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RESPONSABILIDADE CIVIL 2017

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RESPONSABILIDADE CIVIL 
(on line) 1.2017 
 
 
 
PLANO DE AULA 1 
 
Introdução 
Nesta aula, explicaremos o estudo geral da responsabilidade civil, inicialmente com uma 
abordagem teórico–conceitual, de maneira que possamos entender a necessidade do tema em 
nossas vidas sócio-normais. 
Desenvolveremos uma breve apresentação das previsões normativas que lhe são pertinentes, 
considerando, principalmente, o já citado alinhamento normativo. 
Desse modo, registraremos uma visão geral da responsabilidade civil através do quadro gráfico da 
responsabilidade civil, cujo objetivo é ter uma visão espacial dos temas estudados. 
 
Conceito de responsabilidade 
A palavra responsabilidade é de origem latina e proveniente da raiz do verbo: 
 
RESPONDERE = RESPONDER 
 
Etimologicamente, significa: indicar alguém como garantidor de alguma coisa. 
 
O ordenamento jurídico tem como principal objetivo o de proteger o lícito e reprimir o ilícito (San 
Tiago Dantas), reprimindo a conduta ilícita e tutelando a atividade do homem que se comporta de 
acordo com o direito. 
 
 
 
Dever Jurídico originário e sucessivo 
Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece regras que podem 
ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), consubstanciando-se, assim, em um dever 
jurídico. 
 
Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta pelo direito positivo 
(lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever jurídico em: 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
(on line) 1.2017 
 
 
 Originário: o de não lesar ninguém. 
 Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo. 
 
 
 
Previsões normativas 
Temos, in casu, as seguintes previsões normativas pertinentes à responsabilidade civil: 
 Constituição Federal de 1988 – art. 5, V e X e outros; 
 Lei 10.406 de 2002 – artigos 927 ao 954 e outros. 
 
Quadro gráfico da responsabilidade civil 
 
Pelo gráfico a seguir, temos uma visão geral da responsabilidade civil em conjunto com os seus 
elementos: 
 
Responsabilidade Civil – art. 927 da Lei 10.406 de 2002: 
 
 
 
Elementos da responsabilidade civil 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Considerando o estudado, iremos pormenorizar os elementos da responsabilidade civil: 
 
 
 
1. Ato ilícito 
É a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização jurídica de 
alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito à 
incolumidade. 
 
Sua expressa previsão está nos artigos 186 e 187 da Lei 10.406 de 2002: 
Título III - Dos Atos Ilícitos: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. 
 
2. Nexo Causal 
Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade civil. Pois é 
justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os quais inexistirá a 
responsabilidade civil. 
 
Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não exclusivamente em seus 
artigos 319, 320 e 373: 
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. 
 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor 
 
Existe imposição normativa ao autor que, à título de peticionamento, indique e instrua a petição 
inicial para a caracterização do seu direito na ação típica de responsabilidade civil. E, em sede de 
contestação, incumbirá ao reú que prove a ausência de direitos do autor. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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3. Dano 
É a consequência do ato ilícito. 
Configurado de FORMA TÍPICA = PREVISTA em lei o dano pode ser, por exemplo moral material, 
imagem etc. Ou de FORMA ATÍPICA = NÃO PREVISTA EM LEI, dano pela perda de uma chance, 
dano reflexo etc. 
Sua principal fundamentação é o art. 944 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Questão 1 
Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da 
faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável 
distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, 
distraiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o 
veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. Diante disso, à luz das normas 
que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. 
Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo. 
 
Questão 2 
João dirigia seu veículo respeitando todas as normas de trânsito, com velocidade inferior à 
permitida para o local, quando um bêbado atravessou a rua, sem observar as condições de 
tráfego. João não teve condições de frear o veículo ou desviar‐se dele, atingindo‐o e causando‐lhe 
graves ferimentos. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da conduta da vítima, não restando 
configurada a responsabilidade civil. 
 
Questão 3 
São pressupostos necessários para aplicação do princípio geral de direito que impõe, a quem 
causa dano a outrem, o dever de o reparar: 
Dano experimentado pela vítima; culpa do agente; relação de causalidade e ação ou omissão do 
agente. 
 
Nesta aula, você: 
 Analisou a responsabilidade civil; 
 Identificou os elementos da responsabilidade civil; 
 Explicou que o nexo causal é o principal item da responsabilidade civil; 
 Descreveu alguns tipos de dano típicos e atípicos. 
 
Referências desta aula 
 CAVALIERI F., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
 
Na próxima aula, você estudará: 
 Conceito de ato ilícito; 
 Previsões normativas; 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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 Tipos de atos ilícitos; 
 Excludentes de ilicitude. 
 
Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, sugerimos: 
 Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, assista aos vídeos: 
 Direito Civil. Pablo Stolze. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=2S_pZZor2bY 
 Sistema brasileiro de responsabilidade civil. Sergio Cavalieri Filho. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=HeUd_cbNQwk 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Disciplina: CCJ0050 - RESP. CIVIL Período Acad.: 2017.1 (G) / EX 
1. 
 
 
No que diz respeito as excludentes de ilicitude é CORRETO afirmar: I - Existe a hipótese de 
indenização por ato lícito quando a pessoa que sofreu o dano não é responsável pelo 
perigo. II - Pela regra geral, a excludente de ilicitude afasta o dever de indenizar. III - São 
excludentes de ilicitude o estado de necessidade, o fato exclusivo da vítima e a legítima 
defesa. 
 
 
Todas estão corretas 
 
Somente a I e II estão corretas 
 
Somente a II e III estão corretas. 
 
Somente a I e III estão corretas 
 
2. 
 
 
Ao se desviar de uma brusca fechada dada por um ônibus, Antônio subiu com seu veículo 
na calçada e atropelou Benedito, ferindo-o gravemente. Antônio: 
 
 
não terá que indenizar Benedito porqueo ato praticado foi no exercício regular de um 
direito. 
 
terá que indenizar Benedito mesmo tendo praticado o ato em estado de 
necessidade. 
 
não terá que indenizar Benedito porque não praticou ato ilícito. 
 
terá que indenizar Benedito porque praticou ato ilícito. 
 
3. 
 
 
Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de 
uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação a situação acima, é correto afirmar 
que Ricardo. 
 
 
Respondera pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade 
 
Praticou um ato ilícito e devera reparar o dano 
 
Não respondera pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. 
 
Respondera pela reparação do dano, apesar de ter agido em legitima defesa. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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4. 
 
 
Com relação às espécies de responsabilidade é CORRETO afirmar que: I- na 
responsabilidade civil subjetiva deve ser analisado se a conduta foi ou não culposa. II- na 
responsabilidade civil objetiva o fundamento está teoria do risco. III- na responsabilidade 
civil extracontratual não há um vínculo anterior entre o autor do dano e o lesado. 
 
 
Somente a II e III estão corretas. 
 
Todas estão corretas 
 
Somente a I e II estão corretas. 
 
Somente a I e III estão corretas. 
 
5. 
 
 
Responsabilidade civil extracontratual é aquela que: 
 
existe um vinculo familiar entre a vítima e o causador do dano. 
 
existindo ou não, vínculo entre a vítima e o causador do dano, a responsabilidade civil 
extracontratual. 
 
não existe qualquer vínculo entre o causador do dano e a vítima. 
 
existe um vínculo entre a vítima e o causador do dano. 
 
6. 
 
