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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias Campus XXIV – Professor Gedival Sousa Andrade BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PESCA ECOLOGIA GERAL Professora: Taiana Guimarães Araujo E-mail: taianagaraujo@gmail.com ECOLOGIA DE COMUNIDADES EMENTA Ecologia de comunidades e relações interespecíficas: Introdução: O que é e o que estuda? Fronteiras entre comunidades e os conceitos de ecótono e continuum; Principais tipos de relações interespecíficas (positivas e negativas): Competição, dominância, exclusão competitiva e coexistência; Predação; Simbiose ou mutualismo. Relações tróficas teia trófica; Espécies-chave e os conceitos de controles “top-down” e “bottom-up”; Diversidade: a propriedade emergente do nível de comunidade; Distúrbio/perturbações e os conceitos de resistência e resiliência; Sucessão ecológica. ECOLOGIA DE COMUNIDADES DIVERSIDADE: a propriedade emergente do nível de comunidade Diversidade – o que é? A diversidade de espécies ou biodiversidade ou riqueza específica é definida como o conjunto de todas as espécies e seres vivos de uma determinada comunidade, levando em consideração tanto critérios evolucionários (filogenética), quando critérios ecológicos (função); Diversidade – como medi-la? Para se determinar a diversidade específica de uma comunidade deve- se levar em consideração a abundância e a equitabilidade desta comunidade. Abundância densidade de indivíduos de uma mesma espécie (quantidade de indivíduos de uma população); Equitabilidade (= uniformidade) descreve a proporção dos indivíduos de cada uma das espécies presentes em uma comunidade em relação ao total de indivíduos desta mesma comunidade. Assim, quanto mais homogêneo/ uniforme for o número de indivíduos por espécie, maior a equitabilidade. Quanto mais abundantes e equitativamente distribuídas forem as espécies de uma comunidade, mais diversa ela será. Diversidade – como medi-la? No entanto, em geral, é reconhecida a dominância de uma ou poucas espécies mais típicas ou mais abundantes; A dominância ocorre quando há grande abundância de uma ou poucas espécies (seja por serem competitivamente mais fortes, ou por serem espécies oportunistas, ...), em detrimento da abundância de muitas outras; Quando se observa a dominância de uma ou poucas espécies em uma comunidade há queda nos índices de equitabilidade e, consequentemente, cai também a diversidade específica nessa comunidade. Diversidade – como medi-la? Umas poucas espécies são muito abundantes (numericamente dominantes) e a maioria das outras é representada por poucos indivíduos. Diversidade – causas da diversidade biológica O tempo geológico: quanto mais longa a história evolutiva de um ambiente, maior a diversidade que este ambiente poderia potencialmente suportar; No caso de áreas tropicais, a ausência das perturbações pleistocênicas (da era pleistocênica) como explicação histórica para a elevada biodiversidade tropical; A heterogeneidade espacial como indutora de um maior número de habitats e nichos potenciais (Mac Arthur, 1960) A intensificação das interações competitivas, supostamente mais evidentes ao longo da história evolutiva de regiões tropicais, forçaria o deslocamento e redução dos nichos, aumentando a diversidade das comunidades A predação, supostamente mais comum nos trópicos, manteria as populações em baixas densidades, impedindo a exclusão de espécies com menores habilidades competitivas (Paine, 1966) Diversidade – o que a influencia? A diversidade tende a ser maior em direção ao Equador ou áreas subtropicais, tanto em ambientes continentais como marinhos rasos Diversidade – o que a influencia? A diversidade tende a ser maior em habitats mais heterogêneos maior disponibilidade de nichos ecológicos (ou funcionais) potenciais. Diversidade – o que a influencia? A diversidade está correlacionada com a entrada total de energia nos sistemas ecológicos. Fundamentação hipotética: Mais energia no sistema poderia ser compartilhada por mais espécies; Maiores densidades populacionais reduziriam a taxa de extinção. Diversidade e estabilidade da comunidade MacArthur (1956) sugeriu que quanto maior o número de espécies em uma rede trófica, mais “estável” seria a comunidade frente a perturbações, em função do maior número de vias alternativas para o fluxo de energia; “Evidências” adicionais: instabilidade de sistemas simples de predadores-presas; vulnerabilidade de monoculturas; vulnerabilidade da fauna de ilhas às invasões biológicas; O conceito de MacArthur foi generalizado para as comunidades e ecossistemas e se tornou um dos carros-chefe