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Resumão Confissões de Sto Agostinho

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O Pensamento Agostiniano 
Cristiele Rhoden
2º Ano Filosofia Unioeste
Introdução 
O presente texto tem como objetivo apresentar, mesmo que de forma pouco genérica, o pensamento Agostiniano mais especificamente acerca dos temas: (1) Tempo e Eternidade, (2) Creatio ex nihilo (Criação a partir do nada), (3) Liberdade e Graça e (4) Bem e Mal. Santo Agostinho viveu ente os anos 354 a 430, foi adepto do Maniqueísmo e também da corrente filosófica Neoplatônica. Não foi o primeiro filósofo a debater sobre o Creatio ex nihilo, mas foi um dos que melhores fundamentou a tese filosoficamente. Com o tempo afastou-se do pensamento Neoplatônico, refutando alguns princípios que entrava em conflito com a Revelação Bíblica.
O termo “Santo” agregado ao seu nome se dá pela influência da doutrina cristã, apesar do grande teor teológico de Agostinho, buscaremos aqui apresentar com mais rigor o pensamento no campo filosófico. Os pensamentos agostinianos encontram-se descritos e reafirmados no livro Confissões, sua obra mais significativa, na qual declara todo o seu respeito e amor à Deus, fonte única e eterna da Verdade. 
Tempo e Eternidade 
Todos nós estamos submissos à ele, corremos contra ele e muitas vezes dependemos muito dele, mas o que é tempo, afinal? Ele afirma que a temporalidade está ligada diretamente (e totalmente) ao homem. 
 Agostinho no Livro XI de Confissões mesmo revela que sabe o que é tempo, mas se perguntares à ele definitivamente “O que é o tempo? ” já não saberá mais responder. Não se discute só o tempo neste livro como também a eternidade. Porém ele faz uma divergência entre ambos: “Na eternidade, ao contrário, nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente.” (Conf. XI, 11). O princípio de todas as coisas é a criação, e tais coisas foram criadas por um único ser que é eterno. A vontade de Deus não é uma criatura, ela existe antes de qualquer criação, nada seria criado se não existisse a vontade de Deus em criá-las. Tempo e Eternidade só é possível para nós pois Ele criou; “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). 
No enigma do tempo, Agostinho analisa o sob dois aspectos: um sendo totalmente subjetivo, ou seja, é percebido pelo homem (consciência) mais especificamente ainda pela memória, a qual compreende três modalidades: passado, presente e futuro. Este ainda será mais aprofundado posteriormente. 
Em segundo lugar Agostinho deixa implícito que o tempo seja algo objetivo, que está fora do homem, não é mensurável fisicamente apenas quantitativo. Ele é “transcendente” ao homem mesmo que (simultaneamente) – o homem – seja “hospedeiro do tempo”. Ou seja, os corpos se movimentam no tempo, mas não é possível o tempo se movimentar nos corpos, apenas quantifica. 
Depois de já entendido a Eternidade como algo único, eterno, imutável e que não se mede, o problema se concentra no tempo, novamente. Esse tempo encontra-se no espírito humano, a partir disto que se é possível o “passado, presente e futuro”. Mas como saber o que é passado se já não existe mais e como saber acerca do futuro se ele ainda não existe? É importante ressaltar que, passado e futuro são medidos no presente, estes três tempos existem e são medidos na mente humana. Encontramos em sua obra as seguintes dúvidas: 
De que modo existem aqueles dois tempos — o passado e o futuro — se o passado já não existe e o futuro ainda não veio? Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eternidade. Mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir? Para que digamos que o tempo verdadeiramente existe, porque tende a não ser? (Conf. XI, 14).
	Agostinho afirma que só é possível registrar “fatos e acontecimentos”, isto é, a memória fica responsável pelo passado, a atenção pelo presente e a expectação (projeção) pelo futuro. 
Por conseguinte, quando se diz que se vêem os acontecimentos futuros, não se vêem os próprios acontecimentos ainda inexistentes — isto é, os fatos futuros —, mas sim as suas causas, ou talvez os seus prognósticos já dotados de existência. Portanto, com relação aos que os vêem, esses acontecimentos não são futuros, mas sim presentes. (Conf. XI, 18).
