1.2. Força de torção Para um melhor entendimento, pode-se usar como exemplo um cilindro com os extremos fixos em barras metálicas e as laterais sendo submetidas a forças tangenciais que irão provocar uma torção. A Figura 1 demonstra este exemplo. Para encontrar a deformação angular resultante devido à força externa aplicada, deve-se dividir o corpo sólido em camadas cilíndricas de raio interno r, espessura dr e comprimento L (figura 1). Cada camada cilíndrica se fosse estendida formaria um retângulo de largura 2π.r e altura L, sob ação de uma força tangencial se deformando em um paralelogramo. A deformação de cisalhamento (Ɛ) é ao longo do perímetro do cilindro e cresce com o comprimento (z), representado na Figura 2. FIGURA 1-Corpo sólido dividido em camadas cilíndricas de raio interno r, espessura dr e comprimento L. (QUIÑONES, E. R. F., Apostila da aula prática IV, 2016). FIGURA 2 – Deformação de um retângulo de largura 2π.r e altura L, sob ação de uma força tangencial, formando um paralelogramo. (QUIÑONES, E. R. F., Apostila da aula prática IV, 2016). A Equação (1) demonstra o aumento da deformação por unidade de comprimento. 𝜀 𝑧 = 𝑟 𝐿 . 𝜃 A força de torção externa comunica diferenciais de forças tangenciais (𝑑�⃗� = 𝑑𝐹. �̂�)a cada camada cilíndrica, que se distribuem sobre a superfície de cada anel de área: 𝑑𝐴 = 2𝜋 . 𝑟 . 𝑑𝑟. �̂�, gerando tensões de cisalhamento σ, demonstrado pela Equação (2). 𝜎 = |𝑑�⃗�𝑡| |𝑑𝐴| = 𝑑𝐹𝑡 2𝜋 . 𝑟 . 𝑑𝑟 1.3. Módulo de cisalhamento No caso de torções elásticas há uma relação linear entre a deformação angular e a força elástica restauradora, governada pela Lei de Hooke. Para pequenas deformações, ou seja, dentro do limite elástico do fio sob torção, as tensões de cisalhamento obedecem a Lei de Hooke, exibindo valores proporcionais à deformação de cisalhamento, como mostra a Equação (3). 𝜎 = −𝑆 . 𝜀 𝑧 . 𝜃 = −𝑆. 𝑟 𝐿 . 𝜃 Onde S é o módulo de cisalhamento, r representa o raio do cilindro, L o comprimento do mesmo e 𝜃 é o ângulo de desvio do sistema barra-cilindro em relação à sua posição original. 1.4. Torque restaurador Tem se que para um pequeno deslocamento angular, o torque restaurador é dado conforme a Equação (4). Sua dedução é apresentada no anexo A. 𝜏 = −𝐾 . 𝜃. �̂� Onde, 𝐾 = 𝜋.𝑆.𝑅4 2𝐿 , e �̂� representa a direção do torque. 1.5. Segunda Lei de Newton para rotações Iniciando-se o movimento de rotação pode-se representar o torque utilizando o momento da inércia em relação ao eixo de rotação. O movimento de rotação do fio cilíndrico em torno de seu eixo de simetria depende da inércia do sistema, ou seja, do momento de inércia do cilindro e o da barra acoplada ao mesmo. Para um torque levando o sistema para posição de equilíbrio, a resposta dinâmica vai depender da inércia do sistema. Assim quanto maior for a inércia, o sistema vai girar sob menor aceleração angular, ou seja, mais lentamente. A segunda Lei de Newton para as rotações é dada pela Equação (5). 