 
Ao se desviar de uma brusca fechada dada por um ônibus, Antônio subiu com seu veículo 
na calçada e atropelou Benedito, ferindo-o gravemente. Antonio: 
 
 
terá que indenizar Benedito mesmo tendo praticado o ato em esta de necessidade. 
 
não terá que indenizar Benedito porque não praticou ato ilícito. 
 
não terá que indenizar Benedito porque o ato praticado foi no exercício regular de um 
direito 
 
terá que indenizar Benedito porque praticou ato ilícito. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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7. 
 
 
Ação indenizatória por danos materiais e morais movida por Antonio em face de José, 
fundada no seguinte fato: o veículo do réu (José) colidiu com a porta do veículo do autor 
(Antonio) no momento em que este desembarcava do mesmo, decepando-lhe três dedos 
da mão esquerda. Em contestação, o réu alega e prova que o autor, além de estar parado 
em fila dupla, abriu a porta do veículo inadvertidamente no momento em que passava o 
veículo do réu. Dando os fatos como provados, assinale a afirmativa correta, 
justificadamente: 
 
 
O réu (José) não terá que indenizar porque houve culpa exclusiva da vítima. 
 
A indenização deverá ser reduzida porque houve na espécie culpa concorrente (art. 
945 do C.Civil). 
 
O réu terá que indenizar porque o caso é de responsabilidade objetiva, pelo que 
irrelevante a ocorrência de culpa. 
 
O réu terá que indenizar porque violou o dever de cuidado ¿ era previsível que alguém 
poderia saltar de um veículo parado em fila dupla. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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PLANO DE AULA 2 
 
Introdução 
Nesta aula, examinaremos a necessidade que a responsabilidade civil tem do conceito do ato 
ilícito. 
Explicaremos a correlação entre os artigos 927, 186 e 187, todos da Lei 10.406 de 2002 (CC), suas 
características e tipificações. Distinguiremos o ato ilícito gênero (art. 186 da Lei 10.406 de 2002) 
do ato ilícito espécie (art. 187 da Lei 10.406 de 2002). 
Em seguida, discutiremos a motivação da imperícia no cenário do ato ilícito. Por fim, definiremos 
as excludentes de ilicitude (art. 188 do CC) e sua distinção das excludentes de responsabilidade. 
 
Conceito de ato ilícito 
Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início da possibilidade da responsabilização 
jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de outrem de não ter violado o direito 
à incolumidade. 
 
Previsões normativas 
Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 2002, a previsão legal 
pertinente ao tema. 
 
TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo 
iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o 
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do 
perigo. 
 
TIPOS DE ATOS ILÍCITOS 
Diante da ideia que está presente nos termos do art. 927 da mesma lei, verbis: 
 
Título IX - Da Responsabilidade Civil 
Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a 
repará-lo. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Para o tema, necessitamos da conjugação de tais fundamentações para termos, ainda que de 
forma estrita, um sentido mais ajustado do ato ilícito. 
 
Primeiro, como alguém indenizará outrem através da responsabilidade pelo fato do ato ser 
considerado como ilícito? 
 
Segundo, qual o conceito do ato ilícito? 
 
Tais questões serão resolvidas com o entendimento do Título III da Lei 10.406 de 2002 (Código 
Civil). Pois a responsabilidade civil depende, entre outros (nexo causal e dano), saber justamente o 
que vem a ser o ato ilícito e seus desdobramentos. 
 
ATO ILÍCITO GÊNERO (OU PURO) 
Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. 
Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se 
faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem. 
Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica). Ocorre que a 
pessoa jurídica é uma ficção que resulta da VOLIÇÃO = VONTADE humana. 
De fato, a situação concreta de reparação civil, tem como ponto comum o cenário criado com o 
preenchimento de sua tipificação. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Vamos fazer uma DIGRESSÃO = ANÁLISE PORMENORIZADA, nesta importante fundamentação: 
 
 
 
ATO ILÍCITO ESPÉCIE (OU EQUIPARADO) 
Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é qualificada como ilícita, 
no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que causa o dano é parte legítima para o exercício 
do direito. Que poderia ser exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, 
ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício. 
Vamos à leitura de sua fundamentação o art. 187 da Lei 10.406 de 2002: 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes.Um exemplo simples, e capaz de ilustrar a situação narrada, é o caso do desrespeito ao direito de 
vizinhança. 
O sujeito que está ouvindo músicas em sua residência não comete nenhuma ilicitude, aliás, está 
ele legitimado à exercer tal ato, posto que não há qualquer previsão legal que o impeça de realizar 
esta atividade. 
Temos portanto, um ato plenamente lícito. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Porém, se este mesmo sujeito pretenda ouvir suas músicas em volume exageradamente alto, em 
horário impróprio, ele deixou de exercer um ato lícito, pois o modo o qual está executando o ato o 
torna inadequado. 
Assim, a situação mencionada não se amolda como um ato ilícito puro, preconizado no artigo 186, 
CC, mas sim no ato ilícito equiparado, pois, o agente, praticou seu direito de maneira 
manifestamente abusiva, capaz de ser considerada intolerável à vizinhança no que se diz respeito 
à boa-fé, à moralidade, à harmonia nas relações humanas, etc. 
 
Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise: 
 
Também comete ato ilícito (...): 
 
 
 
É equiparado ao ato ilícito do art. 186. 
(...) o titular de um direito (...): 
 
 
 
Legitimidade ativa para o pleno 
exercício de algo que lhe seja garantido 
pelo direito. 
 
(...) que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos 
pelo seu fim econômico ou social (...): 
 
 
 
Ultrapassa os limites da razoabilidade 
econômica (cobrança vexatória) ou social 
(uso desmesurado do conhecimento 
técnico sobre algo). 
 
(...) pela boa-fé (...): 
 
 
 
Confiança na realização contratual 
Ausência de desconfiança na relação 
extracontratual 
 
(...) pelos bons costumes (...): 
 
 
 
Aquilo que a sociedade entende como 
moralmente correto. Aplicável ao tempo, 
lugar e pessoa. 
 
OBS: Enunciados da Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos do Conselho da 
Justiça Federal: 
 
37 – Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e 
fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico. 
 
412 – Art. 187: As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma situação jurídica subjetiva, 
tais como: 
 
 SUPRESSIO (É A EXTINÇÃO DE UM DIREITO PELO SEU NÃO EXERCÍCIO. DICA: ASSOCIE A 
SUPRESSÃO); 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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 TU QUOQUE (É UM TERMO LATIM EQUIVALENTE EM PORTUGUÊS A “VOCÊ TAMBÉM”. 
QUEM DESCUMPRIU UMA NORMAL LEGAL/CONTRATUAL NÃO PODE EXIGIR QUE O OUTRO 
A CUMPRA); 
 SURRECTIO (AO CONTRÁRIO DA SUPRESSIO, É O DIREITO QUE NASCE PELA PRÁTICA 
REITERADA DE UM ATO. DICA: A TRADUÇÃO DO LATIM EQUIVALERIA A RESSURREIÇÃO, 
MAS É MELHOR ASSOCIAR COM SURGIMENTO); e 
 
 VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM (SIGNIFICA “VIR CONTRA UM FATO PRÓPRIO”. OU 
SEJA, NÃO É RAZOÁVEL QUE UMA PESSOA PRATIQUE DETERMINADO ATO OU CONJUNTO 
DE ATOS E, EM SEGUIDA, ADOTE UMA CONDUTA DIAMETRALMENTE OPOSTA), são 
concreções da boa-fé objetiva. 
 
Tais institutos serão utilizados para suprir lacunas dos deveres implícitos nos contratos. 
413 – Art. 187: Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, 
destinada ao controle da moralidade social de determinada época, e objetiva, para permitir a 
sindicância da violação dos negócios jurídicos em questões não abrangidas pela função social e 
pela boa-fé objetiva. 
414 – Art. 187: A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento constitucional nos 
princípios da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a todos os 
ramos do direito. 
 
