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RESPONSABILIDADE CIVILCONTRATUAL

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RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL – LUCRO CESSANTE
1. OS CRITÉRIOS PARA A APURAÇÃO DOS LUCROS CESSANTES NO DIREITO BRASILEIRO
A hipótese de inadimplemento imputável será considerada ad argumentandum tantum, a fim de definir os critérios do cálculo dos lucros cessantes como parcela integrante de perdas e danos. Com base nessa premissa é necessário, pois, examinar: a) qual interesse indenizável da demanda em demanda resolutória fundada no inadimplemento, seguindo-se a refeência; b) aos critérios postos no art. 402, CC, para o cálculo dos lucros cessantes; c) ao tipo do contrato pactuado e ao seu conteúdo, na medida em que o exame desse ponto é elementar para concreção; d) da expressão “razoavelmente deixou de lucrar” contida no texto legal.
2. AS PERDAS E DANOS NO PEDIDO RESOLUTÓRIO: A INDENIZAÇÃO DO INTERESSE NEGATIVO
Integrando as perdas e danos, o cálculo dos lucros cessantes está na órbita do princípio da reparação integral expresso no caput do art. 944, CC, pelo qual se tem como indenizável “tout Le dommage, mais rien dommage”. Trata-se, como todo princípio, de uma fórmula sintética cujo valor não é absoluto, pois, por vezes é possível diminuir a indenização, por haver excessiva desproporção entre a culpa do autor do dano e o valor do prejuízo (944, p.ú. CC).
Como medida de indenização as perdas e danos devem ser avaliadas sob o prisma funcional: ou tem um caráter substitutivo ao cumprimento da obrigação principal, ou servem apenas para reparar os danos que ainda ficaram, apesar da execução coativa, da restauração in natura, ou da resolução. A resolução tem como efeito fazer com que as partes retornem, na medida do possível, ao seu estado anterior, resultando, portanto, em obrigação de restituir. Um ponto capital é outorgarão credor, no caso de desfazimento do vinculo pela resolução, indenização pelo interesse positivo, importando em enriquecimento sem causa, pois o credor receberia o já pago. Esclarece Pontes de Miranda que a indenização é referente ao dano sofrido com o inadimplemento e conseqüente ressolução ou resilição. A indenização tem caráter substitutivo, destinando-se a colocar o lesado na situação em que se encontrarua se o contrato fosse exatamente cumprido.
3. OS CRITÉRIOS PARA O CÁLCULO DOS LUCROS CESSANTES
Se os lucros cessantes constituem os ganhos de que o credor ficou privado, conforme art. 1127, CC Francês, é preciso perquirir: a) qual era, no momento da lesão a situação jurídica que, mantendo-se, daria ao lesado o direito a esse ganho; b) quais eram os ganhos de que, razoavelmente, ficou privado. A probabilidade do lucro, não sendo certeza, não é, todavia, algo apenas presumível in abstracto ou a que se possa chegar por deduções decorrentes de raciocínio analógico. O Min. Menezes Direito esclareceu que “não é possível presumir lucro cessante, é absolutamente impossível, do ponto de vista jurídico conferir indenizações por lucros cessantes com base em mera presunção. Deve- se levar em conta os dados objetivos e elementos racionalmente controláveis da situação, o que normalmente aconteceria se a vítima não tivesse sofrido a lesão.
4. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO JOINT VENTURE PARA DETERMINAÇÃO DO QUE RAZOAVELMENTE TERIA DEIXADO DE GANHAR A ALEGADA VÍTIMA DO DANO
Como mecanismo de adaptação, as joins ventures classificam-se dentre os contratos relacionados. O principal instrumental jurídico utilizado na constituição de uma joint venture é, na lição de Baptista, o “acordo de base”, por meio do qual é lançado o “coup de projecteur” sobre as particulares relações estabelecidas entre as partes. No “acordo de base” encontra-se espelhado o Memorando de entendimentos. No conjunto de relações negociais aclara-se o que foi a intenção das partes, as bases do relacionamento mútuo e, em linhas gerais, as condições estruturantes do negócio.
