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1. FDC AULAS DE RC.2012

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 FDC.
 
 
 
 
CALENDÁRIO DE PROVAS DO UNICURITIBA
Disciplina: Responsabilidade Civil.
Prof. Dr. Clayton Reis.
CALENDÁRIO DE PROVAS - 1º SEMESTRE DE 2013.
De acordo com o calendário acadêmico 2013 da UNICURITIBA.
	
PERÍODO
	
TURNO
	
1ª PROVA BIMESTRAL
	
2ª PROVA BIMESTRAL
	
1ª/2ª CHAMADA
	
EXAME FINAL
	
RC. 9A
RC. 6 B
	
Manhã
	
16.04.13
16.04.13
 
	
11.06.13
11.06.13
	
25.06.13
25.06.13
	
02.07.13
02.07.13
	
RC. 9D
RC. 9C
RC. 9F 
	
Noite
	
16.04.13
16.04.13
17.04.13
	
11.06.13
11.06.13
12.06.13
	
25.06.13
25.06.13
26.06.13 
	
02.07.13
02.07.13
03.07.13
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: As provas bimestrais envolverão questões objetivas + interpretação de jurisprudência relativa ao tema de responsabilidade civil e + trabalho de interpretação crítica de texto de leitura disponibilizado aos acadêmicoas, cujos valores serão respectivamente de 5,00 (cinco), 2,00 (dois) e 3,0 (três), respectivamente. As provas correspondentes à segunda chamada e exame final serão exclusivamente subjetivas, contendo cinco questões dissertativas, sendo que a cada uma será atribuído valor igual a 2,00 (dois) pontos. As provas marcadas serão realizadas nos horários das disciplinas nas salas em que são ministradas as aulas e em conformidade com o CALENDÁRIO ACADÊMICO de 2012 da UNICURITIBA, salvo alteração a critério dos órgãos colegiados da Instituição, oportunidade em que os acadêmicos serão devidamente cientificados.
claytonreis2003@yahoo.com.br
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA DE RESPONSABILIDADE CIVIL.
	
Unidade: FACULDADE DE DIREITO.
	
Curso: Direito
	
Período: 9º 
	
Semestre 1º
	
Ano letivo: 2013
	
Turno: Manhã/Noite
	
Disciplina: RESPONSABILIDADE CIVIL
	
Carga horária teórica: 36
	
Carga horária prática: 36
	
Carga horária total: 36
	
Professor (a): CLAYTON REIS
EMENTA.
Fundamentos e pressupostos da Responsabilidade Civil. Responsabilidade Civil da pessoa. A teoria da culpa subjetiva, presumida e subjetiva. A responsabilidade civil pelo fato próprio ou de outrem. Os novos comandos da responsabilidade civil da pessoa diante do Código Civil de 2002. A responsabilidade civil da pessoa e o Código de Defesa do Consumidor. O abuso de direito no ambiente social. A teoria da guarda e a responsabilidade do possuidor. A responsabilidade civil da pessoa decorrente de danos causados ao meio ambiente. Os danos e sua indenização decorrentes da prática de atos lesivos. 
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Propiciar ao mestrando o conhecimento a respeito dos fundamentos da responsabilidade civil por ato próprio da pessoa por ação ou omissão e abuso de direito. Destaca os novos conceitos alusivos à teoria da responsabilidade civil contida da pessoa na perspectiva do Código Civil de 2002. O estudo deverá abranger com destaque, as questões alusivas aos direitos da personalidade em face dos comandos contidos no Código Civil de 2002. Serão abordadas as questões alusivas à responsabilidade civil por ato ou fato de terceiro – teoria da guarda – bem como, pelo fato da coisa. O estudo deverá assinalar os principais aspectos legais a respeito do tema, bem como, a evolução doutrinária, legislativa e jurisprudencial sobre a responsabilidade da pessoa diante do impacto ambiental e, em face do Código de Defesa do Consumidor. Serão igualmente abordados os novos parâmetros e discussões alusivas à reparação dos danos patrimoniais e extrapatrimoniais. 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
6.1.Fundamentos da Responsabilidade Civil – conceitos e história; 6.2. Pressupostos da Responsabilidade Civil – dano, culpa e nexo de causalidade; 6.3. Responsabilidade civil das pessoas por ato próprio – fundamentos da culpa subjetiva, presumida e objetiva; 6.4. A Teoria do Risco e sua evolução; 6.5.Dever de segurança com relação às pessoas e coisas; 6.6.A clausula de não indenizar e seus efeitos; 6.7. A exclusão da responsabilidade civil da pessoa em face do estado de necessidade, exercício regular de direito e, culpa exclusiva da vítima; 6.8. A Teoria do abuso de direito; 6.9.Os direitos da personalidade e a valorização da pessoa no plano jurídico e social; 6.10. A pessoa como idéia de valor – novas perspectivas mundiais; 6.11.A Responsabilidade Civil da pessoa por fatos próprios ou de terceiros, por fato de animais ou por fato de coisas; 6.12.A Responsabilidade Civil da pessoa em face do Código de Defesa do Consumidor; 6.13.Os danos morais oriundos da prática de atos lesivos pela pessoa; 6.14. A liquidação dos danos; 6.15. Responsabilidade Penal e Civil – art. 936 do CCB; 6.16.A posição dos Tribunais em face dos processos indenizatórios movidos contra a pessoa; 6.17. Palestra sobre ASSEDIO MORAL E INFECÇÃO HOSPITALAR e a responsabilidade conseqüente.
METODOLOGIA DE ENSINO
 Questionamentos em sala de aula – exposição de casos concretos;
AULAS EXPOSITIVAS, a ser ministradas pelo professor, através de módulos didáticos seqüenciais Power Point), mediante a exposição de conteúdos práticos e, o estímulo à discussão de temas atuais e controvertidos;
RECURSOS. Nas aulas didáticas serão utilizados recursos visuais (Power-point – data show) e análises de casos concretos, com a finalidade de conduzir os alunos a escolher procedimentos e soluções.
	
AVALIAÇÃO
	Formas e critérios de avaliação
Prova objetiva, contendo 10 questões de caráter reflexivo com quatro alternativas, valendo 5,00 pontos, uma questão consistente em RELATORIO DE LEITURA, em face de texto jurídico entregue aos alunos antes da prova, valendo 3,00 pontos e interpretação de Jurisprudência valendo 2,00 pontos..
	