A IMPERÍCIA NO CENÁRIO DO ATO ILÍCITO 
Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia (É 
FALTA DE CONHECIMENTO, IGNORÂNCIA, INABILIDADE) como tipificador do ato ilícito no art. 186 
da Lei 10.406. 
 
A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito? 
Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar 
texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere 
responsabilidade civil. 
 
A imperícia no cenário do ato ilícito 
Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos: 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por 
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, 
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, 
quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. 
 
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, 
quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. 
 
EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do 
primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma 
justificativa que permite, justamente, a sua exclusão. 
 
Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos 
ao caput do art. 188, verbis: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a 
responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, vamos 
apresentá-las: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo 
iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o 
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do 
perigo. 
 
Após a sua apresentação, vamos estudá-las de forma pormenorizada. 
 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
O agente que tem o dever proveniente da lei como obrigação de agir, não responderá pelos atos 
praticados, ainda que constituam um ilícito. Pois o estrito cumprimento de dever legal constitui 
outra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante. 
Para tal tipificação é necessário que o agente atue dentro da sua esfera de atribuição. E que 
também não atue de forma abusiva. Pois a incompetência judicial e a abusividade do dever de agir 
não gerarão tal excludente. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular 
de um direito reconhecido; 
 
ESTADO DE NECESSIDADE 
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui o sacrifício de um bem jurídico protegido, 
visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio do agente ou de terceiro - desde que no 
momento da ação não seja exigido do agente uma conduta menos lesiva. 
A conduta deve ser proporcional ao evento, de maneira que não se ultrapasse um limite 
considerado razoável. O bem tutelado que é deteriorado, destruído ou removido deve ser inferior 
em relação ao que é salvo. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo 
iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o 
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção 
do perigo 
 
LEGÍTIMA DEFESA 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm o dever legal de 
atuar não podem estar presentes em todos os lugares protegendo os direitosdos indivíduos. 
Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro. Nada mais é 
do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se 
dos meios necessários com moderação. 
Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se 
utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo. 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
 
Você sabia? 
A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso acima, a vida), a pessoa 
faz algo que, em outras circunstâncias, seria considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa 
ocorre quando alguém, para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se 
você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você 
atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava 
protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem 
jurídico ofendido (a vida do outro). 
Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar 
legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem 
jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do 
criminoso). Neste exemplo, se o bandido nao colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa 
pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o 
que você pretende proteger (seu patrimônio). 
 
Atividade 
2) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam no 
dever de indenizar. São elas: 
Legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade. 
 
3) Assinale alternativa correta de acordo com o Código Civil Brasileiro. 
O dano moral puro é considerado ato ilícito. 
O exercício de um direito com excesso manifesto aos limites impostos pela boa-fé não 
caracteriza o ato ilícito. 
 
Agora, de acordo com os conhecimentos adquiridos na aula, responda, leia o caso a seguir e 
responda: 
Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e muito escura, já 
de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando 
o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para 
assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a 
bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em 
sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o 
seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, responda sobre a 
opção que apresenta a situação jurídica de Carlos. 
Gabarito 
Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro. Perfeita 
situação de exclusão da ilicitude do crime por força do estado de necessidade. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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 1a Questão (Ref.: 201402241622) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
Quanto aos pressupostos da responsabilidade civil subjetiva é correto dizer: 
 conduta culposa, nexo causal e dano; 
 2a Questão (Ref.: 201402168470) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
Na culpa lato sensu é corrreto dizer que abrange: 
 o dolo e a culpa em sentido estrito 
 
 3a Questão (Ref.: 201402949285) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
(CESPE - 2008 - OAB - Exame da Ordem) No que concerne ao ato ilícito e à responsabilidade civil, 
assinale a opção CORRETA: 
 A responsabilidade por ato de terceiro é objetiva e permite estender a obrigação de reparar 
o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma 
relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização. 
 
 4a Questão (Ref.: 201402924700) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
A responsabilidade civil é uma das matérias de desenvolvimento mais dinâmico no direito civil. 
Durante a evolução do tema, em razão da necessidade de melhor atender à realidade econômica e 
social, cindiu-se a responsabilidade civil nas modalidades subjetiva e objetiva. Tais modalidades 
distinguem-se, essencialmente, na apuração: 
 da culpa, que é elemento da responsabilidade civil subjetiva, mas é dispensável 
na responsabilidade civil objetiva. 
 
 5a Questão (Ref.: 201402241026) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
Diante da culpa em sentido amplo é CORRETO afirmar: I - É aquela que abrange o dolo e a culpa em 
sentindo amplo. II - É aquela que está ligada somente a responsabilidade civil objetiva. III - É aquela 
que está ligada somente a responsabilidade civil subjetiva. 
 Nenhuma está correta. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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PLANO DE AULA 3 
 
O nexo de causalidade ou nexo axiológico é o ponto nevrálgico da responsabilidade civil, 
pois temos a necessidade do seu preenchimento, por meio das provas, com fins de unir os 
outros dois requisitos de admissibilidade da responsabilidade civil (o ato ilícito e o dano). 
Desse modo, analisaremos seu conceito e teorias, além do instituto da concausa, que se 
presta para delimitar o que é nexo causal ou não. 
Por fim, explicaremos as excludentes de responsabilidade, suas características e tipos. 
 
Conceito de nexo causal 
O nexo causal é, também, nominado de nexo de causalidade, nexo etiológico ou relação 
de causalidade das leis naturais. 
Devemos raciocinar que o nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano. 
 
É POR MEIO DO EXAME DA RELAÇÃO CAUSAL QUE CONCLUÍMOS QUEM FOI O 
CAUSADOR DO DANO. TRATA-SE DE UM ELEMENTO INDISPENSÁVEL. 
 
Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo 
causal. 
 
Se a vítima do dano não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, 
não há com ser indenizada. 
 
Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se demonstre a 
relação entre a ação (ou omissão) do agente e o dano. 
 
Sem que se estabeleça esse vínculo de causa e efeito, o Estado Juiz não pode julgar um 
pedido procedente em sede de uma ação de responsabilidade civil. 
 
Para tanto, ainda que inexista de maneira típica, em sede de responsabilidade civil, uma 
expressa previsão legal, vemos nos termos do art. 13 do CP uma fundamentação por 
analogia, como se lê:Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – CP: 
 
TÍTULO II - Do Crime 
Relação de causalidade 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. 
Para ler mais sobre o assunto, clique aqui.. 
 
Teorias 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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A seguir, apresentaremos duas teorias que justificam o estabelecimento do nexo causal. 
A maioria doutrinária entende como principal a chamada “teoria da causa adequada”. 
Mas não podemos deixar de apresentar a teoria da equivalência da causa. Minimamente 
para estabelecer um entendimento, como se lê. 
 
Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal 
 
 
 
Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre: 
 causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e; 
 condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos. 
 
Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têmo mesmo valor, a 
mesma relevância, todas se equivalem. 
 
Você sabia? 
Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa 
condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é 
causa, mas se persistir, não o será. Destarte, condição é todo antecedente que não pode 
ser eliminado mentalmente sem que venha ausentar-se o efeito. 
Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a uma 
regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima de 
atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a concessionária que 
vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, assim, sucessivamente. 
Por esta teoria equivalem-se as causas, estabelecendo que todas as circunstâncias que 
concorreram para o dano se equivalem das causas que efetivamente produziram efeitos 
capazes de gerar o evento. Pouco importando se há uma condição preexistente, 
concomitante ou superveniente. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - DIREITO CIVIL 
 
Por esta teoria, a causa é 
não apenas o antecedente 
necessário à causação do 
evento, mas, também, 
adequado à produção do 
resultado. Nem todas as 
condições serão causa, mas 
apenas aquela que for a 
mais apropriada a produzir 
o evento. Aquela que 
colaborou de forma 
preponderante e mais 
apropriada para o evento. 
 
