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Aula 1 a 5 fundamentos da gestão integrada e comunitária

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Introdução
Nesta oportunidade, veremos quais são as características das sociedades modernas, no que diz respeito, especificamente, à Segurança Pública. Desta forma, observaremos que a vida nas grandes cidades favorece o afastamento social, a falta de coesão, de confiança e de solidariedade e, muitas vezes, essas ausências propiciam o aumento da criminalidade e da violência. Para enfrentar este quadro, a integração das ações dos órgãos do Sistema da Segurança Pública com as forças sociais em prol de ações e projetos comuns se mostra, atualmente, como uma forma importante de responder às demandas sociais. Esta aula, então, tratará de temas modernos e relevantes como integração, prevenção, fatores de agenciamento do crime e da violência etc. Vamos a eles?
Começaremos, então, entendendo as características da sociedade contemporânea e as suas relações com a problemática da Segurança Pública.
Vivemos em uma sociedade complexa, todos sabemos. Isto quer dizer que estamos em um contexto organizado e competitivo, sobretudo nas cidades. 
Ao mesmo tempo, percebemos uma situação de profunda fragmentação e desigualdade social que exacerba o individualismo e contribui para a crise das relações interpessoais. 
Não importa o tamanho da cidade, sempre existe a necessidade de organizar a vida pública, emergindo um poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. 
A cidade
Cidade significa uma maneira de organizar o território e uma relação política. Ser habitante de uma cidade, então, significa participar de alguma forma da vida pública, mesmo que, algumas vezes, a participação seja apenas pela submissão a regras e regulamentos.
Como lugar da política e das transações econômicas, a cidade é um espaço de convivência social. Contudo, a vida nos grandes centros urbanos também pode ser marcada pelo individualismo e pelo relacionamento comunitário enfraquecido. 
Sabemos que a proximidade física dos habitantes de uma cidade não garante que estes se conheçam e que os seus relacionamentos tenham como característica a pessoalidade e a proximidade. 
A proximidade física, sem relacionamentos mais subjetivos, sobretudo aqueles baseados na confiança e, por consequência, na solidariedade, nem sempre une as pessoas e a ausência de uma sociedade integrada gera apenas rotinas ordenadas, cujo controle é dado por regras de comportamentos impessoais e definidos claramente. 
Nas grandes cidades ocorre, muito frequentemente, a ausência de identificação com fatores sociais comuns à vida cotidiana. 
É imperativo que o respeito e o interesse individual se unam ao interesse coletivo e busquem o bem-estar, a tranquilidade e a segurança pública.
A proximidade física, sem relacionamentos mais subjetivos, sobretudo aqueles baseados na confiança e, por consequência, na solidariedade, nem sempre une as pessoas e a ausência de uma sociedade integrada gera apenas rotinas ordenadas, cujo controle é dado por regras de comportamentos impessoais e definidos claramente. 
A Segurança Pública no Brasil
Violência, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), é “o uso intencional de força ou de poder físico, na forma real ou de ameaça, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulta, ou tem grandes chances de resultar em ferimentos, morte, danos psicológicos, subdesenvolvimento ou privação”.
O cenário apresentado espalha as suas consequências por vários campos, sendo percebido por todos os setores da sociedade. 
O crescimento da criminalidade urbana traz consigo o aumento do medo e da sensação de insegurança; transforma o cotidiano das cidades e separa, de maneira profunda, os grupos sociais.
Projeto político
Um projeto político que tenha como objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa deve levar em conta a segurança de cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade. 
Sabemos que esta é uma tarefa complexa e as interpretações mostram uma série de elementos explicativos, isto é:
O acesso indiscriminado às armas de fogo e sua ilegalidade e a fragilidade das instituições no Brasil.
A sociabilidade que se fundamenta em bases perversas que cristaliza uma cultura violenta na resolução de conflitos.
A criminalidade internacional caracterizada pelo tráfico de pessoas, de drogas e de armas.
As disparidades estruturais que assolam o Brasil e as políticas sociais que ainda não beneficiam o conjunto da sociedade.
Atuação do Estado
O fenômeno da violência e da criminalidade no Brasil se apoia em bases individuais, comunitárias, estruturais e institucionais e demanda que seu enfrentamento seja feito de modo a articular e contemplar todas essas frentes. Por oposição, essa multiplicidade de fatores parece encontrar um denominador comum. A persistência crescente dos indicadores de vitimização chama atenção para a fragilidade e a pouca eficácia histórica das ações desenvolvidas pelo Estado brasileiro nos diversos níveis governamentais. (p. 08)
Além de nem sempre ser eficaz na tarefa de promover a convivência pacífica, muitas vezes o Estado é um promotor da violência e da sensação de insegurança, sem conseguir reprimir o crime, não tendo sucesso em oferecer oportunidades de reintegração social. 
Mudar este quadro é um desafio que deve ser enfrentado coletivamente. Para revertê-lo, o Estado, em seus muitos níveis, deve garantir direitos com políticas públicas eficientes nos resultados, eficazes na gestão dos recursos públicos e cumprindo as normas.
