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Professor Rafael Medina Resumo de Penal I para a P2: Consumação e tentativa: O art 14 do CP conceitua o momento de consumação de crime e quando o delito permanece na fase de tentativa. Para a ocorrência de um crime, é preciso uma série de etapas que se desenvolvem cronologicamente no desenvolvimento do delito. Essa série de etapas é chamada de Iter Criminis/caminho do crime, que é um instituto específico para crimes dolosos. O Iter Criminis é composto pelas seguintes fases: 1-CogitaçãoAté aqui o Direito Penal não interfere (C/ exceção de alguns atos preparatórios). 2-Preparação ou atos preparatórios (Variam de crime para crime) 3- Chamados atos de execução 4-Consumação 5-Exaurimento (Para muitos doutrinadores, o Iter Criminis acaba no 4.) A diferença entre atos de execução e atos de preparação é uma das coisas mais complexas para o DP, uma vez que varia de crime para crime e a linha que separa os dois é muito tênue. Será a diferença entre os dois que irá determinar uma imputação. Será na fase de execução que duas situações podem ocorrer: Ou o agente consuma a infração penal pretendida inicialmente OU em virtude de circunstâncias alheias à vontade do agente, a infração não é consumada, sendo, portanto, tentada. Nem todos os delitos possuem o mesmo instante consumativo. A consumação varia de acordo com a infração penal praticada pelo agente. Podemos dizer que a consumação ocorre nos crimes: Materiais e culposos: Só se consumam com a produção do resultado. Omissivos próprios: Lesar um dever genérico. Se consuma com a obstenção do comportamento imposto ao agente (Quando se faz o que deveria ter sido feito). Crimes de Mera Conduta: Se consuma com a própria conduta (Com o simples comportamento previsto no tipo, não é necessário qualquer resultado). Formais: Apesar de no tipo penal descrever o resultado, para que esse crime se consuma, basta o comportamento (Independe do resultado) Crimes permanentes: Enquanto durar a permanência (Uma vez que o crime permanente é aquele que a consumação se prolonga. EX: sequestro e cárcere privado -art 148). Crime Praeter Doloso: Se consuma quando o resultado especialmente agravador ocorre. Crimes habituais: Se consumam quando tem pelo menos o segundo ato que comprova a habitualidade. Ex: Curandeirismo. -A lei penal limitou a punição aos atos praticados pelo agente, deixando de lado a cogitação e os atos preparatórios, que em regra geral, não são puníveis. Exceções: Há alguns atos preparatórios puníveis como nos casos de crime de quadrilha ou bando (Art 288), por exemplo. Ainda na fase da execução, quando o crime não se consuma devido à circunstancias alheias ao agente, ele responde por tentativa (Crime tentado, como já dito acima). Para que o crime se enquadre no crime tentado, existem os seguintes requisitos: Que a conduta seja dolosa (O dolo de tentar é o mesmo dolo de consumar, não há dolo próprio para crime tentado). Que o agente ingresse na fase dos atos de execução O crime só não se consumou por circunstancias alheias à vontade do agente Podemos definir a tentativa em perfeita ou imperfeita: A tentativa perfeita é quando o agente esgota todos os meios que tinha ao seu alcance a fim de alcançar a consumação da infração penal. Já a tentativa imperfeita é quando o agente é interrompido durante os atos de execução, não fazendo tudo aquilo que intencionava. Crimes que não admitem tentativa: Podemos dizer que o crime admite tentativa toda vez que pudermos fracionar o Iter Criminis. A doutrina especifica alguns delitos que NÃO admitem tentativa: Crimes habituais: São delitos em que, para se chegar á consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitua, a conduta descrita no tipo. Ex: Casa de prostituição (Art 229) e curandeirismo (Art 284) Crimes preterdolosos: Se fala em preterdoloso quando o agente atua com dolo naa sua conduta e o resultado agravador advém de culpa. Ou seja, há dolo na conduta e culpa no resultado. EX: Lesão corporal seguida de morte. Crimes culposos: Quando o agente não quis e nem assumiu o risco de produzir o resultado. Não há sequer Iter Criminis para os crimes culposos. Crimes omissivos próprios: Nessa modalidade, o agente não faz aquilo que a lei determina e consuma a infração ou atua de acordo com o comando da lei e não pratica qualquer fato típico (Ex: Omissão de socorro). Crimes unissubsistentes: Quando a conduta do agente é exaurida num único ato, não podendo fracionar o Iter criminis. É o caso de injúria verbal. Crimes cuja a pena da tentativa é a mesma pena da consumação: Não é que não seja tentativa, mas não vale a pena. Ex: fugir da cadeia ou tenta fugir da cadeia é a mesma pena. Tentativa e crime complexo: Crime complexo é