A situação tem como revés 
em saber, exatamente, 
quem, entre as várias 
condições ser a mais 
adequada. Tem-se por 
praxe considerar, como já 
descrito, aquela que, de 
acordo com a experiência 
comum, for a mais idônea 
para gerar o evento. Não se 
limita que a causa seja 
condição preponderante 
para o prejuízo, é preciso, 
ainda que o fato constitua, 
no caso concreto, uma 
causa adequada e eficiente 
para a causação do dano. 
 
Assim, por exemplo, se um 
agente de viagens retém, 
de forma desnecessária e 
ilícita, um passageiro, 
impedindo-o de embarcar 
em um determinado navio 
e, por consequência, 
embarca-o em um segundo, 
que vem a afundar, esta 
retenção, por mais que seja 
ilícita, não é a causa para o 
desastre. Por mais que o 
primeiro barco tenha 
chegado incólume ao seu 
destino (diferente do 
segundo). 
Para ler mais sobre o assunto, clique aqui. 
 
Causalidade na omissão 
A relevância do instituto encontra sua justificativa, conforme Cavalieri Filho (fl. 63) que: 
“...embora a omissão não dê causa a nenhum resultado, não desencadeie qualquer nexo 
causal, pode ser causa para não impedir o resultado.” 
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas, é relevante se considerarmos a 
conduta do agente causador no que tange o seu comportamento. Pois, a omissão 
somente será relevante quando o agente tiver o dever legal de agir e assim mesmo não o 
fizer. Fora isso, se não há o já citado dever legal não haverá implicância no nexo de 
causalidade. 
Para ler mais sobre o assunto, clique aqui.. 
 
CONCAUSAS 
É uma outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia 
nem interrompe o processo causal, apenas o reforça. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é 
a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no veículo de um terceiro. . 
 
 
Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade 
deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou. 
 Causa preexistente 
 Causa superveniente 
 Causa concomitante 
 
CAUSA PREEXISTENTE 
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso. 
 
É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever de cuidar de 
seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma 
concorrência causal. 
 
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma 
de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento 
morte da vítima. 
 
Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, 
independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e 
desencadeou o evento e, por consequência, o dano. 
 
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades supervenientes do 
cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao devedor ou ao agente. 
Sendo assim, alguém não pode responder por um resultado a que não tenha dado causa. 
Logo, ausente como causa de exclusão da causalidade não há que se falar em 
responsabilidade. 
 
FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA 
Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima tenha 
colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o comportamento da vítima é 
que determina a exclusão da responsabilidade. 
 
Exemplo 
Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a passagem de 
pedestres (passarela). 
Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro 
interveniente no evento (aquele a quem se imputaria responsabilidade). 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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FATO DE TERCEIRO 
O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da vítima e do 
responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o 
lesado. Pois, não raro acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, 
afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima. 
 
É o endereçamento errado da ação. A atribuição no polo passivo de forma errônea. 
 
 
Para ler mais sobre o assunto, clique aqui.. 
 
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR 
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua 
diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão fora dos limites 
da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, 
inteiramente estranho à vontade do causador. 
 
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR 
Tradicionalmente causo forfuito são cláusulas de exoneração devidas a atos humanos 
(revolução, guerras, greve). 
 
Enquanto a força maior decorreria de fatos da natureza (inundação, tufão, temporal). 
Para uma melhor definição, explicitaremos o caso fortuito e a força maior. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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O CC/2002, como se vê no parágrafo único do art. 393, praticamente os considera 
sinônimos, na medida em que se caracteriza o caso fortuito ou a força maior como sendo 
o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
 
Entendemos, todavia, que há uma diferença, é a seguinte: 
 Força maior 
 Caso fortuito 
 
FORÇA MAIOR 
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do 
agente, como normalmente são os fatos da natureza: as tempestades, enchentes etc. 
Os ingleses o denominam de act of god. A inevitabilidade, por sua vez, deve ser 
considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em 
função do que seria razoável exigir-se. 
 
CASO FORTUITO 
Evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um fato 
concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer assaltos, acidentes, 
atropelamentos etc., porque se assim não for tudo passará a ser previsível. O caso fortuito 
se subdivide em fortuito interno e externo. 
 
FORTUITO INTERNO E FORTUITO EXTERNO 
 
Fortuito interno 
O fato imprevisível e, por isso, inevitável, 
que se liga à atividade da entidade. 
Exemplo: o estouro de um pneu de um 
ônibus, incêndio de um veículo e outrosFortuito externo 
É, também fato imprevisível e inevitável. 
Todavia, em nada tem correlação com a 
atividade da empresa. 
Exemplo: roubo a carro forte, em que se 
procura tomar todas as precauções 
possíveis. 
 
 
O que realmente interessa é que ambos excluem o nexo causal por constituírem, também, 
causa estranha à conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento. Eis a razão 
pela qual a jurisprudência tem entendido que o defeito mecânico em veículo, salvo caso 
excepcional de total imprevisibilidade, não caracteriza o caso fortuito, por ser possível 
evitá-lo através de periódica e adequada manutenção. 
No contrato de transporte, v.g., a obrigação principal do transportador, emergente de 
contrato, é levar o passageiro incólume ao seu destino. Se, no curso da viagem, ocorre um 
acidente e o passageiro sofre algum dano, fica caracterizado o inadimplemento, o ilícito 
contratual, em razão do qual terá o transportador que indenizar. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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A lição de Aguiar Dias a este respeito é irreprochável: 
 
“Se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é. Quando ocorre a 
inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o mundo da responsabilidade. O 
que se estabelece é uma obrigação nova, que se substitui à obrigação preexistente no todo 
ou em parte: a obrigação de reparar o prejuízo consequente à inexecução da obrigação 
assumida. 
 
Essa verdade se afirmará com mais vigor se observamos que primeira obrigação 
(contratual) tem origem na vontade comum das partes, ao passo que a obrigação que a 
substitui por efeito da inexecução, isto é, a obrigação de reparar o prejuízo, advém, muito 
ao contrário, contra a vontade do devedor: este não quis a obrigação nova, estabelecida 
com a inexecução da obrigação que contratualmente consentira. Em suma: a obrigação 
nascida do contrato é diferente da que nasce de sua inexecução”. 
 
Estudo de caso 
Maria se submeteu à operação plástica para embelezamento. Cirurgia que serviria para a 
retirada de sinal que deu origem a uma cicatriz maior do que o do próprio sinal. Laudo 
pericial atesta que o tempo de repouso determinado pelo médico, bem como a prescrição 
de medicamento eram insuficientes para a adequada recuperação da paciente. 
Considerando provados os fatos descritos, como advogado (a) de Maria responda quais 
seriam seus argumentos em ação de responsabilidade civil, especialmente no tocante ao 
nexo de causalidade. 
Gabarito: 
A conduta de Maria foi capaz de causar o “auto-dano”. Pois ao não acatar a prescrição 
médica contribuiu, ainda que culposamente, pela ocorrência do próprio dano. Ademais, 
tal conduta foi demonstrada através de prova pericial. Fato este que tipificou a excludente 
de responsabilidade culpa exclusiva da vítima. Nos termos o art. 945 da Lei 10.406 de 
2002, verbis: 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua 
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a 
do autor do dano. 
 