Cabe à sociedade se envolver e se mobilizar para a solução destes problemas. 
Se tomada de uma perspectiva formal, a Segurança Pública pode ser vista como a convivência pacífica e ordenada das cidadãs e dos cidadãos e da sociedade em seu conjunto.
Avanços superficiais nas políticas sociais
A Constituição de 1988 assegurou avanços nas políticas sociais em áreas relevantes, sobretudo àquelas voltadas às áreas sociais e da promoção de direitos, mas, no que se refere à Segurança Pública, seu texto pode ser classificado como generalista e excessivamente indefinido. 
Esse quadro foi construído graças às mudanças superficiais e insuficientes nas instituições e aparatos de Segurança Pública disponíveis frente às demandas e às tarefas transformadoras que tinham diante de si. 
O Estado, então, passou a apenas reagir a casos de violência extrema e às pressões da opinião pública, em vez de agir de forma propositiva.
Distância entre a sociedade e a Segurança Pública
O fato de negligenciar os princípios da legalidade e da eficácia, com o passar do tempo, criaram-se, abismos com relação aos direitos e estabeleceu-se um antagonismo estrutural entre as forças policiais e a sociedade civil e um descrédito em relação aos projetos políticos na área da segurança. 
Além disso, por ser vista como “coisa de polícia”, a Segurança Pública não foi um tema cuja pauta tenha emanado de reivindicações dos movimentos sociais. 
Poucos atores, além dos profissionais da Segurança Pública eram reconhecidos como habilitados para tratar deste tema. Aliado a isso, a vitimização de certas parcelas da população aumentou ainda mais a distância entre a sociedade e os haveres da Segurança Pública.
Aspectos fundamentais ao progresso das políticas públicas em Segurança Pública
A situação, no Brasil, vem se transformando nos últimos anos. 
Se os avanços da democracia são inquestionáveis, parte desse desenvolvimento se deve às conquistas no campo da Segurança Pública. 
Tem sido necessário mudar a cultura que prega a falsa dicotomia entre prevenção e repressão e passar a reconhecer que ambas têm vocação e lugar distintos, sendo complementares e necessárias uma a outra. 
É preciso que a formulação de políticas públicas seja tratada à luz das dimensões técnicas. 
A produção de informação e conhecimento deve tomar o lugar do medo, da sensação de insegurança, do preconceito e do desconhecimento no subsídio
da ação policial. 
É neste contexto que se tornam importantes a valorização profissional e a qualificação.
Outro elemento fundamental para avançarmos no campo das políticas públicas em Segurança Pública é a existência de um segmento da sociedade civil especializado neste campo. 
Se tais atores contribuíram no sentido de apontar os níveis inaceitáveis de violência no país e, consequentemente, de mobilizar a sociedade civil para a importância do tema, atualmente a sua interlocução com o poder público contribui para a elaboração de políticas públicas. 
Desta forma, podemos afirmar que a aproximação entre os setores das universidades, da sociedade civil organizada e dos profissionais de Segurança Pública representou uma iniciativa fundamental para questionar e romper antagonismos históricos.
Reformulações do campo técnico no contexto político internacional também foram responsáveis por mudanças no cenário. A utilização cada vez mais ampla da expressão “segurança cidadã” tanto por governos como por agências multilaterais, mostra uma nova tendência, isto é, o objetivo não se restringe mais a proteger o Estado, mas, sobretudo, a garantir os direitos dos cidadãos e das cidadãs. 
A segurança dos indivíduos e da vida em sociedade é concebida como passo essencial para o desenvolvimento das nações e, por isso, a agenda política tem como prioridade assegurar que todos convivam em liberdade e sem violência.
Prevenção primária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas ao meio ambiente físico e/ou social, mais especificamente aos fatores ambientais que aumentam o risco de crimes e violências (fatores de risco) e que diminuem o risco de crimes e violências (fatores de proteção), visando a reduzir a incidência e/ou os efeitos negativos de crimes e violências. 
Pode incluir ações que implicam mudanças mais abrangentes, na estrutura da sociedade ou comunidade, visando a reduzir a predisposição dos indivíduos e grupos para a prática de crimes e violências na sociedade (prevenção social). 
Ou, alternativamente, pode incluir ações que implicam mudanças mais restritas, nas áreas ou situações em que ocorrem os crimes e as violências, visando a reduzir as oportunidades para a prática de crimes e violências na sociedade (prevenção situacional).
Prevenção secundária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas mais suscetíveis de praticar crimes e violências, mais especificamente aos fatores que contribuem para a vulnerabilidade e/ou resiliência destas pessoas, visando a evitar o seu desenvolvimento com o crime e a violência ou ainda a limitar os danos causados pelo seu envolvimento com o crime e a violência, bem como a pessoas mais suscetíveis de serem vítimas de crimes e violências, visando a evitar ou limitar os danos causados pela sua vitimização. 
É frequentemente dirigida aos jovens e aos adolescentes, e a membros de grupos vulneráveis e/ou em situação de risco.