Data das avaliações conforme programação anexa
 
DIAS LETIVOS:
05 .02.13 – AULA
19.02.13 – AULA
14.08.13 – AULA
26.02.13 – AULA
05.02.13 – AULA
12.03.13 – AULA
19.03.13 – AULA
26.03.13 – AULA
02.04.13 – AULA
09.04.23 – AULA
16.04.13 – VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM.
23.04.13 – AULA
30.04.13 – AULA
07.05.13 – AULA
14.05.13 – AULA
21.05.13 – AULA
28.05.13 – AULA
04.06.13 – AULA
11.06.13. – VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM
26.06.13 – PRIMEIRA/SEGUNDA CHAMADA.
02.07.13 – EXAME FINAL
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil, volume VII, São Paulo, Editora Saraiva, 2010.
CAVALIEIRI FILHO, Sérgio, Programa de Responsabilidade Civil, 7ª. Edição, São Paulo, Editora Atlas, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 10ª edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2007.
RIZZARDO, Arnaldo, Responsabilidade Civil, 3ª edição, Rio de Janeira, Editora Forense, 2007.
DIAS, José de Aguiar, Da Responsabilidade Civil, XI Edição, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2006. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ANDRADE, André Gustavo Corrêa de, Dano Moral e Indenização Punitiva, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2005.
BITTAR, Carlos Alberto, Reparação Civil por Dano Moral, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 1993.
BUARQUE, Sidney Hartung, Da Demanda por Dano Moral na Inexecução das Obrigações, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2005.
CAHALI, Yussef Said, Dano Moral, 3ª Edição, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 2005.
CARNEIRO, Maria Francisca, Avaliação do Dano Moral e Discurso Jurídico, Porto Alegre/Rio Grande do Sul, 1998.
CASILLO, João, Dano à Pessoa e sua Indenização, 2ª Edição, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 1994.
CAVALIERI FILHO, Sérgio, Programa de Responsabilidade Civil, São Paulo/SP, Editora Atlas, 2007. 
CHAVES, Antônio, Tratado de Direito Civil –Responsabilidade Civil, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 1985.
CÓDIGO de Hamurabi – Código de Manu – Lei das XII Tábuas, 1ª Edição, Bauru/São Paulo, EDIPRO – Edições Profissionais Ltda., 1994.
DIAS, José de Aguiar, Da Responsabilidade Civil, XI edição, São Paulo, Editora Renovar, 2007.
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil 21ª edição, São Paulo/SP, Editora Saraiva, 2007.
DIREITO/CAVALIERI FILHO, Carlos Alberto Menezes e Sérgio, Comentários ao Novo Código Civil – Da Responsabilidade Civil. Das Preferências e Privilégios Creditórios, vol. XIII, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2004.
FISCHER, Hans Albrecht, A reparação dos Danos no Direito Civil, São Paulo/SP, Saraiva Editores, 1938.
GAGLIANO/PAMPLONA FILHO, Pablo Stolze e Rodolfo, Novo Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil, vol. III, São Paulo/SP, Editora Saraiva, 2004.
GOMES, José Jairo, Responsabilidade Civil e Eticidade, Belo Horizonte, Editora Del Rey, 2005.
GIOSTRI, Hildegard Taggesell, Erro Médico À Luz da Jurisprudência Comentada, 2ª. Edição, Curitiba, Editora Juruá, 2005.
GIOSTRI, Hildegard Taggesell, Responsabilidade Médica – As obrigações de meio e de resultado: avaliação, uso e adequação, Curitiba, Editora Juruá, 2004.
GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 5ª Edição, São Paulo/SP, Editora Saraiva, 2003.
KFOURI NETO, Miguel, Responsabilidade Civil do Médico, 5ª. edição, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2003.
KFOURI NETO, Miguel, Culpa Médica e Ônus da Prova, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2002.
LISBOA, Roberto Senise, Manual de Direito Civil, Obrigações e Responsabilidade Civil, 4ª. edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2009.
MORAES, Maria Celina Bodin de, Danos à Pessoa Humana – Uma leitura Civil-Constitucional dos Danos Morais, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2003.
NUNES/ CALDEIRA, Luiz Antônio Rizzatto, Mirella D’Angelo, Dano Moral e sua Interpretação Jurisprudencial, São Paulo/SP, Editora Saraiva, 1999.
OLIVEIRA, Marcius Geraldo Porto de, Dano Moral Proteção Jurídica da Consciência, Leme/SP, LED- Editora de Direito Ltda, 1999.
OLTRAMARI, Vitor Ugo, O dano Moral na Ruptura da Sociedade Conjugal, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2005.
PEREIRA, Caio Mário da Silva, Contratos - Responsabilidade Civil, vol. III, Rio de Janeiro/RJ, Editora Forense S.A, 2004.
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 3ª Edição Actualizada, Coimbra/Portugal, Coimbra Editora, 1996.
PRADO, Luiz Regis, Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 2001.
REPRESAS/MESA, Felix A. Trigo e Marcelo J. Lopes, Tratado de la Responsabilidad Civil, Buenos Aires, Editorial La Ley, 2004.
REIS, Clayton, Avaliação do Dano Moral, 2ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Forense, 1998. 
REIS, Clayton, Dano Moral, 5a ed., Rio de Janeiro, Editora Forense, 2010.
REIS, Clayton, Novos Rumos da Indenização dos Danos Morais, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2002.
REIS, Clayton, Temas da Atualidade – Dano Moral, obra coordenada por Eduardo de Oliveira Leite, sob o tema, “Sentido dos Danos Morais”, Rio de Janeiro/RJ, Editora Forense,
2002. 
RIZZARDO, Arnaldo, Responsabilidade Civil, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2005.
RODRIGUES, Silvio, Direito Civil Responsabilidade Civil, 14ª Edição, São Paulo/SP, Editora Saraiva S.A 2002.
SANTOS, Antônio Jeová, Dano Moral Indenizável, São Paulo/SP, Editora Lejus, 1997.
SANTOS, J.M. de Carvalho, Código Civil Interpretado, vol. III e XX, 5ª Edição, São Paulo/Livraria Freitas Bastos, 1952.
SEVERO, Sérgio, Os Danos Extrapatrimoniais São Paulo/SP, Editora Saraiva S. A, 1996.
SHARP JUNIOR, Ronald A., Dano Moral, Rio de Janeiro/RJ, Editora Destaque, 1998.
SILVA, Américo Luís Martins da, Dano Moral e a sua Reparação Civil, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 1999.
SCLIAR, Moacyr, Enigmas da Culpa. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2007.
STOCO, Rui, Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial, 2ª Edição, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 1995.
STOCO, Rui, Tratado de Responsabilidade Civil, 7ª edição, São Paulo/SP, Editora Revista dos Tribunais, 2010.
TEPEDINO, Gustavo (Coordenador) A Parte Geral do Novo Código Civil, Rio de Janeiro/RJ, Editora Renovar, 2002.
THEODORO JUNIOR, Humberto, Responsabilidade Civil – Doutrina e Jurisprudência, 4ª Edição, Rio de Janeiro/RJ, Editora Aide, 1977.
VALLE, Christiano Almeida do, Dano Moral – Doutrina, Modelos e Jurisprudência, Rio de Janeiro/RJ, Editora Aide, 1994.
VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil – Responsabilidade Civil, vol. IV, São Paulo/SP, Editora Atlas, 2003. 
	
Professor(a)
__________________________________
Prof. Dr. CLAYTON REIS.
	
Coordenação do Curso
Chefia Departamental
__________________________________
UNICURITIBA - Faculdade de Direito de Curitiba
PROGRAMA DE AULAS – TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Prof. Dr. Clayton Reis
Curitiba – Pr.
2013
1. CONCEITOS
1.1. Função da responsabilidade civil; 1.2. Conceito de responsabilidade civil; 1.3. Responsabilidade Civil penal e moral; 1.4. Responsabilidade civil contratual e extracontratual; 1.5. Responsabilidade Civil objetiva e subjetiva.
1.1. Conceito de responsabilidade. Para SAVATIER - obrigação de reparar o prejuízo causado a outra pessoa por fato próprio, de pessoa ou coisa que dela dependa. Na realidade, quem infringe um dever jurídico lato sensu, causando dano a outrem fica obrigado a ressarcir o prejuízo decorrente. 
A regra básica consiste na regra jurídica fundada no principio previsto no artigo 186 do CCB que prescreve – “AQUELE QUE POR AÇÃO OU OMISSÃO VOLUNTÁRIA, NEGLIGÊNCIA OU IMPRUDÊNCIA, VIOLAR DIREITO E CAUSAR DANO A OUTREM”...
Portanto, quem não VIOLAR DIREITO E NEM CAUSAR DANO A OUTREM, age de acordo com as normas jurídicas de correta e adequada convivência humana, centrada na idéia contida na regra principal inserta no vetusto princípio romano ALTERUM NON LAEDERE/NEMINEM LAEDERE - a outro não prejudicar/a ninguém ofender.
“Todos somos responsáveis de tudo ante todos”. Dostoievski.
Na perspectiva de Alexandre De Moraes� “esse dever configura-se pela exigência de o indivíduo respeitar a dignidade de seu semelhante tal qual a Constituição Federal exige que lhe respeitem a própria. A concepção dessa noção de dever fundamental resume-se a três princípios do Direito Romano: 
HONEST VIVERE - viver honestamente, 
ALTERUM NON LAEDERE - não prejudicar ninguém;
SUUM CUIQUE TRIBUERE - dê a cada um o que lhe é devido”.
Segundo preleciona Rui Stoco�, “pode-se dizer que a responsabilidade civil traduz a obrigação da pessoa física ou jurídica ofensora de reparar o dano causado por conduta que viola um dever jurídico preexistente de não lesionar – neminem laedere – implícito ou expresso na lei”.
 