𝜏 = 𝐼 . 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 Onde 𝐼 representa o momento de inércia do sistema sob rotação, em relação ao eixo de rotação do corpo. As Equações (4) e (5) exprimem o mesmo resultado, porém a Equação (4) reflete a resposta elástica interna do corpo à torção e a Equação (5) indica a aceleração transmitida ao mesmo corpo sob rotação. Utilizando-se duas equações, e fazendo-se deduções que são apresentadas no anexo A, se obtém a Equação (6) que representa o movimento oscilatório do corpo elástico de torção. 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 + 𝐾 𝐼 . 𝜃 = 0 O sistema dinâmico descrito pela Equação (6) chama-se de oscilador harmônico simples (unidimensional). A variável ϴ que caracteriza o único grau de liberdade descreve os pequenos desvios da posição de equilíbrio estável do fio. A restrição a pequenos desvios limita o movimento oscilatório para regiões onde o sistema se comporta elasticamente. Se passar do limite elástico do fio, o sistema não retorna à posição de equilíbrio, tendo deformações permanentes (QUIÑONES, 2016). O período de um sistema é o tempo necessário para o corpo voltar á posição inicial ou para repetir o movimento oscilatório.Esse é função do inverso da frequência angular do sistema (Equação 7). 𝑇 = 2𝜋 𝜔 Através de deduções, apresentadas no anexo A, envolvendo a solução geral da equação diferencial Equação (6) e a Equação (7), tem-se que o período também pode ser calculado pela Equação (8). 𝑇 = 2𝜋. √ 𝐼 𝐾 O fato de que o período T é independente da amplitude de oscilação (desde que não ultrapasse o limite de elasticidade do fio) constitui o isocronismo das pequenas oscilações do pêndulo, descoberto por Galileu (QUIÑONES, 2016). Este relatório tem por objetivo realizar a verificação das oscilações harmônicas de um sistema conservativo, a validade da Lei de Hooke na torção de um fio, a relação entre o período de oscilação e o módulo de torção, dependência do módulo de torção de um fio com seu comprimento, diâmetro e material e momento de inércia de qualquer objeto com uso da balança de torção. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. MATERIAIS Utilizou-se uma balança de torção básica para mecânica, composta por: uma haste cilíndrica vertical acoplada na parte de baixo a uma base quadrada com quatro sapatas niveladoras e amortecedoras, e na parte de cima um suporte horizontal; duas pequenas hastes auxiliares com furo transversal central passante e parafusos nos seus extremos (para prender o arame); duas travas auxiliares de latão para o corpo de prova e duas hastes com o corpo central e com rebaixo nos extremos de comprimento de 11 cm e 21 cm. A esta balança foram combinados jogos de pesos (corpos de prova) e um único fio de aço ajustado a quatro comprimentos diferentes. Para auxiliar nas medidas do ângulo, fio, tempo e massa utilizou-se respectivamente transferidor, régua metálica, cronômetro e balança. 