Prevenção terciária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas que já praticaram crimes e violências, visando a evitar a reincidência e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social, bem como a pessoas que já foram vítimas de crimes e violências, visando a evitar a repetição da vitimização e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social.
Pensando desta forma, é possível romper com o modelo reativo de polícia e conceber o papel das polícias e das guardas municipais no sentido da afirmação de estratégias comunitárias de segurança que utilizam, por exemplo, a abordagem conhecida internacionalmente como “policiamento orientado para a solução de problemas” e estão sempre abertas à possibilidade de um trabalho integrado.
Aula 2 – Os diferentes setores da sociedade e a importância das redes sócias na área segurança pública
Introdução
Esta aula tratará das relações e vínculos criados e desenvolvidos por meio das redes sociais e as possibilidades de articulação para a solução de problemas de forma cooperativa. Para tanto, estudaremos a definição de redes e as suas características. Para exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, utilizaremos os resultados da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e segurança pública: evolução da rede de atores da Segurança Pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática, no Brasil, durante todo o processo da 1ª. CONSEG – os seus espaços preparatórios, etapas, ações paralelas etc.
Redes Sociais
Atualmente, o trabalho informal em rede é uma forma de organização bastante presente em nossa vida cotidiana e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas. 
O estudo das redes evidencia o fato de que os indivíduos, plenos de recursos e capacidades propositivas, organizam as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio desenvolvimento das redes.
Assim, segundo Regina Maria Marteleto (2001, p. 72): 
Mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas. 
Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária. 
Apesar do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não hierárquica e espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos, responsabilidades e diversos níveis de tomada de decisão.
Redes Sociais e Segurança Pública
De acordo com Lindblom e Burt, pode-se considerar que a perspectiva das redes sociais como recurso institucional lembra a importância dos vínculos para obter acesso aos recursos inseridos em uma dada rede de relações. 
 
Assim, o fortalecimento das redes sociais tem sido incorporado aos objetivos de análise e avaliação das políticas e de ações do poder público (Arriagada, Miranda e Pavez, 2004). 
Ainda no que diz respeito às relações entre as redes sociais e a política, Eduardo Marques afirma que “Em um sentido abstrato, a discussão sobre mecanismos relacionais confunde-se com a própria análise da política, visto que o poder tem uma natureza intrinsecamente relacional” (Marques, E. Os Mecanismos Relacionais. In: Rev. Bras. Ci. Soc. v. 22 n. 64. São Paulo, 2007).
Conferência Nacional de Segurança Pública 
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim: 
A Comissão Organizadora Nacional da 1ª CONSEG (CON) foi estruturada por representantes da sociedade civil e tiveram prioridade as redes e/ou organizações e os movimentos com considerável capilaridade e potencial de articulação, com reconhecido acúmulo de discussão específica sobre Segurança Pública. 
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim: 
Aos trabalhadores da área de Segurança Pública, buscou-se garantir a maior diversidade possível de associações com legitimidade nacional, bem como das categorias internas da corporação de cada uma das cadeiras previstas na CON. 
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim: 
Com relação aos gestores, pautando-se pelo pacto federativo, assegurou-se a participação expressiva dos agentes políticos das três esferas da federação que exercem responsabilidades em órgãos do executivo envolvidos na área de Segurança Pública. 
Além disso
Possibilitou-se a participação dos demais poderes com representantes do Poder Judiciário, Poder Legislativo e Ministério Público. 
De acordo com Relatório Final da 1ª CONSEG (p. 25):
Durante todo o processo, os membros da CON foram porta-vozes e garantidores das regras e metodologias da 1ª CONSEG; Pacificadores/mediadores políticos; Articuladores para o bom andamento das etapas; fiscais do processo; interlocutores com as delegações estaduais etc. 
Ou seja:
Ser membro da CON exigia um comprometimento com o projeto da Conferência e necessidade de mobilizar as suas entidades e redes para a participação efetiva nas mais diversas etapas do processo.
Essa formação permitiu que novos atores aparecessem e que novas redes fossem criadas no campo das discussões da Segurança Pública, pois, sabe-se bem que a discussão em torno da política pública possibilita fortalecer o controle social sobre tais políticas, organizar os cidadãos e cidadãs na proposição de demandas e, finalmente, conferir transparência às ações desempenhadas pelos governos. 
Estes grupos receberam a orientação de manter o formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras igualitariamente para a sociedade, os trabalhadores e os gestores.
Aula 3 – Fundamentos e princípios da Gestão Integrada e Comunitária
Introdução
Caro aluno, nesta aula, começaremos a estudar a gestão integrada e, para isto, mergulharemos em seus fundamentos e princípios. Já podemos adiantar que analisaremos a ideia de INTEGRALIDADE, tão importante para o ramo das políticas públicas, sendo utilizada amplamente na área da Saúde, quando se pensa em Sistema Único de Saúde. De que forma a concepção de integralidade pode ser útil para quem está pensando e realizando a Segurança Pública no Brasil? Podemos assumir que esta noção tem relação direta com a transformação crítica da realidade. Outra de suas virtudes reside no fato de que é uma possibilidade de agregar diferentes atores, cujos interesses em determinados aspectos são muito diversos. O Gabinete de Gestão Integrada, como espaço que gera modos e lógicas de integração colegiada, promove a segurança pública ao favorecer a adoção de medidas efetivas de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil.