Portanto, podemos concluir que, antes de Deus criar todas as coisas, não existia nem o antes e nem o depois, estes surgiram a partir da consciência humana, é a partir desta que passamos a dividir e medir os tempos e esforçamo-nos para conhecer as coisas eternas e, no entanto, vivemos presos ao presente ao passado e ao futuro.
Creatio ex nihilo
A criação a partir do nada é um problema muito aclamado no campo da filosofia, pois como um dos jargões da própria “não compreendo, mas pretendo compreender”, Agostinho busca explicar filosoficamente tendo como base o Gênesis juntamente com modelo platônico. Nosso filósofo hiponense fará uma exegese para tornar o texto Sacro coerente. 
Com a proposição de Gn 1:1-2, “No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e vazia (invisível e desorganizada); havia trevas sobre a face do abismo, e o Espirito de Deus pairava por sobre as águas. ” Esta criação explicada por Agostinho se faz possível pelo atributo de Onipotência de Deus, Ele não criou a partir de uma quase-matéria portador de algum ser substancial, mas como diz o próprio título foi absolutamente a partir do nada, este nada significando não-ser absoluto. Partindo da afirmação “No princípio criou Deus céus e Terra”, este céu tornar-se ia a primeira de sua criação, ela é invisível ao homem. Ela, por sua vez, faz parte de sua eternidade, mas não é eterna. Mas como isso é possível? Isto foi criado (e não tem um fim) e o que é criado tem um início, logo não é eterno, apenas compõe o “céu dos céus” (termo usado constantemente pelo Santo na obra). Seguidamente, a Terra está descrita como “sem forma e vazia” que logo receberá o nome de matéria informe por Agostinho. 
Que nome darei a esta matéria? Com que sentido e de que modo poderei dá-la a conhecer a inteligências curtas, a não ser por meio de algum vocábulo já usado? E pode acaso descobrir-se, em todas as partes da terra, alguma coisa mais parecida com essa deformidade total do que a terra e o abismo? Na verdade, em razão do seu grau ínfimo de ser, a terra e o abismo são menos formosos que os outros corpos superiores, tão brilhantes e tão belos! Então, por que não hei de admitir esta matéria informe comodamente manifestada aos homens pelo nome de "terra invisível e ordenada" que criastes sem beleza, para dela fazerdes um mundo belo? (Conf. XII, 4).
	Apesar de que Deus é uma criatura boa e criou o mundo necessariamente bom, o mesmo não partilha da mesma natureza de Deus. Pois ela apenas foi criada por Ele, mas foi a partir do nada, por isso ela é corruptível e transitória. 
O céu e a terra existem e, através de suas mudanças
e variações, proclamam que foram criados [...]. E
todas as coisas proclamam que não se fizeram por si
mesmas: existimos porque fomos criados; mas não
existimos antes de existir, portanto não podíamos ter
criado a nós mesmos [...]. O artista impõe uma forma
à matéria que, já existindo, pode recebê-la: assim
á a terra, a pedra, a madeira, o ouro ou qualquer outra
coisa. Mas de onde proviria a matéria, se não
tivesse criado? [...] Que criatura existe, se não porque
tu existes? Portanto, disseste uma palavra, e as
coisas foram feitas. Com tua palavra as criaste.
(Conf., XI, 4, 6; 5, 7).
	Isto quer dizer que as criaturas criadas por ele são mutáveis e contingentes justamente porque foram criadas a partir do nada e não a partir da natureza de Deus, que é o único portador da imutabilidade. Conclui-se que o nada então antecede “céus e terra” dele criou-se tudo tanto quanto o que se é visível e invisível. E assim Agostinho completa sua tese sobre o creatio ex nihilo. 
Liberdade e Graça
Um dos temas de muito debatee conflito é o da liberdade, de antemão como podemos absorver da bíblia, Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio, a partir deste, houve o famoso pecado original. Como consequência pergunta-se nos arredores: Ora se Deus é bom então porque concedeu ao homem a capacidade de ficar à mercê do mal? Certamente, ambos só pecaram porque lhes foi concedido a Liberdade. O homem só usufrui da Liberdade porque foi concedido por Ele para buscar a verdade e o caminho de Deus, isto só é possível pela luz que é facultada pelo Soberano. Mas sobre o mal deixaremos para o próximo capítulo. Para compreendermos um pouco melhor leia-se:
O homem, renovado pelo espírito e vendo perfeitamente a vossa verdade, não precisa das indicações de outro homem para proceder "segundo a sua espécie". Graças aos vossos ensinamentos, ele mesmo compreende a vossa vontade e aquilo que é bom, agradável e perfeito. Vós o ensinais a ver a Trindade da Unidade e a Unidade da Trindade, porque já é capaz deste ensinamento. Tendo Vós falado no plural: "Façamos o homem", afirma-se logo no singular: "E fez Deus o homem". Tendo Vós falado no plural: "A nossa imagem", enuncia-se no singular: "À imagem de Deus". (Conf., XIII, 22).
