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Doenças de notificação compulsória Profª Dra. BIANCA ARNONE • Notificação compulsória: é um registro que obriga e universaliza as notificações, visando o rápido controle de eventos que requerem pronta intervenção. • Para a construir o Sistema de Doenças de Notificação Compulsória (SDNC), cria-se uma Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC), cujas doenças são selecionadas através de determinados critérios como: • magnitude, potencial de disseminação, transcedência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle, compromisso internacional com programas de erradicação, etc. • Devido as alterações no perfil epidemiológico, a implementação de outras técnicas para o monitoramento de doenças, o conhecimento de novas doenças ou a re-emergência de outras, tem a necessidade de constantes revisões periódicas na LDNC no sentido de mantê-la atualizada. • A ocorrência de casos novos de uma doença (transmissível ou não) ou agravo (inusitado ou não), passível de prevenção e controle pelos serviços de saúde, indica que a população está sob risco e pode representar ameaças à saúde e precisam ser detectadas e controladas ainda em seus estágios iniciais. • Consiste na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, da lista de agravos relacionados na Portaria, • Deve ser feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção das medidas de controle pertinentes. • Além disso, alguns eventos ambientais e doenças ou morte de determinados animais também se tornaram de notificação obrigatória. • É obrigatória a notificação de doenças, agravos e eventos de saúde pública constantes da Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério da Saúde. Em caso de foco: Importantes doenças de notificação • Doença da VACA LOUCA • CARBÚNCULO HEMÁTICO • RAIVA • TUBERCULOSE • BRUCELOSE • FEBRE AFTOSA Bacillus anthracis • O B. anthracis é um bacilo grande Gram-positivo, com cerca de 8 micrómetros por 3, dispostos aos pares ou individualmente. • O B. anthracis, como todos os do seu gênero, produz endósporos quando encontra situações de adversidade • A toxina causadora de edema é composta de uma porção que reconhece receptor especifico na célula alvo, sendo internalizada por endocitose, e outra com actividade de adenilato ciclase, promovendo a secreção de liquidos. • A toxina letal é citotóxica. 1879- Luis Pasteur • As infecções de carbúnculo são raras, mas não excepcionais, em herbívoros domésticos ou selvagens como vacas, cabras, ovelhas, camelos e antílopes. • É mais comum em países em desenvolvimento ou em países sem uma política pública de saúde que ataque o problema, já que as vacinações são a regra nos países desenvolvidos. • A doença é mais comum em algumas regiões como a América Central, América do Sul, Sul e Leste da Europa, Ásia, África (presente na fauna selvagem), Caraíbas e Médio Oriente. • O carbúnculo pode entrar no corpo humano através dos intestinos, pulmões (inalação) ou pele. • O carbúnculo não é contagioso, é pouco provável que se espalhe de pessoa para pessoa. A infecção dá-se quase sempre por exposição a esporos, e não à forma ativa. • A infecção pulmonar por carbúnculo provoca, nos primeiros dias, sintomas semelhantes aos da gripe, seguidos de problemas respiratórios graves, por vezes fatais. • Se não for tratada, a infecção por inalação é a mais mortal, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 100% • A infecção gastrointestinal por carbúnculo provoca sérias dificuldades gastrointestinais, vômitos sanguíneos e diarréia. • Se não for tratada leva à morte em cerca de 25% a 60% dos casos. • A infecção cutânea por carbúnculo causa uma lesão negra irritante, normalmente concentrada num ponto negro que se forma uma semana ou duas após a exposição. • Diferente de outras lesões a forma cutânea do antraz não causa dor. • A infecção cutânea é a menos mortal de todas; se não for tratada, a infecção causa a morte em 20% dos casos. Diagnóstico • Coleta de orelha; • membro até a altura do carpo ou tarso; • e fluido em seringas. Tratamento • O tratamento para as infecções de carbúnculo