Em nosso último encontro, observamos como as relações e os vínculos gerados e desenvolvidos por meio das redes sociais criam possibilidades de articulação e contribuem para a solução de problemas de forma cooperativa. 
Para isso, verificamos a definição de redes e as suas características e, no sentido de exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, recorremos aos resultados da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e segurança pública: Evolução da rede de atores da segurança pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática de Segurança Pública no Brasil durante todo o processo da 1ª. CONSEG.
A imagem da integralidade parte de um pensamento crítico, um pensamento que se recusa a reduzir a realidade ao que já existe, que se indigna com algumas características do que já existe e almeja superá-las (2009, p. 16).
A integralidade 
Pelo que foi mencionado, verificamos que a integralidade tem a ver com a educação e a formação permanente que possam estimular o diálogo entre as equipes de profissionais. Assim, para prestar uma atenção totalizadora, holística, o agente precisa crer que será protagonista em realizá-la também individualmente. Contudo, se a integralidade depende da atitude dos profissionais, é função também, em grande medida, da incorporação ou de redefinições mais radicais dos grupos. 
No caso da Segurança Pública, é possível reconhecer alguns traços de semelhança, algumas analogias, alguns fios que articulam todos esses sentidos. 
Quer tomemos a integralidade como princípio orientador das práticas, quer como princípio orientador da organização do trabalho ou da organização das políticas, integralidade implica uma recusa ao reducionismo, bem como um recusa à fragmentação das esferas sociais e humanas (familiar, social econômica, cultural e religiosa), uma recusa à objetivação dos sujeitos e talvez uma afirmação da abertura para o diálogo.   
 (Góz 2009. p.17)
De que forma a política de Segurança Pública opera hoje no Brasil?  
Pode-se assumir que é por meio de diretrizes e princípios, utilizando estratégias que possibilitam uma nova forma de compreender e lidar com a complexidade do tema, o que depende da estruturação de modelos orientados pela perspectiva da integralidade entendida não somente em relação à apreensão integral do sujeito, mas também aos novos valores e dispositivos técnicos.
Conforme o que ensina Góz (2009, p. 19) pode-se observar, analisar e pesquisar algumas características do sistema de Segurança Pública. 
- A integralidade e missão da Segurança Pública em novas lógicas, diretrizes e princípios;
- Necessidades formativas para a construção de novos perfis profissionais no campo da Segurança Pública;
- Diretrizes lógico-pedagógicas para a construção de projetos, programas e ações na perspectiva da integralidade para efetivação do Sistema Único de Segurança Pública.
Novos modelos de segurança
O que vem sendo buscado na construção de novos modelos de segurança é a integralidade como um operador teórico e prático. 
Desta forma, a ideia de integração, na Segurança Pública proposta no SUSP e na Constituição Federal de 1988, é um projeto político e ético em construção.  
As maneiras como a integralidade é dita e praticada são processos de impulsionamento para gestões cuja possibilidade de mobilização das partes acaba por afetar o desenvolvimento das organizações, pois se pensarmos em uma lógica sistêmica, devemos observar que o comportamento de uma esfera implica necessariamente em mudanças no funcionamento do sistema como um todo.   
O Sistema Único de Segurança Pública, ou SUSP, foi proposto pelo Governo Federal em 2003, como uma das principais ações do novo  Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP). Analisaremos mais detalhadamente esse sistema na próxima aula, quando trataremos da gestão integrada e comunitária, verificando quais são os mecanismos de Estado que favorecem a sua implantação.
Antes de dar continuidade a seus estudos, veja alguns elementos que demonstram, nos textos e escritos legais, a vontade política de alguns setores em estabelecer a integralidade. 
Gabinetes de Gestão Integrada
No campo da Segurança Pública, os Gabinetes de Gestão Integrada (GGIs) são instrumentos capazes de criar espaços que geram modos e lógicas de integração colegiada, por meio de uma pedagogia de mudança de atitudes que levam os operadores do sistema de segurança a não mais reproduzirem práticas que tragam certos níveis de sensação de insegurança. 
A integralidade traz um dispositivo para consolidar a forma colegiada de promover a Segurança Pública quando favorece a adoção de medidas efetivas de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil. 
Dito de outra forma, a intervenção do Estado deixa de ser criminalizadora e passa a agir também preventivamente, utilizando ações sociais, evitando, muitas vezes, que o crime ocorra. 
Ao reunir gestores de diferentes áreas e instituições do poder público e da sociedade civil organizada, o gabinete de gestão integrada se torna o espaço de definição estratégica da Segurança Pública no âmbito municipal, dos consórcios intermunicipais, estadual ou das regiões de fronteiras.