2.2. PROCEDIMENTO O objetivo da pratica foi medir o tempo das oscilações de cada haste (11 cm e 21 cm), mantendo os pesos equilibrados em suas extremidades, suspensas por um único fio ajustado em 55 cm, 45 cm, 35 cm e 25 cm. Primeiramente mediram-se as massas dos jogos de discos e seus respectivos suportes, e verificou-se se os extremos dos fios estavam bem presos em suas travas, utilizando os parafusos das próprias travas. Para isso, utilizou-se um cronômetro digital para medir o tempo na qual a haste com seus respectivos jogos de pesos oscilavam. Fez-se isso tanto para haste de 11 cm e 21 cm, variando-se os pesos assim como o comprimento do foi. A haste foi posicionada em um ângulo de 60° com a horizontal da base da balança de torção. Acionava-se o cronômetro, soltava-se a haste e parava-se assim que ela completasse cinco oscilações. Desse modo, percebeu-se que o módulo de torção do fio de aço dependia do seu comprimento, dos comprimentos das hastes e das massas dos corpos fixados a ela. Com auxilio do tempo medido, foi possível calcular o módulo de torção de cada caso e por fim o módulo de torção de cisalhamento do fio de aço empregado. A figura 3 representa o módulo utilizado no experimento. FIGURA 3 – Representação esquemática da balança de torção para determinação do módulo de torção do fio metálico. (QUIÑONES, E. R.F., Apostila da aula prática IV, 2016). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO. 3.1. Resultados experimentais Mediu-se, primeiramente, a massa dos pesos, das hastes e da cesta, e o comprimento das hastes e dos fios empregados, com as medidas expostas na Tabela 1. Tabela 1 - Medidas de massa e comprimento para os instrumentos empregados. Instrumento Massa (g) Comprimento (cm) Suporte 1 17,30 ± 0,005 - Suporte 2 18,30 ± 0,005 - Peso cilíndrico 50,13 ± 0,005 - Haste menor 7,37 ± 0,005 11,0 ± 0,05 Haste maior 11,34 ± 0,005 21,0 ± 0,05 Fio metálico 1 - 55,0 ± 0,05 Fio metálico 2 - 45,0 ± 0,05 Fio metálico 3 - 35,0 ± 0,05 Fio metálico 4 - 25,0 ± 0,05 O experimento foi realizado para 4 comprimentos de fio (L), utilizando-se quatro configurações de momento de inércia para cada comprimento. Calculou- se o momento de inércia de configuração e o seu intervalo de erro a partir das equações (A) e (B) do Anexo I, indicando os valores na Tabela 2. Para efeitos de simplificação, baseando-se na propriedade aditiva, não se somou os momentos de inércia do suporte e do fio ao momento de inércia total, o que resultou em um deslocamento da curva período quadrado em função do momento de inércia. Tabela 2- Momento de inércia das configurações utilizadas. Configuração Largura da haste (cm) Número de pesos utilizados Momento de inércia (10³ g cm²) 1 11 1 par 2,581 ± 0,051567 2 11 2 pares 5,088 ± 0,05226 3 11 3 pares 7,594 ± 0,05295 4 21 1 par 10,431 ± 0,1853 5 21 2 pares 20,457 ± 0,1860 6 21 3 pares 30,483 ± 0,1867 