cutâneo inclui doses elevadas de antibióticos como penicilina, tetraciclinas, eritromicina ou cloranfenicol. • Nos casos de infecção pulmonar, o tratamento recomendado é com ciprofloxacina ou doxiciclina, sendo mais eficaz logo após a exposição. • Além disso, a profilaxia com antibióticos é crucial nos casos de antraz pulmonar, para salvar vidas. Tuberculose • Mycobacteriumbovis • Mycobacteriumavium • Mycobacteriumtuberculosis Susceptíveis • Homem • Ovinos • Caprinos • Suínos • bovinos Sinais clínicos • Perda de peso; • Debilidade; • Caquexia; • Sinais respiratórios; TRANSMISSÃO : • Aerossóis; • Água e alimentos contaminados; ELIMINAÇÃO: • Respiração • Leite; • Fezes e Urina ; • Corrimento nasal; • Secreções vaginais e uterinas e sêmen Diagnóstico TESTE TUBERCULÍNICO: • Prova Ouro ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE: • Baixa sensibilidade; • Elevado número de bacilos; • Tempo de crescimento elevado; REAÇÃO DE POLIMERASE EM CADEIA (PCR): • Custo elevado Medidas a serem tomadas A) O que fazer com os animais positivos? B) As crias recém-paridas de fêmeas positivas podem ser aproveitadas? C) O leite das fêmeas positivas pode ser aproveitado? D) A carne de animais positivos pode ser consumida? Importância econômica • Queda de produtividade do rebanho; • Quadro crônico de evolução progressiva; • Condenação de carcaças no abate; Brucelose •Brucellaabortus(bovinos e bubalinos), •Brucellamelitensis(caprinos e ovinos), •Brucellasuis (suínos), •Brucellaovis (ovinos), •Brucellacanis (cães) e •Brucellaneotomae(rato do deserto). Susceptíveis • Homem • Bovinos • Ovinos Sinais clínicos • Aborto; • Placentite necrótica; • Retenção de placenta; • Orquite uni ou bilateral; • Aumento ou diminuição do volume dos testículos; Diagnóstico • Isolamento e identificação do agente etiológico. • PCR • Diagnóstico sorológico • Antígeno Acidificado Tamponado • 2-Mercartoetanol Importância econômica • Baixa fertilidade; • Maior intervalo entre partos; • Redução na produção de leite e carne; • Distúrbios reprodutivos Programa nacional de controle e erradicação da Brucelose e tuberculose animal (PNCEBT) OBJETIVOS: • Baixar a prevalência e a incidência de novos focos; • Criar um número significativo de propriedades consideradas livres ou monitoradas para brucelose; • Conjunto de medidas, com adesão voluntária; • Vacinar bezerras de 3-8 meses; • Controle de animais destinados a reprodução; • Certificado de Propriedade Livre ou monitorada; • A tuberculose e a brucelose interferem na capacidade plena de produção causando reduções de até 25% na produtividade animal. Febre aftosa • Piconavirus • Gênero aphthovirus • A;O;C;SAT 1;2;3; Asia1 • Mutação • Não há imunidade cruzada Susceptíveis • Ovinos • Caprinos • Bovinos • Suínos Sinais clínicos • Claudicação; • Febre e salivação intensa; • Vesículas e úlceras na mucosa oral, língua e espaço interdigital; • Falta de apetite; • Queda da produção leiteira; • Perda de peso. Transmissão • Ar, água, alimentos e leite • Calçados ,camas, equipamentos, • Mãos de seres humanos e Rações. Eliminação • Saliva, • Sêmen,• Leite, • Urina, • Fezes Controle • Controle da circulação de animais; • Sacrifício dos animais infectados e susceptíveis; • Desinfecção das instalações e materiais infectados; • Destruição de cadáveres, resíduos e produtos animais provenientes das zonas infectadas e quarentena. Diagnóstico • Imunoflorescência; • Fixação do Complemento; • Neutralização viral ; • ELISA. Diferencial • Peste bovina, • Rinotraqueíte Infecciosa Bovina, • Diarréia viral ovina Importância econômica • Rápida disseminação; • Mercados internacionais; • Sacrifício dos animais infectados e dos em contato; • Queda produção de leite e carne; VACA LOUCA OU BSE (ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA) • Príons = Partículas infectantes livres de DNA; • Doença neurodegenerativaprogressiva; Susceptíveis • Homem • Bovino • “ovino” • Pânico, tremores, ansiedade, medo, agressividade, escoiceamento, bloqueio central simétrico. • Semelhanças com quadros de hipomagnesia, raiva, botulismo e BHV-5; Diagnóstico • Na necropsia deve ser coletado