Ainda, no dizer de Rui Stoco�, “aqueles que vivem em sociedade e aceitaram as regras sociais, as obrigações anímicas impostas pela moral e pela ética, enquanto compromissos supralegais, e pelo regramento institucional imposto pelo tegumento social, expresso no Direito Positivo, assumem o dever de não ofender, nem de lesar, causar dano ou prejuízo sem que tenham justificativa ou eximente, expressamente prevista na legislação de regência”.
A responsabilidade é, dessa forma, uma atividade da vida social, porque ela é o efeito da causa decorrente do comportamento da pessoa no meio social. Assim, não se poderá entender responsabilidade sem ação ou omissão da pessoa humana, que agindo em desconformidade com os regramentos prescritos pela ordem social, viola a esfera material ou imaterial de outrem, lesionando-o em seus direitos tutelados pela ordem jurídica.
Poderemos concluir que o dever de indenizar sempre ocorrerá quando dois fatores determinantes da pessoa forem objeto da ação ou omissão ilícita por parte do agente – ofensaaos direitos da personalidade e ou a dignidade da pessoa. Esses dois componentes constituem a parte nobre do ser humano e, portanto, constitucionalmente protegidos – art. 5º da CF/88.
1.2. Noção de antijuridicidade. Sempre que alguém age em desconformidade com uma determinada regra jurídica, se manifesta uma infração. Exemplo: “atravessar com o sinal fechado”. O descumprimento à regra de trânsito ou tráfego com veículo automotor acarreta o cometimento de uma infração. Caso ocorra dano à situação é diferente. Nesta situação, além do ato ilícito, ocorrerá o dever de indenizar o prejuízo acarretado ao terceiro. Em não havendo dano, incidirão medidas administrativas – multa de trânsito e perda de pontos do condutor em sua habilitação para dirigir veículos. 
A NOÇÃO DE ANTIJURIDICIDADE IMPLICA NO FATO DE QUE ALGUMA REGRA JURÍDICA – NORMATIZADA PELO REGRAMENTO SOCIAL – FOI VIOLADA. RESTARIA SABER SE HÁ EXCLUDENTE QUE A JUSTIFICA - Legítima defesa, por exemplo.
Todavia, há casos em que antijuridicidade objetiva independe da vontade do agente. Exemplo: avulsão (art. 1.521 do CCB), nesse caso há dano sem culpa do agente. Neste caso não haverá responsabilidade, porque o agente não concorreu com a sua ação ou omissão voluntária em face do dever jurídico. 
Portanto, poderemos concluir que o ato ilícito subjetivo sempre é conseqüência de ato voluntário - ação humana em que ocorreu violação de uma conduta imposta pela ordem jurídica e social. A violação pode ser intencional (dolo) ou resultado de atitude não intencional (culpa) – ambas implicam na falta de conduta desejada no agente (Neminem laedere). O artigo 186 do CCB-2002 se refere a um ato VOLUNTÁRIO omissivo ou comissivo em relação à ordem jurídica,
Segundo já destacado, o dispositivo legal referido prescreve em seu texto que: “AQUELE QUE, POR AÇÃO OU OMISSÃO, VOLUNTÁRIA, NEGLIGÊNCIA OU IMPRUDÊNCIA VIOLAR DIREITO, E CAUSAR DANO A OUTREM...”.
Portanto, qualquer pessoa poderá causar dano a outrem, caso não seja diligente e prudente em seu comportamento social.
O MENS LEGISLATORI foi direcionado na necessidade do cumprimento de um dever de agir, de forma a não violar direito, ou seja, agir de conformidade com o ordenamento legal.
O artigo 1º, par. 2º da Lei número 9.602 de 21.01.1998 – Código de Trânsito Brasileiro prescreve que, “O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, cabendo, nas respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito”.
Portanto, ao lado de um direito, a norma jurídica estabelece um dever que deve ser cumprido indistintamente por TODOS. Destarte, a ofensa a essa obrigação resulta na VIOLAÇÃO DO DIREITO, submetendo o agente ao dever de reparar todo e qualquer dano produzido por decorrência da inobservância do dispositivo legal.
Segundo o magistério de Rui Stoco� poderemos concluir que, “A responsabilidade é, portanto, resultado da ação pela qual o homem expressa o seu comportamento, em face desse dever ou obrigação. Se atua na forma indicada pelos cânones, não há vantagem, porque supérfluo em indagar da responsabilidade daí decorrente”.
Nessa linha de intelecção, o ato ilícito é fonte de obrigação - quem causa dano tem o dever de indenizar - é a superação da fase primitiva da vingança – lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”. Iniciou a partir da LEX AQUILIA, com fundamento na regra DAMMUN INJURIA DATUM, conseqüência de quem causasse dano ao patrimônio de alguém. 
Giselda Maria F. Novaes Hironaka� nessa linha pontifica, “ora, conceber que alguém é responsável por um dano significa conceber, também, que esse alguém é culpado exatamente pelo fato de não ter escolhido evitar o dano. Uma escolha, enfim, que de certa forma remete à idéia de livre-arbítrio, tão rica em qualquer concepção moral: alguém é culpado por não ter escolhido o bom caminho”.
A ESCOLHA DO BOM CAMINHO DEPENDE SUBSTANCIALMENTE DA CONSCIÊNCIA (EDUCAÇÃO) DAS PESSOAS – DAÍ O CONCEITO DE CULPA QUE É PESSOAL. Na época romana a Lex Aquilia introduziu o conceito da culpa - in lex Aquilia et levíssima culpa venit, ou seja, NA LEI AQUILIANA SE COGITA DA CULPA LEVÍSSIMA.
Todavia, a despeito desses conhecimentos sobre A TEORIA DA CULPA – CONDUTA PESSOAL, os romanos não desenvolveram a partir dessas idéias, uma teoria geral de responsabilidade. FORAM OS FRANCESES QUEM CONFERIRAM OS PRIMEIROS CONTORNOS A RESPEITO DESSA TEORIA. Nesse sentido, a regra básica sobre responsabilidade civil foi introduzida através do artigo 1.382 e 1.383 do Código Civil francês.
Art. 1.382 do CCF: “tout faute quelconque de l’homme, qui cause à autrui un dommage, oblige celui par la faute duquel il est arrivé, à le réparer”.
Art. 1.383 do CCF: “chacun est responsable du dommage qu’il a causé no seulement par son fait, mais encore par as négligence ou par son imprudence”.
Essa noção de antijuridicidade (FAUTE – No Direito Civil Francês) implica em um conceito de culpa sctricto sensu, ou seja, se encontra associada à idéia de uma falta de conduta desejada no agente – um desvio de comportamento.
“No original francês FAUTE, falta, erro. A falta, do baixo latim FALLITA, de FALLERE, errar, é ato ou omissão contra uma regra, uma obrigação, um dever. A experiência da fatal está ligada ao sentimento de nossa responsabilidade: uma falta imputável a nós mesmos, ao sujeito da ação ou omissão e, nesse sentido, distingue-se do desastre, malogro ou fracasso atribuído a acontecimento, condição etc, que não depende da nossa vontade. A decisão livre, a conseqüente imputabilidade e responsabilidade conferem a falta um significado moral. A falta voluntária e imputável contrária à lei moral e ao valor ético, é culpa”. 
E, Teilhard de Chardin� ao concluir o texto acima enfatiza: “Pecado, Culpa, Falta constituem, pois ao nível da liberdade humana, opção pelo MENOS-SER, dissociação. Recusa à união”.
Todos os Códigos Civis prescrevem que a inobservância da CONDUTA DO AGENTE em face da regra ética e jurídica implica em CULPA. Os Códigos Civis alienígenas descrevem com nítida clareza essa situação segundo se observa, DESCRITIVAMENTE, as referidas regras nos Códigos Civis Português e Espanhol:
Art. 483, 1 do CCPortuguês: “aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação”.
Art. 483, 2 do CCPortuguês: “só existe obrigação de indemnizar independentemente de culpa dos casos especificados na”.
“lei.”
Art. 1.902 do CCEspanhol: “El que por acción o omisión causa daño a outro interviniendo culpa o negligencia, está obligado a reparar el daño causado”.
A conduta do agente em desconformidade com a regra jurídica é a causa determinante do surgimento da CULPA.
Por essa razão Carlos Roberto Gonçalves� ensina: “É consenso geral que não se pode prescindir, para a correta conceituação de culpa, dos elementos PREVISIBILIDADE E COMPORTAMENTO DO HOMO MEDIUS. Só pode, com efeito, cogitar de culpa quando o evento é previsível. Se, ao contrário é imprevisível, não há cogitar de culpa. O artigo 186 do CCB pressupõe sempre a existência de culpa lato sensu, que abrange o dolo (pleno conhecimento do mal e perfeita intenção de praticá-lo), e a culpa sctrito sensu ou aquiliana (violação de um dever que o agente podia conhecer e observar, segundo os padrões de comportamento médio)”.
Os romanos desenvolveram essa idéia de responsabilidade ligada ao comportamento da pessoa humana na ordem social. Para tanto, instituíram a figura do BONUS PATER FAMILIAE – do bom e responsável chefe de família. Pessoa, cumpridora de suas obrigações sociais e familiares, modelo de cidadão. A história da sociedade nos oferece modelos de conduta de pessoas notórias: Confúcio, Cristo, Ghandi, Madre Terezade Calcutá, Chico Xavier , Zilda Arns e inúmeros outros.
1.3. FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE. Raízes da Responsabilidade Civil. A idéia de reparação a um dano sempre foi inerente ao ser humano. No Código de HAMURABI encontra-se presente o sentido de punir o ofensor, instituindo contra o causador do dano um sofrimento igual. Na mesma linha de conduta o Código de MANU e o Código HEBREU sinalizam um sentido punitivo. 
Na civilização helênica se encontra o conceito de reparação do dano causado, com a idéia estritamente objetiva. Mas, foi o direito romano que, certamente, conferiu-nos conceitos mais precisos sobre os fundamentos primários da responsabilidade civil – Código de Justiniano e Lei das XII Taboas.
Todavia, não obstante esta realidade, os romanos não construíram uma teoria sistematizada sobre RESPONSABILIDADE CIVIL, fato que não ocorreu na teoria obrigacional em que foram lapidares. Nesse sentido, o conceito vigente na atualidade presente na regra do pacta sunt servanda.
O Código de HAMURABI, no final do seu texto proclamava: “Nos dias a virem por todo tempo futuro, possa o rei que estiver no trono observar as palavras de justiça que eu tracei em meu monumento” E, através dos seus 282 Parágrafos proclamavam, respectivamente, uma conduta do povo, bem como, os meios de reivindicar os danos causados injustamente por terceiros nas mais diferentes situações.
“Lembramos que o CÓDIGO DE HAMURABI, mais antigo que o de MANU em pelo menos 1.500 anos, não se trata de um verdadeiro código no sentido técnico da palavra, mas de uma coletânea de normas que abrange vários assuntos e preceitos”. (in Jair Lot Vieria, 1994, p.45).
Par. 110. “Se uma sacerdotisa, que mora em um convento, entrou numa taberna para beber cerveja, queimarão essa mulher”.
Par. 168. “Se um homem resolveu deserdar seu filho e disse aos juízes: “Eu quero deserdar o meu filho”, os juízes deverão examinar a questão. Se o filho não cometeu falta grave, o pai não poderá deserdar seu filho”.
Par. 218. “Se um médico fez uma incisão difícil com lanceta de bronze em um homem livre ou se lhe abriu a região superciliar e destruiu o olho do homem, eles cortarão a sua mão”. 
Par. 14. “Se um homem roubou o filho menor de outro homem, ele será morto”.
Par. 154: “Se um homem teve relações sexuais com sua filha, eles os expulsarão da cidade”.
Par. 215. “Se um médico fez uma incisão com lanceta de bronze em homem e o curou ou se abriu uma região superciliar em um homem e o curou, ele tomará dez ciclos de prata”. 
CÓDIGO DE HAMURABI – MUSEU DO LOUVRE/PARIS
Álvaro Villaça de Azevedo, a esse respeito proclama, “embora não eliminando o caráter de vingança privada, trouxe esta lei um sentido de igualdade de direitos, que se representava pelo enunciado – OLHO POR OLHO DENTE POR DENTE”.
A idéia primitiva de punição violenta foi inclusive inserida na Bíblia. Assim, já no Antigo Testamento, em Levíticos, 24, 17-20, observa-se a seguinte orientação de Deus aos Israelistas, por intermédio de Moisés, aplicável aos nacionais e aos estrangeiros:
“QUEM MATAR ALGUÉM SERÁ MORTO; MAS QUEM MATAR UM ANIMAL O RESTITUIRÁ; IGUAL POR IGUAL; SE ALGUÉM CAUSAR DEFEITO EM SEU PRÓXIMO COMO ELE FEZ, ASSIM SE LHE SERÁ FEITO; FRATURA POR FRATURA, OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE; COMO SE ELE TIVER DESFIGURADO A ALGUM HOMEM, ASSIM SE LHE FARÁ”.
A evolução do conceito de vingança foi lenta e gradual. Na realidade, representou um lento e gradativo processo de conscientização em que o Cristianismo exerceu importantíssimo papel no abrandamento dos sentimentos humanos em relação ao seu próximo. Nesse sentido, Mazeaud e André Tunc proclamavam que,
“Desaparece o orgulho primeiro do homem, seu sentido brutal de honra se suaviza; a vítima pensa que, em lugar de vingar-se na pessoa de seu adversário, será mais proveitoso cobrar parte de seu patrimônio”.
É O OURO SUBSTITUINDO O SANGUE – frase que se tornou célebre e que, se iniciou na Lei das XII Tábuas.
Com a promulgação da LEX AQUILIA DE DAMNO intentou-se a instalação de um sistema mais geral de responsabilidade civil, o que, na verdade, esteve muito perto de ser plenamente conquistado. 
Assim, os DELICTA – os delitos (contido na Tábua VIII) constituíram o fator genético da responsabilidade com a exclusiva identificação de figuras delitivas civis:
 
item II. Si membrum rupit, ni cum eo pacit, talio esto – contra aquele que parte um membro, e não entra em acordo, a pena de talião;
Item IV. Si injuriam faxit alteri, vigint quinque aeris poenae sunto – para a injúria feita a outrem, pena de 25 asses;
Item XII. Di nox furtum factum sit, si im occisit, jure caesus esto – se alguém, cometendo um furto à noite, é morto, não há crime.
Na LEX TABULARUM se encontram vestígios de vingança, com a marca do poder público, objetivando disciplinar a referida vingança (Tabula VIII, item II: SI MEMBRUM RUPSIT, NI CUM EO PACIT, TALIO EST) – nessa frase não há diferença entre a responsabilidade civil e penal.
A equivalência (TALIO) da punição com o mal sugere uma composição entre a vítima e o ofensor, já que ao membro quebrado (MEMBRUM RUPTUM – ruptura de um membro ou FRACTUM MEMBRUM – fratura de um osso) se faça o mesmo ao causador do dano (TALIO ESTO) na falta de um acordo (NI CUM EO PACIT).
 
