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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 1 CAPÍTULO 03 – ENERGIA ELÉTRICA E ENERGIA MAGNÉTICA 3.1 – A Lei de Conservação da Energia Pode-se dizer que a grandeza física energia está relacionada ao poder de transformação do mundo físico pelos corpos materiais em movimento. Deduz-se na Mecânica a expressão que permite quantificar esse poder transformador dos corpos materiais em movimento. Faz-se isso utilizando a 2a lei de Newton e a definição do trabalho �� da força resultante ���· O teorema do trabalho-energia estabelece que a integral da força resultante ��� ao longo da trajetória do corpo material de massa M que parte do ponto inicial Pi e se desloca até o ponto final Pf, no espaço da vizinhança do corpo material de referência, fornece a variação da energia cinética KE∆ do corpo material de massa M devido à ação das forças iF → que atuam sobre ele: KR EW ∆= ; ∫∫ == →→ f i R C RR drFrdFW θcos. ; 22 2 1 2 1 ifK MvMvE −=∆ ; 22 2 1 2 1 . if C R MvMvrdF −=∫ →→ . Pelo teorema do trabalho-energia pode-se calcular KE∆ do corpo material de massa M medindo-se a sua quantidade de massa M e as velocidades �� no ponto inicial e fv no ponto final. Outro procedimento PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 2 consiste em calcular o trabalho �� de RF → na trajetória seguida pelo corpo material entre Pi e Pf. A força resultante RF → é a soma das forças que atuam sobre o corpo material de massa M devido à interação dele com os outros corpos materiais localizados no espaço da vizinhança do corpo material de referência: ∑ = →→→→→ =+++= N i iNR FFFFF 1 21 ....... . As forças de interação iF → são classificadas em dois tipos: as forças conservativas e as forças não-conservativas. Quando a força de interação é conservativa tem-se 0=∆ kE para uma trajetória fechada, ou seja, quando o ponto final da trajetória é o mesmo ponto inicial: Pi = Pf. Pode-se, então, utilizar a definição do trabalho da força iF → sobre o corpo material de massa M para classificá-la como conservativa ou não-conservativa: ∫ ⇒= →→ C i rdF 0. a força iF → é conservativa; ∫ ⇒≠ →→ C i rdF 0. a força iF → é não conservativa. A conseqüência imediata da classificação das forças em forças conservativas e não conservativas, utilizando as expressões acima para o trabalho na trajetória fechada, é a independência do cálculo do trabalho �� com a trajetória para as forças conservativas. Ou seja, o trabalho da força conservativa → F atuando sobre o corpo material de massa M é o mesmo qualquer que seja a trajetória entre os pontos Pi e Pf. Em geral, as forças conservativas ou são forças constantes ou forças que dependem apenas da PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 3 posição ( ( )rFF ii →→ = ). Nesse caso, define-se a variação da energia potencial associada à força conservativa iF → como segue abaixo: ii WU −=∆ ; 00 <∆⇒> ii UW ; 00 >∆⇒< ii UW . Se uma única força iF → atua sobre o corpo material de massa M e o trabalho da força iF → é positivo, ou seja, é positiva a variação de energia cinética KE∆ do corpo material de massa M é positiva a variação da energia potencial iU∆ do corpo material associada com a força é negativa: 00 <∆⇒>∆ iK UE . Na situação oposta, de variação negativa de energia cinética, ocorre a variação positiva de energia potencial 00 >∆⇒<∆ iK UE . Assim é possível interpretar a energia potencial como o “armazenamento” da energia cinética do corpo material provocado pela mudança de posição devido à ação da força conservativa iF → . Aplicando a classificação de forças conservativas e não-conservativas ao teorema do trabalho-energia pode-se obter a formulação conhecida como lei de conservação da energia: ∑∑ +∆−=∆ j j nc i iK WUE ; Variação de energia potencial devido à ação da força conservativa iF → : iU∆ ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 4 Trabalho da força não conservativa jF → : jncW . Pode-se obter a lei de conservação da energia aplicada a uma carga elétrica q que se desloca na região do espaço preenchido por linhas do campo vetorial elétrico → E e do campo vetorial magnético → B calculando o trabalho da força de Lorentz para campos estáticos, ou seja, campos vetoriais estáticos que não dependem explicitamente do tempo: � � � ���� e � � � ���� : →→→→→→ ×+=+= BvqEqFFF MeLorentz ; →→→→ ∫ ×+= rdBvqEqWR . ; Lei de conservação da energia elétrica e magnética: →→→→→ ∫∫ ×+=∆ rdBvqrdEqE CC K .. . 3.2 – A Energia Potencial Elétrica e a Energia Magnética dos Campos Vetoriais Estáticos: � � � ��� � � � � � ��� � O cálculo da primeira integral no lado direito da lei de conservação da energia elétrica e magnética fornece resultado nulo quando o caminho percorrido pela carga elétrica q é fechado na região do espaço onde o campo vetorial elétrico � � varia somente com o vetor posição ��. Essa situação é mostrada na Fig. 1. Diz-se, então, que o campo vetorial elétrico � � é um campo de força conservativa. Verifica-se facilmente que o campo elétrico é conservativo medindo-se os módulos das velocidades de partida iv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 5 e chegada fv da carga elétrica q em movimento de trajetória fechada. O resultado é sempre if vv = . Pode-se chegar à mesma conclusão calculando- se o trabalho do campo vetorial elétrico � � no caminho fechado: Figura 1 – Trajetória fechada percorrida por uma carga elétrica q na região do espaço do corpo material de referência onde existe o campo elétrico que depende apenas do vetor posição ��: � � � ���� . ∫ →→ =∆ C K rdEqE . ; 0.0 =⇒=∆ ∫ →→ C K rdEqE ; 0. =∫ →→ C rdE (campo vetorial elétrico é conservativo). Fala-se, portanto, que a primeira integral do lado direito na lei de conservação da energia elétrica e magnética é o negativo da variação da energia potencial elétrica � da carga elétrica q, quando ela se desloca de um PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 6 ponto a outro na região do espaço preenchida com as linhas do campo vetorial elétrico → E . Ou seja, para a carga elétrica q percorrendo uma trajetória que não é fechada entre dois pontos Pi e Pf tem-se: UrdEq C ∆−=∫ →→ . ; ∫ →→ −=−=∆ C if rdEqUUU . ; Uf = energia potencial elétrica de q no ponto Pf ; Ui = energia potencial elétrica de q no ponto Pi. A obtenção de U∆ para os campos vetoriais elétricos gerados por cargas elétricas puntiformes e por corpos materiais com carregamento elétrico será o objeto de estudo da secção 3.4. A segunda integral no lado direito da igualdade da lei de conservação da energia elétrica e magnética para a carga elétrica q é o trabalho da força magnética MF → . Independente da trajetória da carga elétrica q ser aberta ou fechada, o resultado da integral é sempre nulo, uma vez que a força magnética MF → é sempre perpendicular ao plano que contém os vetores → v e → B . Portanto, a força magnética MF → é perpendicular ao elemento de comprimento → rd da trajetória da carga elétrica q. Mostra-se essa situaçãona Fig. 2. Assim, tem-se para o trabalho da força magnética: 0=∆ KE ; 0. 1 = ×= ∫ →→→ C magnético rdBvqW ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 7 0 2 = ×= →→→ ∫ rdBvqW C magnético Figura 2 - Diferentes trajetórias C1 e C2 percorridas pela carga elétrica q no espaço da vizinhança do corpo material de referência preenchido por linhas do campo vetorial magnético → B . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 8 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Deve-se ressaltar que embora seja nulo o trabalho da força magnética → MF , 0=magnéticaW , ela contribui para a variação do momento linear, →→ = vMp , da carga elétrica q na trajetória fechada. Aplicando-se a 2a lei de Newton pode-se obter o ppp →→→ −=∆ : dt pdF R → → = ; →→→→ ×+= BvqEqF R ; →→→→→→ = ×+→= pddtBvqEqpddtF R ; dtBvqEqpd tp p o ∫∫ ×+= →→→→ → → 0 ; dtBvqEqpp o ∫ ×++= →→→→→ . 3.3 – A Energia Magnética UM do Campo Vetorial Magnético � � Variando com o Tempo t: � � � ��� Uma vez que é nulo o trabalho �� da força magnética MF → , não há contribuição para a variação da energia cinética ∆�� da carga elétrica q que PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 9 se desloca no espaço preenchido por linhas do campo vetorial magnético → B estático. Assim, a energia magnética MU da carga elétrica q é nula nessa situação. Verifica-se uma exceção para a afirmação anterior: quando a carga elétrica q percorre uma trajetória fechada, por exemplo, a trajetória C2 na Fig. 2, e variar com o tempo o campo vetorial magnético: � � � ��� . Nesse caso, o fluxo magnético das linhas de campo do campo vetorial magnético que cruzam a área envolvida pela trajetória variam com o tempo t: ( )tmm φφ = . A conseqüência do deslocamento das linhas de � ��� é a variação na energia cinética da carga elétrica q, ou seja, 0≠∆ KE . A variação da energia cinética KE∆ é proporcional à taxa de variação do fluxo magnético das linhas do campo vetorial magnético ( )tB→ : dt dNEK −∝∆ ; ∫ →→ == S M SdBN .φ ; Unidades de Mφ no sistema SI: [ ] [ ][ ] == SBMφ 1 T.m2; −=∆ dt d qE MK φ ; Condição 1 : se 00 <∆⇒> KM Edt dφ ; Condição 2: se 00 >∆⇒< KM Edt dφ . Deduz-se das relações anteriores que o aumento no fluxo das linhas de campo que cruzam a trajetória da carga elétrica q devido ao deslocamento do campo vetorial magnético ( )tB→ leva a perda de sua energia cinética (condição 1). Em vista disso, deve-se considerar que houve a geração de um campo vetorial de força sobre a trajetória fechada C2 que desacelera a carga elétrica q. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 10 Quando há o decréscimo no fluxo das linhas de campo magnético que cruzam a trajetória de q, ocorre um aumento de sua energia cinética (condição 2). Ou seja, nesse caso o campo vetorial de força acelera a carga elétrica q. Então, o campo vetorial de força tem o sentido oposto ao da situação anterior (condição 1). Utilizando o teorema do trabalho-energia, pode-se reescrever a expressão para a energia magnética: −=∆= dt d qEU MKM φ ; dt d q U MM φε −== . A expressão acima é conhecida como a regra do fluxo. Para ilustrar a aplicação dessa regra imagine o fio condutor retilíneo, de comprimento L, sobre a direção z de um sistema de eixos cartesianos escolhidos sobre um ponto do corpo material de referência. O fio condutor retilíneo conduz a corrente elétrica I no sentido positivo do eixo z. Veja a representação esquemática na Fig. 3. (a) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 11 (b) Figura 3 – (a) Representação das linhas de campo do campo vetorial magnético � � gerado por um fio condutor retilíneo na direção z. (b) Anel condutor de raio � � � no espaço da vizinhança do fio conduto retilíneo ao longo da direção z que conduz uma corrente elétrica I no sentido positivo do eixo (para cima). Quando o anel condutor de raio R envolve o fio (anel C1), como mostrado na Fig. 3(a), tem-se 0=Mφ , uma vez que as linhas do campo magnético → B , gerado pela corrente I, são tangenciais ao anel. Se Mφ é nulo, não ocorre a variação da energia cinética das cargas do anel. Para o semicírculo condutor que tem o seu plano paralelo ao plano yz, como mostrado na Fig. 3(b), o fluxo magnético Mφ é dado por: ∫∫ == →→ SS M dSBSdB θφ cos.. ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 12 dydzdS = ; y IB o pi µ 2 = ; piθ = ; 2 22 2 =+ Lyz ; 2 2 2 yLz − ±= ; 2 2 1 2 yLz − −= ; 2 2 2 2 yLz − = pi pi µ pi pi µφ δδ cos 2 cos 2 2 1 2 1 22 dy y Idzdydz y I z z L o z z L o M ∫ ∫∫ ∫ = = ; dy y yLI L o M ∫ − −= 2 2 2 2 2 2 δ pi µ φ ; dy y yL I L o M ∫ − −= 2 2 2 2 δpi µφ ; ξξξ dLdysenLy cos 22 =→= ; ; 22 1 11 =⇒= − L sen L sen δξδξ 2 1 22 piξξ =⇒=sen ξξ ξ ξ pi µφ pi ξ dL sen L senLIo M cos2 2 2 12 2 1 ∫ − −= ; ξξ ξ pi µφ pi ξ d sen ILo M ∫−= 2 2 1 cos 2 ; ξξ ξξξξξ ξξξ ξ pi ξ pi ξ pi ξ pi ξ d sen send sen d sen send sen ∫∫∫∫ −= − ==Α 2 222 22 2 1111 11cos ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 13 ( ) 2222 11 11 coscotseccosln1 pi ξ pi ξ pi ξ pi ξ ξξξξξξξ +−=−= ∫∫ dsendsenA ( )11 cos2ln ξ ξ −=A ( ) ILIL ooM −−=Α−= 11 cos2 ln 22 ξξ pi µ pi µφ ( ) −= 1 1 cos 2 ln 2 ξξ pi µ L M o MIM −=φ ; M = indutância mútua Com o fluxo magnético deduzido acima, pode-se obter a energia magnética da carga Q em movimento no semicírculo: −= dt dQU MM φ ; ( ) ( ) dt dIMQ dt MIdQU M = − −= ; Quando I é constante: 00 =⇒= MUdt dI . Conclui-se, portanto, que o fio condutor conduzindo a corrente elétrica I gera a energia magnética MU , ou seja, as linhas do campo vetorial magnético → B que preenchem o espaço da vizinhança do fio alteram a energia cinética da carga Q em movimento no semicírculo, apenas quando I variar com o tempo: I = I(t). Nesse caso, escreve-se a potência magnética como: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTODE FÍSICA E QUÍMICA 14 −= dt ddQdU MM φ dt dt ddQ dt dU P M M M − == φ ; dt dQIQ = ; −= dt dIP QM φ ; Fala-se em potência magnética da carga Q apenas quando ela percorre várias vezes a trajetória fechada. Para finalizar a secção 3.3, uma questão importante: qual é o vetor força que executa o trabalho magnético �� ∆�� sobre a carga elétrica Q sendo, portanto, a causa da regra do fluxo? Discute-se no capítulo sobre a lei de Faraday o fenômeno físico relacionado com essa questão. 3.4 – Cálculos da Diferença de Potencial Elétrico Definiu-se na secção 3.2 a variação da energia potencial elétrica da carga elétrica q em uma região do espaço preenchida com as linhas do campo vetorial elétrico → E . Pode-se obter U∆ da seguinte integral: →→ ∫−=−=∆ rdEqUUU f i if . ; Reescrevendo-se essa expressão para U∆ em termos da nova grandeza física, a diferença de potencial elétrico (ddp) V∆ tem-se: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 15 VqrdEqqU f i ∆= −=∆ →→ ∫ . ; →→ ∫−=−=∆ rdEqVVV f i if . ; ∫−=∆ f i EdrV θcos . Quando a carga elétrica q percorre a mesma trajetória entre os pontos i e f várias vezes, a variação de sua energia potencial elétrica com o tempo fornece a potência elétrica da carga q devido ao campo vetorial elétrico → E : ( ) ( ) V t q t qV t U ∆ ∆ = ∆ ∆ = ∆ ∆ ; τ qIq = ; ( ) t UPe ∆ ∆ = ; VIP qe ∆= Unidades de eP no sistema SI: [ ] Wwatt s JPe 111 === . Unidades de V∆ no sistema SI: [ ] [ ][ ] VvoltC J q UV 11 ===∆=∆ . Apresentam-se nessa secção os cálculos da ddp V∆ (também chamada de tensão elétrica V entre dois pontos) quando a carga elétrica q se desloca na região do espaço preenchida por linhas do campo vetorial elétrico → E gerado por distribuições de cargas puntiformes e por corpos materiais com carregamento elétrico. Faz-se o mesmo para alguns dispositivos utilizados nas aplicações em circuitos elétricos e eletrônicos. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 16 DISTRIBUIÇÕES DE CARGAS PUNTIFORMES Suponha uma única carga puntiforme Q que permanece em algum ponto do espaço da vizinhança de um corpo material de referência neutro. O próprio corpo material de referência neutro, ou outro corpo material sobre ele, é tomado como paralelepípedo cartesiano e utilizado para definir os eixos cartesianos x, y e z. Utilizam-se, então, os eixos cartesianos x, y e z para localizar o ponto do espaço onde se encontra a carga Q. Mede-se, também, r , a distância de qualquer ponto do espaço a partir da carga Q. A Terra é o corpo material que é tomado freqüentemente como corpo material de referência neutro na maioria das aplicações. Viu-se no Capítulo 2 que o campo vetorial elétrico no espaço da vizinhança de qualquer carga Q é dado por: r r QKE ˆ2= → . O vetor unitário rˆ está na direção radial a partir da carga Q até um ponto qualquer do espaço da vizinhança da mesma: 1 1 ˆ →→ →→ − − = RR RR r ; Vetor posição de localização da carga elétrica Q no sistema xyz: 1 → R . Vetor posição do ponto do espaço na vizinhança de Q em xyz: → R . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 17 Mostram-se na Fig. 4, as linhas de campo de → E gerado pela carga elétrica puntiforme Q e a trajetória ao longo de uma linha de campo. Uma vez que o campo vetorial elétrico → E é conservativo, a ddp V∆ entre os pontos Pi e Pf é a mesma qualquer que seja a trajetória. Portanto, por simplicidade de cálculo, escolhe-se a trajetória sobre a linha de campo. Figura 4 − Trajetória sobre uma linha de campo elétrico para obter a ddp V∆ . Com a trajetória mostrada na Fig. 4, calcula-se facilmente a integral de → E : ∫∫ −=−=∆ →→ f i r r f i EdrrdEV θcos. ; 0ˆ;ˆ2 =⇒== →→ θrdrrdr r QKE ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 18 f i f i f i r r r r r r r KQ r drKQdr r QKV 10cos 22 =−=−=∆ ∫∫ ; −=−=∆ if if rr KQVVV 11 . Costuma-se tomar a ddp V∆ entre um ponto qualquer rrf = do espaço da vizinhança de Q e um ponto ir de potencial estável do corpo material de referencia neutro. Se o referencial elétrico é um ponto da Terra, 0=iV para esse ponto. Caso a distância desse ponto de referência ir seja algumas ordens de grandeza maior que r , pode-se chamar simplesmente de tensão elétrica V à diferença de potencial entre os dois pontos: 0=iV ; +∞→ir ; ( ) ( ) r f r f r QKrVQK r QKrV =⇒ ∞+ −=− 0 ; Em geral: ( ) r QKrV = . Quando várias cargas puntiformes Qis ocupam os pontos de uma mesma região do espaço nas vizinhanças do corpo material de referencia, como mostrado na Fig. 5, a tensão elétrica ( )rV de um ponto do espaço na vizinhança da distribuição de três cargas puntiformes, por exemplo, deve-se ao campo