um pedaço da medula • Histologicamente: observamos uma vacuolização na região do SNC. • Chegou na América em 2003: o primeiro caso confirmado de BSE. • Canadá(2011): 19 casos confirmados; • Sem registro no Brasil (RGS) Condutas • Comunicar ocorrências suspeitas; • Informar/educar agentes econômicos • Obrigação de zelar e cumprir as regras de boa prática sanitária. • Legislação: INnº06 de 26.02.1999. Instituir o formulário de avaliação da situação sanitária. Instrução de Serviço nº1 de 07.03.2002. procedimentos para detecção e diagnóstico de BSE. • A presença desta enfermidade no Brasil. • Frente a sociedade? • E frente ao setor agropecuário: Carnes; Rebanho; • Quais cuidados? • Amparar-se na legislação? Raiva bovina • Família Rhabdovirida e • Gênero Lyssavirus: RAIVA • Susceptíveis: homem, cão, gato, bovino, e equino Sinais clínicos • Lesões difusas no SNC; • Paresia; • Flacidez muscular; • Agressividade; Diagnóstico • Encéfalo para diagnóstico histológico de corpúsculos de Negri, com as porções refrigeradas para executar a imunohistoquímica. Diferencial • BSE; • Herpes virus; • Clostridioses; • Intoxicação por chumbo ou plantas; • Rickétsias. Impacto • Impactos na Sociedade? • Setor Pecuário? • Setor Rural e Urbano? DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA (PARTE II) PROFª Dra. Bianca Arnone Hantavirose • É uma enfermidade aguda, bastante grave, de distribuição universal, provocada por diferentes sorotipos de Hantavirus eliminados nas fezes, urina e saliva de roedores silvestres. • Na maior parte dos casos, a transmissão para o homem se dá em ambientes fechados pela inalação de aerossóis (partículas suspensas na poeira) provenientes das secreções e excretas dos hospedeiros, que funcionam como reservatórios do vírus. • Ela pode também ocorrer pelo contato direto com esse material infectado ou através de ferimentos na pele, assim como pela ingestão de água ou alimentos contaminados. • Embora menos frequente, mordeduras desses animais são outra forma possível de contágio. • O objetivo é localizar os focos de transmissão dessa doença de distribuição universal, e implantar medidas de controle da zoonose e de tratamento das pessoas já infectadas. • Pode manifestar-se como uma doença febril, aguda e inespecífica ou sob formas mais graves como a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), prevalente na Europa e Ásia, • E a síndrome pulmonar por hantavirose (HPS), com maior incidência nas Américas, onde o número de casos tem aumentado nos últimos tempos. Grupo de risco • São considerados grupos de risco para as hantaviroses: - os moradores das áreas rurais, especialmente os envolvidos em atividades agropecuárias e de reflorestamento, - os trabalhadores encarregados da limpeza de paióis, celeiros e galpões para o armazenamento de alimentos e ração. - Fazem parte também do grupo de risco as pessoas que fazem trilhas ou acampam nas matas. Sintomas • O período de incubação pode variar de5 a60 dias. Em parte dos casos, a hantavirose pode ser assintomática. • a presença de anticorpos circulantes em portadores do vírus que nunca manifestaram sinais da doença. • Nos outros casos, nas fases iniciais, os principais sintomas são febre alta e dores musculares (mialgias), dor de cabeça, náuseas, vômitos e diarréia. Sintomas • Alguns sintomas de instalação súbita são mais específicos da SHFR: aumento da ureia no sangue (uremia), diminuição na produção de urina (oligúria), sangramentos gengivais, petéquias (pequenas manchas avermelhadas ou arroxeadas pelo corpo), insuficiência renal e choque (queda de pressão que causa comprometimento do funcionamento normal dos órgãos). • Tosse seca, falta de ar (dispneia), hipotensão arterial, insuficiência respiratória causada pelo acúmulo de líquido nos pulmões (edema) e colapso circulatório são característicos da síndrome cardiopulmonar por hantavirus. Diagnóstico • Considera as queixas e sintomas do paciente e as condições do local que visitou recentemente ou onde vive e trabalha. • A confirmação, porém, depende dos resultados de exames que detectam anticorpos produzidos pelo organismo contra o hantavírus, como