 
Atividades 
Assinale a afirmativa que não é excludente do nexo causal. 
A menoridade do autor do dano 
 
Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou ação de 
indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante comprovação de: 
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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“A imputação de responsabilidade civil, portanto, supõe a presença de dois elementos de 
fato, que são a conduta do agente e o resultado danoso; e de um elemento lógico- 
normativo, o nexo causal”. Ministro Carlos Fernando Mathias 
 
Considerando o contexto acima, o caráter lógico-normativo do nexo causal se vincula: 
Ao elo referencial que conecta conduta e dano. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
(on line) 1.2017 
 
 
 
 1. 
 
 
Quando a doutrina trata do nexo causal no âmbito do Direito Civil a teoria adotada foi a 
seguinte: 
 
 
causalidade adequada 
 
 2. 
 
 
2015 - Banca: FAPEC - Órgão: MPE-MS - Prova: Promotor de Justiça Substituto. Tratando-se 
de indenização, é correto afirmar que: 
 
 
A teoria da causalidade adequada é aplicável na fixação da indenização. 
 
 3. 
 
 
Ao analisar o nexo causal é CORRETO afirmar que: I- Mesmo diante dos casos de 
responsabilidade civil subjetiva e objetiva, caso esteja presente alguma excludente o dever de 
indenizar será afastado. II- A excludente de nexo causal não afastará o dever de indenizar nos 
casos em que se adota a teoria do risco integral. III- São excludentes de nexo causal: fato 
exclusivo da vítima, fato de terceiro, caso fortuito e força maior. 
 
 
Todas estão corretas. 
 
PLANO DE AULA 4 
 
Introdução 
 
Nesta aula, estabeleceremos o conceito de dano. Examinaremos o primeiro grande 
particionamento que se divide em danos típicos ou positivados e danos atípicos (ou não 
positivados), tomando por base que os primeiros têm expressa previsão legal. 
 
Explicaremos que os danos atípicos se inserem no grupo dos danos criados em especial 
pelo direito alienígena (v.g. perda de uma chance) e pela doutrina e jurisprudência pátria. 
 
Conceito de dano 
 
O DANO É A CONSEQUÊNCIA DA FALTA AO DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO DE NÃO CAUSAR 
LESÃO AO PATRIMÔNIO MATERIAL E/OU IMATERIAL DO LESADO. 
 
Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944: 
 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o 
juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano com fins de 
configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma lesão ao patrimônio material ou 
imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da Lei 10.406 de 2002: 
 
Título III - Dos atos ilícitos 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
DANOS EM ESPÉCIES 
Vamos, agora, estudar os danos. 
 
Optamos por particioná-los em dois grandes grupos. O dano típico, que está expressamente 
positivado em institutos normativos. E o dano atípico, como consequência das demais fontes do 
Direito. Especialmente a doutrina e a jurisprudência. 
 
DANOS TÍPICOS 
 
Como já dito, estão previstos em lei. São eles: 
 
DO DANO MATERIAL OU PATRIMONIAL (DANO EMERGENTE, LUCRO CESSANTE) 
 
É a lesão ao patrimônio material da pessoa. Facilmente configurável através do dano à “coisa”. 
Modifica a qualidade e a realidade e, por consectário, a valoração do patrimônio material e 
extramaterial da pessoa. 
 
O “bem”, segundo a Lei 10.406 de 2002, pode ser apresentado da seguinte forma, adotando a 
tipificação à partir do artigo 79 e seguintes, verbis: 
 
Livro II - Dos bens 
Título Único - Das Diferentes Classes de Bens 
Seção I - Dos Bens Imóveis – arts. 79 a 81 
Seção II - Dos Bens Móveis – arts. 82 ao 84 
Seção III - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis – arts. 85 ao 86 
Seção IV - Dos Bens Divisíveis - arts. 87 ao 88 
Seção V - Dos Bens Singulares e Coletivos – arts. 89 ao 91 
 
No que que diz respeito diretamente ao nosso tema, suas previsões legais estão na Lei 
10.406/2002- Art. 402 e 403, a seguir apresentados. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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DANO EMERGENTE OU DANO EVENTUAL 
 
Perda e/ou lucro daquilo que deixou de receber. Gerando uma despatrimonialização. Seja pela 
perda do ativo, seja pelo aumento do passivo. 
 
Incluirá, também, tudo aquilo que a vítima despendeu com vistasa evitar a lesão ou o seu 
agravamento, bem como outras eventuais despesas relacionadas ao dano sofrido. 
 
Temos no art. 402 do CC sua positivação: 
 
Capítulo III - Das Perdas e DanosArt. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as 
perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que 
razoavelmente deixou de lucrar. 
Estamos em um campo que não comporta flexibilização na valoração do patrimônio ofendido, pois 
o patrimônio é mensurável. Existe certeza absoluta. Facilmente avaliável considerando as 
características do caso concreto. 
 
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado . Houve uma 
diminuição direta em seu patrimônio 
 
LUCRO CESSANTE 
 
Perda do lucro daquilo que sabia que receberia, que era esperável. 
 
Temos no art. 403 do CC sua positivação: 
 
Capítulo III - Das Perdas e Danos 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os 
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto 
na lei processual. 
 
De forma diversa do dano emergente, temos que avaliar o bem com fins de atingirmos a valoração 
na totalidade do patrimônio lesionado. 
 
Exemplo: Motorista profissional que teve o veículo de sua propriedade abalroado. Por conta dos 
dias em que ficará inativo para o exercício de sua atividade profissional, deverá ser indenizado. 
Contabilizável adotando o critério de, por exemplo, diária ou contrato com empresa etc. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
(on line) 1.2017 
 
 
 
DANO MORAL OU IMATERIAL OU EXTRAPATRIMONIAL 
 
Consiste na lesão ao bem jurídico da pessoa em detrimento (por singela amostragem), em 
detrimento da liberdade, honra, família, profissão, sociedade, tristeza, abalo psicológico etc. 
 
Segundo Maria Helena Diniz: 
 
“c.3.1 Definição: 
 
O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica (CC, art. 
52; Súmula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo”. 
 
Apresentamos algumas previsões legais:CRFB/88 - Art. 5, V e X; 
Lei 8.078/1990 – Art. 6, VI e VII; 
Lei 10.406/2002- Art. 12 ao 21, 52, 186; 
 
Exemplo: Inserção indevida de pessoa jurídica em cadastros de restrição de crédito. 
 
DANO MORAL A PESSOA JURIDICA 
 
A pessoa jurídica é uma criação de ordem legal, não tem capacidade de sentir emoção e dor. 
Entretanto, ao sofrer uma perturbação de sua imagem perante a sociedade, é legítima sua 
pretensão em buscar a compensação por danos morais. Especialmente o seu bom nome. 
 
Embora despida de certos direitos que são próprios da personalidade humana – integralidade 
física, psíquica e da saúde, esta é titular de alguns direitos especiais da personalidade – v.g. o bom 
nome, a imagem, a reputação, sigilo de correspondência. 
 
HONRA OBJETIVA 
 
Externa ao sujeito. É a visão que a sociedade faz da pessoa que sofreu o dano. 
 
HONRA SUBJETIVA 
 
Inerente à pessoa natural. É a ofensa ao psiquismo que atinja a sua dignidade, respeito próprio, 
autoestima etc. É a visão interna que o ser humano faz de sí próprio. Temos nas seguintes 
previsões legais as fundamentações que justificam o dano moral à pessoa jurídica:CRFB/1988:X - 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
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são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
Lei 10.406 de 2002 (CC): 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar 
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações 
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da 
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou 
a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo 
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se 
destinarem a fins comerciais. 
 