elétrico resultante 321 →→→→ ++= EEEE R . O valor de ( )rV é obtido da soma dos potenciais individuais no ponto de cada uma das cargas que compõem a distribuição: ( ) ( ) ( ) ( )332211 rVrVrVrV ++= ; 3 3 2 2 1 1)( r QK r QK r QKrV ++= PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 19 ( ) ∑ = = 3 1i i i r QKrV . Figura 5 − Distribuição de três cargas elétricas puntiformes no plano yz. Se N cargas elétricas puntiformes compõem a distribuição, a tensão elétrica do ponto, devido ao campo elétrico resultante RE → no espaço da vizinhança da distribuição de cargas e a energia potencial elétrica de uma carga puntiforme q no ponto são dados por: ( ) ∑ = = N i i i r QKrV 1 ; ( ) ( ) ∑ = == N i i i r QKqrqVrU 1 . Também, pode-se obter para a distribuição de cargas puntiformes sua energia potencial elétrica própria. Essa energia é obtida somando a energia potencial elétrica de cada uma das cargas puntiformes que compõem a distribuição: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 20 = ∑∑ − == 1 12 N i ij i N j jãoDistribuiç r QKQU ; ...... 23 2 13 1 3 12 1 2 + ++ = r QK r QKQ r QKQU ãoDistribuiç . POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA EM ELETRODOS E ISOLADORES ELÉTRICOS COM CARREGAMENTO ELÉTRICO Quando se tem corpos materiais com carregamento elétrico, como os eletrodos metálicos e os isoladores elétricos, as expressões de soma discreta obtidas anteriormente para a tensão elétrica ( )rV e para a energia potencial elétrica ( )rU levam às seguintes integrais: ( ) ∫= ' r dQKrV ; ( ) ∫= r dQKqrU ; ∫= VdQU ãoDistribuiç ; Corpo material com distribuição volumétrica de carga: dVdQ ρ= ; Corpo material com distribuição superficial de carga: dSdQ σ= ; Corpo material com distribuição linear de carga: dLdQ λ= . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTODE FÍSICA E QUÍMICA 21 EXEMPLO 1 − FOLHA CONDUTORA COM CARREGAMENTO ELÉTRICO DE DENSIDADE SUPERFICIAL CONSTANTE σ . Para a folha condutora plana mostrada na Fig. 6, a tensão elétrica V entre a folha e um ponto qualquer do espaço da sua vizinhança é obtida por integração direta do campo vetorial elétrico → E gerado pela folha. Figura 6 − Linhas do campo vetorial elétrico → E preenche o espaço da vizinhança da folha condutora plana. As linhas do campo são geradas pelo carregamento elétrico da folha. O campo vetorial elétrico → E da folha condutora plana mostrada na Fig. 6 é uniforme e constante e dado por: kKkE o ˆ2ˆ 2 σpi ε σ == → , para z > 0 (acima da folha); ( ) ( )kKkE o ˆ2ˆ 2 −=−= → σpi ε σ , para z < 0 (abaixo da folha); PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 22 Acima da folha: ( ) ( ) ∫∫∫ −=−=−=−= 000 220cos0 zzz dzKdzKEdzzVVV σpiσpi ; ( ) ( ) zKzVVV σpi20 =−= ; Abaixo da folha: ( ) ( ) ∫∫∫ −−− −=−=−=−−= 000 220cos0 zzz dzKdzKEdzzVVV σpiσpi ( ) ( ) ( )zKzVVV −=−−= σpi20 ; Em geral pode-se escrever: ( ) ( ) ( ) zKzVVzV σpi20 =−= . Se o carregamento elétrico produziu uma distribuição de carga negativa, então o resultado anterior altera-se para: ( ) ( ) zKzVVV σpi20 −=−= . EXEMPLO 2 − CAPACITOR DE PLACAS PLANAS PARALELAS Duas folhas condutoras planas paralelas com carregamento elétrico de densidades de carga σ+ e σ− constituem o dispositivo chamado de capacitor de placas paralelas. Para o cálculo da tensão elétrica V considere as folhas planas paralelas ao plano xy, uma em z = 0 e a outra em z = + d, conforme mostrado na Fig. 7. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 23 Figura 7 – Capacitor de placas planas paralelas no plano xy. A tensão elétrica V entre as folhas e um ponto qualquer do espaço da sua vizinhança, obtida no Exemplo 1, será utilizada para calcular a tensão elétrica V entre as folhas condutoras do capacitor de placas paralelas. Tensão elétrica da folha condutora com densidade de carga σ+ : ( ) zKzV σpi2=+ ; No ponto z = + d: ( ) dKdV σpi2=+ ; Tensão elétrica da folha condutora com densidade de carga σ− : ( ) dzKzV −−=− σpi2 ; No ponto z = 0: ( ) dKV −−=− σpi20 ; Tensão elétrica V do capacitor de placas paralelas: ( ) ( ) [ ]dKdKVdVV σpiσpi 220 −−=−= −+ ; σ ε σ piε piσpi = == oo dddKV 4 144 ; A Q =σ ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 24 Q A dV o = ε . A expressão anterior relaciona o módulo da carga Q distribuída sobre as folhas planas condutoras com a tensão elétrica V . Em geral, o carregamento elétrico das folhas é produzido por uma bateria de tensão elétrica V entre os seus eletrodos. Então, comparando esse resultado com a relação fundamental CVQ = , válida para qualquer capacitor, deduz-se a capacitância do capacitor de placas planas paralelas: d AC oε= . A energia potencial elétrica do capacitor de placas planas paralelas é obtida por integração: ( )∫= VdQU ãoDistribuiç ; CdVdQC dV dQCVQ =→=→= ; ( ) ∫∫ == V V ãoDistribuiç o VdVCVCdVU ; 22 2 1 2 1 oãoDistribuiç CVCVU −= ; Uma vez que →= C QV 22 2 1 2 1 oãoDistribuiç QCQCU −= . EXEMPLO 3 − CONDUTOR CILÍNDRICO COM CARREGAMENTO ELÉTRICO NAS EXTREMIDADES (POLARIZADO NAS EXTREMIDADES). Considere o condutor cilíndrico de secção reta circular com área A, mostrado na Fig. 8. Quando as extremidades do condutor adquirem carregamento elétrico, devido ao contato com os pólos de uma bateria, por exemplo, a polarização das extremidades do condutor gera o campo vetorial PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 25 elétrico → E uniforme e constante no seu interior. Ou seja, as linhas do campo vetorial elétrico preenchendo o interior do condutor são paralelas e igualmente espaçadas. Figura 8 – Mostra-se as linhas do campo vetorial elétrico → E no interior do condutor cilíndrico polarizado nas extremidades. Calcula-se facilmente para o condutor cilíndrico mostrado na Fig. 8 a tensão elétrica V entre dois pontos ao longo do condutor. Para os pontos Pi e Pf ao longo de uma linha do campo vetorial elétrico, ou seja, sobre a direção x, a tensão elétrica V é dada por: ∫∫ −=−=∆ →→ f iC EdrrdEV θcos. ; 0ˆ;ˆ =⇒== →→ θidxrdiEE ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 26 ( )if x x x x x x xxEdxEEdxEdxV f i f i f i −−=−=−=−= ∫∫∫ 0cos ; Tomando xf =0 (ponto sobre o pólo positivo do fio condutor) e xi = L, a expressão anterior simplifica-se para: ( ) ELVLEV =∆→−−= 0 . Ou seja, tem-se a relação linear entre a tensão elétrica V e o comprimento do condutor. Na Fig. 9 mostra-se o gráfico de VxL para o condutor polarizado nas extremidades por uma bateria. Observe que a inclinação desse gráfico é o módulo do campo vetorial elétrico dentro do condutor metálico gerado pela polarização das suas extremidades. Figura 9 − Gráfico VxL cuja reta tem inclinação igual a E , o módulo do campo vetorial elétrico → E . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 27 EXEMPLO 4 − CONDUTOR CILÍNDRICO COMPRIDO (L >> R1) COM CARREGAMENTO ELÉTRICO DE DENSIDADE LINEAR λ SOBRE A SUA SUPERFÍCIE. O campo vetorial elétrico → E gerado no espaço da vizinhança (r > R1) de um condutor cilíndrico com carregamento elétrico de densidade de carga elétrica λ+ sobre a sua superfície é semelhante ao de um fio comprido. O campo vetorial elétrico gerado por um fio comprido foi deduzido no Capítulo 2 e é dado por: ra r KE ˆ2 λ= → ; A tensão elétrica V entre um ponto sobre a superfície do condutor cilíndrico mostrado na Fig. 10 e outro ponto do espaço da sua vizinhança é obtida por integração de → E ao longo de uma linha de campo. Figura 10 − Condutor cilíndrico ao longo da direção z com carregamento elétrico de densidade linear λ+ . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 28 ra r KE ˆ2 λ= → ; radrrd ˆ= → ; 0=θ ; ∫∫ =−= →→ f i C EdrrdEV θcos. ; 111 ln220cos2 R r R r R r rK r drKdr r KV λλλ −=−= −= ∫∫ ; ( ) −=−−= r R KrRKV 11 ln2lnln2 λλ ; = 1 ln2 R rKV λ . Quando o condutor cilíndrico de raio R1 é envolvido por outro condutor cilíndrico oco de raio R2, onde R2 > R1, carregado com densidade de carga elétrica −λ, o arranjo é conhecido como capacitor cilíndrico. Mostra-se esse dispositivo na Fig. 11. Figura 11 − Capacitor constituído de dois cilindros concêntricos de raios R1 e R2, sendo R2 > R1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 29 A tensão elétrica V entre o cilindro interno e o cilindro externo, localizado em 2Rr = , é obtida utilizando a expressão deduzida acima: 2Rr = ; L Q =λ ; = = 1 2 1 2 ln2ln2 R R L QK R RkV λ ; V R R K LQ = 1 2ln2 . O carregamento elétrico dos cilindros condutores com Q+ e −Q faz- se utilizando uma bateria cuja tensão entre os eletrodos (+) e (−) é igual a V Comparando a relação entre Q e V obtida acima com a relação fundamental CVQ = , deduz-se a capacitância do capacitor cilíndrico de comprimento L: = 1 2ln2 R RK LC . EXEMPLO 5 − ANEL ISOLANTE DE RAIO R COM CARREGAMENTO ELÉTRICO DE DENSIDADE LINEAR DE CARGA +λ. Nos exemplos de 1 até 4, calculou-se a tensão elétrica V por integração direta do campo vetorial elétrico → E . Em muitos casos pode-se calcular a tensão elétrica V partindo do resultado obtido para as cargas puntiformes. Imagina-se que o volume elementar dV em torno de cada ponto PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 30 do corpo material com carregamento elétrico contenha a carga dQ. Portanto, o potencial de um ponto no espaço da vizinhança de um corpo material, no qual se produziu o carregamento elétrico, é obtido executando a seguinte integral: ( ) ∫= r dQKrV . Considere o anel isolante de raio R com distribuição de carga de densidade linear λ+ , que tem o seu plano paralelo ao plano xy. Esse anel é mostrado na Fig. 12. Figura 12 −Anel isolante com carregamento elétrico de densidade linear de carga λ+ . O potencial elétrico do ponto z é obtido por integração sobre todas as cargas elementares dQ da distribuição: ( )φλλ RddLdQ == ; 22 Rzr += ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 31 ( ) ∫∫ ∫ + = + == pipi φλφλ 2 0 22 2 0 22 d Rz RK Rz RdK r dQKzV ; ( ) ( ) 22 2 Rz RKzV + = piλ ; R Q pi λ 2 = ; ( ) ( ) 22 2 2 Rz R R QKzV + = pi pi ; ( ) 22 Rz QKzV + = ; Q = Carga total do anel. 3.5 – O Campo Vetorial Elétrico � � Obtido Derivando V(r) Pode-se obter por diferenciação da tensão elétrica ( )rV o campo vetorial elétrico → E no espaço da vizinhança do corpo material no qual se produziu o carregamento elétrico. Deriva-se a expressão calculada de ( )rV ou, eventualmente, a expressão empírica de ( )rV , deduzida a partir das medidas da tensão elétrica ( )rV utilizando um voltímetro. Observe que a derivada do potencial ( )rV , que é uma função escalar, tem como resultado o vetor → E . Assim, diz-se que o campo vetorial elétrico → E é o gradiente de ( )rV : ( ) ∫= r dQKrV ; ( )rVE →→ ∇−= ; ( )rV z k y j x iE z k y j x i ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ −=⇒ ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ =∇ →→ ˆˆˆˆˆˆ ; z Vk y Vj x ViE ∂ ∂ − ∂ ∂ − ∂ ∂ −= → ˆˆˆ . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 32 Para o Exemplo 5 da secção anterior, encontra-se o campo vetorial elétrico → E aplicando o gradiente de ( )zV : ( ) ( ) 2122 22 − += + = RzKQ Rz QKzV ; 0= ∂ ∂ = ∂ ∂ y V x V ; ( ) ( ) ( )zRzKQ z RzKQ z V 2 2 1 2 3 222 1 22 − − + −= ∂ +∂ = ∂ ∂ ; ( ) ( ) ( )2322 2 3 22 Rz KQz zRzKQ z V + −=+−= ∂ ∂ − ; ( )322 Rz KQz z V + −= ∂ ∂ . ( ) ( ) ( ) + −−−−= → 322 ˆ0ˆ0ˆ Rz KQzkjiE ; ( ) kRz KQzE ˆ 322 + = → . 3.6 – Cálculos da Energia Magnética A presente secção será dedicada ao estudo do trabalho do campo vetorial de origem magnética responsável pela energia magnética da carga q se deslocando na região do espaço preenchida com linhas de campo do campo vetorial magnético � ��� . Limitar-nos-emos a calcular a energia magnética de q no espaço da vizinhança de condutores em equilíbrio eletrostático ( 0=→E fora condutor) que conduzem a corrente elétrica ��� . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 33 EXEMPLO 1 − FIO CONDUTOR RETILÍNEO COMPRIDO CONDUZINDO A CORRENTE ELÉTRICA ( ) tsenItI ω0= . Suponha o fio condutor retilíneo na direção z conduzindo a corrente elétrica ( ) tsenItI oz ω= , conforme mostrado na Fig. 14. A carga elétrica q desloca-se na trajetória de raio R que está a uma pequena distância δ do fio retilíneo. Figura 14 − Fio condutor retilíneo conduzindo uma corrente elétrica que varia com o tempo. O campo magnético ( )tB→ é mostrado no plano yz. Utiliza-se a expressão deduzida na secção 3.3 para se obter a energia magnética da carga q na trajetória mostrada na Fig. 14: −= dt d qU MM φ ; ∫ →→ = S M SdB .φ . O fluxo magnético das linhas do campo → B é obtido calculando a integral de superfície de → B : PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 34 ;ˆ 2 r o a r I B pi µ = → iar ˆˆ −= ; yr = ; idzdySd ˆ= → ; ( ) ( ) dydz y Idzdy y I RyRRR o RyRR R o M −=−= ∫∫∫ ∫ −−+−−+ 2222 0 2 0 2 22 δδ pi µ pi µφ ; ( ) ( ) dyRyR y Idy y IRdyRyRR y I R o R o R o M −−−−= −−+−= ∫∫∫ 22 22 22 2 222 δδδ pi µ pi µ pi µφ ( )( )dyRRyyR y I y IR R oRo M 222 2 2 2 2 ln 2 +−−−−= ∫ δ δ pi µ pi µφ ; ( ) dy y RIRIRdyRyy y IRIR R oo R oo M +−−−=+−−−= ∫∫ 21 2 2ln 2 2 2 2ln 2 2 2 2 δδ pi µ δpi µ pi µ δpi µφ ξξξξξ dsentg Rdy y R 2 3 2 sec 42 sec −=→= δξ R2 sec 11 − = ; 0 2 2 sec 12 == − R Rξ ( ) ξξξξξpiµδpiµφ ξ dsentgRIRIR ooM 232 0 sec 41sec 2 2ln 2 1 −−−−= ∫ ( ) ξξ pi µ δpi µφ ξ dRRsenIRIR ooM 4 0 4 2 2ln 2 1 ∫+−= ; ( ) +−+−= 11 1 8 12 2 3 2 42ln 2 ξξξ pi µ δpi µφ sensenRIRIR ooM ; ( ) Isensen RRR oo M +−−−= 11 1 8 12 2 3 2 42ln 2 ξξξ pi µ δpi µφ ( ) +−−= 11 1 8 12 2 3 2 42ln 2 ξξξ pi µ δpi µ sensen RRRM oo MIM −=φ PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 35 Quando a trajetória da carga q está muito próxima do fio, 0→δ , o fluxo magnético Mφ é dado por: =→ δpi µ RRMIndutância o 2ln 2 ; ( ) tsenIRRIRRt ooom ωδpi µ δpi µφ −= −= 2ln 2 2ln 2 ( ) tsenMIMIt om ωφ −=−= . Lembre-se que o fluxo magnético negativo significa que as linhas do campo vetorial magnético → B estão penetrando na área da superfície S envolvida pela trajetória de q. Ou seja, o ângulo entre o vetor elemento de área → Sd e o campo vetorial magnético → B tem o valor de pi . Derivando-se em relação ao tempo o fluxo magnético obtido acima, deduz-se a energia magnética da carga q: −=−= 2 cos pi ωωωω φ tsenIMtIM dt d oo M ; −−= 2 pi ωω tsenIqMU oM ; A energia magnética MU por unidade de carga elétrica q fornece o trabalho do campo vetorial � ��� que acelera a carga elétrica q: RERdEldE q U EMEMEM m piφpi 2. 2 0 === ∫∫ →→ ; −−= 2 2 piωωpi tsenIMRE oEM ; −−= 22 pi ω pi ω tsenI R ME oEM ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 36 Mostram-se, na Fig. 15, os esboços dos gráficos de Ixt , de xtMφ e de xtU M . Qualquer valor instantâneo no gráfico de xtUM dá a energia magnética para a carga executando uma volta completa na trajetória mostrada na Fig. 14. No intervalo de tempo de 0=t até ω pi 2 =t , a energia magnética da carga q é nula. Ou seja, KE∆ é zero. No intervalo de tempo de ω pi 2 =t até ω pi =t , a energia magnética é negativa, passando por um mínimo em ω pi =t . Portanto, a variação de energia cinética KE∆ de uma volta completa é negativa e a carga perde energia cinética. Ou seja, a carga q é desacelerada pela força EMF → nesse intervalo de tempo, com a velocidade fv menor do que a velocidade iv . Lembre-se de que ∫ →→ =∆= ldEqEU EMKM . . Portanto, sendo negativo o trabalho da força EMF → , a força tem sentido oposto ao sentido de deslocamento da carga q. Assim, se a carga q gira no sentido anti-horário, o sentido de EME → é sentido horário, que satisfaz a condição de trabalho negativo: dlEdlEldE EMEMEM −== →→ picos. . No intervalo de tempo de ω pi =t até ω pi 2 3 =t , a energia magnética torna-se menos negativa, aproximando-se de zero em ω pi 2 3 =t . A força de empuxo magnético EMF → acelera a carga. No intervalo de tempo de ω pi 2 3 =t até ω pi2 =t a energia magnética é positiva, 0>MU , o que significa que a carga q continua a ser acelerada por EMF → , ganhando energia cinética. Então, o ciclo se repete. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 37 Figura 15 − Gráficos de Ixt , xtMφ e xtU M para uma carga q em trajetória fechada no espaço da vizinhança de um fio retilíneo que conduz a corrente elétrica tsenII o ω= . Se a carga q estiver inicialmente em repouso, ela assim permanece desde 0=t até ω pi 2 3 =t . Após a corrente elétrica no fio atingir o valor nulo, 0= ω piI , ela muda de sentido e passa a ter valores negativos. No instante ω pi 2 3 =t , a corrente elétrica tem o seu máximo negativo. A partir desse instante de tempo, a carga q, inicialmente em repouso, passa a ganhar energia cinética ( 0>MU ) até ω pi2 =t . Veja no gráfico da Fig. 16. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 38 Figura 16 − Gráficos de Ixt , xtMφ e xtU M para uma carga q, inicialmente em repouso, no espaço da vizinhança de um fio retilíneo que conduz uma corrente tsenII o ω= . Deduziu-se acima o campo vetorial EME → ao longo da trajetória da carga q. A intensidade desse campo varia com o tempo de acordo com a expressão: −−= 22 pi ω pi ω tsenI R ME oEM ; O campo vetorial EME → é não nulo a partir do instante de tempo ω pi 2 =t , quando então assume valores negativos e crescentes. Sua intensidade EME passa por um máximo negativo no instante de tempo ω pi =t . Assume a partir desse instante de tempo, valores negativos decrescentes até se anular em ω pi 2 3 =t , quando então assume valores positivos crescentes. Verificou-se, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 39 através da análise dos gráficos da Fig. 15, que a partir do instante de tempo ω pi 2 =t , a força EMF → realiza trabalho negativo, ou seja, desacelera a carga. Assim, se a carga q girar no sentido anti-horário, o campo EME → estará no sentido horário. Entre os instantes ω pi =t e ω pi2 =t o sentido de EME → é o mesmo do movimento da carga, ou seja, o sentido anti-horário. A partir desse instante de tempo, o ciclo se repete, ou seja: (i) quando a corrente elétrica está no sentido de z positivo (fluxo magnético 0<mφ ), a taxa de variação da intensidade de EME → é negativa ( 0< dt dEEM ); (ii) quando a corrente elétrica está no sentido negativo do eixo z, a taxa de variação da intensidade de EME → é positiva ( 0> dt dEEM ). Veja na Fig. 17 essas duas condições. Figura 17 − Gráficos de Ixt e de xtEEM . