Buscar

História da Psicologia no Brasil

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
História e Sistemas da Psicologia
Marcele Schreiner Tonet
Hanna Kemel Brum
PESQUISA:
A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL
Cachoeira do Sul - RS
2017
INTRODUÇÃO
Durante a última década do século XIX e a terceira década do século XX, houve uma grande produção cultural, devido às várias transformações sociais, políticas e econômicas no Brasil. Pode-se perceber preocupação com o psicológico desde os tempos coloniais, tanto nos escritos antigos – em obras de outras áreas, como Teologia, Pedagogia, Medicina, Política - quanto depois do século XIX com as faculdades de medicina, hospícios e seminários escolares. 
Os temas abordados traziam assuntos como o amor, a saudade, o ódio e a tristeza, ou seja, abordavam a análise comportamental dos indivíduos. Segundo Massimi (1987, p. 100): “As emoções, chamadas de ‘paixões’, são consideradas pelos autores ‘forças’ potentes e cegas que, se excessivas, podem afetar o equilíbrio do organismo, tornando-se ‘enfermidades’. ” 
A psicologia só alcançou o status de ciência autônoma na Alemanha, no final do século XIX, por causa de Wilhelm Wundt. Assim, ela foi conquistando seu espaço aos poucos, pois sempre dependia de outras áreas.
O presente trabalho leva em consideração uma pesquisa sobre a História da Psicologia no Brasil, para a disciplina de História e Sistemas da Psicologia, na ULBRA Cachoeira do Sul.
DESENVOLVIMENTO
Desde o século XIX, instituições escolares brasileiras de nível superior já apresentavam o ensino de conteúdos psicológicos. Esse ensino geralmente era aquele que havia sido aprendido na Europa e nos Estados Unidos. Essa base de ensino imitada se dava devido ao fato de que naquela época, a sociedade tentava construir sua estrutura como “moderna”. 
Dom João VI, ao chegar em Salvador, cria a Escola de Cirurgia da Bahia, logo depois, a Escola Anatômica, Médica e Cirúrgica do Rio de Janeiro, que acabam tornando-se escolas de Medicina em 1832. Com o evolucionismo de Darwin e o aumento do prestígio pelas ciências, o homem começa a ser estudado como todos os outros seres vivos, como um organismo. Logo, a psicologia entra nas escolas de Medicina, que muito mencionavam autores como Wundt, Fechner e Humbolt. 
Ainda hoje, a objetivação da experiência interior é fundamental para a Psicologia, o autoconhecimento foi um assunto abordado no século XVIII por diversos autores, como Padre Vieira, que escreveu sobre a obtenção de conhecimento de si pelo sujeito e Mathias Aires, que realizou um estudo sobre a vaidade com base no autoconhecimento. Além disso, o papel da mulher começou a ser abordado em várias obras, trazendo assuntos como sexualidade, seu papel na sociedade, gravidez etc. “O interesse pela psicologia da mulher nasce como parte da tentativa de definição do papel da mulher na sociedade colonial e pós-colonial. Há uma diferença muito grande entre a função ou valores atribuídos à mulher índia e os que se atribuem à mulher ‘colonizada’ de acordo com os hábitos da cultura portuguesa. ”, afirma Massimi (1984, p. 272).
O primeiro trabalho de Psicologia experimental realizado e publicado no Brasil foi a tese “Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados”, de Henrique Roxo (1900). Ele utilizou um instrumento chamado psicômetro de Buccola – hoje desconhecido - para medir o tempo de reação dos internos num hospício. Em 1906, Manoel Bomfim cria no Museu Pedagogium, o primeiro Laboratório de Psicologia experimental do Brasil. 
Logo após, em 1923, a Liga de Higiene Mental é criada, a qual várias figuras importantes na história da Psicologia brasileira fizeram parte. Com a Liga, surgiram os testes psicológicos. Manuais acerca da Psicologia nas escolas normais começam a ser publicados, sendo considerados os primeiros trabalhos didáticos nessa área.
A partir de 1930, a Psicologia é consolidada como uma ciência capaz de formar teorias, técnicas e práticas. Os campos de atuação do trabalho, educação e clínica se consolidam e testes e métodos de avaliação psicológicos começam a ser usados em serviços públicos infantis. A Psiquiatria desvincula-se da Psicologia, assim, a Psicologia começa a ganhar disciplinas independentes nos cursos. Em 1958, o Projeto de Lei 3825 que dispõe sobre a regulamentação da profissão de psicólogo é apresentado. 
A Lei 4119 de agosto de 1962 reconhece a profissão de psicólogo, dita normas para a atuação profissional e estabelece currículo mínimo para a formação. A ditadura militar começa a criar problemas para o desenvolvimento da profissão, a Lei 5692/71 retira a disciplina de Psicologia dos currículos de ensino de segundo grau. Em 1971 o Conselho Federal de Psicologia é criado, e em dez anos de existência passa de 850 inscritos para 50 mil, começando, assim, a atuar junto aos órgãos relacionados a Psicologia, politicamente. 
A partir de 1989, vários congressos nacionais de Psicologia começam a ser planejados e realizados, sendo de grande importância para os rumos da Psicologia brasileira. Um deles – o II Congresso de Nacional dos trabalhadores em Saúde Mental, em Bauru – SP – deu início ao Movimento da Luta Antimanicomial no Brasil.
“[...] Contra a mercantilização da doença; contra uma reforma sanitária privatizante e autoritária; por uma reforma sanitária democrática e popular; pela reforma agrária e urbana; pela organização livre e independente dos trabalhadores; pelo direito à sindicalização dos serviços públicos; pelo Dia Nacional de Luta Antimanicomial em 1988! Por uma sociedade sem manicômios! ” (Carta de Bauru, 1987).
O Conselho Federal de Psicologia tem sido aliado do Movimento da Luta Antimanicomial, dentre os resultados do movimento, destacam-se a aprovação da Lei 10.216/2001, que garante direitos e proteção aos indivíduos portadores de problemas psíquicos, e a instituição do dia 18 de maio como Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa foi de grande importância para o conhecimento da área, contribuindo para o entendimento sobre o surgimento da mesma. O material encontrado sobre o assunto não é muito amplo, necessitando-se de mais pesquisas sobre o mesmo. Porém, já é de grande ajuda para sua compreensão.
5. REFERÊNCIAS
MASSIMI, M. História das Ideias Psicológicas no Brasil, em obras do período colonial, Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de São PaulO, 1985.
ANTUNES, A. M. A. A psicologia no Brasil: Leitura histórica sobre sua constituição. PUC – SP, 1999.
50 Anos da Psicologia no Brasil. Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão.
FREITAS, RH., org. História da psicologia: pesquisa, formação, ensino. [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. 133 p. ISBN: 978-85-99662-83-0.
VILETA, A. M. História da Psicologia no Brasil: Uma Narrativa por Meio de seu Ensino. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2012, 32 (num. esp.), 28-43.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes