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Síntese da introdução do Livro Economia Política de José Paulo Netto e Marcelo Braz

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Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA
 CSA311 - Teoria Social e Serviço Social I (1º período) 
Docente: Prof. André Mayer 
Discente: Izabela Fernandes Resende Matrícula: 17.1.3475
Resenha sobre a introdução do livro “Economia Política”, de José Paulo Netto e Marcelo Braz.
As teorias propostas acerca da vida social são frutos de pontos de vista defendidos por classes e pelos próprios grupos sociais, sendo impossível estabelecer relações neutras. A Economia Política aborda as questões ligadas fortemente aos interesses econômicos, portanto não possui caráter imparcial uma vez que representa interesses de grupos e classes sociais.
Embora os primeiros registros sejam na obra de Antoine Montcherétien (1575-1621), a Economia Política ela se firma como campo teórico em meados do século XIX e durante os séculos XVI e XVII se configura o nascimento da Economia Política Clássica. Nas obras de Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823), os maiores representantes da Economia Política Clássica, encontravam-se as suas duas principais características: para ambos os autores seu estudo iria além do caráter econômico, do trabalho, e do valor ao dinheiro, era preciso compreender o conjunto das questões sociais que começavam a vigorar com o declínio Antigo Regime. A Economia Política seria então o principal agente formador de uma teoria social. 
Por conseguinte, o importante era destacar que os principais autores trataram como sendo naturais as categorias e instituições (dinheiro, lucro, capital, propriedade privada, mercado, etc), uma vez que estas foram descobertas pela razão humana e permaneceriam sem variações em sua estrutura fundamental. Tal entendimento deve-se ao jusnaturalismo moderno, presença marcante no liberalismo clássico, principalmente representado por John Locke (1632-1704). Tais características só destacam ainda mais o caráter do uso da Economia Política como arma, de caráter ideológico, na luta entre burguesia revolucionária e os grandes latifundiários. 
Portanto, a Economia Política Clássica representava os anseios de uma burguesia que estava à frente das lutas sociais, conduzindo processo o que viria a derrotar o Antigo Regime. No entanto, os grandes representantes da Economia Política não partilhavam dos mesmos ideais burgueses, eles se mostravam objetivos, observando a problemática devido ao surgimento de uma nova ordem social. 
A crise da Economia Política clássica
Entre 1825/1830 e 1848, influenciada pelo Projeto da Modernidade e consequentemente, pela cultura ilustrada, desenvolve-se a crise e a fragmentação da Economia Política clássica. Enquanto no plano das ideias, vigora o lema liberdade, igualdade, fraternidade, e a emancipação humana, a sociedade burguesa buscava a emancipação somente política. Logo, havia o surgimento de uma classe social mais livre que a anterior, mas que ainda assim era limitada na emancipação humana. Esse limite, através da neutralização dos vestígios da cultura ilustrada, era necessário para manter e conservar o poder que agora se concentrava nas mãos da burguesia.
Em suma, as classes que antes estavam lutando junto à burguesia, se viram dominadas por ela e esse antagonismo entre burguesia conservadora e o proletariado revolucionário resultaram na Revolução de 1848. A burguesia entrou em decadência ideológica ao abandonar os saberes da cultura ilustrada, cultura essa que passou a ser arma de combate do proletariado. A marca da crise da Economia Política clássica é, portanto, o fato da burguesia assumir caráter conservador enquanto o proletariado assume caráter revolucionário. 
Da Economia Política clássica seriam extraídas as primeiras consequências socialistas, que iriam bater de frente com os interesses burgueses. A teoria clássica do valor-trabalho, por exemplo, ajudou a enfatizar o caráter explorador do capital (burguesia) sobre o trabalho (proletariado), e sua análise, foi possível porque a pesquisa foi feita a partir da produção de bens materiais e não de sua distribuição. 
Na segunda metade do século, com o fim a Economia Política clássica, surgiram duas novas vertentes, diferentes entre si. A primeira, de origem burguesa, recebeu o nome de Economia e a segunda, comandada principalmente por Marx e composta por demais pensadores aliados ao proletariado, foi batizada como Economia Política. 
A Economia, então, adequada à ordem burguesa, seria desvencilhada do seu caráter político social e se desenvolveria como disciplina científica e especializada, ficando responsável pela análise dos fenômenos da circulação e por evidenciar o estudo da distribuição de bens produzidos entre os responsáveis econômicos. Seu primeiro aparecimento mais completo se deu nas obras de William S. Jevons (1835-1882), Carl Menger (1840-1921) e Léon Walras (1834-1910).
Essa “ciência econômica” defendia que propriedade privada, salário, capital e etc seriam aspectos de uma sociedade “civilizada” e que mudanças nesse sistema prejudicariam fortemente a ordem social. Foram então abandonados elementos que poderiam servir como crítica ao regime burguês e essa “ciência” passou a ser objeto de manipulação, administração e legitimação usado pela burguesia. 
A crítica da Economia Política
Marx considerava que era necessário ter um conhecimento detalhado da realidade social para assim o proletariado conseguir êxito em suas lutas. Esse conhecimento seria adquirido a partir de uma teoria social que reproduzisse fielmente o objetivo da sociedade capitalista. Adjacente, à medida que o sucesso da ação revolucionária se ligava ao conhecimento da realidade social, o proletariado estaria então cada vez mais apto na elaboração de uma teoria social que fosse mesmo efetiva para a sociedade.
Em parceria com Friedrich Engels (1820-1895), então se estabelece ideia de que a sociedade burguesa tem caráter transitório e, por possuir em sua composição contradições e tendências, poderia ser substituída por uma nova forma de sociedade, a sociedade comunista, que seria um novo início marcado pela emancipação humana.
Marx inspirou-se na filosofia clássica alemã, nos pensadores utópicos e na Economia Política Clássica. Em sua obra O capital, ele faz uma crítica à Economia Política, focalizando as preparações culturais, científicas e intelectuais na análise do capital e na forma com que ele comanda a sociedade burguesa em suas relações diversas. 
Os estudos de Marx continuam válidos e a eles foram acrescentados estudos realizados por analistas do século XX, inspirados em sua obra, formando a chamada Economia Política marxista. Tal economia ainda conta com inúmeras polêmicas e conflitos, mas em suma, ela aborda as leis sociais e relações sociais que ocorrem no processo produtivo e na sua estrutura.

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