o crime que tem a fusão de dois ou mais tipos penais. Ex: roubo é uma junção da subtração da coisa alheia com violência ou grave ameaça. Se encontra no art 157 que é a mistura do art 144 + 147 ou 129. Nesse caso, o crime complexo só se consuma quando o agente comete as condutas (Duas ou mais figuras típicas) que, unidas, formam a unidade complexa. Caso não cometêssemos todas as condutas típicas que formam o crime complexo, estaríamos diante de uma tentativa. O STF diz que nos casos de latrocínio há homicídio e a subtração, ou seja, se trata de um crime complexo. Mas a sumula 610 do STF diz que mesmo que não haja o preenchimento de todos os elementos que o compõe, no caso de morte consumada e a subtração dos bens tentado, seria um latrocínio consumado. Isso se dá pela pressão da mídia. Resumindo: Latrocínio é um crime complexo e para ser consumado, precisaria que os dois elementos fossem consumados. Porém, o STF disse que no caso do latrocínio, se o agente matar alguém e não conseguir roubar, o dolo foi de matar pra roubar e dessa forma, o agente vai ser imputado com as penas do crime cheio, ou seja, latrocínio consumado. Se for morte tentada com roubo consumado, se trata de latrocínio tentado. Tentativa Branca: Chamada também de incruenta, é quando o agente não obstante em ter se utilizado dos meios ao seu alcance, não consegue atingir a pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta. É quando o agente atira contra a vítima e essa sai ilesa, por exemplo. Nesses casos, é preciso definir o dolo para que possamos imputar o agente (No exemplo, teríamos que definir se o agente desejava matar -art 121-, ferir -art 129- ou expor a vida de terceiro a perigo -art 132-). Tentativa branca x perfeita? Nem sempre uma tentativa branca é perfeita, mas quase sempre é. A branca é para fazer um contraponto com sangue, ou seja, só é branca quando não há sangue. Se, por exemplo, uma das balas pegar de raspão, já não é branca, mas não matando, é perfeita. Teorias de punibilidade do crime tentado: Para solucionar o problema da punição da tentativa, surgiram duas teorias: A subjetiva e a objetiva. Teoria subjetiva: Diz que a pena aplicada a tentativa deveria ser igual a do crime consumado, uma vez que o dolo é o mesmo. Teoria objetiva: É a teoria adotada no Brasil. Diz que não se deve responder pelo dolo, pois não se deve dar a mesma pena a quem conseguiu e quem não conseguiu consumar a infração. Ou seja, vai dizer que a pena de tentativa deve ser menor do que a pena caso o delito fosse consumado. No Brasil, a tentativa de homicídio é tida como art 121 c/ art 14 II, pois não é possível punir alguém somente pelo 121 se não houve homicídio. Desistência Voluntária: Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 Arrependimento eficaz. No art 15 está descrita a desistência voluntária. Para que seja possível falarmos de desistência voluntaria, é preciso que o agente já tenha entrado nos atos de execução, porque caso ainda se encontre nos atos preparatórios, sua conduta será considerada indiferente. O sujeito já começou os atos de preparação e possui dolo, porém desistede concluir o ato, não respondendo nem pela tentativa do crime que viria a ser cometido. É no caso do agente ainda durante a prática dos atos de execução, sem esgotar seus recursos, desistir voluntariamente de prosseguir. Dessa forma, o agente só responde pelos atos já praticados, não respondendo por tentativa pela infração penal pretendida inicialmente. -Não significa a mesma coisa que espontaneidade, ou seja, o agente pode ser convencido a desistir por uma terceira pessoa. O importante é que o agente tenha tomado a decisão. -Essa é a teoria da ponte de ouro, que privilegia quem desiste. Foi criada por Von Liszt. Fórmula de Frank para diferenciar tentativa de desistência: Na análise do fato e de maneira hipotética, se o agente dissesse: “Quero prosseguir, mas não consigo”= Se trataria de tentativa. “Posso prosseguir, mas não quero”= Desistência voluntaria. Arrependimento Eficaz: Fala-se em arrependimento eficaz quando o agente comete o crime, mas se arrepende e atua em sentido contrário, para evitar a produção do resultado inicialmente por ele pretendido. Se a vítima sair ilesa, após sua atuação em sentido contrário, o agente não responde por nada. Porém, se a vítima sofrer alguma lesão, estas serão atribuídas ao agente. Também está previsto no art 15 do CP. A principal diferença entre arrependimento eficaz e desistência voluntária é que no primeiro caso, a execução já foi encerrada. No caso de desistência voluntária, o processo de execução ainda estava em curso. Arrependimento posterior: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Previsto no art 16. É considerado uma causa geral de