É, portanto, uma ferramenta de gestão cujo objetivo é promover ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e da criminalidade, o que aumenta a sensação de segurança da população.
Os gabinetes de gestão integrada, de forma geral, se fundamentam em três eixos: 
- O primeiro deles diz respeito à gestão integrada;
- O segundo eixo é a atuação em rede e, por isso, tivemos a necessidade de estudar as redes na aula passada; 
-
E, finalmente, como terceiro eixo, temos a perspectiva sistêmica.
O que queremos dizer com isso?
Vejamos, de forma breve, cada eixo, segundo o encontrado na cartilha Gabinetes de Gestão Integrada Municipal – GGIM. Brasília, 2009, p.15:
Gestão Integrada: 
É pautada na descentralização da macro política e atua de forma colegiada nas deliberações e execuções de medidas e ações conjuntas a serem adotadas para combater a criminalidade e prevenir a violência, no âmbito local, reunindo os vários segmentos que compõem a Segurança Pública. 
Opera pelo consenso, sem hierarquia. 
Isto é, as decisões são tomadas de comum acordo entre os membros, respeitando as autonomias institucionais dos órgãos que compõem o GGIM.
Atuação em rede: 
O GGIM pressupõe uma rede de informações, experiências e práticas estabelecidas que extrapolam os sistemas de informações policiais e agregam outros canais de informações. 
Além de apresentar um corpo gerencial plural e multidisciplinar, o GGIM mobiliza toda a população, atuando enquanto espaço de interlocução com os cidadãos sobre violência e criminalidade. 
Nesse caso, a ampliação intensa do GGIM com os fóruns municipais e comunitários de segurança.
Perspectiva sistêmica: 
O  GGIM concebe em sua estrutura espaços inovadores que aliam informação e tecnologia e planejamento e gestão na promoção de políticas de segurança. 
O pleno funcionamento dessa estrutura prevê a sinergia entre as partes, garantida pelo fluxo de informação–reflexão– ação. 
Participação social nos GGIs
É importante ressaltar que o GGI busca discutir e deliberar, por meio de consenso, sobre questões, estratégias e ações em Segurança Pública, sem hierarquia e com respeito à autonomia das instituições que o compõem. 
Cabe aqui indagar: qual é o papel da participação social nos GGIs? 
Vimos que a Segurança Pública, atualmente, é concebida como responsabilidade coletiva e cada cidadão tem o direito e o dever de participar da construção de sua própria segurança. 
Os fóruns municipais e comunitários de segurança são canais de interlocução entre a população e os operadores da Segurança Pública e contribuem para a mobilização social na defesa do direito à segurança, ao analisar e discutir estratégias de atuação.
Os GGIs devem interagir intensamente com os fóruns municipais e comunitários de segurança para a constituição das políticas preventivas de Segurança Pública. 
Na pauta das discussões, os vários setores organizados da sociedade tratam de temas relativos ao exercício da cidadania, ao identificar demandas da população, métodos de ações preventivas e resultados pretendidos. 
 
É essa ação participativa que legitima a tomada de decisão e norteia o GGI na adoção de medidas que realmente atendam ao interesse público e garantam a criação e reprodução de uma verdadeira cultura de paz.   
A participação da sociedade é fundamental para o sucesso de ações nesse âmbito e deve ser prestigiada e incentivada pelo poder público. 
Em nosso próximo encontro, analisaremos as relações entre o Estado e a Gestão Integrada e Comunitária. 
Para tanto, veremos quais são os mecanismos passíveis de serem utilizados pelo poder público para favorecer a implantação da GIC no âmbito da Segurança Pública. 
Até lá!
Aula 4 – O estado e a gestão integrada comunitária
Introdução
Neste encontro, veremos de que modo o Estado, como poder público, pode favorecer a implantação de mecanismos de gestão integrada no que diz respeito à Segurança Pública. Veremos as características do SUSP e como ele funciona como indutor da política de gestão integrada na Segurança Pública. Estudaremos também o PRONASCI e como este programa fomentou a criação de diversos Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil inteiro. Finalmente, analisaremos o papel dos entes federados para a Segurança Pública e, mais especificamente, para a implantação da gestão integrada.
Neste encontro, veremos de que modo o Estado, como poder público, pode favorecer a implantação de mecanismos de gestão integrada no que diz respeito à Segurança Pública.
Estudaremos também as características do SUSP e como ele funciona como indutor, entre tantas outras políticas, da gestão integrada na Segurança Pública.
Estudaremos também o Pronasci e como este programa fomentou a criação de diversos gabinetes de gestão integrada no Brasil inteiro, ao tornar a sua implantação uma condição para o recebimento de recursos federais.
Finalmente, analisaremos o papel dos entes federados para a Segurança Pública e, mais especificamente, para a implantação da gestão integrada. 
A partir da implantação do SUSP, começou-se a discutir, de forma mais consistente e sistemática, qual o papel dos municípios no sistema de Segurança Pública. 
 
Diante da estrutura federativa brasileira, sobressai-se a vocação primordial do município para a prevenção da violência e criminalidade, resguardando-se as competências legais.  
