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Crimes Contra a Administração Pública

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Crimes Contra a Administração Pública
Prof.ª. Ana Rosa de Brito Medeiros
Prof.ª. Daiane Garcias Barreto
Crimes contra a administração pública
Tratados no Código Penal a partir do título XI, estão separados em crimes cometidos por funcionários e crimes cometidos por particulares contra a administração pública.
Os artigos 312 a 326 tratam dos crimes funcionais. 
Elemento para tal: Ser funcionário público. 
Crimes contra a administração pública
Funcionário público para os efeitos da lei:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.      (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Crimes contra a administração pública
Funcionário Público para a lei nº 8.666/93
Art. 84.  Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
§ 1o  Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, as demais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
Crimes contra a administração pública
Cargo público:
É o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixada em lei. 
Emprego público: 
São aqueles ocupados pelos empregados públicos, também selecionados mediante concurso público, os quais são regidos pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhista – e estão localizados na administração pública indireta, especialmente nas Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
Função pública: 
A atribuição ou conjunto de atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional ou individualmente a determinados servidores de serviços eventuais.
O Código Penal visa não proteger o estado em si, mas o funcionamento dos poderes (legislativo, executivo e judiciário).
Crimes contra a administração pública
PECULATO
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
      
  Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Objetividade Jurídica: Protege em primeiro lugar a Administração Pública, secundariamente, o patrimônio público ou particular. 
Objeto Material: dinheiro valor ou qualquer bem móvel público ou particular (desde que esteja sob a responsabilidade da administração pública).
Sujeito Ativo: funcionário público (crime próprio). 
Sujeito passivo: O estado, a administração pública, eventualmente o particular (quando o bem for particular).
Elemento subjetivo: dolo, intensão livre e consciente de apropriar-se e/ou desviar. 
Peculato Apropriação
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Conduta: Apropriar	 	fazer sua, coisa de outra pessoa.
Pressuposto: posse em razão do cargo		posse lícita.
Consumação: no momento em que passa a se comportar como dono.
Tentativa é possível. 
Peculato Desvio
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Conduta: desviar= alterar o destino.
Pressuposto: posse em razão do cargo- posse lícita
Consumação: quando ocorre o desvio.
Tentativa é possível.
Peculato Furto
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato impróprio.
Não tem a posse	
aproveita da facilidade de ser funcionário público para subtrair ou concorrer.
Conduta: Subtrair (tirar, desapossar) ou Concorrer (para 3º subtrair). 
Pressuposto: valer-se da qualidade de funcionário público.
Consumação: no momento em que tem a posse tranquila da coisa
Tentativa é possível. 
Caput
Peculato apropriação 			Posse em razão do cargo 
Peculato desvio			
Parágrafo 1º 
Peculato furto 
Não tem a posse, mas aproveita-se do cargo para subtrair ou concorrer.
CORRUPÇÃO PASSIVA E CORRUPÇÃO ATIVA
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
SOLICITAR
RECEBER
ACEITAR PROMESSA
Para si ou para outrem
Vantagem indevida 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela
Objetividade Jurídica: Administração Pública
Objeto material: vantagem indevida.
Sujeito Ativo: Funcionário Público.
Sujeito Passivo: Estado e em segundo plano a entidade física ou jurídica prejudicada.
Consumação: consiste em solicitar (pedir) ou receber (aceitar) vantagem indevida em razão da função, ou aceitar promessa de tal vantagem, porém a ação deve, necessariamente, relacionar-se com o exercício da função pública que o agente exerce ou que virá exercer (se ainda não a tiver assumido), já que é próprio da corrupção que a vantagem seja solicitada, recebida ou aceita em troca de um ato de ofício.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
OFERECER
PROMETER
vantagem indevida a funcionário público
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício
CORRUPÇÃO PASSIVA
CORRUPÇÃO ATIVA
Bem Jurídico Protegido
Administração Pública, especialmente sua moralidade e probidade.
Administração Pública, especialmente sua moralidade e probidade.
Sujeito Ativo e Passivo
Ativo: Funcionário público
Passivo:Administração Pública
Ativo: qualquer pessoa
Passivo:Administração Pública
Tipo Objetivo
Solicitar, receber ou aceitar vantagem indevida
Oferecer ou prometer vantagem indevida
TipoSubjetivo
Dolo
Dolo
Consumação e Tentativa
Consuma-se com a solicitação de vantagem. Não é, em regra admissível a tentativa nas modalidades de “solicitar” ou “aceitar”
Consuma-se
com o efetivo conhecimento do funcionário do oferecimento ou promessa de vantagem.
A tentativa é admissível na hipótese de oferta escrita.
Ação Penal e Pena
Reclusão, de dois a doze anos e multa. A figura majorada prevê a mesma pena aumentada em um terço, e a privilegiada detenção de três meses a um ano ou multa. A ação penal é pública incondicionada.
Reclusão, de dois a doze anos e multa. A figura majorada prevê a mesma pena aumentada em um terço. A ação penal é pública incondicionada.
Lei n. 12.846/2013
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
Introdução
Esta lei é fruto do Projeto de Lei n. 6.826/2010, que recebeu o apelido de Lei Anticorrupçã ou Lei da Empresa Limpa. 
A corrupção, de acordo com Marcio Tomaz Bastos, é um atentado ao patrimônio público, com desvio de recursos para a realização de finalidades escusas, e em desvio da lei. É uma degradação dos costumes sociais. 
O Brasil foi signatário de 3 convenções internacionais assumindo o compromisso de estabelecer formas de combate a corrupção: 
1) Convenção Sobre o Combate a Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (ratificada no Brasil por meio do Decreto n. 3.678/2000); 
2) Convenção Interamericana Contra a Corrupção (ratificada pelo Decreto n. 4.410/2002; 
3) Convenção das Nações Unidas Contra Corrupção (ratificada pelo Decreto n. 5.687/2006). 
Introdução
Apesar das lacunas jurídicas, o combate a corrupção não é novidade no nosso ordenamento jurídico: 
Lei de Improbidade Administrativa- Lei n. 8.429/92
Lei de Licitações – Lei n. 8.666/93
Lei de Lavagem de Dinheiro- Lei n. 9.613/98, modificada pela lei 12.683/12
Lei do Processo Administrativo Federal – lei n. 9.784/99
Lei de Responsabilidade Fiscal – lei Complementar n. 101/00
Lei Sobre o Sigilo de Operações financeiras – Lei complementar n. 105/00
Lei da Ficha Limpa- Lei complementar n. 135/10
Lei Antitruste – Lei n. 12.529/11 
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente.
Art. 5o  Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.
Responsabilidade Administrativa
Art. 6o  Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
Responsabilidade Judicial
Art. 18.  Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na esfera judicial.
Art. 19.  Em razão da prática de atos previstos no art. 5o desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 1o  A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando comprovado:
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.

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