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Resumo Resp. Civil 2º B

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DO LIAME DE CAUSALIDADE. 
NEXO DE CAUSALIDADE E IMPUTABILIDADE. 
Um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano produzido. Sem essa relação de causalidade, não se admite a obrigação de indenizar.
Assim, indaga-se: qual foi o fator determinante na execução do dano? O que é, na realidade, o nexo causal?
Sem culpa não se pode falar em responsabilidade civil.
Há situações que são consideradas concausas – ou seja, vários fatores concorreram para o dano. Nesse caso, todos esses fatos que foram concorrentes para o prejuízo à lei estabelecem uma responsabilidade solidária – artigo 942, Par. Único do CCB-2002.
Agostinho Alvim, citado por Carlos Roberto Gonçalves , analisa a seguinte situação: “Suponha-se que um prédio desaba por culpa do engenheiro que foi imperito, o desabamento proporcionou o saque; o saque deu como conseqüência a perda de uma elevada soma, que estava guardada em casa, o que, por sua vez, gerou a falência do proprietário. O engenheiro responde por essa falência”?
Claro que não !
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA.
Toda e qualquer circunstância que concorreu para o evento lesivo é considerada como causa. O ato do autor do dano era condição sine qua non para ocorrer o prejuízo. Por isso, essa teoria é denominada de TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES OU DA CONDIÇÃO SINE QUA NON.
Todavia, essa teoria possui pontos absurdos – como por exemplo, a de que o nascimento de uma pessoa seria a causa do acidente ocorrido com a vítima. Ou, ainda, que a arma é condição sine qua non do homicídio ou que, o marceneiro que fez cama na qual se deitou o casal amoroso, seja o responsável pelo adultério.
TEORIA DA CAUSALIDADE:
Somente se considera como causa do dano a condição que efetivamente gerou o prejuízo. Se existiu no caso em apreciação somente por força de uma da circunstância acidental, diz-se que a causa não era adequada.
As duas teorias podem ser compreendidas no seguinte exemplo, narrado aliás, por Carlos Roberto Gonçalves em sua obra estudada (p. 271):
“A” deu uma pancada na cabeça de “B” que seria insuficiente para causar o menor ferimento num indivíduo normalmente constituído. Mas, por “B” ser portador de uma fraqueza particular nos ossos do crânio, isto lhe causou uma fratura que resultou em sua morte. O prejuízo ocorreu apesar do fato ilícito praticado do “A” não ser causa adequada para produzir aquele dano – a pancada é condição sine qua non do prejuízo causado, devendo o autor responder pelo dano produzido. Ao contrário, não haveria responsabilidade, em face da teoria da causalidade adequada. Esta última é usualmente aplicada em acidentes de veículos, no caso em que a conduta do motorista foi inadequada. Por exemplo ao adentrar na via preferência há uma placa PARE e o condutor não para.
TEORIA DOS DANOS DIRETOS E IMEDIATOS.
Esta teoria é uma amálgama das demais. Nesse caso, requer ela haja, entre a conduta e o dano, uma relação de causa e efeito direta e imediata.
Wilson Melo da Silva expõe o clássico exemplo de pessoa acidentada que é conduzida em ambulância e veio a falecer, em decorrência de violento acidente de trânsito havido com a referida ambulância. Nesse caso, o agente do primeiro evento não responde por todos os danos, isto é, pelos ferimentos e morte. Segundo a referida teoria, cada agente responde, assim, somente pelos danos que resultam direta e imediata da conduta de cada agente.
O nosso Código Civil de 2002 adotou a TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO – segundo previsão contida no artigo 403 do CCB.
Dessa forma, não são indenizáveis os danos remotos, ou seja, aqueles subseqüentes ao evento ofensivo. Por exemplo, se alguém se dirige ao aeroporto e sofre acidente, deverá responsabilizar a pessoa culpada pelos danos decorrentes desse fato e, NUNCA a perda do avião e dos negócios que realizaria em cidade diversa em que se encontra. 