o ELISA IgM e IgG, a imunofluorescência indireta, neutralização, hemaglutinação passiva, western- blot, PCR e coloração imuno-histoquímica Prevenção • Não existe vacina contra a hantavirose, uma doença emergente, mas pouco conhecida. • Até o momento, a prevenção baseia-se na implementação de medidas que impeçam o contato do homem com os roedores e suas excretas. • Para tanto, é preciso adotar práticas de higiene, saneamento e manejo ambiental que impeçam a aproximação desses animais e • Revertam em condições mais adequadas de moradias e dos locais de trabalho, especialmente para as populações de maior risco. Tratamento • Não existe tratamento específico para nenhuma das formas de hantavirose. • As alternativas terapêuticas limitam-se à introdução de medidas de suporte na fase aguda em ambiente hospitalar, preferivelmente em UTIs. • Apesar do risco de morte que representa, a hantavirose pode ser curada desde que o diagnóstico seja feito precocemente e os pacientes recebam os cuidados necessários sem perda de tempo. Recomendações • Saiba que o hantavirus é inativado em poucas horas quando exposto ao sol. • Por isso, antes de entrar num local que fica permanentemente fechado, a pessoa deve abrir portas e janelas para promover a entrada de ar e luz solar; • Nunca varra ou espane os lugares que possam servir de habitat ou passagem para os roedores. • A limpeza deve ser feita sempre com panos úmidos embebidos em desinfetantes • Estoque os alimentos em utensílios fechados e lave pratos e talheres logo depois de usá-los; • Tome todo o cuidado se pretende acampar. Arme a barraca com fundo impermeável numa clareira afastada da mata • Mantenha a área ao redor das casas sempre limpas e livres de vegetação que possa abrigar roedores; • Certifique-se de que o lixo está sendo descartado de modo adequado; • Mantenha as mãos sempre limpas e bem lavadas Febre maculosa • A bactéria Rickettsia rickettsii é obrigatoriamente intracelular, sobrevivendo brevemente fora do hospedeiro. • Os humanos são hospedeiros intermediários, não colaborando com a propagação do organismo. • Pertence à mesma família da Rickettsia prowazekii, bactéria causadora do tifo. • Os carrapatos vetores conhecidosno Brasil são das espécies Amblyomma aureolatum, que é conhecido como o carrapato-amarelo-do-cão e o Amblyomma cajennense conhecido como carrapato-estrela, carrapato-de-cavalo ou rodoleiro, as larvas por carrapatinhos ou micuins, e as ninfas por vermelhinhos. • São hematófagos obrigatórios, necessitando de repastos em três hospedeiros para completar seu ciclo de vida. O homem é intensamente atacado nas fases de larvas e ninfas do Amblyomma cajennense e menos frequentemente pela fase adulta do Amblyomma aureolatum. • A febre maculosa é uma riquetsiose diagnosticada em toda a América e a mais severa e a mais frequentemente notificada nos Estados Unidos. • A febre maculosa foi também conhecida no Brasil como "febre de São Paulo" ou “tifo exantemático”. • Alguns dos sinônimos em outros países incluem “Rocky Mountain Spotted Fever” (“febre maculosa das montanhas rochosas”), nos Estados Unidos; "tifo do carrapato" e "febre Tobia", na Colômbia; "fiebre manchada" no México • A doença é causada pela Rickettsia rickettsii, uma espécie de bactéria que é transmitida aos seres humanos por carrapatos da família Ixodidae. • Os sinais e sintomas iniciais da doença incluem o início súbito de febre, dor de cabeça e dores musculares, seguidos pelo aparecimento de exantema. • A doença pode ser difícil de diagnosticar nos estágios iniciais e sem tratamento rápido e apropriado pode ser fatal. • Recentes pesquisas comprovam que a febre maculosa também pode ser causada pelas fezes do piolho e seus principais sintomas são: estágio febril agudo e pele com vermelhidão (lixa). • A febre maculosa continua a ser uma doença infecciosa grave e potencialmente fatal. • Apesar da disponibilidade de tratamento eficaz e dos avanços nos cuidados médicos, aproximadamente 20% a 40% dos indivíduos que se tornam doentes ainda morrem por esta infecção. • Entretanto, a terapia antibiótica eficaz reduziu dramaticamente o número