Segundo preleciona CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA� “aí se apresenta uma composição voluntária inserida na solução transacional. A vítima, ao invés de imposição de igual sofrimento ao agente, recebia, a título de poena, uma importância em dinheiro ou outros bens”.
Assim, pode-se concluir que: SI MEMBRUM RUPSIT (ruptura de membro) + NI CUM EO PACIT (na falta de acordo) + TALIO EST (reparação pelo lesionador) = indenização na forma de punição.
Dessa forma, no transcurso do tempo, a reparação passa a consistir em uma importância de dinheiro – quando a punição do corpo assume um caráter de indenização. Todavia, os romanos não conseguiram separar a idéia de punição da de reparação. O que estava na mira dos jurisconsultos assemelhava-se o que se encontrava no direito germânico consistente na vingança de sangue (WEHRGELD), movido pelo sentimento de solidariedade social e familiar.
Outro fato determinante foi a LEX AQUILIA, um marco tão importante que a ela se atribui origem do elemento CULPA no âmbito da responsabilidade civil. Na realidade, seu maior valor consiste em substituir as multas fixas por uma pena proporcional ao dano causado em face do DAMNUN INIURIA DATUM, que consistia em dano a qualquer coisa alheia, animada ou inanimada. 
Fustel de Coulanges, a esse respeito, assinala que, “a idéia de culpa ou de ação intencional pela qual se experimenta uma lesão, leva ao desprezo da pena de forma quase automática, DANO PRODUZIDO = PENA APLICADA, verdadeiro remédio privado, desprovido de caracteres cruentos”.
Dessa forma, poderemos concluir que ao direito romano interessava, primitivamente, apurar a existência do damnum, ou seja, o dano que não causava prejuízo não dava lugar à indenização. 
 
Todavia, se o dano fosse causado por um louco ou menor, foi necessário introduzir no conceito de responsabilidade um novo fator – a palavra iniuria tornou-se sinônimo de culpa. 
A idéia de culpa era estranha à Lex Aquilia. Todavia, “dentro dessa polêmica”, acrescenta Aguiar Dias, Que o conceito de culpa não exerceu influência nos problemas da responsabilidade civil.
Não obstante a controvérsia em relação ao fato de que na Lex Aquilia não se inseria o elemento anímico da culpa, as Institutas de Gaio (GAIUS, INSTITUTIONES, III, P. 211) apontavam:
“IS INIURIA AUTEM OCCIDERE INTELLEGITUR CUIUS DOLO AUT CULPA OCCIDERIT; NEC ULLA LEGE DAMNUM QUOD SINE INIURIA DATUR REPREHENDITUR; ITAQUE IMPUNITUS EST QUI CULPA AUT DOLO MALU CASU QUODAM DAMNUM COMMMITTIT”
Tradução:
“MATAR INJUSTAMENTE SIGNIFICA MATARCOM DOLO OU CULPA; NENHUMA OUTRA LEI PUNE O DANO CAUSADO SEM INJUSTIÇA; RESTA ENTÃO SEM PUNIÇÃO QUEM, SEM CULPA NEM DOLO MAU, COMETE UM DANO”.
Destacando a parte final do texto –“IMPUNITUS EST QUI SINE CULPA ET DOLO MALU CASU QUODAM DAMNUM COMMITTIT” – significa que o elemento subjetivo da culpa foi introduzido contra o objetivismo do direito primitivo.
Assim, a idéia de culpa foi Introduzida no direito costumeiro, a partir do direito romano, e ingressou no direito moderno através de dois grandes civilistas nas pessoas de DOMAT E POTHIER (Les Loix Civiles dans leur Ordre Naturel, Paris, 1776, Livro II, Tit. VIII, Sect. IV, p. 153). 
Considerando a sua influência na construção da doutrina francesa, pode-se dizer que a teoria da responsabilidade civil nos Códigos modernos deve muito ao Código de Napoleão de 1804, que foi buscar no artigo 1.382 o conceito de responsabilidade civil no século passado.
Art. 1.382 CCF. “Todo fato de qualquer pessoa, que causa a outro um dano, obriga-o pela falta cometida decorrente desse ato, a repará-lo”.
 
A CULPA ANTIGA, NA REALIDADE, ERA MOVIDA PELO EXCLUSIVO SENTIMENTO DE VINGANÇA INATO NO HOMEM. PORTANTO, NÃO ERA UMA CULPA TÉCNICA COMO AQUELA ANALISADA PELO PODER JUDICIÁRIO NA ATUALIDADE.
“A luta entre a sabedoria que leva à reconciliação e o desejo de retaliar é mais antiga que a civilização e contínua sendo travada nos dias atuais. A lição da história é que foi através do perdão que a humanidade conseguiu interromper as espirais de violência provocadas pela vingança”. (In VEJA – edição 2076 – ano 41 – número 36 – 03.09.08)
“Enquanto dormimos
A dor que não se dissipa
Cai gota a gota sobre nosso coração
E contra nossa vontade
Apenas pela graça divina
Vem a sabedoria”.
Esses versos, escritos há 25 séculos pelo poeta grego Ésquilo, formam a mais antiga e, para muitos, a mais bela conclamação ao perdão jamais colocada em pedra, papiro ou tela.
PUNIR E NÃO VINGAR. A humanidade encontrou maneiras de conter a força vingativa que existe na natureza humana. O principal controle foi o sistema judiciário, que passou a mediar as disputas entre vítimas e agressores.
 
A VINGANÇA NO CURSO DA HISTÓRIA.
ORÉSTEIA (458 a.C.). A tragédia grega de ÉSQUILO, representa o fim do direito privado à vingança como forma de defender a honra. A punição passa a ser decidida por um tribunal.
MARCO AURÉLIO (121-180 d.C.). O imperador estóico, adepto da filosofia da moderação, deu mais direitos aos acusados e eliminou abusos nas penas aplicadas pelo direito romano.
THOMAS HOBBES (1588-1679). Para o filósofo inglês, a punição institucional não deveria compensa um mal passado, mas sim auxiliar na construção de uma sociedade melhor.
CESARE BECCARIA (1738-1794). O criminologista italiano combateu a tortura e o tratamento cruel dado aos presos. Para ele, a finalidade da punição é desestimular a reincidência e novos crimes.
CADEIRA ELÉTRICA (1890). Em principio, a pena de morte é aplicada a criminosos cujos impulsos violentos não seriam contidos pela cadeia. Hoje é considerada desumana na maioria dos países.
Para a psicanalista ANA CECILIA CARVALHO (UFMG – coordenadora do grupo de pesquisa sobre a psicanálise da vingança): Refrear o desejo de vingança não é fácil quando alguém sente o coração transbordar de fúria. “A urgência de restauração de um rombo no ego, seja por uma injustiça pessoal, seja pela perda brutal de alguém querido, impede que a pessoa tenha clareza para julgar em que medida o agressor deve pagar pelo o que fez”.
 