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 40 É interessante observar que se a condição inicial de repouso para a carga q é satisfeita, ela passa a ganhar energia cinética, girando no sentido anti-horário, quando EME → está no sentido anti-horário, a partir do instante de tempo ω pi 2 3 =t . Quando a corrente elétrica fluindo no sentido negativo do eixo z começa a diminuir, ocorre o decréscimo do fluxo magnético positivo na área da trajetória da carga q. Entretanto, o movimento da carga q gera um campo magnético próprio através da área de sua trajetória, o campo magnético qB → . O fluxo magnético positivo das linhas desse campo qB → , ou fluxo magnético próprio, Sφ , através da área da trajetória da carga q tende a compensar a queda no fluxo magnético Mφ das linhas de campo de → B gerado pela corrente elétrica I. Pode-se resumir na seguinte regra a condição para a circulação de uma carga q, inicialmente em repouso, quando varia com o tempo o fluxo das linhas do campo magnético → B : “O sentido de circulação da carga q é tal que tende a restabelecer o fluxo magnético original de → B através da trajetória fechada da carga q.” Essa regra é conhecida como lei de Lenz. Como se conclui do parágrafo acima, a lei de Lenz se baseia na lei de conservação da energia. Suponha não haver carga q em movimento na trajetória fechada da Fig. 15. Ainda assim, teríamos o campo vetorial EME → , na trajetória circular mostrada. A carga q é a carga de prova, ou seja, é o instrumento de medida utilizado para se ter acesso ao fenômeno físico. Nesse caso, diz-se que a variação com o tempo do fluxo das linhas do campo EME → , ( )tee φφ = , no PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 41 plano que é perpendicular ao plano da trajetória fechada, ou seja, o plano xy, por exemplo, para a trajetória mostrada na Fig. 14, gera o campo magnético qB → . Veja na Fig. 18 as linhas de qB → . Figura 18 − Linhas do campo magnético próprio qB → gerado pela carga q. EXEMPLO 2 − BOBINA CIRCULAR DE RAIO R COM UM ENROLAMENTO DE N ESPIRAS DE COMPRIMENTO L. Obteve-se no Exemplo 1, o fluxo magnético das linhas do campo magnético → B gerado por um fio retilíneo através da área da trajetória de uma carga puntiforme q com movimento no plano yz no espaço da vizinhança do fio retilíneo: MIM −=φ ; = δpi µ RRM o 2ln 2 . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA42 Denomina-se a grandeza M de indutância mútua entre fio retilíneo e carga q em movimento circular. Se a invés do par fio retilíneo/ carga q em movimento circular de raio R, tem-se uma corrente elétrica ( ) tsenItI o ω= percorrendo uma espira circular de raio R, o fluxo das linhas do campo magnético → B , gerado pela corrente elétrica que percorre a espira, através da área da espira pode ser escrito como: ILSMM =φ . A grandeza SML é chamada de auto-indutância da espira por estar relacionada com o fluxo magnético do campo magnético gerado pela corrente elétrica da própria espira. As unidades das grandezas físicas M e L , no sistema de medidas SI, são os henries (1 H), obtidos da relação funcional entre mφ e I : [ ] [ ][ ] HA mN A m mA N A mT I L mSM 1 .1 . . 1 .1 2 2 2 == === φ . A bobina de comprimento L da Fig. 19, constituída de N espiras circulares de raio R, gera o campo vetorial magnético → B uniforme no seu interior. Esse campo magnético da bobina é dado por: knIB o ˆµ= → ; L N n = . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 43 Figura 19 − Bobina circular de raio R com o eixo de simetria na direção z. O fluxo magnético Mφ das linhas de campo de → B é dado por: ( )( ) ( )∫∫ ∫ === →→ kkdSnNIkdSknINSdBN ooM ˆ.ˆˆ.ˆ. µµφ ; 1ˆ.ˆ =kk ; nNISdSnNI ooM µµφ == ∫ ; 2RS pi= ; ( )IRnNRnNI ooM 22 piµpiµφ == ; 2RnNL oSM piµ= ; ILSMM =φ . A potência e a energia magnética da bobina são obtidas utilizando a lei de Faraday: ( ) dt dIL dt ILd dt d SM SMM −=−=−= φ ε . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 44 ( ) ( ) dt ILd dt ILd dt ILd I dt dIILIP SM SMSM SMM − =−=−=−== 2 2 2 1 2 1 ε 2 2 1 ILU SMM −= ; dt dUP MM = . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 45 3a Lista de Exercícios 1 − Um próton se move na direção y e tem vetor velocidade jxv ˆ105 6= → m/s. Ele, então, penetra em uma região do espaço preenchido com linhas dos campos elétrico e magnético distribuídas uniformemente e constantes no tempo. Sabendo que esses campos são dados por jE ˆ100−= → V/m e kB ˆ5,0−= → T, encontre: (a) A força de Lorentz LorentzF → sobre o próton. (b) O módulo da força de Lorentz, LorentzF . (c) O vetor aceleração →a do próton. Dados: →→→→ ×+= BvqEqF Lorentz ; →→ = aMF R ; carga do próton: 1910602,1 −= xe C; massa do próton: 271067,1 −= xM p kg. 2 −Três cargas elétricas puntiformes de valores Q1 = + 2µC, Q2 = + 4µC e Q3 = + 4µC estão localizadas no plano yz nos pontos (0,0,4), (0,2,0) e (0,-2,0), respectivamente. Calcular: (a) O potencial elétrico devido ao campo elétrico resultante RE r no ponto (0,0,0). (b) A energia potencial elétrica de uma carga q = 10 µC colocada no ponto (0,0,0). (c) A energia potencial elétrica da distribuição de cargas. Dados: ( ) ∑ = = 3 1i i i r QKrV ; ( ) ∑ = = 3 1i i i r QKqrU ; ∑∑ − == 1 12 N i ij i N j j r QKQ , com N = 3. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 46 3 − Um corpo material de massa M com carregamento elétrico + Q, gera no espaço um campo vetorial elétrico ( ) iRx QxKE ˆ 2 3 22 + = → . Encontrar a tensão elétrica ( ) ( )xVVV −= 0 sobre o eixo dos x devido a esse campo vetorial elétrico. Dados: ( ) ( ) ∫∫ −=−=−=∆ →→ f i x xC if EdxrdExVxVV θcos. ; idxrd ˆ= → . Resposta: ( ) ( ) + −=−= 22 110 RxR QxVVV . 4 − O campo vetorial elétrico sobre o eixo dos x gerado por uma pequena barra isolante de comprimento L = 20 cm com carregamento elétrico Q = + 10 µC é dado por: ( ) jLyy QKE ˆ − = → . Uma das extremidades da barra está em y = 0 e a outra em y = L, conforme mostrado na Fig. 20. Qual é a variação de energia potencial elétrica de uma carga q = 3 nC ao se deslocar desde y = 60 cm até y = 40 cm? Dados: ( ) ( ) ∫−=−=−=∆ 4,06,0 cos6,04,0 θEdrqUUUUU if ; jdyrd ˆ= r . Resposta: U(0,4) – U(0,6) = 3,887x10-4 J. Figura 20 − Barra isolante com carregamento elétrico + Q. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 47 5 − O capacitor de placas paralelas com A = 0,25 m2 de área de cada uma das placas condutoras planas tem separação entre as placas igual a d = 10 µm. A tensão elétrica do capacitor varia de 5 V até 25 V. (a) Calcular o aumento na energia potencial elétrica do capacitor. (b) Calcular a carga elétrica armazenada no capacitor ao fim do processo de carregamento elétrico. Dados: C Q C QCVCVU oo 222 1 2 1 2222 −=−= ; Respostas: (a) U = 6,63x10-5 J; Q = 5,469x10-6 C. 6 − Um capacitor cilíndrico tem como condutor central um fio de 1,5 mm2 de área e como condutor externo um cilindro oco de raio R2 = 1 mm. Deseja-se obter a capacitância C = 9 nF com o arranjo. Encontre o comprimento do capacitor cilíndrico. Dados: 1 2ln2 R RK LC = . Resposta: L = 59,88 m. 7 − Mostram-se na Fig. 21 duas cargas puntiformes + Q e − Q sobre o eixo dos z, separadas de d = 1 mm. O arranjo de cargas elétricas puntiformes da Fig. 24 constitui o que se chama de dipolo elétrico. A tensão elétrica sobre o eixo dos z é dada por ( ) 2 2 2 − = d z QdKzV , para os pontos da região do espaço próxima do dipolo ( dr ≈ ), ou por ( ) 2z QdKzV = , quando z >>d. Calcule o campo vetorial elétrico sobre o eixo z para as duas situações. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 48 Dados: z Vk y Vj x ViVE ∂ ∂ − ∂ ∂ − ∂ ∂ −=∇−= →→ ˆˆˆ . Respostas: (a) 22 2 2 2ˆ − = → d z KQdzkE ; (b) 32ˆ z KQdzkE = → Figura 21 − Dipolo elétrico com o seu eixo ao longo da direção z. 8 − A tensão de operação de uma lâmpada de incandescência é de 12 V. As linhas do campo magnético → B na região do espaço próxima da lâmpada de incandescência provocam uma variação de fluxo magnético na malha que liga os dois eletrodos da lâmpada dada por ktm −=φ . (a) Encontre o valor de k para fazer a lâmpada operar na tensão nominal. (b) Sabendo que a potência da lâmpada é de 3 W, encontre a corrente elétrica que circula na malha. Dados: dt d Mφε −= ; IPM ε= . Respostas: (a) k = 12; (b) I = 0,25 A. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 49 9 − O lado móvel da espira retangular mostrada na Fig. 22 se move com vetor velocidade de módulo v = 10 m/s. (a) Encontre a tensão induzida ε na malha se B = 0,03 T. (b) Sabendo que a resistência elétrica da malha é R = 0,02 Ω, calcular a corrente elétrica induzida na malha. (c) Encontre a potência magnética PM. Dados: IPPRIBLv EM εεε ==== ;; . Respostas: (a) ε = 0,015 V; (b) I = 0,75 A; (c) PM = 1,125x10-2 W. Figura 22 − Malha retangular de lados L e C, numa região de campo magnético uniforme e constante, com o lado C se deslocando com uma velocidade v. 10 − A metade inferior da área da espira circular da Fig. 23 é atravessada porlinhas do campo vetorial magnético uniforme e variando com o tempo dado por ( ) ( )ittB ˆ005,002,0 2+−=→ . Calcule: (a) o fluxo magnético Mφ através da área da espira circular. (b) A tensão induzida ε e o sentido de circulação da corrente elétrica induzida I. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 50 Dados: dt dRSBS MM φ εpiφ −==−= ;; 2 Respostas: (a) φM = - 7,854x10-5 – 1,964x10-5t2; (b) ε = 3,927x10-5t. A corrente elétrica circula no sentido anti-horário de modo a se opor ao crescimento do módulo do campo vetorial magnético. Figura 23 – A espira circular mostrada encontra-se no campo vetorial magnético ( )tB→ . 11 − A bobina de raio R = 5 cm tem enrolamento com N = 400 espiras e comprimento L = 0,5 m. A bobina é ligada a uma tensão elétrica de CA ( )tV , de valor eficaz V = 12 V. Através da bobina circula a corrente eficaz I = 20 mA. Encontre: (a) A auto-indutância magnética SML da bobina. (b) A energia magnética eficaz MU da bobina. (c) A potência magnética MP da bobina, considerando ser de 50 Ω a resistência elétrica R do enrolamento. Dados: nNAL oSM µ= ; L N n = ; 2 2 1 ILU SMM = ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA 51 ( ) 222222 MME PRIPPVIP +=+== ; IPM ε= ; dt d Mφε −= . Respostas: (a) 3,158x10-3 H; (b) 6,316x10-7 J; (c) PM = 0,1939 W. 12 − Duas bobinas coaxiais de raios R1 = 2 cm e R2 = 3 cm e número de espiras N1 = 400 e N2 = 1600, respectivamente, são mostradas na Fig. 24. Suponha L1 = L2 = 20 cm. Encontre: (a) A auto-indutância smL da bobina interna. (b) A indutância mútua 12M das bobinas. Dados: 2 2 211212 1 1111 ;;; L N nANnM L N nANnL ooSM ==== µµ . Respostas: (a) LSM = 1,263x10-3 H; (b) M12 = 5,05x10-3 H. Figura 24 – O transformador de bobinas coaxiais mostrado possui o enrolamento externo de raio R2 e o enrolamento interno de raio R1.
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