É no município que as pessoas residem, é no município que acontecem os problemas e as soluções, assim como é no município – poder público mais próximo do cidadão – que a comunidade procura a solução para os problemas que a aflige. 
Não é mais possível a continuidade de uma política reativa, pautada em um modelo tradicional de Segurança Pública que priorize unicamente o acréscimo de armamentos e efetivos policiais, visto que tais medidas apresentaram-se insuficientes para a redução da criminalidade. 
O SUSP opera com as seguintes convicções:
- não há política de Segurança sem gestão;
- a política de Segurança deve ser pautada nos Direitos Humanos;
- a política de Segurança implica articulação sistêmica das instituições.
Gestão unificada da informação
Uma central recebe todas as demandas relativas à área da Segurança Pública. A coleta de informações deverá auxiliar na redução da violência e na prevenção ao crime.
Gestão do sistema de segurança
Delegacias com perícia, polícia civil e polícia militar deverão ser implantadas para cuidar de determinadas áreas geográficas das cidades.
Formação e aperfeiçoamento de policiais
Os policiais civis e militares serão treinados em academias integradas. A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem um setor de formação e aperfeiçoamento que já está trabalhando nos currículos das academias para definir o conteúdo desses cursos de formação que levarão em conta sempre a valorização profissional.
Valorização das perícias
Essa fase da investigação de crimes receberá atenção especial.
Prevenção 
Ações concretas para a prevenção e redução da violência nos estados serão prioritárias. A Polícia Comunitária terá papel fundamental nesse processo.
Ouvidorias independentes e corregedorias unificadas
Serão criados órgãos para receber as reclamações da população e identificar possíveis abusos da ação policial. A corregedoria vai fiscalizar os atos dos policiais civis e militares, o objetivo é realizar o controle externo sobre a ação da Segurança Pública nos estados.
O SUSP e o respeito ao pacto federativo
Da mesma forma que o SUSP prevê a integração entre as diferentes forças de Segurança Pública, existe um empenho para integrar os diversos federados no sentido de somar esforços, minimizar o retrabalho e otimizar os resultados.
Sabe-se que à luz do pacto federativo, a União não pode obrigar os outros entes a agirem de determinado modo, mas, pode e deve fomentar e induzir a práticas que se mostraram exitosas em oportunidades anteriores e em outros lugares. 
Por meio de políticas públicas e fornecendo princípios e diretrizes, é possível envolver os municípios, os estados e o Distrito Federal em novas concepções acerca da Segurança Pública e das formas de tratá-la.
O Pronasci e a gestão integrada
O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi instituído pela Lei nº 11.530 de 24 de outubro de 2007 e considerado
um novo paradigma de Segurança Pública, que estava baseado em 2 grandes inovações.
Articulação entre ações de segurança e ações de natureza sociais e preventivas, atuando nas raízes socioculturais da violência e da criminalidade, por meio do fortalecimento dos laços comunitários e das parcerias com as famílias, sem abdicar das estratégias de ordenamento social e repressão qualificada.
Fomento de uma agenda federativa compartilhada, com o envolvimento de todos os entes, acrescentando, ao papel basilar dos estados, o governo federal, com indução de políticas de financiamento, e os municípios, com papel ativo nas ações de prevenção.
Afirmamos que o Pronasci foi visto como uma inovação e, sabe por qual motivo? 
O programa buscava a promoção de um projeto de inclusão e fortalecimento da coesão social por meio do empoderamento das relações entre operadores de segurança e sociedade civil e do acesso a um Estado qualificado.
Seu papel era garantir direitos fundamentais do cidadão e oferecer uma resposta a um contexto de tensão social do país, com altos índices de criminalidade e violência, atingindo os indivíduos mais jovens, rompendo com um modelo ultrapassado de política de Segurança Pública e buscando desenvolver ações que evitem que o crime aconteça sem deixar de lá, é óbvio, a repressão.
Vejamos agora as ações dos 3 objetivos de atuação que o programa previam.
1) Territorial: atuando em regiões urbanas com altos índices de criminalidade;
2) Etário: priorizando a juventude, particularmente grupo de jovens entre 15 e 24 anos que vivem às margens da criminalidade e/ou tiveram conflitos com a lei;
3) Policial: favorecendo a formação e a valorização das forças de segurança.
O Pronasci trabalhou com a concepção de que a sociedade deve formar cidadãos e criar condições para reduzir a vulnerabilidade social.
Neste ponto, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com os Fundamentos da Gestão Integrada e Comunitária, não é? 
 
Na próxima parte você entenderá porque é impossível falar sobre a Gestão Integrada em Segurança Pública sem mencionar o Pronasci e vice-versa. 
O Pronasci e os GGIs  
Os Gabinetes de Gestão Integrada passaram a ser a forma gerencial do Pronasci, sobretudo em sua forma de Gabinete de Gestão Integrada Municipal.
