Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias Campus XXIV – Professor Gedival Sousa Andrade BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PESCA ECOLOGIA GERAL Professora: Taiana Guimarães Araujo E-mail: taianagaraujo@gmail.com ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS ECOLOGIA ECOSSISTEMAS: Introdução Ecologia de Ecossistemas X Ecologia de Comunidades; O que é e qual o seu enfoque? Os compartimentos do Ecossistema; O “tamanho” de um ecossistema o exemplo das bromélias. Fluxos de matéria e energia em um ecossistema Conceitos de produção, biomassa e produtividade, rendimento/ eficiência ecológica; Ciclos biogeoquímicos; Ecossistemas aquáticos e poluição aquática. EMENTA CICLOS BIOGEOQUÍMICOS CONTEÚDO PROPOSTO: Ecologia ECOSSISTEMAS Ciclos biogeoquímicos O que são ciclos biogeoquímicos e do que tratam; Nutrientes: macro, micro e limitantes; Ciclo da água Ciclo do fósforo; Ciclo do nitrogênio; Ciclo do enxofre; Ciclo do Carbono. EMENTA Introdução Ciclos o quê? Quase todos os conceitos de CICLO se referem a um processo, fenômeno ou conjunto destes que apresentam certa periodicidade e que tendem a se iniciar e terminar num mesmo ponto (temporalmente falando). O conceito de ciclos que utilizaremos aqui segue a ideia acima, adicionando a ela a noção de CICLAGEM (re)ciclagem; E por onde, de onde e para onde, como, de que modo, qual a velocidade e etc... são as perguntas que o ecólogos se fazem quando seu foco de estudo são os ciclos biogeoquímicos. Ciclos o quê? A ciclagem dos materiais NÃO É ISTO: Ciclos o quê? É ISTO: Por que biogeoquímico? Os ciclos biogeoquímicos se referem, basicamente, à ciclagem de nutrientes através dos vários compartimentos do planeta. E esses compartimentos são: a atmosfera; a litosfera (compartimento geológico); A hidrosfera (oceanos, rios, lagos e lagoas, reservatórios subterrâneos, calotas polares etc.); a biosfera (compartimento vivo). Então, os nutrientes vão ciclar por todos esses compartimentos, destacando que em cada compartimento esse processo ocorre em escalas temporais e espaciais próprias. Por que biogeoquímico? Temos então BIO de vida (biosfera); GEO (compartimento geológico, litosfera, solos e sedimentos) e QUÍMICO que se refere tanto aos processos que transformam os nutrientes ao longo deste ciclo, quanto à água, substância envolvida em praticamente todos os processos, fenômenos e reações químicas no nosso planeta. Ciclos Hidrobiogeoquímico Nutrientes Nutrientes Elementos ou compostos inorgânicos simples que são essenciais à vida. Como todos os outros elementos na crosta terrestre, são finitos e são reciclados por processos naturais, circulando entre a litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera em ciclos referidos como CICLOS BIOGEOQUÍMICOS. MACRONUTRIENTES nutrientes necessários em quantidades relativamente elevadas por todos os organismos C, H, O, N, P e S. (são componentes estruturais dos compostos bioquímicos comuns). MICRONUTRIENTES nutrientes necessários em quantidades relativamente pequenas ou por apenas alguns organismos Exemplos: Fe, Mn, Cu, Zn etc. (geralmente utilizados como coenzimas ou em funções muito específicas). Nutrientes Elementos nutrientes necessários à vida. Nutrientes Em ambientes terrestres, a disponibilidade de água ou umidade frequentemente limita a produção vegetal, como acontece nas regiões áridas e desertos. Já em ambientes aquáticos, é a disponibilidade de LUZ e de NUTRIENTES (sais minerais), como o nitrogênio e o fósforo, que são essenciais para o metabolismo proteico, que pode limitar a produção primária. Sabendo que os N e o P são macronutrientes, podemos entender o porquê de serem normalmente eles os nutrientes que limitam a produção primária em ambientes aquáticos: Ambientes aquáticos marinhos: em geral, o N que é limitante; Ambientes aquáticos límnicos/dulcícolas: em geral o P que é limitante; Porque esses nutrientes são tão importantes CARBONO Elemento estrutural está presente em TODAS as moléculas orgânicas; O carbono é a base do nosso corpo, em todas as células são encontrados estruturas que contém carbono. Porque esses nutrientes são tão importantes NITROGÊNIO Porque esses nutrientes são tão importantes NITROGÊNIO Componente essencial dos