das mortes. • Antes da descoberta da tetraciclina e do cloranfenicol, no final dos anos 40, até 80% das pessoas infectadas com a R. rickettsii faleciam. Sinais e sintomas • A febre maculosa pode ser muito difícil de diagnosticar em seus estágios iniciais, mesmo por médicos experientes que estejam familiarizados com a doença. • Depois de um período de incubação de aproximadamente 5 a 10 dias após a mordida do carrapato. • A apresentação clínica inicial da febre maculosa não é específica e pode assemelhar-se a uma variedade de outras doenças, infecciosas ou não. Os sintomas iniciais podem incluir: • febre • náusea • vômito • dor de cabeça severa • dores musculares • falta de apetite Com a evolução da doença, sinais e sintomas podem incluir: • exantema petequial • dor abdominal • dores articulares • diarréia Exantema Tratamento • A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e cloranfenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. • O ideal é manter a medicação por 10 a 14 dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total. • Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito. Prevenção e controle • Evite o contato com carrapatos. • Se, por acaso, estiver numa área em que eles possam existir, tome as seguintes precauções: a) examine seu corpo cuidadosamente a cada três horas pelo menos, porque o carrapato-estrela transmite a bactéria responsável pela febre maculosa só depois de pelo menos quatro horas grudado na pele; b) use roupas claras porque facilitam enxergar melhor os carrapatos; c) coloque a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto nas áreas que possam estar infestadas por carrapatos. Obs: Tenha cuidado ao retirar o carrapato que estiver grudado em sua pele e não se esqueça de que os sintomas iniciais da febre maculosa são semelhantes aos de outras infecções. Febre tifóide • É uma doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria Salmonella typhi em alimentos ou água contaminada. • Trata-se de uma forma de salmonelose restrita aos seres humanos e caracterizada por sintomas proeminentes, sendo endêmica em países subdesenvolvidos. • A Salmonella typhi não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do serotipo Salmonella enterica typhi (S.enterica subespécie typhi), que inclui várias outras subespécies que não causam esta doença. • Salmonella enterica paratyphi causa uma doença semelhante, a febre paratifóide. • O período de incubação é entre 1 a 3 semanas. • As bactérias são ingeridas e quando chegam ao lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão direta, passando depois à áreas subserosas. • Como a maioria das bactérias gram-negativas, possuem lipopolissacarídeos (LPS) na membrana celular, que atuam como fortes indutores de resposta imunitária • Podem causar vasodilatação em todo o corpo, choque séptico. • São fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. • Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, pele e medula óssea. • A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea. Sintomas Na primeira semana: • Febre alta (40 graus); • Forte diarreia; • Mal estar; • Tosse seca; • Dor de cabeça; • Dor de barriga. A partir da segunda semana: • Abdôme sensível; • Agitação motora; • Manchas rosadas pelo corpo (roséola); • Inchaço do fígado e baço; • Constipação intestinal; • Fezes com sangue; • Calafrios; • Confusão mental; • Humor instável; • Sangramento do nariz; • Exaustão; • Fraqueza muscular Transmissão • Geralmente é transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada ou então pelo contato direto com a saliva do portador. • Portanto, deve-se separar talheres e copos para a pessoa infetada. • Seu agente causador é classificado como uma bactéria de alta infetividade, baixa patogenicidade e alta virulência. • Começa a ser transmissível na primeira semana de infeção e continua até ser tratado adequadamente. • Cerca de 10% dos doentes continuam eliminando bacilos até 3 meses após o início da doença. • A salmonela sobrevive 40 dias no esgoto, 2 semanas em laticínios e 4 semanas em ostras e mariscos contaminados, podendo ser encontrado também em