Utilizando-se quatro das cinco configurações calculadas na Tabela 2, mediu-se o tempo para 10 oscilações do sistema haste-pesos, partindo de uma angulação de aproximadamente 60º, que permitiu o torque do fio sem entrar na região inelástica de deformação do mesmo. As Tabelas 3, 4, 5 e 6 indicam o tempo cronometrado para quatro diferentes configurações e o momento de inércia utilizadas em cada uma das quatro larguras de fio escolhidas. Tabela 3 - Medidas de tempo para 10 oscilações para o fio de comprimento 55 cm. Config. 1 2 3 4 5 6 T e m p o p a ra 1 0 o s c il a ç õ e s T 1 0 ( s ) 16,22 21,19 24,53 31,22 40,37 48,22 16,28 21,09 24,56 31,40 40,63 48,12 16,31 21,06 24,50 31,28 40,66 48,10 16,31 21,16 24,59 31,25 40,50 48,12 16,32 21,13 24,51 31,25 40,55 48,14 16,19 21,15 24,54 31,25 40,57 48,09 16,28 21,07 24,58 31,29 40,49 48,13 16,21 21,10 24,59 31,30 40,54 48,11 16,34 21,14 24,52 31,27 40,62 48,20 16,22 21,22 24,57 31,35 40,60 48,06 T10 médio (s) 16,28 ± 0,025 21,13 ± 0,024 24,55 ± 0,010 31,27 ± 0,025 40,56 ± 0,064 48,12 ± 0,021 𝑰 (𝟏𝟎³ 𝐠 𝐜𝐦²) 2,581 ± 0,051567 5,088 ± 0,05226 7,594 ± 0,05295 10,431± 0,1853 20,457 ± 0,1860 30,483 ± 0,1867 Tabela 4 - Medidas de tempo para 10 oscilações para o fio de comprimento 45 cm. Config. 1 2 3 4 5 6 T e m p o p a ra 1 0 o s c il a ç õ e s T 1 0 ( s ) 14,68 18,69 22,31 28,22 36,66 43,62 14,34 18,65 22,33 28,35 36,84 43,63 14,41 18,75 22,29 28,41 36,80 43,70 14,53 18,69 22,20 28,53 36,66 43,53 14,53 18,66 22,19 28,35 36,70 43,69 14,51 18,91 22,28 28,41 36,67 43,56 14,49 18,88 22,22 28,40 36,56 43,47 14,50 18,80 22,34 28,37 36,65 43,60 14,52 18,78 22,36 28,37 36,60 43,65 14,45 18,85 22,25 28,43 36,72 43,66 T10 médio (s) 14,50 ± 0,070 18,76 ± 0,078 22,28 ± 0,032 28,38 ± 0,054 36,67 ± 0,064 43,64 ± 0,047 𝑰 (𝟏𝟎³ 𝐠 𝐜𝐦²) 2,581 ± 0,051567 5,088 ± 0,05226 7,594 ± 0,05295 10,431± 0,1853 20,457 ± 0,1860 30,483 ± 0,1867 Tabela 5 - Medidas de tempo para 10 oscilações para o fio de comprimento 35 cm. Config. 1 2 3 4 5 6 T e m p o p a ra 1 0 o s c il a ç õ e s T 1 0 ( s ) 14,48 17,26 20,19 28,15 35,21 40,54 14,52 17,30 20,22 28,18 35,22 4,43 14,40 17,22 20,15 28,06 35,14 40,46 14,45 17,22 20,20 28,00 35,17 40,44 14,46 17,16 20,30 28,06 35,20 40,51 14,39 17,28 20,25 28,15 35,16 40,52 14,51 17,22 20,29 28,20 35,25 40,49 14,57 17,20 20,36 28,22 35,15 40,50 14,55 17,35 20,35 28,30 35,30 40,54 14,56 17,19 20,42 28,25 35,28 40,56 T10 médio (s) 14,49 ± 0,036 17,22 ± 0,029 20,27 ± 0,06628,17 ± 0,079 35,21 ± 0,027 40,51 ± 0,017 𝑰 (𝟏𝟎³ 𝐠 𝐜𝐦²) 2,581 ± 0,051567 5,088 ± 0,05226 7,594 ± 0,05295 10,431± 0,1853 20,457 ± 0,1860 30,483 ± 0,1867 Tabela 6 - Medidas de tempo para 10 oscilações para o fio de comprimento 25 cm. Config. 