aminoácidos e dos ácidos nucleicos (DNA, RNA), vitais para os seres vivos; O nitrogênio entra na composição dos aminoácidos, que por sua vez são usados na síntese proteica (forma o grupo amino dos aminoácidos e das proteínas); As proteínas (catalizadores/enzimas) são responsáveis ou participam, direta ou indiretamente, de todas as atividades metabólicas do corpo (i.e. do seu funcionamento). Porque esses nutrientes são tão importantes FÓSFORO Porque esses nutrientes são tão importantes FÓSFORO Um dos elementos nutrientes/minerais mais essenciais ao organismo de todos os seres vivos. Desenvolve numerosas funções críticas no organismo. Algumas delas: O DNA e o RNA são baseados nos monômeros de éster de fosfato; a principal via de energia contém ligações de fosfato de alta energia (ATPs, ADPs); está presente em todas as membranas celulares do organismo; integra a estrutura dos ossos e dentes, dando-lhes maior solidez; participa ativamente do metabolismo dos glicídios; atua na contração muscular; entre outras. Porque esses nutrientes são tão importantes ENXOFRE Porque esses nutrientes são tão importantes ENXOFRE Elemento fundamental da matéria viva, protagonista dos fenômenos biológicos celulares. Ele tem funções energéticas, plásticas e de desintoxicação; Entra na constituição de todas as proteínas celulares: está presente nos aminoácidos taurina, metionina, cistina e cisteína e é indispensável para a síntese do colágeno. É importante nos tecidos densos (cartilagens, cabelos, unhas) e nas secreções mucosas; Os alimentos ricos em enxofre são: carne, leite, ovos, queijos, cereais, frutas secas; O excesso de enxofre é eliminado pelas fezes e urina. Ciclos Biogeoquímicos Tipos de Ciclos Biogeoquímicos Os ciclos podem ser classificados em três tipos básicos dependendo da natureza do reservatório abiótico (ODUM, 1972): Ciclos gasosos: possuem o depósito abiótico na atmosfera. Graças à grande dinâmica deste meio, possuem eficazes mecanismos de autorregulação. Exemplos: ciclo do nitrogênio e ciclo do oxigênio; Ciclos sedimentares: o depósito abiótico está na crosta terrestre em rochas; estes ciclos são mais vulneráveis a perturbações externas, pelo fato deste depósito ter um tempo muito elevado de recirculação. Exemplos: ciclo do cálcio e ciclo do fósforo; Ciclos mistos: possuem ambos os depósitos (sedimentares e atmosféricos). ao controle e monitoramento de poluição; Ciclo da água O ciclo da água está intimamente ligado com o ciclo de todos os demais elementos: 1°) porque a água é o solvente universal, sendo que quase todas as substâncias se solubilizam nela; 2°) porque a água permeia a vida, assim como osnutrientes; Ciclo do fósforo Principal fonte litosfera, rochas fosfatadas (intemperismo); Importante na formação de ácidos nucleicos, membranas celulares, moléculas de energia (ATP), ossos e dentes; Plantas assimilam íons fosfato (PO4 3-) do solo e da água (forma biodisponível); Limita a produtividade primária em muitos ambientes aquáticos (principalmente em ambientes límnicos, de água doce). Entra naturalmente na água, por meio da drenagem continental (intemperismo das rochas). Ciclo do fósforo Várias atividades antrópicas também são fontes de P para ambientes aquáticos esgotos e agricultura em excesso o P gera processos nocivos de eutrofização. Solos ácidos P se liga a partículas de argila e forma compostos pouco solúveis com ferro e alumínio. Solos básicos também forma compostos insolúveis, por exemplo, com o cálcio. Solos e sedimentos anóxicos compostos fosfatados se dissolvem e entram na coluna d’água. Ciclo do enxofre Enxofre: faz parte da cisteína e metionina (aminoácidos). Por isto importante para animais e vegetais. Existe em formas oxidadas e reduzidas. Ambientes anaeróbicos: sulfatos podem funcionar como oxidantes. Nestes ambientes Desulfovibrio e Desulfomonas reduzem o sulfato para oxidar o carbono orgânico (MO), disponibilizando enxofre. Nestes ambientes também pode ser formar o sulfeto de hidrogênio, que escapa para o ar e dá cheiro de ovo podre. Ciclo do enxofre Se estes ambientes forem aerados, ou seja, se passarem a ser aeróbios, o enxofre pode ser então oxidado por bactérias quimioautotróficas, como a Thiobacillus a sulfeto (S2- )e sulfato (SO4 