A Orestéia é um cume da arte literária do Ocidente. Lirismo e drama raramente realizaram uma simbiose tão perfeita no afrontamento das grandes questões morais e religiosas que se põem à consciência do homem na sua caminhada ao longo da História: os grandes temas da culpa e da expiação, do significado do sofrimento humano, da responsabilidade do homem face aos outros homens e o sentimento frente ao destino são-nos apresentados com uma acuidade a que a longa marcha do tempo ainda dá mais brilho. 
As mais variadas compensações, desde um pedido de desculpas, até uma indenização milionária, também servem como estímulos à conciliação. A natureza que nos armou com o desejo de vingança, sabiamente implantou em nossos genes esse oposto ainda mais poderoso: a capacidade de perdoar. “...e contra nossa vontade/apenas pela graça divida/vem a sabedoria”.
1.4. ORIGEM NO DIREITO BRASILEIRO. Em nosso direito, o primado da responsabilidade civil assenta-se em três fases distintas, cada qual assumindo importante função em sua época:
ORDENAÇÕES DO REINO – Lei de 18 de agosto de 1769 – cujo artigo 2º prescrevia: “que o direito romano servisse de subsídio, nos casos omissos, não por autoridade própria, que não tinha, mas por serem muitas as suas disposições fundadas na boa razão”.
CÓDIGO CRIMINAL DE 1830 – que esboça a idéia de ressarcimento na de SATISFAÇÃO (idéia retirada do artigo 847 do BGB – Código Civil Alemão), que poderia constituir orientação segura para apreciar casos de responsabilidade civil. Segundo Carlos Roberto Gonçalves�, “O Código Criminal der 1830, atendendo às determinações da Constituição do Império, transformou-se em um Código Civil e Criminal fundado nas sólidas bases da justiça e da equidade, prevendo a reparação natural, quando possível, ou a indenização; a integridade da reparação até onde era possível”. 
TEIXEIRA DE FREITAS – que se opunha à idéia de que a responsabilidade civil pudesse estar atrelada à criminal. Em nota ao artigo 799 da Consolidação das leis Civis reporta-se à Lei de Dezembro de 1841, que derrogou o Código Criminal, revogando-lhe o art. 31 e o Par. 5º do artigo 269 do Código de Processo, que estabeleceu): “a satisfação do dano causado pelo delito passou para o seu lugar próprio, que é a legislação civil.” Todas as inovações atualmente existentes em nosso Código Civil foram introduzidas a partir das idéias de Teixeira de Freitas, em face da enorme influência produzida pelo Código Civil Francês de 1804.
1.5. RESPONSABILIDADE CIVIL E MORAL. Segundo se extrai do conceito de HANS KELSEN�, “O dever-ser - a norma - é o sentido de um querer, de um ato de vontade, se a norma constitui uma prescrição, um mandamento - é o sentido de um ato dirigido à conduta de outrem, de um ato, cujo sentido é que o outro (ou outros) deve (ou devem) conduzir-se de determinado modo”.
Para Geneviève Viney a responsabilidade civil é um “conjunto de regras que obrigam o autor de um dano causado a outrem a reparar o prejuízo, oferecendo à vítima uma compensação (indenização)”. O próprio conceito de INDENIZAR vem de indene (reparar, recompensar, retribuir).
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Por sua vez, a função da Responsabilidade Civil é social, segundo JOSÉ DE AGUIAR DIAS� ao apontar PONTES DE MIRANDA, “o direito é social, o maior interessado na mantença das situações é a sociedade, e não o indivíduo”. Por isso, a indenização tem uma dupla função: penal (repreensão) e indenizatória.
1.6. RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. Introdução. A Responsabilidade contratual decorre do inadimplemento obrigacional celebrado entre as partes – o contrato, como previsto no artigo 389 do CCB. Nesse caso, a verificação da culpa (ação ou omissão) do agente é fundamental para o delineamento da questão. Para isso, o grau de culpa é importante na aferição do grau de responsabilidade do agente ofensor. 
Poderá haver responsabilidade sem culpa (culpa objetiva - pessoa jurídica de direito público) ou, culpa sem responsabilidade (ação culposa do agente que não tenha resultado em dano para terceiros). Afinal, o dever de indenizar decorre da necessária existência de prejuízo ou dano de qualquer espécie. 
Segundo PONTES DE MIRANDA, “a culpa é a mesma para infração contratual e para a delitual”.
“O prejuízo é o primeiro requisito do dever de indenizar. É imprescindível que exista dano, princípio consagrado nos artigos389 e 402 do CCB, que parte ambos do pressuposto de um dano ou prejuízo” (In RT 311/329). É conseqüência ainda, de uma relação obrigacional que vincula as partes. Há nesse caso, previsão de indenizar (cláusula penal indenizatória).
O ônus probandi é do inadimplente – salvo em se tratando de obrigações disciplinadas pelo Código de Defesa do Consumidor, artigo 14, que adotou o principio da culpa objetiva do fabricante ou fornecedor – semelhante à idéia agasalhada no artigo 931 do CCB-2002. A exoneração da responsabilidade civil dependerá da prova do fato fortuito e força maior, conforme proclama o artigo 393 do CCB ou, quando se tratar de excludente previsto no artigo 188 do CCB.
 
 inexecução contratual acarreta PERDAS E DANOS, tendo em vista a disposição contida no art. 389 do CCB, que consiste em DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES. Idêntica obrigação de indenizar se encontra presente nos Códigos Civis alienígenas:(art. 483 do CC Português - art. 1.902 do CC Espanhol e art. 519 do CC Argentino).
1.7 RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL, DELITUAL, AQUILIANA OU EX DELICTO. Nesse caso a responsabilidade civil decorre da violação do direito, segundo a regra prescrita pelo art. 186 do CCB. A expressão é inadequada já que nem sempre ocorre violação de direito e que resulta em dano - acidente de trabalho. No caso em exame, não há relação ou vínculo jurídico entre as partes, que passa a existir a partir do momento em que ocorre a violação da norma de direito. 
Segundo prescreve Carlos Roberto Gonçalves�: “O elemento objetivo da culpa é o DEVER VIOLADO. Para Savatier, “culpa é a inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar”. A imputabilidade do agente representa o elemento subjetivo da culpa. A responsabilidade é uma reação provocada pela infração a um dever preexistente.”
Esse conceito de ilicitude, decorrente da violação de um dever jurídico se encontra presente nos Códigos Civis, como se observa:
Art. 1067 do CC Argentino: “Não haverá ato ilícito punível para os efeitos deste Código, se não houve dano causado, ou outro ato exterior que se possa causar, e sem que aos seus agentes se possa imputar dolo, culpa ou negligencia”.
Art. 2314 do CC Chileno: “O que há cometido um delito ou quase delito que há resultado dano a outro, é obrigado a indenizar...”.
Portanto, a idéia que se subtrai desses conceitos decorre do dano oriundo do ato contrário à norma jurídica. 
O CC brasileiro adotou o principio da responsabilidade subjetiva, ou teoria AQUILIANA - IN LEX AQUILIA ET LEVISSIMA CULPA VENIT, ou seja, a investigação da culpa é imprescindível para o efeito da apuração da responsabilidade.
No entanto, ocorre no direito brasileiro uma construção na direção da teoria objetiva, decorrente da adoção da teoria do risco, como se deflui da construção legislativa:
Art. 12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor (Lei N. 8.078/90).
Art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei N. 8.069/90).
Os artigos 927, parágrafo único, 931, 933 do Código Civil brasileiro. 
A presunção de Culpa das Estradas de Ferro conforme previsão inserta no artigo 17 (Decreto N. 2.681/12).
A disposição prevista no artigo 734 do CCB, que adotou a culpa objetiva nos contratos de transportes.
O Código Civil brasileiro nos artigos 927 a 954 dispõem de forma expressa os diversos casos de incidência da responsabilidade civil, em que se sobressai o principio da adoção da teoria do risco.
1.8. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL POR FATO PRÓPRIO. Este fato decorre da culpa e dano causado individualmente pela pessoa a terceiros. Trata-se da responsabilidade por fato da pessoa – ato individual – em que o agente responde pelo dano causado a outrem em virtude da ausência de observação de determinada regra de conduta.
Nesse sentido, os artigos 186 e 927 do CCB-2202 disciplinam essa disposição, ao atribuir o ato ilícito à ação ou omissão da pessoa na prática do ato comissivo ou omissivo.
 