do conservacionismo mundial. Diversidade e estabilidade da comunidade A hipótese de que a diversidade está relacionada com a estabilidade dos sistemas biológicos é na verdade uma metáfora poderosa, que exerce uma atração de natureza estética, acentuando a presumida unicidade da natureza e sua sensibilidade a pequenas alterações Existem autores que argumentam contra essa idéia: Gardner e Ashby (1970) e May (1972), por exemplo, sugeriram que a ¨estabilidade¨ de modelos teóricos de redes tróficas tende, na verdade, a diminuir à medida que novas espécies são adicionadas; O que sabemos hoje é que esta relação é muito mais complexa do que se supunha, dependendo não apenas do número de espécies, mas também do número de conexões por espécie e da intensidade das interações entre espécies Diversidade e estabilidade da comunidade Diversidade em diferentes biomas: Floresta tropical Recife de coral Ambientes de água doce Semiárido (Caatinga) ECOLOGIA DE COMUNIDADES Distúrbio/perturbações e os conceitos de resistência e resiliência O conceito de perturbação ou distúrbio ambiental Quaisquer eventos que ajam diretamente sobre os indivíduos ou sua base de recursos, matando-os ou afetando-os de alguma maneira; Caracterizam-se pela natureza, extensão espacial, intensidade, frequência e previsibilidade; Perturbações físicas e biológicas e suas escalas espaciais; Perturbações recorrentes e o desenvolvimento de respostas adaptativas. Distúrbios, heterogeneidade ambiental e diversidade Nível baixo de perturbação: monopolização dos recursos pelas espécies dominantes prejuízo para as espécies mais sensíveis e benefício para as espécies que já eram competitivamente mais fortes queda da biodiversidade; Nível intenso de perturbação: podem levar à exclusão da vida queda da biodiversidade; Nível intermediário de perturbação: uma comunidade se torna um mosaico de habitats fragmentados evita a dominância continuada de uma ou poucas espécies (há contínua alternância da espécie dominante) e aumenta o número de nichos ecológicos aumento da biodiversidade. Resistência de uma comunidade A resistência de uma comunidade é a capacidade dessa comunidade em manter o seu estado de equilíbrio frente a distúrbios; Pode também ser entendida como a quantidade de perturbação que um sistema pode suportar sem mudar para um estado alternativo de equilíbrio; Em geral, sistemas mais RESISTENTES são aqueles já acostumados a distúrbios ougrandes modificações (sazonais ou cíclicas): Ex.: comunidades de climas temperados e polares grande variações de fatores ambientais entre as estações do ano Resiliência de uma comunidade Resiliência é o tempo de retorno a um estado estável após uma perturbação/distúrbio. Para muitos ecólogos, a resiliência de um sistema resulta do número de espécies ou processos substitutivos que podem desempenhar funções similares dentro do sistema (grande redundância devido à multiplicidade de grupos funcionais); Assim, em geral, os sistemas mais RESILIENTES localizam-se onde há maior biodiversidade maior quantidade de vias alternativas para o fluxo de energia, para o caso de um distúrbio afetar/interromper a via principal. Em geral, quanto mais próximo ao equador, maior a biodiversidade maior a resiliência das comunidades. EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO TRÓPICO DE CÂNCER A resistência das comunidades frente a distúrbios tende a aumentar em direção aos polos (climas naturalmente mais variados) A reseliência das comunidades, após um distúrbios, tende a aumentar em direção ao equador (aumento da diversidade e maior heterogeneidade ambiental) ECOLOGIA DE COMUNIDADES Sucessão Ecológica Sucessão ecológica O que é? Por que ocorre? Como / de que forma ocorre? SUCESSÃO Com base no que já discutimos em sala, o que vocês acham que acontece após um grande distúrbio numa dada comunidade? Como ela irá reagir? Sucessão ecológica - por que ocorre? Em geral, o processo de sucessão ecológica tem início após a ocorrência de um distúrbio/ perturbação que tenha causado desestabilização da comunidade, como por exemplo: Acentuadas mudanças ambientais; Chegada de espécies exóticas à comunidade; Desastres naturais: furacões, tsunamis, queimadas, enchentes, a queda de uma grande árvore numa floresta densa, etc; Desastres antrópicos (Ex: derramamentos de óleo num ecossistema aquático). E agora? IMAGENS DE DISTURBIOS VULCOES ENCHENTES/TSUNAMIS PASSAGEM DE FRENTES FRIAS DERRAMAMENTO DE ÓLEO INVASÃO POR ESPÉCIES EXÓTICAS O INVERNO Sucessão ecológica Após distúrbios, as comunidades sofrem um processo de recuperação conhecido como sucessão, a qual descreve a sequência de espécies e grupos de espécies