1 2 3 4 5 6 T e m p o p a ra 1 0 o s c il a ç õ e s T 1 0 ( s ) 11,38 14,38 17,10 21,32 27,63 32,68 11,28 14,43 16,98 21,34 27,66 32,83 11,38 14,47 16,80 21,37 27,57 32,78 11,31 14,42 16,87 21,35 27,61 32,76 11,35 14,41 16,86 21,40 27,62 32,81 11,34 14,45 16,84 21,37 27,59 32,73 11,32 14,47 16,81 21,38 27,60 32,74 11,38 14,46 16,83 21,34 27,64 32,80 11,37 14,43 16,91 21,33 27,58 32,79 11,31 14,42 16,90 21,32 27,67 32,78 T10 médio (s) 11,35 ± 0,011 14,43 ± 0,007 16,87 ± 0,074 21,35 ± 0,006 27,62 ± 0,010 32,78 ± 0,017 𝑰 (𝟏𝟎³ 𝐠 𝐜𝐦²) 2,581 ± 0,051567 5,088 ± 0,05226 7,594 ± 0,05295 10,431± 0,1853 20,457 ± 0,1860 30,483 ± 0,1867 Manipulando-se a Equação (8), elevando-se ao quadrado ambos os lados da igualdade, percebe-se uma relação linear entre o quadrado do período e o momento de inércia do sistema. 𝑇² = 4𝜋² 𝑘 𝐼 Dessa forma, calculou-se o período de oscilação de cada configuração para cada fio, e elevou-se o resultado ao quadrado para obter-se os valores de T². Assim, com o auxilio do Software Estatistico OriginPro 8.5 plotou-se os gráficos de quadrado do período em função do momento de inércia para cada comprimento de fio utilizado. As Figuras 3-6 demonstram as curvas encontradas. Os valores de T² e momento de inércia plotados encontram-se nas Tabelas A.1-A.4 no Anexo II. Para criterios de análise o ponto correspondente a configuração 4 foi retirado, pois este estava muito fora da curva. 0 5 10 15 20 25 30 35 0 10 20 30 40 50 60 70 80 T2 (s ) I (10 3 g cm 2 ) Figura 3 - Período ao quadrado em função do momento de inércia para o fio de 55 cm 0 5 10 15 20 25 30 35 0 20 40 60 80 100 T2 (s ) I (10 3 g cm 2 ) Figura 4 - Período ao quadrado em função do momento de inércia para o fio de 45 cm. 0 5 10 15 20 25 30 35 0 10 20 30 40 50 60 70 T2 (s ) I (10 3 g cm) Figura 5 - Período ao quadrado em função do momento de inércia para o fio de 35 cm. 0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 T2 (s ) I(10 3 g cm) Figura 6 - Período ao quadrado em função do momento de inércia para o fio de 25 cm. De cada curva plotada, retirou-se a equação da reta da mesma, uma vez que, a partir do coeficiente angular da reta, pode-se determinar o módulo de torção pela relação 𝐾 = 4𝜋² 𝑏 onde b é o coeficiente angular da reta do tipo y = a + bx. A Tabela 7 indica as equações da reta, os coeficientes angulares e o módulo de torção calculado respectivamente para cada comprimento de fio utilizado. O erro do módulo de torção é calculado segundo a equação (C) do Anexo I. Tabela 7 - Valores de módulo de torção calculados a partir das equações das retas plotadas. Comprimento do fio (cm) Equação da reta R² do ajuste Coeficiente angular da reta (10-3 s² g-1 cm-2) Módulo de torção (103 g cm² s-2) 55 Y= 2,63715+2,98769x 0,99816 2,98769 13,2136 ± 0,1783 45 Y=1,79474+2,4669x 0,99863 2,4669 16,0032 ± 0,3086 35 Y=1,85004+2,15549x 0,98917 2,15549 18,3152 ± 0,074128 25 Y=1,39729+1,37945x 0,99839 1,37945 28,6189 ± 0,1284 Manipulando-se a Equação (4), percebe-se uma relação linear entre o módulo de torção e o inverso do comprimento do fio 𝐾 = ( 𝜋𝑆𝑅4 2 ) 1 𝐿 Assim, plotou-se o gráfico entre o módulo de torção e o inverso do comprimento do fio, a fim de se determinar o módulo de cisalhamento S. A Figura 7 indica a curva plotada. 