1.9. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DECORRENTE DA GUARDA DA COISA INANIMADA. Em tais casos, o dever de indenizar é do dono da coisa, a quem incumbe à obrigação de conservar, guardar, manter sob seus cuidados a coisa imóvel. Trata-se, inclusive, da responsabilidade decorrente da deffusis et dejects, ou seja, do lançamento de coisas em local inadequado. 
De acordo com Arnaldo Rizzardo�, “A responsabilidade pelo fato da coisa é objetiva, conforme já se evidenciou. Ou chama-se o proprietário a responder pelo fato único de exercer a guarda ou o domínio, não se indagando se houve ou não culpa”.
A previsão legislativa se encontra prescrita nos artigos 937 e 938 do CCB. Poderá ainda ser responsabilizado o condomínio, na hipótese de objetos lançados do interior das unidades condominiais, quando impossível a identificação do “lançador”. Nesses casos, sempre será admissível o exercício do direito de regresso do condomínio contra o culpado (quando identificado) pela ação lesiva.
Segundo leciona ARNALDO RIZZARDO�, “Deve-se entender que a responsabilidade está não apenas sobre aquele que exerce a guarda, mas principalmente sobre aquele que é seu dono. Mais precisamente, ter a guarda pode compreender também revestir o título de propriedade. Trata-se do risco do fato da coisa, isto é, do risco pela circunstância de se exercer a guarda, ou de se exercer a propriedade da coisa”.
“Nos casos de guarda relativa, sem revestir-se de algum poder de disposição, ou de parcela do domínio, a responsabilidade é solidária, isto é, abrangendo o guardião e o proprietário, apontando-se como exemplos o locatário, o comodatário, o transportador, o garagista, o empregador, o empregado, o operador de máquinas. Não se afasta o proprietário do deve de indenizar os danos provocados a um terceiro”, segundo ensina Arnaldo Rizzardo�.
Incide a responsabilidade objetiva pelo fato da coisa ou pelo resultado. Não se investiga se durante a guarda ou detenção, houve o completo controle ou se está provada alguma falta (negligência) – o dono responde pelo dano da coisa. 
“Basta a ocorrência do dano para ensejar direito à ação indenizatória, conhecida no direito romano como actio de effusis et dejects. Não se procura saber quem efetuou fisicamente o lançamento, acionando-se os moradores indistintamente, ou in solidum, e reservando-se a quem efetua a indenização a ação de regresso contra o causador específico, se for apurada plenamente a autoria”, de acordo com Arnaldo Rizzardo�
1.10. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DECORRENTE DA GUARDA DA COISA ANIMADA. Nessa hipótese, a responsabilidade do dono do animal está inserida na teoria da guarda da coisa inanimada. Trata-se de culpa objetiva a teor do artigo 936: “o dono ou detentor do animal ressarcirá o prejuízo por este causado...”. Basta que a vítima prove o dano sofrido e a relação de causalidade com o fato do animal – conforme previsão contida no texto legal.
De acordo com os precedentes do STJ, as concessionárias de serviço rodoviário estão subordinadas à legislação consumerista. A presença de animais na pista coloca em risco a segurança dos usuários da rodovia, respondendo as concessionárias pelo defeito na prestação do serviço que lhes é outorgada pelo Poder Público concedente”. (In STJ – REsp. 687.799/RS – 4ª. Turma – Relator:Min. Adir Passarinho – julgado em 17.06.2010 – DJU 03.08.2010).
“Conforme jurisprudência desta terceira Turma, as concessionárias de serviço rodoviário, nas suas relações com usuários, estão subordinadas à legislação consumerista. Portanto, respondem objetivamente por qualquer defeito na prestação do serviço, pela manutenção da rodovia em todos aspectos, respondendo, inclusive, pelos acidentes provocados pela presença de animais na pistas”. (In STJ – REsp. 647.710/RJ – Relator: Min. Castro Filho – 3ª Turma – julgado em 20.06.2006 – DJU 30.06.2006 – RT 853/185).
Arnaldo Rizzardo aponta para uma culpapresumida. Todavia, segundo a leitura do artigo 936, “o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano...”, portanto, uma culpa objetiva. Esse é o entendimento, conforme o nosso, de Rui Stoco�, “adotou-se, desenganadamente, a responsabilidade sem culpa, ou seja, objetiva, bastando a existência de nexo de causalidade entre o comportamento do animal e o dano verificado para que surja o dever de indenizar”.
Segundo Arnaldo Rizzardo�, “Nos acidentes de trânsito ocorridos nas vias públicas em razão de animais soltos, além dos respectivos proprietários, podem ser acionados os concessionários e a própria autarquia, ou o Poder Público que exerce a jurisdição, se inexistente a concessão”.
O Relator do recurso de apelação consignou em seu voto: : Sendo a concessionária do serviço público responsável pela adequada preservação da fiscalização da via, e percebendo remuneração para tanto, deve responder pelos danos causados aos usuários que trafegam na estrada objeto da concessão, sendo dever seu lograr esforços para impedir a presença de animais na pista de rolamento, a fim de garantir a segurança do tráfego. No caso em tela, não pairam dúvidas de que a causa do acidente foi a invasão da via pelo cavalo, por desleixo da demandada em fiscalizar e garantir a segurança do tráfego. Mormente tendo-se em vista que a prova oral foi esclarecedora no sentido de que era comum a invasão de animais na rodovia pedagiada”. (In TJPR – 1ª. Cam. Cível - Relator: Des. Salvatore Antonio Astuti – Apel. Cível 904152-3 – da 1ª Vara Cível da Comarca de Maringá).
Neste Superior Tribunal de Justiça, predomina o Entendimento segundo o qual o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER tem legitimidade para figurar no pólo passivo de demanda em que se discute o cabimento de indenização por danos morais e materiais ao cônjuge ou parente de vítima falecida em decorrência de acidente de trânsito em rodovia federal. Com efeito, "referida autarquia federal é responsável pela conservação das rodovias federais e pelos danos causados a terceiros em decorrência de sua má preservação" (REsp. 549.812/CE, da relatoria deste Magistrado, DJ 31.05.2004). Nesse diapasão, sustenta o d. Ministério Público Federal, em parecer acostado aos autos, que "o DNER, (...), é uma autarquia federal que possui personalidade jurídica própria, dispondo de capacidade suficiente para responder pela demandas decorrentes de possíveis acidentes de trânsito ocorridos nas rodovias federais que estão sob a sua responsabilidade" (fl. 270). (In STJ – REsp. 639.908/RJ – Relator: Min. Franciulli Netto – 2 Turma – Julgado em 02.12.2004 – DJU 25.04.2005, P. 309).
1.11. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS. Pessoa jurídica de Direito Privado – Nesse caso, estamos diante da CULPA OBJETIVA. Toda construção doutrinária, legislativa e jurisprudencial milita nessa direção. A idéia central se encontra subsumida no artigo 931 e 932, III do Código Civil. Nesse sentido, este fato decorreu da construção de Súmulas dos Tribunais Superiores, em que restou evidenciado a forte orientação no sentido da doutrina do risco.
Neste caso predomina o princípio ubi commodum ibi incommodum - onde está a vantagem, deve estar o ônus. Na realidade trata-se de uma construção consistente no fato de que o cômodo (lucros) cria os incômodos - riscos que qualquer atividade é capaz de gerar. É a consagração da TEORIA DO RISCO NA MODERNIDADE.
 
