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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Processo nº ... CLÁUDIA, brasileira, casada, profissão, portadora do RG ... e CPF..., residente e domiciliada em Rio de Janeiro/RJ, vem por seu advogado, na AÇÃO DE COBRANÇA, pelo rito comum, proposto por HOSPITAL CUIDAMOS DE VOCÊ LTDA., já qualificado, oferecer: CONTESTAÇÃO Pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 1) DAS PRELIMINARES 1.1) DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA Neste caso há incompetência absoluta do juízo porque em razão das partes e da matéria a ação é de competência da Vara Cível e não na Vara da Fazenda Pública como fora proposta, com base nos artigos 301, inciso II, 91 e 113 todos do Código de Processo Civil, os autos devem ser remetidos à vara competente, qual seja Vara Civil. 2) DO MÉRITO 2.1) DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO No presente caso, o autor já recebeu a quantia pertinente ao serviço prestado que foi todo foi custeado pelo Plano de Saúde Minha Vida, conveniado ao hospital. Desta forma, inexiste débito por parte da ré. 2.2) DA PRÁTICA ILEGAL O art. 156 do Código Civil (CC) versa sobre o estado de perigo, que ocorre quando alguém premido pela necessidade de salvar a pessoa de sua família de grave dano assume obrigação excessivamente onerosa. O autor que era conhecedor do fato, exigiu que a ré emitisse cheque-caução no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), como garantia de pagamento dos serviços Sobre a matéria a doutrina: “Não há como não se reconhecer a ocorrência deste vício no ato de garantia (prestação de fiança ou emissão de cambial) prestado pelo indivíduo que pretendia internar, em caráter de urgência, um parente seu ou amigo próximo em determinada unidade de terapia intensiva, e se vê diante da condição imposta pela diretoria do hospital, no sentido de que o atendimento emergencial só é possível após a constituição imediata de garantia cambial ou fidejussória.” (GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Curso de Direito Civil - Volume 1 - Parte Geral Ed. Saraiva, 2011, vol. 1, p. 407) A resolução 44 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) editou a seguinte Resolução: RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 44, DE 24 DE JULHO DE 2003 Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço. Neste sentido, a jurisprudência: APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA PARA INTERNAÇÃO. HOSPITAL CONVENIADO. PACIENTE MENOR. ESTADO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE CHEQUE CAUÇÃO.ILEGALIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO. Os hospitais não podem exigir cheques caução para condicionar o atendimento de doentes em situações de risco. A lei é clara ao limitar a hipótese de inexigibilidade da caução para os casos de emergência e urgência, inclusive esclarece tais casos como sendo aqueles em que se verifica estado de sofrimento intenso e/ou risco de vida. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC. (TJ-RJ - APL: 00064008020018190037 RIO DE JANEIRO NOVA FRIBURGO 2 VARA CIVEL, Relator: JOAQUIM DOMINGOS DE ALMEIDA NETO, Data de Julgamento: 09/09/2014, VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR, Data de Publicação: 15/09/2014) Com isso, restou-se configurado o vício “Estado de Perigo”, conforme o artigo do CC, tornando o negócio jurídico realizado entre as partes passível de anulação. 3) DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a. Requer a remessa dos autos ao juízo competente; b. No mérito, requer a improcedência do pedido autoral com base nas razões já expostas; c. A condenação do autor ao ônus de sucumbência conforme art. 82, §2º do CPC. 4) DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em na amplitude do artigo 369 do CPC, em especial documental. Pede deferimento. DATA ___________________ Advogado OAB/UF
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