Buscar

trafico de pessoas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

O que é o tráfico de pessoas?
O tráfico de pessoas é caracterizado pelo "recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração". Um número crescente de Estados vem ratificando a Convenção de Palermo e seus protocolos, entre eles os países na área de cobertura do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil.
Em 2013 no Brasil, 254 pessoas foram vítimas do crime de tráfico humano, em 18 estados do país. Os dados foram divulgados pela EBC- Agência Brasil, no dia 30/07/2015 e em seguida pelo Ministério da Justiça a partir de levantamento feito nas delegacias de Polícia Civil dos estados e constam no Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas. São Paulo e Minas Gerais tiveram o maior número de vítimas no ano de 2013. Foram registradas 184 vítimas em São Paulo e 29 em Minas Gerais.
Segundo o documento, em 2013 foram constatados, entre as unidades da Federação, registros de nove tipos de tráfico de pessoas ou crimes correlatos. Houve pelo menos um registro de entrega de filho ou pupilo (protegido ou afilhado), submissão de criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual e remoção de órgãos, tecidos, ou partes do corpo humano. 
Os tipos mais comuns foram o tráfico para fins de exploração sexual, que respondeu por 134 do total de 254 casos, somando-se os crimes de tráfico interno e internacional (52,8% das ocorrências) e o trabalho escravo, que respondeu por 111 das 254 ocorrências registradas (43,7% das ocorrências).
Além das informações das polícias estaduais, foram apresentados dados de diferentes instituições. Há entretanto, segundo o relatório, limitações sobre essas informações, dada a complexidade que envolve a identificação do crime de tráfico de pessoas, desde a construção de seu conceito até a diversidade de fatores que levam à grande falta de notificação do fenômeno pelas diferentes instituições.
“Entre esses fatores está o próprio desconhecimento que, muitas vezes, as vítimas têm sobre a condição e a falta de conhecimento tanto do cidadão comum quanto dos próprios agentes públicos encarregados de atuar sobre  essas situações, mas que desconhecem as características do fenômeno e acabam não tomando as medidas cabíveis relativas à prevenção e ao controle de ocorrências de tráfico de pessoas”, informa o relatório. 
Dados da Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores mostram que, em 2013, houve um total de 62 vítimas brasileiras no exterior. Dessas, 41 (66%) foram de tráfico para exploração sexual e 21 (34%), de trabalho escravo.
Outro dado importante apresentado no relatório foi da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República que registra aumento de denúncias recebidas sobre tráfico de pessoas de 2011 a 2013, de 26 para 218, e quadruplicado entre 2011 e 2012. O número total de vítimas em 2013, de acordo com as denúncias feitas à secretaria, foi 309, cerca de dez vezes maior que o número de 2011 (32), e o dobro do ano anterior (170).
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Decreto nº 5.948/2006) adota a expressão “tráfico de pessoas” conforme o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças, conhecido como Protocolo de Palermo, que a define como “o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos”.
Cabe um paradoxo histórico de que a evolução de uma sociedade não deve ter como reflexo as mazelas escravocratas, permitindo que retrocessos aos direitos humanos como o Tráfico de Pessoas, tornem se frutíferos tanto à nivel nacional como internacion anal corroendo a liberdade e dignidade do ser humano, como se fosse um objeto mercante sem autonomia e muitas vezes levado pela falsa esperança desses mercadores do crime.
De acordo com a Política Nacional, o consentimento dado pela vítima é irrelevante para a configuração do tráfico de pessoas (art. 7º, Decreto nº 5.948/2006).
O meio pelo qual o tráfico de pessoas é praticado fere por completo a dignidade humana e, muitas vezes, a própria integridade física da vítima, tornando-a extremamente vulnerável em decorrência de ameaças, uso da força, engano, rapto, abuso de autoridade, ou mesmo outras formas de coação.
Esse crime tem três elementos constitutivos:
1. Um ato
2. Os meios
3. A finalidade de exploração
Matriz dos Elementos do Crime de Tráfico de Pessoas
Ato
Recrutamento
Transporte
Transferência
Alojamento
Acolhimento
Meios
Ameaça
Uso da força
Outras formas de coação
Rapto
Fraude
Engano
Abuso de autoridade
Abuso de uma situação de vulnerabilidade
Entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra
Finalidade
Exploração da prostituição de outrem
Outras formas da exploração sexual
Exploração do trabalho
Serviços forçados
Escravidão ou situações análogas à escravidão
Servidão
Extração de órgãos
Adoção ilegal
Tráfico de Pessoas 
Portanto, cabe a cada Estado organizar as suas políticas de cooperação e conscientização da gravidade do tráfico internacional de seres humanos. Somente no Brasil, cerca de 100 mil pessoas são traficadas todo ano, sendo em sua maioria mulheres e crianças. Este quadro sofreu relevante queda nos últimos anos em decorrência dos mecanismos e instrumentos de prevenção originários principalmente de órgãos do Sistema ONU, tais como a OIT – Organização Internacional do Trabalho e a já citada UNODC.
As ações da política de enfrentamento devem viabilizar a formação de uma consciência crítica no indivíduo explorado de tal forma que o fortaleça social e politicamente para que entenda sua categoria de cidadão. Tal compreensão deverá contar com a participação não só dos setores burocráticos e do Estado, mas também da sociedade civil que entra com o papel de formular uma concepção emancipatória para fundamentar a direção política e cultural da sociedade, em relação à sexualidade, à economia e à política. Só assim os grupos sociais tidos como enfraquecidos serão vistos por si e pelos demais como sujeitos de direitos.
Fonte: UNODC (2010). Manual sobre la lucha contra la trata de personas para profesionales de la justicia penal.
EBC – Agência Brasil e Ministério da Justiça.

Outros materiais