Essa construção jurisprudencial foi conseqüência de uma responsabilidade social, que os Tribunais entenderam necessária na observância das regras de direito comunitário, como se conclui das Súmulas sufragadas pelas Cortes Superiores:
Súmula 28 do STF: “O estabelecimento bancário é responsável pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista”.
Súmula 130 do STJ - “A empresa responde perante o cliente, pela reparação do dano ou furto de veículo ocorrido em seu estabelecimento”.
Súmula 341 do STF: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.
Súmula 161 do STF: “Em contrato de transporte é inoperante a cláusula de não indenizar”. 
Súmula 187 do STF: “A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”.
Súmula 497 do STF:”A empresa locadora de veículos responde, civil, e solidariamente com o locatário, pelos danos pôr este causados a terceiros, no uso do carro locado”.
De acordo com os ditames do Código de Defesa do Consumidor, os shoppings, hotéis e hipermercados que oferecem estacionamento privativo aos consumidores, mesmo que de forma gratuita, são responsáveis pela segurança tanto dos veículos, quanto dos clientes. Aplicação, ainda, da inteligência da Súmula 130/STJ. (in STJ – EREsp. 419.059/SP – Relator: Min. Luis Felipe Salomão – 2ª Turma – j.em. 11.04.2012).
1.12. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS. Pessoa Jurídica de Direito Público - O direito positivo brasileiro consagra a teoria do risco administrativo - art. 43 do CCB e art. 37, Par. 6º da CF/88. Questão superada pela doutrina e jurisprudência. Nesse caso, o poder público tem que ser fiel ao princípio de que “a um potencial crescente de danos, corresponde uma cada vez maior obrigação de garantia”. 
Na realidade, trata-se da adoção da TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO MITIGADO, posto que, o Poder Público poderá se exonerar da responsabilidade civil no caso de culpa exclusiva da vítima ou fato fortuito e força maior.
Segundo a lição de Rui Stoco�, o legislador adotou a teoria do RISCO ADMINISTRATIVO MODERADO, como se ilaciona de suas conclusões,
“Adotou, sem dúvida, a teoria do risco Administrativo moderado ou mitigado e não a teoria do risco integral, modalidade extremada da doutrina do risco administrativo, que conduz ao abuso e à iniqüidade social, posto que, segundo essa teoria, a Administração obrigar-se-ia a reparar todo e qualquer dano, não admitindo a anteposição de qualquer causa excludente da responsabilidade, como o caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima”.
O art. 298 do novo Código de Trânsito Nacional - Lei N. 9.503 de 23.09.1997 - prescreve que, “são circunstâncias que sempre agravam a penalidade dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido à infração: I - COM DANO POTENCIAL PARA DUAS OU MAIS PESSOAS OU COM GRANDE RISCO DE GRAVE DANO PATRIMONIAL A TERCEIROS”.
No caso de acidente nuclear - art. 21, inciso XXIII, letra c da CF/88 – a responsabilidade do Estado é objetiva, podendo ser evidenciado a culpa concorrente do terceiro, como ocorreu em relação ao acidente com material radioativo em Goiânia (Césio 147).
“O artigo 37, par. 6º da CF/88 consagra a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público, dispondo que responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Atente-se: dispensada a prova de dolo ou culpa resta, porém, ao prejudicado o ônus de demonstrar que houve o dano e que este foi causado por agente da administração Pública. Se assim não fora poderia qualquer mal-intencionado bater, ainda que dolosamente, em veículo oficial, e depois exigir do Estado indenização pelos estragos havidos no auto particular causador do choque”. (In TACSP – 9ª Cam. – j. em 18.04.95 – RT 718/160).
“Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem: a) alteridade do dano; b) a causalidade material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público; c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do Poder Público que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e da ausência de causaexcludente da responsabilidade estatal”. (In RTJ 131/417 e STF-RTJ 733/130).
O Poder Público possui a obrigação de não somente prevenir o dano, adotando as medidas necessárias para excluir o risco do usuário, como se responsabiliza igualmente pelas falhas do serviço público, segundo a conclusão da orientação jurisprudencial,
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. EMENTA. 2. Morte de detento por colega de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. 3. Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. 4. Teoria do Risco administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLIX DA CF/88: “É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos. 5. Recurso extraordinário que se nega provimento. (In RE 272.839-0/MT – Rel. Min. Gilmar Mendes – 2ª. Turma – Decisão: Unânime – j.em. 01.01.2005).
Atualmente se consagra a TEORIA DA CULPA SUBJETIVA do Estado, uma nova modalidade de responsabilidade em que o ESTADO é igualmente responsável pela sua negligência no dever de agir, em face do risco criado no exercício da sua atividade – “... só faz sentido responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo”.
“A administração pública responde civilmente pela inércia em atenção a uma situação que exigia a sua presença para evitar a ocorrência danosa”. (In STF – 2a. Turma – RE - Min. TEMISTOCLES CAVALCANTI – Julgado em 29.05.1968 – RDA 97/177).
3. In casu, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro considerando a responsabilidade subjetiva e demonstrado o nexo de causalidade entre a omissão do Estado do Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro no combate à epidemia de dengue e a
ocorrência do evento morte, em razão de estar a vítima acometida por dengue hemorrágica e, o dano moral advindo da mencionada omissão do agente estatal, fixou o pagamento de indenização, a título de danos morais, no valor equivalente a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com correção monetária a contar da decisão e juros de mora desde o evento fatal, nos moldes delineados no acórdão às fls. 360/362. (In STJ – REsp. 1133257/RJ – Relator: Min. Luiz Fux – 1ª Turma – julgado em 27.10.2009 – DJU 02.02.2010
Conquanto o DNER tenha sido extinto pelo artigo 102-A da Lei n. 10.233/2001, a presente ação foi ajuizada no ano de 1997, razão pela qual deveria ter sido proposta contra mencionada autarquia, e não contra a União.
Ainda que assim não fosse, caso se concluísse que a União teria legitimidade para figurar no pólo ativo da presente ação, tampouco mereceria prosperar o recurso. No campo da responsabilidade civil do Estado, se o prejuízo adveio de uma omissão do Estado, invoca-se a teoria da responsabilidade subjetiva. Como leciona Celso Antonio
Bandeira de Mello, “se o Estado não agiu, não pode logicamente, ser ele o autor do dano. E, se não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja obrigado a impedir o dano. Isto é: só faz sentido responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo” (Curso de direito administrativo, Malheiros Editores, São Paulo, 2002, p. 855). (In STJ – REsp. 639.908/RJ – Relator: Min. Franciulli Netto – 2 Turma – Julgado em 02.12.2004 – DJU 25.04.2005, P. 309).
Portanto, resta incontroverso o entendimento de que o Estado responderá por omissão – culpa subjetiva – no caso em que restar demonstrado o seu dever de impedir a ocorrência do dano previsto. Neste caso, torna-se necessário a demonstração do dano que ocorreria e ausência da ação ou omissão do Poder Público, bem como, o nexo causal.
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. OMISSÃO. BACEN. DEVER DE ISCALIZAÇÃO. MERCADO DE CAPITAIS. QUEBRA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EVENTUAL PREJUÍZO DE INVESTIDORES. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA.
1. A pacífica jurisprudência do STJ e do STF, bem como a doutrina, compreende que a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, comprovar a negligência na atuação estatal, ou seja, a omissão do Estado, apesar
do dever legalmente imposto de agir, além, obviamente, do dano e do nexo causal entre ambos.
2. O STJ firmou o entendimento de não haver nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado de capitais. (In STJ – REsp. 1023937/RS – Relator: Min. Herman Benjamin – 2ª Turma – Julgado em 08.06.2010 – DJU 30.06.2010). 
Responsabilidade civil do Estado por omissão culposa no prevenir danos causados por terceiros à propriedade privada: inexistência de violação do art. 37, § 6º, da Constituição. 1. Para afirmar, no caso, a responsabilidade do Estado não se fundou o acórdão recorrido na infração de um suposto dever genérico e universal de proteção da propriedade privada contra qualquer lesão decorrente da ação de terceiros: aí, sim, é que se teria afirmação de responsabilidade objetiva do Estado, que a doutrina corrente efetivamente entende não compreendida na hipótese normativa do art. 37, § 6º, da Constituição da República. 2. Partiu, ao contrário, o acórdão recorrido da identificação de uma situação concreta e peculiar, na qual - tendo criado risco real e iminente de invasão da determinada propriedade privada - ao Estado se fizeram imputáveis as conseqüências da ocorrência do fato previsível, que não preveniu por omissão ou deficiência do aparelhamento administrativo. 3. Acertado, assim, como ficou, definitivamente, nas instâncias de mérito, a existência da omissão ou deficiência culposa do serviço policial do Estado nas circunstâncias do caso - agravadas pela criação do risco, também imputável à administração -, e também que a sua culpa foi condição sine qua da ação de terceiros - causa imediata dos danos -, a opção por uma das correntes da disceptação doutrinária acerca da regência da hipótese será irrelevante para a decisão da causa. 4. Se se entende - na linha da doutrina dominante -, que a questão é de ser resolvida conforme o regime legal da responsabilidade subjetiva (C.Civ. art. 15), a matéria é infraconstitucional, insusceptível de reexame no recurso extraordinário. 5. Se se pretende, ao contrário, que a hipótese se insere no âmbito normativo da responsabilidade objetiva do Estado (CF, art. 37, § 6º), a questão é constitucional, mas - sempre a partir dos fatos nela acertados - a decisão
recorrida deu-lhe solução que não contraria a norma invocada da Lei Fundamental. (STF - RE 237.561 - 1ª Turma - Rel. Min. Sepúlveda Pertence - DJ 5.4.2002).
"A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que,
caracterizada a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a conjugação concomitante de três elementos - dano, omissão administrativa e nexo de causalidade entre o evento danoso e o comportamento ilícito do Poder Público -, é inafastável o direito do autor à indenização ou reparação civil dos prejuízos suportados. Rever tal entendimento implica reexame da matéria fático-probatória, obstado pela Súmula 7/STJ." (In STJ – AgRg no AgRg no REsp. 292983/AL – Relator: Min. Humberto Martins – 2 Turma – julgado em 01.03.2012 – Dje 07.03.2012).
"A qualificação do tipo de responsabilidade imputável ao Estado, se objetiva ou subjetiva, constitui circunstância de menor relevo quando as instâncias ordinárias demonstram, com base no acervo probatório, que a inoperância estatal injustificada foi condição decisiva para a produção do resultado danoso" (STF - AgR no AI 600.652, 2ª Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 24.10.2011).
“Quando o comportamento lesivo é omissivo, os danos não são causados pelo Estado, mas por evento alheio a ele. A omissão é condição do dano, porque propicia a sua ocorrência. Condição é evento cujaausência enseja o surgimento do dano. No caso de dano por comportamento omissivo, a responsabilidade do Estado é subjetiva”. (In TJSP – JTJ-LEX 183/76).
“Responsabilidade Civil do Estado. Omissão de agente público. Ocorrência. Veículo automotor que sofre avarias em decorrência da má conservação da via pública. Responsabilidade subjetiva do Estado evidenciada. Reparação devida”. (In STF – 1ª Turma – AgRg no RE 585.007-2/DF – Relator: Min. Ricardo Lewandowski – julgado em 05.05.2009).
Diante dessas considerações jurisprudenciais, pode-se concluir que se trata de responsabilidade do Estado subjetiva em virtude da sua omissão no dever de fazer. Nesse caso, o Estado não agiu e, sendo assim, não poderia ser responsabilizado porque agiu mal – culpa objetiva prescrita no artigo 37, par. 6º da CF/88.
Arnaldo Rizzardo� ensina: “No caso da administração pública, deve-se levar em conta o conceito ou a idéia do que se convencionou denominar falta do serviço – faute du service, dos franceses - ou a culpa do serviço, que diz com a falha, a não prestação, a deficiência do serviço, o seu não funcionamento, ou o mau, atrasado, o precário funcionamento. Responde o Estado porque lhe incumbia desempenhar com eficiência a função. Como não se organizou, ou não se prestou para cumprir a contento a atividade que lhe cumpria, deixou de se revelar atento, diligente, incorrendo em uma conduta culposa”.
E, adiante o mesmo autor proclama: “No Poder Judiciário, não raras vezes acontece um descalabro que faz soçobrar os direitos dada a falta de atenção, a negligência, a displicência no atendimento e a demora no proferimento de decisões”.
2. TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL.
2.1. Conceito de ação. 2.2. Responsabilidade Civil dos amentais. 2.3. Responsabilidade civil de dano causado por ato praticado em estado de necessidade. 2.4. Conceito e origem do abuso de direito. 2.5. Autonomia do abuso de direito.
2.1. RESPONSABILIDADE CIVIL POR AÇÃO OU OMISSÃO DO AGENTE.
2.1. Conceito de Ação e omissão – Só à pessoa pode-se imputar uma ação ilícita. Na conduta dessas pessoas só adquire relevância jurídica a ação ou omissão voluntária, segundo dispõe o artigo 186 do CC, na ótica de Rui Stoco. 
Para Humberto Theodoro Junior�, “É ato decorrente do querer do agente que se estabelece a situação propiciadora da configuração do ato ilícito que, por sua vez, irá gerar o efeito jurídico que lhe é próprio: a obrigação de indenizar o dano, que a conduta, presidida pela vontade, acarretou a outrem”.
Segundo leciona Humberto Theodoro Junior� a respeito do conceito de CULPA, “O termo CULPA indica, no Direito, o descumprimento a um dever de diligência. Não significa, portanto, em sentido estrito, um agir intencional para lesar alguém. Este caracteriza o dolo e o termo culpa, em sentido amplo, abrange tanto o dolo quanto a mera culpa, isto é, a ação negligente, podendo ser derivada também de uma omissão, que é a não ação: o autor do dano não age quando tinha o dever de agir diligentemente para evitar o resultado da omissão”.
É necessário que o fato da pessoa decorra de uma ação VOLUNTÁRIA DO AGENTE, isto porque, segundo preleciona Carlos Roberto Gonçalves�, “essencial é que a ação ou omissão seja, em abstrato, controlável ou dominável pela vontade do homem. Fato voluntário equivale a fato controlável ou dominável pela vontade do homem”.
Para que se configure a responsabilidade por omissão, é indispensável à existência de um dever jurídico de praticar determinado fato - de não se omitir – e que demonstre que, com a sua pratica, o dano poderia ter sido evitado. Por exemplo, a omissão de prestação de socorro, em caso de acidente automobilístico (atropelamento), poderá resultar em responsabilidade por decorrência dessa ação negativa – da qual a pessoa não poderia se abster - Código de Trânsito Brasileiro – Lei número 9.503 de 23.09.1997.
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:
I – de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;
II – de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito local.
É o procedimento omissivo do agente que causa dano a outrem.
Segundo Sérgio Cavalieri Filho�, “Em suma, só pode ser responsabilizado por omissão quem, tiver o dever jurídico de agir, vale dizer, estiver numa situação jurídica que o obrigue a impedir a ocorrência do resultado”.
Segundo Rui Stoco�, “a vontade (ação) é assim o coeficiente essencial da ação, mas não se perquire do seu alcance ou conteúdo. A omissão é uma conduta negativa. Surge por que alguém não realizou determinada ação quando deveria fazê-lo. A sua essência está propriamente em não se ter agido de determinada forma”.
2.2. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS AMENTAIS.
2.2.1. CONCEITOS. Os amentais são aquelas pessoas destituídas de discernimento, ou seja, capacidade de dirigir a sua própria vida ou de realizar opções na vida jurídica ou ainda, exprimir a sua vontade (art. 3º, incisos I a III do CCB-2002). Para os romanos os atos praticados pelos loucos eram considerados como fato fortuito posto que, estas pessoas estavam desprovidas de consciência sobre sua conduta.
Os irmãos Mazeaud defenderam o principio da ampla responsabilidade dos loucos em nome da culpa e foram criticados por Savatier, que considerou uma culpa vazia sem sentido.
 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves�, “a concepção clássica considera, pois, que o amental (o louco ou demente) um inimputável, não é ele responsável civilmente. Se vier a causar dano a alguém, o ato se equipara à força maior ou ao caso fortuito. Se a responsabilidade não puder ser atribuída ao encarregado de sua guarda ficará irressarcida”.
Para alguns a solução é injusta nos casos em que o louco é abastado e a vítima ficará ao desamparo.
O artigo 54, do Código das Obrigações Suíço contém o seguinte princípio a nortear as ações de indenização nesse sentido:
“Se a equidade o exige, o juiz pode condenar uma pessoa ainda incapaz de discernimento à reparação total ou parcial do prejuízo que ela causou”.
Carlos Roberto Gonçalves� aponta que, “em face dos fundamentos psicológicos e morais da responsabilidade, o dano praticado pelo amental, quando não possa ser satisfeito pelo investido no dever de vigilância, é irreparável”. Trata-se de uma solução injusta, deixando ao desabrigo no campo da responsabilidade civil, a vítima de pessoas detentoras da amentalidade.
“RESPONSABILIDADE CIVIL – AGENTE MENOR E ALIENADO MENTAL – DANO CAUSADO – Doença mental reconhecida, conquanto não decretada a interdição – Réu inimputável – Carência de ação decretada”. (In RJTJSP – 40/102).
Segundo preleciona JOSÉ DE AGUIAR DIAS, “a teoria da irresponsabilidade absoluta da pessoa privada de discernimento estava em franca decadência, substituída pelo principio da responsabilidade mitigada e subsidiária, fundamentada nos princípios de garantia e assistência social”.
Carlos Roberto Gonçalves� pontifica que, “assimilando a melhor orientação já” vigente nos diplomas civis de diversos países, o novo Código civil substituiu o principio da irresponsabilidade absoluta da pessoa privada de discernimento pelo principio da responsabilidade mitigada e subsidiária, dispondo, no artigo 928 que, “o incapaz responde pelos prejuízos a que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuser de meios suficientes”.
Desse modo, se a vítima não conseguir receber a indenização da pessoa encarregada de sua guarda, poderá o juiz, mas somente se o incapaz for abastado, condená-lo ao pagamento de uma indenização eqüitativa.
A alteração ao caput do art. 928 visou aperfeiçoar os dispositivos do novo Código Civil, com a finalidade de evitar eventual conflito com o art. 942, que estabelece a responsabilidade solidária dos incapazes e das pessoas designadas no artigo 932 – dos pais e dosfilhos, do tutor e dos tutelados, dos empregadores e dos empregados, etc.
Para Carlos Roberto Gonçalves�, “correto é o principio adotado no parágrafo único do artigo 928. Constitui norma salutar de equilíbrio, exigência prioritária da ordem jurídica. Cabe aqui a prudente observação segundo a qual a reparação do dano não deve gerar nem enriquecimento, nem empobrecimento, mas apenas compensação razoável do prejuízo”.
Portanto, o Código Civil de 2002 adotou uma solução justa, capaz de satisfazer a pretensão das vítimas, não permitindo a adoção de soluções que sejam injustas e privilegie os incapazes, em detrimento de quem sofreu prejuízos em face da sua ação lesiva. Todavia, Rui Stoco aponta falhas no instituto, criticando-o veementemente.
Finalmente, Arnaldo Rizzardo� aponta que, “também suportará o incapaz a obrigação se os responsáveis não dispuserem de meios suficientes para responder pelas obrigações decorrentes de sua conduta. Vivendo eles em estado de pobreza, ou dada à precariedade econômica frente ao volume de despesas exigidas pelo incapaz, é este chamado a assumir as conseqüências de seus atos atentatórios ao patrimônio alheio”.
2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL DE DANO CAUSADO POR ATO PRATICADO EM ESTADO DE NECESSIDADE.
2.3.1. Conceitos. No direito brasileiro, a figura do chamado ESTADO DE NECESSIDADE, se encontra prescrita nos artigos 188, II, 929 e 930 do CCB-2002. Entretanto, embora a lei declare que o ato praticado em estado de necessidade não é ato ilícito, nem por isso libera quem o pratica de reparar o prejuízo que causou.
O Código Civil de 1916 somente contemplava a figura do estado de necessidade em relação aos danos causados às coisas e não às pessoas, a exemplo do que ocorre atualmente com o novo Código Civil.
Todavia, o entendimento das Cortes de Justiça era coerente com o CC-1916: 
“As ofensas físicas praticadas com o fito de remover perigo iminente não estão compreendidas na responsabilidade de seu autor que as praticou por culpa de terceiro” (In RT 100/533).
Segundo preleciona Carlos Roberto Gonçalves�, “a solução dos artigos 929 e 930 não deixa de estar em contradição com o artigo 188, II, pois enquanto este considera lícito o ato, aqueles obrigam o agente a indenizar a deterioração da coisa alheia para remover perigo iminente”. 
“É o caso, por exemplo, da destruição de prédio alheio, vizinho ao incendiado para evitar que o fogo se propague ao resto do quarteirão. Tal solução pode desencorajar muitas pessoas a tomar certas atitudes necessárias para a remoção de perigo iminente”.
A solução equilibrada, portanto, só poderia ser a da indenização por uma responsabilidade limitada, indenização possível apenas por arbitramento do juiz, ex bono et aequo (conforme a razão e a justiça), e não a da indenização ampla e comum.
RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – PREPOSTO DE EMPRESA QUE BUSCANDO EVITAR ATROPELAMENTO PROCEDE A MANOBRA EVASIVA QUE CULMINA NO ABALROAMENTO DE OUTRO VEÍCULO – Verba devida pela empresa, apesar de o ato ter sido praticado em estado de necessidade – Direito de regresso assegurado, no entanto, contra o terceiro culpado pelo sinistro “(In STJ – REsp. 124.527-SP – DJU – 05.06.2000 – RT 782/211)”.
Poderão ocorrer outras situações previstas na lei, como se observa:
Legítima defesa. Somente a legítima defesa real, e praticada contra o agressor, pois, impede a ação de ressarcimento de danos. Se o agente, por erro de pontaria (aberratio ictus), como dissemos, atingir um terceiro, ficará obrigado a indenizar os danos a este causado. E terá ação regressiva contra o injusto ofensor.
Exercício regular de um direito. Nessa situação, o agente age de forma regular, moderada, sem exceder os limites que a lei autorizou na pratica do ato ofensivo.
Estrito cumprimento do dever legal. O artigo 37, Par. 6o. da CF/88 autoriza a ação de regresso do Estado contra o seu funcionário. E o Estado não terá ação regressiva contra o funcionário responsável (só cabível nos casos de culpa ou dolo), porque ele estará amparado pela excludente do estrito cumprimento do dever legal.
2.4. CONCEITO E ORIGEM DO ABUSO DE DIREITO. 2.5. AUTONOMIA DO ABUSO DE DIREITO.
2.4.1. Teoria do abuso do direito. Comete abuso quem extrapola o uso regular do direito, posto que a ordem jurídica impõe limites nas ações ou omissões do agente.
 