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 K( g cm 2 s -2 ) 1\L (cm -1 ) Figura 7 - Gráfico de módulo de torção em função do inverso do comprimento. A partir do gráfico, fez-se o ajuste linear, encontrando um valor de R² igual à 0,98776, considerado bom para tal ajuste. A equação da reta encontrada é y = (701,1508 ± 44,97) x + (0,18666 ± 1,28004). A partir da relação entre K e 1/L manipulada acima, e considerando a reta de equação y = ax, tem-se que 𝑆 = 2𝑎 𝜋𝑅4 Sabendo que R = 0,00285 cm, com a = 701,1508 x103 g cm3 s-2, encontrou-se que S = 6,765 x1012 ± 1,2351 x1010 g cm-1 s-2 O erro foi calculado segundo a equação (D) no Anexo I. Analisando-se os dados, percebe-se uma clara relação linear entre o quadrado do período e o momento de inércia total do sistema. O coeficiente linear da reta encontrada indica o quadrado do período para o momento de inércia do suporte e do fio para cada comprimento de fio. Ao plotar-se o gráfico entre módulo de torção em função do inverso do comprimento do fio percebe-se também a relação linear entre as duas grandezas. Sabendo-se que o fio é feito de aço, e comparando-se com o valor encontrado na literatura (CRANDALL et al., 1978) de S 6,765 x1012 g cm-1 s-2, percebe-se certa concordância entre os dois valores. 1. CONCLUSÃO. A partir dos dados analisados e dos resultados discutidos, pode-se concluir que os resultados experimentais estão, em sua maioria, em concordância com o proposto pela teoria. Dessa forma, a realização do experimento foi satisfatória na compreensão do sistema físico estudado, consolidando os conhecimentos teóricos adquiridos 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ESPINOZA-QUIÑONES, F.R. Apostila de aulas práticas IV – Módulo de torção, Toledo, 2014. HALLIDAY, D., RESNIK R., KRANE, D.S. Física 1, Volume 1, 4ª Ed, Rio de Janeiro: LTC, 1996. CRANDALL, S.H., DAHL N.C., LARDNER, T.J.An introduction to the Mechanics of Solids, 2ª Ed, New York: McGraw-Hill, 1978. ANEXOS Anexo I – Equações empregadas durante os resultados. 𝐼 = 1 12 𝑀𝑣𝐿 2 + 𝑀𝑡𝑟 2 (A) ∆𝐼 = 1 12 𝐿2∆𝑀𝑣 + 1 6 𝐿𝑀𝑣∆𝐿 + 𝑟 2∆𝑀𝑡 + 2𝑀𝑡𝑟∆𝑟 (B) ∆𝐾 = 4𝜋2∆𝑏 𝑏² (C) ∆𝑆 = 2∆𝑏 𝜋𝑅4 (D) Anexo II – Tabelas empregadas durante os resultados. Tabela A.1 - Dados de período quadrado e de momento de inércia para o fio de 55 cm. 𝑰 (10³ g cm²) T10(s) T (s) T2 (s²) 2,581 ± 0,051567 16,28 3,25 10,60 5,088 ± 0,05226 21,13 4,22 17,86 7,594 ± 0,05295 24,55 4,91 24,10 10,431 ± 0,1853 31,27 6,25 39,12 20,457 ± 0,1860 40,56 8,11 65,80 30,483 ± 0,1867 48,12 9,62 92,62 Tabela A.2 - Dados de período quadrado e de momento de inércia para o fio de 45 cm. 𝑰 (10³ g cm²) T10(s) T (s) T2 (s²) 2,581 ± 0,051567 14,51 2,90 8,41 5,088 ± 0,05226 18,76 3,75 14,08 7,594 ± 0,05295 22,28 4,45 19,86 10,431 ± 0,1853 28,38 5,67 32,22 20,457 ± 0,1860 36,66 7,33 53,77 30,483 ± 0,1867 43,62 8,72 76,17 Tabela A.3 - Dados de período quadrado e de momento de inércia para o fio de 35 cm. 