algumas carnes, peixes e na água do mar. • A bactéria geralmente é espalhada através das fezes e urina de pessoas contaminadas, sendo portanto comum apenas em locais sem tratamento de água e esgoto adequado como a região Norte e Nordeste do Brasil. • Deixar os alimentos na geladeira ou no congelamento não é suficiente para matar a bactéria. • A doença é uma pandemia exclusiva em seres humanos, sendo endêmica na América Latina, na África, Europa Oriental e sul da Ásia. • A OMS estima que ocorrem entre 16 e 33 milhões de casos de febre tifoide por ano, resultando em 216.000 mortes em áreas endêmicas. • Sua incidência é maior em crianças e adultos jovens entre 5 e 19 anos. • A hospitalização é feita entre 10% a 40% dos casos e dura geralmente de 10 a 15 dias ou mais. • Sem tratamento 10% a 30% morrem em menos de um mês, e com tratamento a mortalidade diminui para cerca de 1% a 4% em áreas endêmicas, geralmente crianças. • No Brasil, entre 2000 e2011, ocorreram entre 100 a 1000 casos por ano com menos de 30 casos por ano resultando em morte. • Pará e Alagoas foram os mais afetados e a maior parte dos casos foi entre 2002 e 2006. • 75% dos casos foram em áreas urbanas. A principal suspeita da contaminação, em cerca de 70%, foi por ingestão de alimentos ou água contaminados. Tratamento • Deve ser tratada com antibióticos específicos, mais normalmente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. • Caso os antibióticos tradicionais não sejam eficientes em reduzir os sintomas em poucos dias, antibióticos alternativos como fluoroquinolona podem ser utilizados. • Pacientes com vômito e diarreia por mais de um dia podem receber soro oral ou injetável para reidratarem. • Complicações são mais comuns em crianças. Cirurgia pode ser necessária para tratar as ulcerações do sistema digestivo, especialmente no intestino, vesículas e bexiga. • Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico podem continuar transmitindo a doença por vários meses, exigindo tratamento com antibióticos e separação de copos e talheres até eliminam as bactérias remanescentes. Prevenção • Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifoide é necessário tratar a água e o esgoto, eliminar o lixo adequadamente, lavar bem as mãos e os alimentos e cozinhar bem os alimentos. • É importante identificar os portadores recorrentes para eliminar as bactérias resistentes a algum antibiótico. • As vacinas modernas possuem 96% a 89% de eficiência nos primeiros 3 anos, porém vacinas mais antigas com 75%-55% de eficiência também são usadas em certos países subdesenvolvidos. • Geralmente só são oferecidas gratuitamente para a população geral durante surtos nas regiões mais afetadas. Esquistossomose • É uma doença crônica causada por platelmintos parasitas e multicelulares do gênero Schistosoma. É a mais grave forma de parasitose por organismo multicelular, matando milhares de pessoas por ano. • Existem seis espécies de Schistosoma que podem causar a esquistossomose ao homem: S. hematobium, S. intercalatum, S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S. mekongi. • Destas, apenas S. mansoni é encontrada no continente americano. Diagnóstico • Os ovos podem ser encontrados no exame parasitológico de fezes, mas nas infecções recentes o exame apresenta baixa sensibilidade. • O hemograma demonstra leucopenia, anemia e plaquetopenia. • Ocorrem alterações das provas de função hepática, com aumento de TGP e fosfatase alcalina. • Embora crie a hipertensão portal, classicamente a esquistossomose preserva a função hepática. Assim, os critérios de Child-Pught, úteis no cirrótico, nem sempre funcionam no esquistossomótico que não tem associado hepatite viral ou alcoólica • A USG, sendo patognomônico a fibrose e espessamento periportal, hipertrofia do lobo hepático esquerdo e aumento do calibre da mesentérica superior. • A biópsia retal é uma técnica também utilizável, tendo uma sensibilidade de 80%. Profilaxia • Saneamento básico com esgotos e água tratada. • Erradicação dos caramujos que são hospedeiros intermediários da doença. • Proteção dos pés e pernas com botas de borracha com solado