2-); Os sulfetos normalmente estão associados com carvão e depósitos de óleo (combustíveis fósseis). Quando estes são queimados, o enxofre reduzido (em espécies orgânicas) se oxida (Thiobacillus) e se combina com água formando ácido sulfúrico chuva ácida. Formação da chuva ácida: Ciclo do nitrogênio Não existe em rochas maior compartimento no planeta é a atmosfera (70%) gás N2; Pode se dissolver na água, no entanto N2 é pouco biorreativo (baixa biodisponibilidade); Pequenas quantidades podem ser transformadas em íon amônio (NH4 +) por descargas elétricas (raios) se tornam acessíveis aos vegetais; Principal via biológica do ciclo do N assimilação por micro- organismos processo deno- minado fixação do nitrogênio. Ciclo do nitrogênio Uma pequena fração do fluxo anual de N tem origem terrestre; Uma vez incorporado por atividades biológicas, pode se apresentar nas formas oxidadas (nitrato: NO3 - ou nitrito: NO2 -) e reduzidas (NH4 + ou N orgânico); Em geral NO3 - indica entrada alóctone (i.e. de fora), enquanto NH4 + indica remineralização autóctone (i.e. interna, dentro do sistema). A maior parte do N reciclado biologicamente pode ser rastreada. Ciclo do nitrogênio Fixação biológica do N2 Técnicas de isótopos estáveis de 15N2 e comprovação da Nitrogenase fixação do N molecular por muitas bactérias. As mais importantes são: Azotobacter (de vida livre), Rhizobium (associações sim- bióticas com leguminosas) e cianobactérias (no mar e em plantações de arroz) . A Nitrogenase é desativada pela presença de oxigênio nesses casos os microrganismos “preferem” oxidar açúcares e outros compostos orgânicos para fixar o nitrogênio. Ciclo do nitrogênio São processos de oxidação (necessitam de oxigênio). Na transformação de amônio em nitrito o nitrogênio perde seis elétrons. Na transformação de nitrito em nitrato mais dois. Há liberação de energia química. Transformação de amônio em nitrito é feita por Nitrosomonas no solo e Nitrosococcus no mar. De nitrito a nitrato Nitrobacter no solo e Nitrococcus nos oceanos. NITRIFICAÇÃO transformação de amônio em nitrito (NH4 + NO2 -) e nitrito em nitrato NO2 - NO3 -) Verde: Nitrobacter Vermelho:Nitrosomonas Ciclo do nitrogênio Executada por algumas bactérias como Pseudomonas denitrificans em condições anaeróbicas (solos e sedimentos anaeróbicos alagados); Nestes casos o próprio nitrato e nitrito estão mais oxidados que o ambiente circundante e podem agir como receptores de elétrons (oxidantes). As bactérias respiram nitrato no lugar de oxigênio. É importante na decomposição da matéria orgânica em ambientes anóxicos. DENITRIFICAÇÃO transformação de nitrato em nitrito e em óxido nítrico (NO3 - NO2 - NO e NO N2O N2). Pode resultar na perda de N do ambiente onde ocorrem, pois alguns óxidos nítricos escapam como gás para a atmosfera (reações químicas adicionais podem transformar óxido nítrico em nitrogênio molecular). Ciclo do carbono O ciclo biogeoquímico do carbono (C) é acoplado e muitas vezes conduzido pelos ciclos dos demais nutrientes: Isso porque a disponibilidade dos demais nutrientes é o que define as taxas de produtividade primária e a fotossíntese é o principal processo de “fixação”, incorporação do C atmosférico; Ahhh Ciclo do carbono Porque estudar os Ciclos Biogeoquímicos? Vários são as áreas de aplicação dos conhecimentos dos ciclos Biogeoquímicos. Alguns dos exemplos práticos do uso aplicado do estudo quantitativo dos ciclos biogeoquímicos são: ao controle e monitoramento de poluição; o estabelecimento de técnicas de manejo sustentado de ecossistemas; determinação e controle da perda de fertilizantes na agricultura; uso racional de recursos hídricos e de minerais não renováveis; e controle do aumento de CO2 na atmosfera. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BEGON, Michael; HARPER, John L.; TOWNSEND, Colin R. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. 4ª ed., Artmed, 2007. ESTEVES, Francisco A. Fundamentos de limnologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 790 p. LEVIN, Simon (ed.). The Princeton Guide to Ecology. Princeton University Press, e-Book. 2009. 809 p. RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6ª ed., Guanabara Koogan. 2010. 572 p. OBRIGADA e BOA TARDE !!!
Compartilhar