A Graça Divina, por sua vez, é concedida ao homem como forma de “redenção”, isto é, se há a necessidade da redenção é porque houve uma queda, esta queda é o homem se rendendo às tentações (desejos, etc). Ela torna-se útil para o homem recorrer novamente ao caminho da Luz, redirecionar sua vontade livre ao bem e alcançar a salvação por si só. Pois sem ela o ser humano não teria vontade o suficiente de buscar novamente a Deus. E quando o homem, na condição de criatura, recorre ao caminho da luz, logo, ele é iluminado pela graça divina; e, ao ser iluminado ele contempla a Verdade eterna.
Bem e Mal 
Este tema menos ovacionado, mas não menos importante gerou muitas perguntas acerca da bondade de Deus. Como vimos no título do creatio ex nihilo, Deus é criador de todas as coisas que existem (visível e invisível) inclusive o Bem. Mas e o mal? De onde este vem? Teria Ele criado o mal? Pois bem, Deus não é mal, este só é praticado pelo seres humanos, seres estes que foram criados por Ele a partir do nada, mas não faz parte da mesma Natureza Divina. Se o fizesse não seria algo criado e sim só mais uma “parte” de sua Natureza. Ainda assim Agostinho encontra se agoniado sobre a origem do mal, 
Qual a sua origem, se Deus, que é bom, fez todas as coisas? Sendo o supremo e sumo Bem, criou bens menores do que Ele; mas, enfim, o Criador e as criaturas, todos são bons. Donde, pois, vem o mal? Ou seria pelo fato de Deus fazer tudo isso com
matéria em que existia algo de mau, e ao dar-lhe a forma e ao ordená-la, ter deixado nela alguma coisa que não transformasse em bem? E isto por quê? (Conf.,VII, 5).
O que acontece é que ao homem lhe foi atribuído o livre-arbítrio, ou seja, ele é de certa forma responsável pelas suas vontades. E o ser humano (por não partilhar da mesma Natureza D’Ele) é corrompível, deveras vezes tende a cair em tentação e seguir o caminho da perdição, este por sua vez, dependendo as circunstâncias é o mal. O que Agostinho quer nos dizer é que o Mal não existe de fato como algo que Ele criou e que faz parte de sua Natureza, e sim um “distanciamento” do ser de seu Bem. Basicamente, o mal seria a ausência do Bem, mas não uma coisa em si. Então o hiponense chega à uma conclusão: 
Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema — de Vós, ó Deus — e tendendo para as coisas baixas: vontade que derrama as suas entranhas e se levanta com intumescência. (Conf., VII, 16).
Conclusão
	
	Após leituras da obra Confissões do nosso filósofo, podemos observar que sua vida foi um tanto quanto árdua para chegar às conclusões que chegara. Agostinho nos mostrou que caiu muitas vezes, mas jamais teve sua fé abalada, o que serve de exemplo para seus seguidores. Conseguir sair do âmbito teológico e se encaixar nos padrões da filosofia não é lá uma tarefa fácil de se fazer. Contudo mostrou-se forte nos argumentos, principalmente nos quesitos Tempo e A criação a partir do nada, cujos provocaram muitas observações aos demais filósofos. 
	Creio que, muito além de se fazer uma análise profunda de todos os argumentos do autor, o presente trabalho serviu para focarmos nas ideias principais do mesmo, pois sabemos que este ainda é base para certos dogmas (principalmente da igreja cristã) e ainda é muito reafirmado nos dias de hoje fazendo parte do pensamento filosófico. 
Referência Bibliográfica
AGOSTINHO. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. Santo Agostinho. 2. ed. 414 p. São Paulo. Abril Cultural, 1980. (Os pensadores).
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