antiderrapante. • Informar a população das medidas profiláticas da doença. • Evitar entrar em contato com água que contenha cercárias. Tratamento • O tratamento é feito com antiparasitários (praziquantel) para matar o parasita dentro do corpo e dura 1 ou 2 dias. • Em junho de 2012, a Fundação Oswaldo Cruz anunciou a criação de uma vacina contra a esquistossomose. Malária • É uma doença infecciosa transmitida por mosquitos e provocada por protozoários parasitários do gênero Plasmodium. • A doença é geralmente transmitida através da picada de uma fêmea infectada do mosquito Anopheles, a qual introduz no sistema circulatório do hospedeiro os microorganismos presentes na sua saliva, os quais se depositam no fígado, onde maturam e se reproduzem. • A malária manifesta-se através de sintomas como febre e dores de cabeça, que em casos graves podem progredir para coma ou morte. • A doença encontra-se disseminada em regiões tropicais e subtropicais ao longo de uma larga faixa em redor do equador, englobando grande parte da África subsariana, Ásia e América. • Existem cinco espécies de Plasmodium capazes de infectar e de serem transmitidas entre seres humanos. • A grande maioria das mortes é provocada por P. falciparum e P. vivax, enquanto que as P. ovale e P. malariae geralmente provocam uma forma menos agressiva de malária e que raramente é fatal. Diagnóstico • É geralmente realizado através de análises microscópicas ao sangue que confirmem a presença do parasita ou através testes de diagnóstico rápido para a presença de antígenos. • A OMS estima que em 2010 tenham ocorrido 219 milhões de casos documentados de malária. • No mesmo ano, a doença matou entre 660.000 e 1,2 milhões de pessoas, muitas das quais crianças africanas. • Não é possível determinar com precisão o número real de mortes, uma vez que não há dados suficientes para grande parte das áreas rurais e muitos dos casos não são sequer documentados. • A malária está associada com a pobreza e pode ser um entrave significativo ao desenvolvimento econômico. • Não existe vacina eficaz contra a malária, apesar de haver esforços no sentido de desenvolver uma. • Estão disponíveis diversos medicamentos para prevenção da malária em viajantes que se desloquem a países onde a doença seja endêmica. • Estão também disponíveis uma série de medicamentos anti-maláricos. Os casos graves são tratados com quinino administrado por via intravenosa ou intramuscular. Sinais e sintomas • Manifestam-se geralmente entre 8 a 25 dias após a infecção. • No entanto, os sintomas podem-se manifestar mais tarde em indivíduos que tenham tomado medicação antimalárica de prevenção. • As manifestações iniciais da doença, iguais em todas as espécies de malária, são semelhantes aos sintomas da gripe, podendo ainda ser semelhantes aos de outras doenças virais e condições clínicas como a sepse ou gastroenterite. • Entre os sinais incluem-se dores de cabeça, febre, calafrios, dores nas articulações, vômitos, anemia hemolítica, icterícia, hemoglobina na urina, lesões na retina e convulsões. • O sintoma clássico da malária são ataques paroxísticos, a ocorrência cíclica de uma sensação súbita de frio intenso seguida por calafrios e posteriormente por febre e sudação. • Estes sintomas ocorrem a cada dois dias em infecções por P. vivax e P. ovale e a cada três dias em infecções por P. malariae. • A infecção por P. falciparum pode provocar febre recorrente a cada 36-48 horas ou febre menos aguda, mas contínua. Complicações • O desenvolvimento de ’’stress’’ respiratório, no qual se verifica a necessidade de um esforço cada vez maior para respirar associado a sensação de desconforto piscológico, o qual ocorre em 25% dos adultos e 40% das crianças com malária falciparum aguda. • Entre as possíveis causas estão a compensação respiratória da acidose metabólica, edema pulmonar não cardiogênico, pneumonia concomitante e anemia grave. • Embora a sua ocorrência seja rara em crianças, entre 5 a 25% dos adultos e 29% das grávidas com casos graves de malária desenvolvem Síndrome do desconforto respiratório do adulto. • A co-infecção de malária aumenta a