Convergindo no entendimento súmula do STJ materializado da seguinte forma: Súmula 227 do STJ 
- A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
LEGITIMAÇÃO PARA PLEITEAR DANO MORAL 
 
Em detrimento da sua enorme carga de subjetividade, temos na legitimação de seu pleito algo que 
ultrapassa a pessoalidade. Possibilitando, também, a terceiros que não seja o próprio sofredor do 
dano, a legitimidade ativa para a sua propositura. 
 
Podemos indagar: 
A quem é devida tal compensação? 
Quem pode pleiteá-la, além da própria vítima? 
 
Dizem as seguintes previsões legais inscritas na Lei 10.406 de 2002: 
 
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: 
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração 
provável da vida da vítima (homicídio). 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar 
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
 
 
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Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste 
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da 
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou 
a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo 
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se 
destinarem a fins comerciais. 
 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa 
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
ARBITRARIAMENTO DA VERBA INDENIZATORIA 
 
Desde a sua existência legal, os magistrados de todo o país somam, dividem e multiplicam para 
chegar a um padrão no arbitramento das indenizações. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem a 
palavra final para esses casos e, ainda que não haja uniformidade entre os órgãos julgadores, está 
em busca de parâmetros para readequar as indenizações. 
 
O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ sob a ótica de atender uma dupla função: 
 
“reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor para que não reincida.” 
 
Como é vedado ao Tribunal reapreciar fatos e provas e interpretar cláusulas contratuais, o STJ 
apenas altera os valores de indenizações fixados nas instâncias locais quando se trata de quantia 
irrisória ou exagerada. 
 
A dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência entre o dano e o ressarcimento se 
reflete na quantidade de processos que chegam ao STJ para debater o tema. 
 
Com relação à subjetividade, o juiz tem liberdade para apreciar, valorar e arbitrar a indenização 
dentro dos parâmetros pretendidos pelas partes. 
 
De acordo com o ministro Salomão, não há um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do 
dano moral. 
 
“Depende muito do caso concreto e da sensibilidade do julgador”, explica. 
 
 
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“A indenização não podeser ínfima, de modo a servir de humilhação a vítima, nem exorbitante, 
para não representar enriquecimento sem causa”, completa. 
 
Tantos fatores para análise resultam em disparidades entre os tribunais na fixação do dano moral. 
É o que se chama de “jurisprudência lotérica”. 
 
 O ministro Salomão explica: para um mesmo fato que afeta inúmeras vítimas, uma Câmara do 
Tribunal fixa um determinado valor de indenização e outra Turma julgadora arbitra, em situação 
envolvendo partes com situações bem assemelhadas, valor diferente. 
 
“Esse é um fator muito ruim para a credibilidade da Justiça, conspirando para a insegurança 
jurídica”. 
 
“A indenização não representa um bilhete premiado”. 
 
DANO A IMAGEM 
 
A imagem é o conjunto de traços e caracteres de uma pessoa que a individualiza no meio social – 
logomarca, rosto, olhos, cabelos, perfil etc. É um bem personalíssimo, emanação de uma pessoa, 
através da qual projeta-se, identifica-se e individualiza-se no meio social. 
 
Facilmente confundível com o dano estético ou morfológico, mas são completamente diversos. 
Neste dano, as consequências são amputações, marcas, cicatrizes ou correlacionados. No dano à 
imagem, a pessoa é constrangida pelo ato ilícito da exposição danosa de cunho vexatório. 
 
Exemplo: Uso de imagem de pessoa natural em programa populista sem autorização e de forma 
vexatória. 
 
DANOS ATÍPICOS 
 
DANO PELA PERDA DE UMA CHANCE 
 
Neste passo, a doutrina francesa que, costumeiramente vem sendo aplicada em nossos Tribunais 
(perte d’une chance), se dá nos casos em que o ato ilícito praticado pelo agente retira do lesado a 
real possibilidade do mesmo de obter uma situação futura melhor, isto é, uma possibilidade, uma 
chance de obter alguma vantagem ou ainda a chance de evitar algum prejuízo. 
 
Exemplo: Pessoa natural em questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela 
televisão. Há uma questão sem viabilidade de resposta lógica. Isto impõe o dever de ressarcir o 
participante pela perda da oportunidade. 
 
 
 
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DANO ESTÉTICO (OU MORFOLÓGICO) 
 
Construção jurisprudencial. Decorre de restrições nas relações sociais. São as deformidades que 
provocam repulsa de ordem externa (perante a sociedade) e interna (perante a sí). Podendo 
acarretar redução em sua capacidade laborativa (amputações e restrições). 
 
As lesões perpetradas à vítima em função do ato ilícito evidenciam inquestionáveis dores e 
sofrimentos que afetam sua esfera jurídica interna, caracterizando-se como causa dos danos 
morais. 
 
Por outro lado, o que sofre paraplegia perpetrada ao corpo físico da vítima implica a dependência 
permanente de pessoas, para atender as suas necessidades básicas, limitando sobremaneira sua 
vida de relação e o gozo dos prazeres da vida. 
 
Essa situação caracteriza o dano estético, na medida em que proporciona reflexos negativos 
evidentes na sua relação social, passível de arbitramento em separado, como assinala a norma do 
art. 949 da Lei 10.406 de 2002: 
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas 
do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo 
que o ofendido prove haver sofrido. 
 
Atenção!Súmula 387 do STJ - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral. 
 
Súmula 96 do TJRJ - “As verbas relativas às indenizações por dano moral e dano estético são 
acumuláveis”. 
 
Exemplo:Amputação equivocada de membro inferior (lado direito), por consequência de diabetes. 
Enquanto que a perna correta seria a esquerda. 
 
DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE 
 
Criação doutrinária. Surge com o dano imposto à pessoa do lesado direto de tamanha gravidade 
que reflete nas pessoas de seu íntimo convívio sócio familiar/relacional. 
 
Exemplo: Ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua personalidade, pois 
os direitos da personalidade surgem com a concepção e se extinguem com a morte, portanto, não 
são transmitidos aos herdeiros, que só poderão entrar com ação de indenização em razão de 
sofrerem o dano reflexo da ofensa. 
 
DANO EXISTENCIAL 
 
Criação doutrinária. Lesão à impossibilidade de viver o vínculo afetivo com a existência de pessoa 
natural. Acidente provocado que gera a morte de filhos. Causando aos seus familiares a 
impossibilidade de viver a sua existência. 
 
 
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Exemplo: Diante da morte de filho, seus pais perderam eventos existenciais normais para a sua 
realidade sócio normal, como aniversários, crescimento, formatura, casamento, netos etc 
 
Atividade proposta - Leia o texto e responda: 
Cuida-se de ação de indenização proposta por ANA LÚCIA SERBETO DE FREITAS MATOS, perante a 
1ª Vara Especializada de Defesa do Consumidor de Salvador - Bahia - contra BF UTILIDADES 
DOMÉSTICAS LTDA, empresa do grupo econômico "Sílvio Santos", pleiteando o ressarcimento por 
danos materiais e morais, em decorrência de incidente havido quando de sua participação no 
programa "Show do Milhão", consistente em concurso de perguntas e respostas, cujo prêmio 
máximo de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) em barras de ouro, é oferecido àquele 
participante que responder corretamente a uma série de questões versando conhecimentos 
gerais. Destacando que a pergunta tem quatro alternativas de respostas. A autora participou de 
edição daquele programa, na data de 15 de junho de 2000, logrando êxito nas respostas às 
questões formuladas, salvo quanto à última indagação, conhecida como "pergunta do milhão", 
não respondida por preferir salvaguardar a premiação já acumulada de R$ 500.000,00 (quinhentos 
mil reais), posto que, caso apontado item diverso daquele reputado como correto, perderia o 
valor em referência. No entanto, pondera haver a empresa BF Utilidades Domésticas Ltda, em 
procedimento de má-fé, elaborado pergunta deliberadamente sem resposta, razão do pleito de 
pagamento, por danos materiais, do quantitativo equivalente ao valor correspondente ao prêmio 
máximo, não recebido, e danos morais pela frustração de sonho acalentado por longo tempo. O 
pedido foi acolhido quanto ao dano material, sob o fundamento de que a pergunta nos termos em 
que formulada não tem resposta. Foi, então, condenada a empresa ré ao pagamento do valor de 
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) com acréscimo de juros legais, contados do ato lesivo e verba 
de patrocínio de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Acórdão que reforma a 
decisão Colegiada reduzido o valor da indenização para R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil 
reais). Indaga-se, qual seria o dano apresentado ao tema. Disserte sobre o mesmo e justifique a 
diminuição da condenação de R$ 500.000,00 para R$ 125.000,00. 
 