Aquele que age dentro do seu direito a ninguém prejudica - neminem laedit qui suo jure utitur.
O Código Civil brasileiro admitiu a idéia do abuso de direito no artigo 187, embora não o tenha feito de forma expressa. Sustenta-se a existência da teoria em nosso direito positivo, mediante interpretação a contrario sensu do aludido dispositivo. 
Segundo Arnaldo Rizzardo�, “O abuso está na forma de agir, nos excessos empregados. No gozo ou exercício de um direito provoca-se uma grave injustiça, incorrendo na máxima romana summum jus, summa injuria, o que se verifica quando se acumulam cláusulas abusivas em contratos de adesão, ou se executam medidas violentas para a proteção de eventual direito”.
Segundo ensina Nelson Nery Junior�, “Para que se caracterize como ato ilícito, o abuso de direito tem de ser manifesto, isto é, aquele que ocorre quando o direto é exercido em termos clamorosamente ofensivo à justiça”.
O primeiro caso de abuso de direito é considerado por muitos como o “affaire de la fausse cheminée” apreciado na França de 1855, pelo qual um cidadão, nos limites de sua
propriedade, alegando exercício de um direito, ergue uma chaminé enorme e falsa, sem liberação de fumaça, visando apenas tapar a janela principal do vizinho, cercear o acesso à luz, ao vento.
Nessa linha de idéias, Silvio Rodrigues pontifica que: "o abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro das prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe concede, deixa de considerar a finalidade social do direito subjetivo, e, ao utilizá-lo desconsideradamente, causa dano a outrem. Aquele que exorbita no exercício do seu direito, causando prejuízo a outrem, pratica ato ilícito, ficando obrigado a reparar. Ele não viola os limites objetivos da lei, mas, embora os obedeça, desvia-se dos fins sociais a que esta se destina, do espírito que a norteia" (Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1.975, p. 49).
O que identifica o abuso do direito é exatamente o seu uso irregular, anormal, além das medidas necessárias em sua utilização de forma regular. No mesmo sentido, se consagra essa idéia no artigo 1.210, Par. 1o. Código Civil brasileiro, ao prescrever que, “os atos de defesa ou desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.”
Os artigos 22 e 25 do Código Penal excluem a ilicitude quem usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Assim, o excesso, seja doloso ou culposo do agente acarreta o dever de indenizar.
“Constituindo a legítima defesa, no sistema jurídico penal vigente, uma causa de exclusão da antijuridicidade, tem-se que, quem defende, embora violentamente, o bem próprio ou alheio, injustamente atacado, não só atua dentro da ordem jurídica, mas em defesa da mesma ordem”(In RT 441/405).
O artigo 58 do Código de Defesa do Consumidor prescreve que: “O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor houver ABUSO DE DIREITO, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento, inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”.
“Para que ocorra o exercício de direito ou cumprimento de dever legal é necessário que o fato obedeça rigorosamente às condições objetivas a que a excludente da criminalidade está subordinada. Todo direito, como todo dever, é limitado

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