diminuição de pena. É tida como uma forma de beneficiar a vítima, por ser considerado um estímulo à reparação de dano, nos crimes sem violência ou grave ameaça. Como indicado no art, o sujeito pode devolver a coisa até que o juiz receba a denúncia. Críticas: A devolução tem que ser TOTAL (E NÃO PARCIAL). Mas e se o cara rouba uma mochila e um celular, mas dá um dinheiro para que seja possível a compra de um novo celular. Nesse caso, se a vítima ficou satisfeita, tudo bem. PORÉM o STJ define que se não devolver totalmente os bens, não se aplica o art 16. -O 16 fala que a devolução tem que ser feita pelo próprio agente. Ou seja, supondo que um pai/mãe restitua a coisa ou repare o dano, TEORICAMENTE, o agente seria condenado normalmente, sem redução da pena. A doutrina se divide muito nisso. Alguns dizem que como isso é voltado para a vítima, mesmo que um terceiro devolva, a vítima consegue de volta seus bens e o 16 pode ser aplicado. Outros dizem que como se utiliza o termo “voluntariedade”, se um terceiro devolve em nome do agente, não se aplica o 16. -Lembrando que isso só se aplica caso o crime não tenha sido cometido mediante grave ameaça ou violência. Exceção: Se teve violência, mas o crime é culposo, cabe o art 16. Crime Impossível: Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Ocorre quando se utiliza um meio inútil, impossível, sem a menor eficácia. Por uma razão de política criminal, resolvemos não punir. EX: Tentar matar com faca de espuma, tentar vender um quadro falsificado de forma grosseira, sem a menor chance de verossimilidade, tentar comprar um produto com dinheiro falso, mas utilizar o dinheiro do banco imobiliário, tentar abortar sem estar grávida. OBS: Objeto impróprio também vale como crime impossível. Ex: Matar alguém que já está morto. O Brasil adota a teoria objetiva temperada, que entende que somente são puníveis os atos praticados pelo agente quando os meios e os objetos são relativamente eficazes ou impróprios, isto é, quando há alguma possibilidade do agente alcançar o resultado pretendido. Ex: Munição velha. Flagrante – Flagrante é o que está a acontecer. Com esse entendimento, pode-se concluir que é passível de prisão em flagrante todo crime que é percebido no momento de sua consumação ou logo após a consumação, ou seja, quando o agente é surpreendido no momento do delito. Duas espécies de flagrante são alvo de discussões acerca de suas validades utilização, cuja finalidade é prender um criminoso, são elas: o flagrante preparado e o flagrante esperado. Flagrante Esperado: Ocorre quando uma autoridade policial ou terceiro previamente informado acerca de um crime, sendo a prática da autoridade policial ou de terceiro apenas a espera da ocorrência do crime, sem qualquer provocação. Ou seja, consiste apenas no aguardo da ocorrência do crime sem qualquer atitude de induzimento ou instigação. A doutrina e a jurisprudência não questionam a legalidade desta hipótese flagrancial. Flagrante Preparado: Também chamado de flagrante provocado, ocorre quando há a participação efetiva de um terceiro, o chamado agente provocador, o qual prepararia ou provocaria a própria situação de flagrância, com o objetivo de prender o suposto autor. E, por este preciso motivo, o crime não se consumaria por circunstâncias alheias à vontade do agente, equiparando-se ao chamado crime impossível. É tratado como uma modalidade de crime impossível pois, embora o meio empregado e o objeto material sejam idôneos/servem perfeitamente ao propósito que foram utilizados, há um conjunto de circunstâncias previamente preparadas que eliminam totalmente a possibilidade da produção do resultado, ou seja, tem absoluta ineficácia do meio. Assim, podemos dizer que existe flagrante preparado ou provocado quando o agente, policial ou terceiro, conhecido como provocador, induz o autor à prática do crime, viciando a sua vontade, e, logo em seguida, o prende em flagrante. A súmula 145 do STF diz: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.” Na verdade, o que a súmula 145 quis dizer é que não importa se é preparado ou esperado. O que a lei está querendo dizer é que p ser impossível, o importante é a INEFICÁCIA do meio. Nos EUA foi desenvolvida a teoria do agente infiltrado, o que seria um flagrante preparado, porém deixando o crime acontecer na tentativa de descobrir a cadeia causal. Existe ação controlada, que é deixar o agente cometer os delitos na tentativa de descobrir a cadeia causal. Isso tem amparo na lei. Porém, não deixa de ser ao analisarmos, flagrante preparado. No nosso caso, não seria um agente infiltrado e sim um delator. OCORRE EM CASO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
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