GABARITO: Recurso Especial nº 788.459 - BA (2005/0172410-9) 
 
1 - Nos termos do Código Civil, no que tange à responsabilidade civil, a indenização mede-se 
segundo a: 
Extensão do dano. 
 
2 - No que se refere ao dano moral, assinale a opção correta. 
O inadimplemento contratual está fora do âmbito da indenização por danos morais. 
A gravidade do dano deve ser medida por padrão objetivo e em função da tutela do direito. 
 
3 -Segundo a legislação civil vigente: A proteção dos direitos da personalidade é de aplicação 
irrestrita para as pessoas jurídicas. 
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
 
Nesta aula, você: 
 
 
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 Analisou o dano; 
 Identificou os danos típicos; 
 Examinou os danos atípicos. 
 
Na próxima aula, você estudará: 
 A responsabilidade civil e suas ramificações; 
 Penal e Civil; 
 Contratual e extracontratual;Subjetiva e Objetiva. 
 
Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, sugerimos: 
 Pra saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, assista aos vídeos: 
 Decisão. Danos Estéticos. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=uo7zfL17auM 
 Pablo Stolze. Responsabilidade civil por ato. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=J4E5zdeqoxQ 
 Teoria da perda de uma chance. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=oov4Xd1y5qk 
 
 1a Questão (Ref.: 201402241027) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
Pode-se dizer que o dano material: 
 pode existir o dever de indenizar pelo dano emergente e lucro 
cessante mas são coisas distintas, muito embora estejam inseridas 
no dano material 
 
 2a Questão (Ref.: 201402901150) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
(TJ/PE 2013 - FCC - JUIZ SUBSTITUTO) - O abuso de direito acarreta: 
 apenas a ineficácia dos atos praticados e considerados abusivos 
pela parte prejudicada, independentemente de decisão judicial 
 3a Questão (Ref.: 201402759643) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
(Juiz do Trabalho Substituto TRT 8ª Região 2015 - TRT 8ª REGIÃO) Sobre a responsabilidade civil no Código 
Civil Brasileiro, é CORRETO afirmar que: 
 Se da ofensa resultar defeito pelo qual o 
ofendido não possa exercer o seu ofício 
ou profissão, ou se lhe diminua a 
capacidade de trabalho, a indenização, 
além das despesas do tratamento e 
lucros cessantes até ao fim da 
convalescença, incluirá pensão 
correspondente à importância do 
trabalho para que se inabilitou, ou da 
 
 
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depreciação que ele sofreu. 
 4a Questão (Ref.: 201403053985) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
Veja a assertiva e, em seguida, marque a alternativa de acordo com o direcionamento abaixo descrito. 
A indenização por perda de uma chance, segundo entendimento doutrinário e pretoriano dominante, é 
devida quando: 
 a pessoa veja frustrada uma 
oportunidade, em futuro próximo, que 
ocorreria se as coisas seguissem 
normalmente. 
 5a Questão (Ref.: 201402975278) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) 
TJ/PE 2013 - FCC - JUIZ SUBSTITUTO - O abuso de direito acarreta: 
 indenização a favor daquele que sofrer prejuízo em razão dele. 
 
PLANO DE AULA 5 
 
Introdução 
O ser humano, no exercício de sua liberdade de ação e na faina de conquistar os objetivos na 
tutela de seus interesses, pode causar danos às pessoas ou bem de outrem, e, ainda, perturbar a 
ordem social por falta de cuidado objetivo em suas atitudes. 
Tais condutas podem gerar danos e as consequentes responsabilidades (penal e civil), muitas 
vezes com apenas uma ação danosa, na medida em que, ao mesmo tempo vulnera normas 
proibitivas de condutas de direito penal e de direito civil. Seja contratual ou extracontratual, cuja 
apuração poderá ser na modalidade objetiva (regra) ou subjetiva (por exceção). 
Nesse sentido, estudaremos as ramificações da responsabilidade civil, como consequência da 
liberdade de ação do ser humano e a apuração da responsabilidade de seus atos. 
 
Objetivos 
Examinar os institutos das responsabilidades penal e civil e suas ramificações; 
Distinguir responsabilidade penal e civil; contratual e extracontratual; subjetiva e objetiva. 
Responsabilidades Penal e Civil 
 
 
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De início há um divisor de águas entre a responsabilidade civil e a penal. A ilicitude pode ser civil 
ou penal. 
 
Responsabilidade Penal 
A responsabilidade será penal quando as normas jurídicas protetivas dos interesses sociais 
objetivarem o resguardo da integridade de bens de valores elevados e indisponíveis, entre os 
quais, os direitos da personalidade do homem: a vida, a liberdade, a honra, a saúde física e 
mental. 
A sanção à violação das regras de conduta de não lesar a integridade física e a propriedade de 
outrem são “pesadas”, justamente por serem infrações consideradas pela sociedade como de 
maior potencial ofensivo, como, por exemplo, no crime de homicídio do art. 121 do CP – Pena - 
reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
Como a descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita, em princípio, a 
responsabilidade penal ocasiona o dever de indenizar. 
Por esta razão, a sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível quanto ao dever de 
indenizar o dano decorrente da conduta criminal, na forma dos artigos: 91, I do Código Penal; 63 
do CPP e 515, VI do NCPC. 
Sendo assim, as jurisdições penal e civil em nosso país são independentes, mas há reflexos no juízo 
cível, não só sob o mencionado aspecto da sentença penal condenatória como também porque 
não podemos discutir no cível a existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas questões 
foram decididas no juízo criminal e encontrarem-se sob o manto da coisa julgada, art. 64 do CPP e 
935 do CC. 
 
Responsabilidade Civil 
A responsabilidade civil é uma conduta ilícita de repercussão menos gravosa. Sendo certo que 
nem toda conduta gera um ilícito civil é punível, descrita pela lei penal, já a recíproca é verdadeira, 
embora em ambas haja a responsabilidade. A responsabilidade civil é assim considerada de menor 
gravidade e o interesse de reparação é privado, embora com interesse social, não afetando, a 
princípio, a segurança pública. 
Para o ilícito civil, embora se possam equacionar modalidades de reparação em espécie, o 
denominador comum será sempre, ao final, a reparação em dinheiro como o lenitivo mais 
aproximado que existe no Direito para reparar ou minorar um mal causado, seja ele de índole 
patrimonial ou exclusivamente moral, como atualmente permite expressamente a Constituição. 
 