mortalidade. Pode ainda ocorrer febre da água negra, uma complicação na qual a hemoglobina de glóbulos vermelhos danificados se deposita na urina. • A infecção com P. falciparum pode provocar malária cerebral,uma forma grave de malária que envolve encefalopatia. • Manifesta-se através do branqueamento da retina, o que pode constituir um sinal clínico auxiliar para distinguir a malária de outras causas de febre. • Pode também ocorrer esplenomegalia, dor de cabeça intensa, hepatomegalia, hipoglicemia ou hemoglobinúria com insuficiência renal. • Em casos de malária durante a gravidez, entre as complicações graves estão a morte do feto ou da criança, ou peso à nascença inferior a 2,5 kg, em particular na infecção por P. falciparum, mas também por P. vivax. • A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a malária em “grave” ou “não complicada”. Sendo grave quando está presente ‘’qualquer um’’ dos seguintes critérios; caso contrário, é considerada não complicada • Alteração do estado de consciência ou coma • Fraqueza significativa, de tal forma que a pessoa não é capaz de caminhar • Incapacidade de se alimentar • Mais de dois episódios de convulsões em menos de 24 horas • Choque circulatório e Pressão arterial baixa (inferior a 70 mmHg em adultos e 50 mmHg em crianças) • Respiração profunda (respiração acidótica) • Icterícia • Insuficiência renal ou hemoglobina na urina (creatinina sérica > 265 mmol/L ou > 3 mg/dL) • Hemorragia espontânea, ou hemoglobina inferior a 50 g/L (5 g/dL) • Edema pulmonar • Hipoglicemia (glicose inferior a 2,2 mmol/L ou 40 mg/dL) • Acidose metabólica (bicarbonato plasmático <15 mmol/L) • Anemia normocítica grave (Hb < 5 g/dL, hematrócrito <15%) • Hiperlactacidémia (lactato >5 mmol/L) • Contagem de parasitas no sangue superior a 100 000 por microlitro (µL) em áreas de transmissão de pouca intensidade, ou 250 000 por µL em áreas de transmissão de elevada intensidade Prevenção • Entre os métodos de prevenção da malária estão a erradicação dos mosquitos, • a prevenção de picadas • e medicação. • A presença de malária numa dada região pressupõe a conjugação de vários fatores: elevada densidade populacional humana, elevada densidade populacional de mosquitos ‘’anopheles’’ e elevada taxa de transmissão entre humanos e mosquito e vice-versa. • Em termos de proteção individual, os repelentes de insetos à base de DEET são os mais eficazes. • A vaporização residual de interiores com inseticida e o uso de redes mosquiteiras, às quais é aplicado também inseticida. • A larva do mosquito se desenvolve em águas estagnadas, drenar essa água ou acrescentar- lhe substâncias que diminuem o seu desenvolvimento é uma técnica eficaz nalgumas regiões. • No entanto, não há qualquer evidência que os aparelhos eletrônicos repelentes de insetos através de ultrassons sejam minimamente eficazes. • a maior parte dos Plasmodium é resistente a um ou mais fármacos, pelo que geralmente é necessário recorrer a outros fármacos ou a combinações entre fármacos. Entre estes estão a mefloquina, doxiciclina (disponível em genéricos) ou a combinação de atovaquona e proguanil. • A combinação entre doxiciclina e a combinação atovaquona-proguanil é a que é melhor tolerada pelo organismo. • A mefloquina está associada a episódios de suicídio, morte e sintomas psiquiátricos. • Estão identificadas cerca de 200 espécies parasíticas de Plasmodium capazes de infetar aves, répteis e outros mamíferos, • e cerca de 30 espécies que infetam naturalmente outros primatas para além do ser humano. • A malária aviária afeta principalmente as espécies da ordem dos Passeriformes, e constitui uma ameaça significativa para as aves de arquipélagos como as Galápagos ou o Havai. • Sabe-se, por exemplo, que o parasita P. relictum desempenha um papel na limitação da distribuição e abundância das aves endémicas do Havai. • Prevê-se que o aquecimento global aumente a prevalência e distribuição mundial da malária aviária, à medida que a subida da temperatura proporciona condições ótimas para a reprodução do parasita. CONSIDERAÇÕES FINAIS FIM
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