A partir do momento em que começaram a se configurar como a principal ferramenta de gestão do PRONASCI, esses gabinetes deviam garantir a sua viabilidade operacional ao reunir diversas instituições que incidem sobre a política de segurança, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e da criminalidade e aumentando a sensação de segurança por parte da população e a valorização dos servidores públicos que atuam na área de segurança em todas as esferas. 
Os GGIs evitam o isolamento e a fragmentação dos vários segmentos que compõem a área da segurança pública não devendo, por isso, se constituir em organismos meramente formais, mas, antes, atuar com efetividade na busca de resultados.
Os estados participam do SUSP por meio de um protocolo de intenções assinado pelo governador e pelo Ministro da Justiça. 
A partir de então, cria-se um Comitê de Gestão Integrada do qual participam:
- O secretário estadual de Segurança Pública (ou seu equivalente), como coordenador; 
- Representantes da Polícia Federal;
- Polícia Rodoviária Federal;
- Polícia Civil; 
- Guardas Municipais. 
O Município
A partir da Constituição de 1988 os municípios passaram a ser considerados como entes federados e, por isso, nos últimos anos, a ter um mais destaque nos debates sobre Segurança Pública e prevenção da violência por se tratar, justamente, da instância governamental mais próxima dos problemas concretos vividos pelos cidadãos.
Para tanto, viram-se diante do desafio de criar, ampliar e mesmo repensar uma de suas importantes instituições para este fim: a Guarda Municipal.
O contexto sociopolítico contemporâneo sinaliza para o desafio de reestruturar o papel desta organização no Estado Democrático de Direito. 
Este empreendimento requer inúmeros esforços no sentido de ampliar os debates sobre o tema, tornando-o cada vez mais acessível à municipalidade brasileira que busca, em conjunto com a sociedade local, assumir o seu papel na construção da tão propagada Segurança Pública para todos.
Os municípios possuem um grande desafio: desenvolver projetos concretos de prevenção e alcançar, com eles, reduções significativas nas taxas de criminalidade e nas ocorrências violentas. 
É perfeitamente possível alcançar estes resultados. A experiência internacional e alguns exemplos, em nosso próprio país, o demonstram suficientemente. Para isso, entretanto, é preciso trabalhar com seriedade e profissionalismo, articulando as ações o mais amplamente possível com todos os interessados e com as entidades parceiras. 
A partir de 2003, com o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), este movimento se aprofunda e o município ganha um destaque ainda maior no que se refere à consecução de políticas locais, integradas e participativas de prevenção do crime e da violência. 
Neste sentido, a arquitetura institucional do Sistema Único de Segurança é responsável pela produção de importantes documentos de referência para que as prefeituras se ajustem a este novo cenário.
Conclusão
Em nossa próxima aula, veremos que existem metodologias cujo objetivo é a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública. 
Como exemplo, analisaremos o Método IARA que possui 4 etapas, isto é, identificação, análise, resposta e avaliação. Mas, conforme dissemos, este é o assunto para o nosso próximo encontro. 
Aula 5 – Metodologia para busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública
Introdução
Nesta ocasião, analisaremos o Método IARA: Identificação, Análise, Resposta e Avaliação utilizado para a resolução de problemas tanto pelas iniciativas de polícia comunitária como em ações consensuadas dentro dos Gabinetes de Gestão Integrada. Veremos que este método foi criado na década de 1970, nos Estados Unidos, por profissionais de Segurança Pública e pesquisadores e, por permitir um tratamento racional para fatos de ordem violenta e criminosa, tem sido amplamente utilizada no Brasil. Analisaremos, então, as suas fases, sempre ressaltando instrumentos e detalhamentos utilizados pela polícia comunitária.
Vimos que a sociedade organizada e os órgãos governamentais podem e devem se unir para buscar soluções para as questões da Segurança Pública. Há, neste sentido, uma importante metodologia chamada Método IARA, muito utilizada pelas iniciativas de Polícia Comunitária e faz parte do POP(Policiamento orientado para o problema).
O método IARA foi desenvolvido por policiais e pesquisadores na década de 1970, nos Estados Unidos e, lá, chama-se SARA. 
Método IARA - fases
Existem algumas variações, detalhando mais cada fase do método IARA, contudo, da forma que será apresentado, é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os agentes que atuam na atividade de policiamento e não compromete a eficiência e a eficácia do serviço apresentado pelo Policiamento Orientado para o Problema, assim como não contradiz outros métodos, por isso, muitas vezes, ele é adotado como referência.
	1ª fase
 
Identificação
Scanning
	2ª fase
Análise
Analysis
	3ª fase
Resposta
Response
	4ª fase
Avaliação
Assessment
Essa fase também é conhecida como “chuva de ideias” ou “catarse” e sua importância consiste em permitir que se faça um sumário de questões relevantes tanto para as organizações que compõem o sistema de Justiça Criminal e Segurança Pública no âmbito local e ainda um sumário de questões importantes para a própria população, trazidas para o Gabinete de Gestão
Integrada pelo Conselho Comunitário de Segurança. 
Como não é simples alcançar consenso, pode-se, por exemplo, escolher três questões e eleger a problemática prioritária no momento por meio de uma eleição. Com isto, tem-se o início da segunda etapa, isto é, a análise do problema.