 
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A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbrio 
patrimonial, embora em sede de dano exclusivamente moral, o que se tem em mira é a dor 
psíquica ou o desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não houver 
dano ou prejuízo a ser ressarcido, não temos por que falar em responsabilidade civil: 
simplesmente não há por que responder. 
Responsabilidades Contratual e Extracontratual 
Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que decorre do 
inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e a responsabilidade extracontratual 
(delitual ou aquiliana) que deflui da violação de obrigação emanada da lei. 
Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses, como abaixo veremos. 
 
Responsabilidade Contratual 
Esta responsabilidade tem desempenhado importante papel para facilitar a prova da culpa do 
inadimplente. 
Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, assumida por uma 
das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento importa em presunção de culpa, 
cabendo ao devedor que não cumpriu a sua obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, 
caso fortuito, culpa do outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade. 
Para tanto, vejamos o arts. 389 e 390 da Lei 10.406 de 2002: 
Título IV - Do Inadimplemento das Obrigações 
Capítulo I - Disposições Gerais 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que 
executou o ato de que se devia abster. 
 
Responsabilidade Extracontratual 
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery identificam as seguintes cláusulas gerais na 
responsabilidade extracontratual: 
 
 
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“Pode-se dizerque há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema jurídico civil para a 
responsabilidade extracontratual”. 
Há o direito de o prejudicado ser indenizado e o dever de o ofensor indenizar quando: 
a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial- como o moral, à imagem, 
da personalidade etc); 
b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. abuso de direito – 
CC, 187); direito protegido por norma imperativa constitucional (penal, administrativa etc); 
c) o dano causado for apenas moral; 
d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente desenvolvidas pelo autor 
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, independentemente de dolo 
ou culpa (responsabilidade objetiva – CC, 927 parágrafo único); 
e) a ofensa se der por desatendimento não especificados da boa-fé e dos bons costumes”. 
 
Responsabilidades Subjetiva e Objetiva 
Examinando-se a atuação do causador do dano, a responsabilidade pode ser subjetiva ou 
objetiva. 
Abordaremos os pormenores dessas classificações abaixo! 
 
Responsabilidade Subjetiva 
Baseada na culpa em sentido lato, culpa ou dolo. 
É a análise integral do art. 186 da Lei 10.406 de 2002 que define o ato ilícito: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Destacamos que, nesta modalidade, temos a explícita utilização, para fins da apuração da 
responsabilidade, do art. 373 do NCPC, vejamos: 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
 
 
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II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
A análise deve ser sob a ótica de que o ônus da prova incumbe em que polo da ação se encontra. 
Há o dever, sempre, de provar (estabelecendo o nexo de causalidade). 
Logo, por fim, na responsabilidade subjetiva o ônus da prova é, para a constituição do direito da 
parte Autora. 
 
 
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Responsabilidade Objetiva 
Independe de qualquer falha humana (culpa) ou desejo de causar dano (dolo) e decorre de uma 
simples relação de causalidade (nexo causal). 
Tal modalidade desnecessita da prova efetiva para a constituição dos direitos do autor. 
Flexibilizando assim o descrito no artigo 373 do NCPC acima descrito. 
• Entretanto, tal modalidade de apuração não desonera de forma absoluta o dever do autor de 
constituir a prova, minimamente, do alegado. Conforme o art. 319, VI do NCPC: 
Lei 13.105 de 2015 – NCPC 
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
(...) 
Observação: Provas – Indicação, relevância, qualificação, eventual produção. 
Exemplo: pericia 
• Sedimenta o tema, por amostragem, o seguinte enunciado de súmula do TJRJ: 
Enunciado nº. 330 - "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo, notadamente o 
da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do ônus de fazer, a seu encargo, prova 
mínima do fato constitutivo do alegado direito: 
No tocante à responsabilidade civil objetiva no CC, temos como principal expoente o art. 927, 
parágrafo único do CC. Pois tal dispositivo é uma cláusula geral, ou seja, a responsabilidade civil 
será objetiva por determinação legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida implicar 
em risco. Desta resultando as demais previsões legais. 
Art. 927: Aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
• Agora vamos ler o parágrafo único do artigo 927 CC: 
Art. 927 Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, nos 
casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, 
implicar por sua natureza risco para os direitos de outrem. 
Então, há casos em que a responsabilidade civil será objetiva porque a natureza da atividade 
envolve risco. A lei não diz que a responsabilidade civil é objetiva, mas ela permite que o juiz, 
 
 
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examinando o caso concreto, conclua que determinada natureza da atividade é de risco e passe a 
responsabilidade civil a ser objetiva. 
Sendo assim, há responsabilidade civil objetiva quando a lei disser e quando, no caso concreto, 
você concluir que a natureza da atividade desenvolvida envolve risco. Como, por exemplo, 
quando quem causa o dano o exerce em atividade profissional. 
 
Atividades 
1. Suprime-se o seguinte elemento, em casos de responsabilidade civil objetiva: 
Culpa 
 
2. São elementos essenciais para configuração da responsabilidade civil subjetiva, apenas: 
 
O ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade. 
 
O fato jurídico, a culpa, o dano e o nexo de causalidade. 
 
O abuso de direito, a culpa e o dano. 
 
O ato ilícito, a culpa, o dano e o nexo de causalidade. 
 
A ação humana e o dano. 
3. André, motorista profissional, colidiu seu veículo com o de Isaac, que o acionou judicialmente. A 
responsabilidade de André é: 
Objetiva, dependendo apenas da comprovação do dano. 
 
 
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PLANO DE AULA 6 
Introdução 
Para começar a tratar da responsabilidade civil pelo fato de outrem deve-se ter em mente a 
distinção entre a responsabilidade civil direta e indireta, ou seja, a regra é a primeira e, a segunda 
é excepcional e ocorre quando uma pessoa pode vir a responder pelo fato de outrem. É 
importante destacar que a responsabilidade pelo fato de outrem não se confunde com o fato de 
terceiro que é uma excludente de nexo causal. 
No tocante a responsabilidade civil pelo fato da coisa deve-se saber que a guarda de uma coisa 
acarretará para o dono a responsabilização quando ocorrer um dano provocado pela coisa. A coisa 
dá causa ao evento sem a conduta direta de alguém. Pois esta não é capaz de fato; por trás do fato 
da coisa inanimada há sempre o fato do ser humano. 
Convêm informar que a apuração da responsabilidade será, para os dois temas, na modalidade 
objetiva. Em que não há discussão quanto à culpa (imprudência ou negligência – art. 186 do CC). 
Objetivos 
Examinar responsabilidade civil pelo fato de outrem, assim como pelo fato da coisa. 
 
Responsabilidade civil pelo fato de outrem 
 
Como regra atribuível da responsabilidade civil temos a forma direta. Nesta, a própria pessoa que 
causou um ato ilícito, responde pelo mesmo. 
Entretanto, na responsabilidade civil pelo fato de outrem alguém, que não o causador direto do 
dano, irá responder pelo ato ilícito. Essa responsabilidade decorre de uma relação existente entre 
o causador e o responsabilizável por força de lei. 
Tudo perfeitamente previsto nos termos art. 932 c/c 933, ambos do CC e outras previsões a serem 
estudadas. 
 
São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato de outrem: 
 Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade; 
 
 
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 Responsabilidade dos tutores e curadores; 
 Responsabilidade do incapaz; 
 Responsabilidade do empregador ou comitente ; 
Vamos analisá-los individualmente. 
 
Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade 
Temos seu início com a leitura do art. 932 caput e seu inciso I, verbis: 
 
Lei 10.406 de 2002: 
 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia ; 
 
É uma questão do exercício do poder de família, os pais (assim considerados de sexos diferentes 
ou não ou, ainda sob

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