𝑰 (10³ g cm²) T10(s) T (s) T2 (s²) 2,581 ± 0,051567 14,49 2,87 8,28 5,088 ± 0,05226 17,22 3,46 12,01 7,594 ± 0,05295 20,27 4,05 16,47 10,431 ± 0,1853 28,17 5,63 31,78 20,457 ± 0,1860 35,21 7,04 49,57 30,483 ± 0,1867 40,51 8,10 65,62 Tabela A.4 - Dados de período quadrado e de momentode inércia para o fio de 25 cm. 𝑰 (10³ g cm²) T10(s) T (s) T2 (s²) 2,581 ± 0,051567 11,34 2,2 5,14 5,088 ± 0,05226 14,43 2,88 8,32 7,594 ± 0,05295 16,86 3,37 11,37 10,431 ± 0,1853 21,34 4,26 18,22 20,457 ± 0,1860 27,61 5,52 30,50 30,483 ± 0,1867 32,78 6,55 42,98 ANEXO B Dedução das equações que se encontram na introdução. A força tangencial diferencial atuando em cada camada do cilindro pode ser relacionada com o ângulo de torção total do extremo inferior do fio, usando a tensão de cisalhamento equação (B.1). 𝑑𝐹𝑡 = 2𝜋. 𝜎. 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝐹𝑡 = −𝑆. 2𝜋 𝐿 . 𝜃. 𝑟2. 𝑑𝑟 O torque para restaurar o fio de um ângulo de 𝜃 pode ser obtido relacionando a força tangencial aplicada a camada cilíndrica com raio interno da camada (Equação 6 e 7). 𝑑𝜏 = 𝑟 × 𝑑�⃗� = 𝑟. 𝑑𝐹𝑡. (𝑟 × �̂�) 𝑑𝜏 = − 2𝜋. 𝑆 𝐿 . 𝑟3. 𝑑𝑟. 𝜃. �̂� O torque para restaurar as posições iniciais das camadas cilíndricas do fio é dado pela integral definida, desde a camada de raio zero até a camada da periferia do cilindro de raio R. 𝜏 = − 2𝜋. 𝑆. 𝜃 𝐿 ∫ 𝑟3. 𝑑𝑟. �̂� 𝑅 0 𝜏 = − 𝜋. 𝑆. 𝑅4 2𝐿 . 𝜃. �̂� Onde, 𝐾 = 𝜋.𝑆.𝑅4 2𝐿 𝜏 = −𝐾. 𝜃 A segunda Lei de Newton para as rotações é dada pela Equação (B.8). 𝜏 = 𝐼. ∝ 𝜏 = 𝐼. 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 Igualando as Equações (B.7) e (B.9), tem-se: 𝐼. 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 = −𝐾. 𝜃 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 + 𝐾 𝐼 . 𝜃 = 0 A equação (B.11) é uma equação diferencial ordinária para 𝜃(𝑡) e de segunda ordem, cuja solução geral é dada pela equação (B.12). 𝜃(𝑡) = 𝜃𝑜 . cos(𝜔. 𝑡 + 𝜑) Onde 𝜃𝑜 representa a amplitude de oscilação ou máximo deslocamento angular. A função cos(𝜔. 𝑡 + 𝜑)é uma função periódica, onde o parâmetro 𝜔 representa a frequência angular. O tempo que o sistema demora em voltar a sua condição inicial ou repetir o movimento oscilatório é chamado de período. cos(𝜔. 𝑡 + 𝜑) = cos(𝜔. (𝑡 + 𝑇) + 𝜑) cos(𝜔. 𝑡 + 𝜑 + 2𝜋) = cos(𝜔. 𝑡 + 𝜑 + 𝜔. 𝑇) O período de um sistema é o tempo necessário para o corpo voltar à posição inicial ou para repetir o movimento oscilatório. Esse é função do inverso da frequência angular do sistema. 𝑇 = 2𝜋 𝜔 Logo a solução harmônica do sistema de torção pode ser escrita como: 𝜃(𝑡) = 𝜃𝑜 . cos ( 2𝜋 𝑇 . 𝑡 + 𝜑) Derivando duas vezes esta função harmônica, obtêm-se: 𝑑2𝜃(𝑡) 𝑑𝑡2 = − ( 2𝜋 𝑇 ) 2 . 𝜃𝑜 . cos ( 2𝜋 𝑇 . 𝑡 + 𝜑) 𝑑2𝜃(𝑡) 𝑑𝑡2 = − ( 2𝜋 𝑇 ) 2 . 𝜃𝑜(𝑡) Substituindo a equação acima na equação (B.15), obtêm-se a equação (B.16): 𝑇 = 2𝜋. √ 𝐼 𝐾
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