Uma forma vantajosa de analisar o problema é solicitar que cada uma das instituições do Gabinete de Gestão Integrada mostre as informações produzidas sobre a questão da ordem do dia, de modo que o diagnóstico possa ser produzido com o máximo de informações possível.
Pode-se utilizar o problema da violência nas escolas para exemplificar esta fase do método IARA. Assim, segundo Paulo Augusto Souza, é necessário pensar não apenas nos autores, vítimas e locais onde ocorre. É preciso também levar em consideração que tipo de ocorrência atinge qual escola, quais são os desdobramentos desta violência dentro da Vara da Infância e da Juventude. 
Somente a partir deste diagnóstico completo é que se pode passar à fase da Resposta.
A relação entre os três elementos
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária (2009, p. 206):
O relacionamento entre os três elementos pode ser explicado da seguinte forma: se existe uma vítima e ela não está em um local onde ocorram crimes, não haverá crime; se existe um agressor e ele está em um local onde os crimes ocorrem, mas não há nada ou ninguém para ser vitimizado, então não haverá crime. Se um agressor e uma vítima não estão juntos em um local onde ocorrem crimes, não haverá crime.
3ª Fase: Resposta
Para que as respostas sejam eficientes e efetivas para resolver os problemas de Segurança Pública, é importante que seu objetivo esteja sobre o cenário construído a partir da análise realizada na primeira etapa. 
Depois de efetuado o diagnóstico, realiza-se o plano de ação de acordo com as respostas dadas a cada uma das questões a seguir: 
1- Alvo
Qual o objetivo pretendido com esta resposta?
2- Como 
Como essas ações serão desenvolvidas dentro de cada instituição?
3- Quem
Quais organizações podem realizar as ações necessárias para tratamento da questão?
4- Quando
Quanto tempo cada ação demanda para ser executada?
5- Onde
Em quais locais (em termos geográficos) esta ação será executada?
6- Quanto custa 
Quais os custos econômicos, políticos e sociais desta ação?
7- Avaliação
Quais medidas (objetivas) serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?
Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p. 22).
As respostas as oito questões vistas constituem o plano de ação. Com a formatação deste plano, realizado na reunião do Gabinete de Gestão Integrada, as instituições podem saber de que forma o problema será abordado e qual seu papel, sua competência e sua responsabilidade na abordagem deste problema.
Plano de Ação
Depois da implantação do plano de ação, realiza-se um novo encontro do GGI para avaliação dos resultados alcançados com as atividades deliberadas  anteriormente e consideradas como as respostas apropriadas para o tratamento do problema de Segurança Pública.
Caso o problema seja encaminhado e resolvido da forma esperada, as instituições responsáveis prestam contas e liberam o GGI para se dedicar a um novo problema. 
Em caso contrário, se a leitura da ata da última reunião levar à conclusão de que o problema não foi resolvido da forma adequada, deve-se utilizar o método IARA para entender o que ocorreu, entre a tomada de decisão e a sua implantação, que inviabilizou o tratamento da problemática tal como acordado na reunião do gabinete. 
Com o diagnóstico pronto, elabora-se um novo plano de ação para tratar novamente o problema e a sua efetividade, do ponto de vista dos objetivos pretendidos, deverá ser avaliada na próxima reunião do Gabinete de Gestão Integrada. 
O acompanhamento de cada um dos quadros permite que o Gabinete de Gestão Integrada percorra todos os passos da metodologia e possa verificar, nas reuniões subsequentes à de deliberação do problema/solução, quais são as etapas nas quais se encontram problemas para a plena solução. 
O preenchimento da planilha contendo as etapas desta metodologia, é uma forma de aplicar o Método IARA. 
Quando o tema é tratado pela Polícia Comunitária, as possíveis soluções de problemas podem ser organizadas dentro de cinco grupos:
	Eliminação total do problema
A efetividade é medida pela ausência total dos tipos de ocorrência que o problema criava. É improvável que a maior parte dos problemas possa ser totalmente eliminada, mas alguns poucos podem;
	Redução do número de ocorrências geradas pelo problema: 
A redução do número de ocorrências provenientes de um problema é a maior medida de eficácia;
	Redução da gravidade dos danos: 
A efetividade para este tipo de solução é demonstrada constatando-se que as ocorrências são menos danosas;
	Lidar melhor com velhos problemas (tratar maior número de participantes de modo mais humano, reduzindo os custos, melhorando a capacidade de lidar com a ocorrência): 
Promovendo satisfação para as vítimas, reduzindo custos e outro tipo de medida que possa mostrar que este tipo de solução é efetivo;
	Remover o problema da consideração policial: 
A efetividade deste tipo de solução pode ser medida pela observação de como a polícia está lidando originalmente com o problema e a razão de transferir a responsabilidade para outro. Policiais solucionadores de problemas frequentemente buscam ajuda da comunidade, outros departamentos da cidade, comerciantes, agências de serviço social e de qualquer um que possa ajudar.

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