que surgem em vários momentos desde uma perturbação. As espécies pioneiras aparecem no início da sequência de recuperação e são capazes de tolerar condições muitas vezes adversas. As espécies sucessionais subsequentes ou possuem crescimento mais lento ou só aparecem depois que as condições adversas iniciais foram modificadas pela espécies pioneira. Sucessão ecológica A trajetória seguida pela sucessão ecológica pode ser bastante variável e depender de alguns fatores como: a chegada de espécies particulares no sistema; o método de manejo imposto; ou a sequência de eventos climáticos e perturbações ocorridas durante o processo de recuperação. O sistema / a comunidade pode atingir um estado a partir do qual apenas pequenas mudança ocorrem. Este estado é conhecido como estado estável alternativo, o que significa que o ecossistema desenvolveu uma estrutura ou composição relativamente estável, mas que é diferente do que estava presente antes da perturbação. Como ocorre? SUCESSÃO ECOLÓGICA APÓS DISTÚRBIOS Começa pela colonização de uma área alterada (i.e., que sofreu algum distúrbio/perturbação) por parte de espécies capazes de tolerar suas duras/difíceis/muito novas condições ambientais; Em sua maior parte essa colonização inicial é feita por espécies oportunistas (muitas delas “r” estrategistas), que se aferram ao terreno durante um período de tempo variável. No entanto, como vivem pouco tempo e não são boas competidoras, acabam sendo substituídas por espécies mais competitivas e de ciclo de vida mais longo; Com o tempo a comunidade chega a um estado chamado clímax, no qual toda mudança posterior se produz muito lentamente, e o lugar fica dominado por espécies de longa vida e elevada competitividade. Como ocorre? SUCESSÃO ECOLÓGICA APÓS CHEGADA DE ESPÉCIES EXÓTICAS A sucessão é compreendida por duas fases distintas: 1ª fase: A invasão introdução de elementos da nova comunidade no ambiente ainda dominado pela comunidade anterior e a consequente luta pela hegemonia/dominância nesse espaço; 2ª fase: A sucessão constitui a vitória da nova comunidade e a afirmação de sua hegemonia/dominância Sucessão ecológica NO ENTANTO A SUCESSÃO PODE OCORRER MESMO NA AUSÊNCIA DE IMPACTOS Alterações naturais e graduais do ambiente que vão sendo acompanhadas por alterações na composição das comunidades são mais difíceis de serem detectadas; As comunidades apresentam um equilíbrio dinâmico, de modo que as espécies que as compõem não são sempre as mesmas. Isto se vê refletido nas mudanças gradativas das comunidades vegetal e animal com o passar do tempo, fenômeno conhecido como sucessão. Nessa outra linha de raciocínio, a sucessão ecológica pode ser entendida como o processo que implica na substituição progressiva de uma comunidade vegetal ou animal por outra mais apta, visto que o ambiente está em constante mudança (equilíbrio dinâmico). Classificação dos processos sucessionais Quanto às forças que direcionam o processo: Sucessão alogênica: direcionamento das mudanças por forças externas ao sistema (incêndios, tempestades, processos geológicos); Sucessão autogênica: mudanças ocasionadas por processos biológicos internos ao sistema; Quanto à natureza do substrato na origem do processo: Sucessão primária: em substratos não previamente ocupados. Ex.: afloramentos rochosos, exposição de camadas profundas de solo, depósitos de areia, lava vulcânica recém solidificada; Sucessão secundária: em substratos anteriormente já ocupados por uma comunidade e, consequentemente, contêm matéria orgânica viva ou morta. Ex: clareiras, áreas desmatadas, fundos expostos de corpos de água, etc Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Substrato original: depressão em superfície rochosa, preenchida pela água da chuva. Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Sucessão ecológica EXEMPLO HIPOTÉTICO DE UMA SUCESSÃO PRIMÁRIA: Clímax: comunidade que expressa o máximo de desenvolvimento possível do ecossistema sob as condições do local em que a sucessão ocorreu. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Aulas do professor do curso de Oceanografia da UFPR, Dr. Paulo da Cunha Lana. BEGON, Michael; HARPER, John L.; TOWNSEND, Colin R. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. 4ª ed., Artmed, 2007. ESTEVES, Francisco A. Fundamentos de limnologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 790 p. LEVIN, Simon (ed.). The Princeton Guide to Ecology. Princeton University Press, e-Book. 2009. 809 p. RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6ª ed., Guanabara Koogan. 2010. 572 p. OBRIGADA e BOA TARDE !!!
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