5. DA CONDUTADA AAA E DO DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE MITIGAR O PRÓPRIO PREJUÍZO
5.1 A FUNÇÃO DO MECANISMO DENOMINADO PUT OPTION NO CASO CONCRETO
A boa fé direciona a comportamentos que se mostram, em vista da racionalidade do negócio, essenciais à própria salvaguarda da fattispecie contratual concretamente considerada e à plena produção dos efeitos correspondentes ao programa contratual objetivamente posto. Dentre os deveres da boa fé, está o dever de mitigar o próprio prejuízo, cabendo, assinalar os seus contornos.
5.2 DO DEVER DE MITIGAR O PRÓPRIO PREJUÍZO E DO SEU DESCUMPRIMENTO PELA AAA
Toda relação jurídica obrigacional é relação entre situações jurídicas correlatas, e não apenas entre direitos e deveres. Desse modo, não só o devedor está numa situação subjetiva de dever, em relação ao credor: este também está, como apontou Perlingieri, em situação de dever em relação ao devedor. Um dos mais prestantes serviços do principio da boafé foi ter proporcionado a “descoberta dogmática” da ocorrência, na relação obrigaciona, de deveres de colaboração e lealdade a ambos os figurantes da relação obrigacional (art. 422, CC).
Também na jurisprudência arbitral o dever de o credor mitigar o próprio prejuízo liga-se, nas papavras de Pierre Mayer, ao princípio da boa fé, que se revela como “Le príncipe dês príncipes”. E foi esse princípio que, também no Direito brasileir, serviu como porta de recepção do dever de mitigação, conforme exposto no Enunciado nº 169, proposto pela professora Vera Fradera, segundo o qual, o principio da boa fé deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
Com referencia ao dano moral alegado pelo inadimplemento do contrato, a regra é onão reconhecimento do dano moral pelo fato do inadimplemento das obrigações em si mesmo considerado. Tal apenas ocorrerá nos casos em que a relaçãoobrigacional consista no ambiente em que ocasionando dano extrapatrimonial quando, por força da situação jurídica obrigacional, é atingido injustamente interesse extrapatrimonial da contraparte.
6. DA RESPOSTA SINTÉTICA AOS QUESITOS
Considerando ad argumentandum, seja provido pelo tribunal arbitral o primeiro pedido formulado por AAA no requerimentod e arbitragem, referentemente à delcaração de ter havido inadimplemento por parte da LLL: o pedido de lucros cessantes apresentado por AAA amolda-se aos parâmetros do direito brasileiro, aplicável à espécie? Resposta: Não, pois o requerente pediu indenização pelo interesse positivo, incompatível com a resolução, postulando, além do mais, indenização por danos hipotéticos.
Sendo efeito da resolução a obrigação de restituir a questão é lógica: não pode o credor receber de volta o que pagou e, ainda, uma indenização cuja função seria a de substituir o cumprimento. Assim, quando o lesado pede resolução, com a volta ao estado anterior, a tutela ressarcitória é dirigida a colocar o contraente na situação patrimonial em que estaria se não tivesse concluído o contrato.
Ao projetar o chamado “ciclo de desenvolvimento do dano”, a requrente não abstraiu o que seria apenas “possível” lucrar, tendo em vista as circunstancias próprias ao negócio, que aliás, sequer havia saído da parcela denominada “lucro cessante”. Porém, o lucro cessante apresenta um regime jurídico próprio, especialmente no que tange à prova de sua extensão, que em nada se assemelha ao do dano emergente. Assim o critério da razoabilidade inclui, portanto, o lucro que seria provável em vista de elementos objetivamente comprováveis, e não o lucro meramente possível, e muito menos, o lucro imaginário, devendo também serem consideradas as condicionantes contratuais.

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