“É que esses danos, segundo Carlos Roberto Gonçalves , embora filiados a ato do motorista, acham-se muito distantes deste e podem ter outras causas”.
POTHIER fornece o exemplo de vaca pestilenta que contamina o rebanho do adquirente. Assim, o ex-dono do animal responde pelos prejuízos decorrentes dessa situação, mas não da perda da produção agrícola do adquirente, porque não há nexo causal entre uma coisa e outra.
O jurista francês ainda indaga: “se, por não ter cultivado minhas terras, deixei de pagar minhas dívidas; e se por este último fato tiver levado meus credores a venderem meus bens a preço vil, responde o vendedor por este último dano? POTHIER, afirma que não”.
Não se indenizam esperanças desfeitas, nem danos potenciais, eventuais, supostos ou abstratos”.
Haverá certos fatos que interferem no nexo de causalidade, mudando o rumo do processo indenizatório, como por exemplo, o estado de necessidade, a legítima defesa, a culpa da vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito ou força maior e a cláusula de não indenizar.
O raio que atinge um ônibus que se incendeia e causa a morte de passageiros não poderá resultar em perdas e danos para a empresa. Ou alguém que deseja suicidar-se e se atira à frente do veículo em movimento. O motorista não poderá ser responsabilizado.
Tem se entendido que as concausas preexistentes não eliminam a relação causal, consideradas como aquelas que já existiam quando da conduta do agente. As condições de saúde da vítima, embora agrave o seu estado, não elimina a responsabilidade do agente causador do dano. Se o atropelamento resulta em complicações por ser a vítima diabética ou cardíaca, o agente responde pelo resultado mais grave. Na mesma situação se encontra a situação da causa superveniente. Embora concorram para o agravamento do resultado, em nada favorece o agente.
Se por exemplo, a vítima de atropelamento morrer em conseqüência da perda sanguínea, o fato será irrelevante em relação ao agente, porque, por si só não produziu o resultado, mas apenas o reforçou. A causa superveniência só terá relevância quando rompendo o nexo causal anterior, erige-se em causa direta e imediata do dano.
O mesmo ocorre com a causa concomitante. É o caso do médico em que a paciente morreu no parto, vítima de ruptura de um edema, que não guarda nenhuma relação com o parto e pode ter origem congênita.
Todavia, a I JORNADA DE DIREITO CIVIL DE NÚMERO 47 DO STJ conclui que, “o artigo 945 do Código Civil, que não encontra correspondente no Código de 1916, não exclui a aplicação da teoria da causalidade adequada”.
DAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
Fala-se, portanto, na imputabilidade como a capacidade para praticar a antijuridicidade”.
A conduta ilícita exige do agente CONDUTA VOLUNTÁRIA, ou seja, entendimento do fato danoso, contrário à norma jurídica – VIOLAÇÃO DE DIREITO – que, por sua vez, causa dano a outrem e representa uma conduta anti-social.
Todavia, não basta apenas à conduta voluntária, é indispensável que o agente tenha se conduzido com culpa no evento – ação ou omissão. Há em toda pessoa que convive no ambiente social um DEVER DE CONDUTA em face do ordenamento jurídico. Ninguém se escusa em descumprir a ordem social, mesmo os ignorantes (art. 3º da LICC: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”). 
No dolo, a ação do agente se apresenta com a vontade consciente, dirigida na produção do resultado injusto. O agente infringe conscientemente o dever de não lesar. Seu propósito é deliberadamente o de alcançar o resultado danoso.
A culpa, do ponto de vista prático, pode configurar-se de duas maneiras, ou seja, NEGLIGÊNCIA OU COMO IMPRUDÊNCIA. Na negligência, o agente omite a atividade que, se adotada, impediria o evento danoso. O proprietário do veículo deixa de fazer a periódica revisão da máquina, que, por falta disso, falha e provoca dano a outrem. Na imprudência, a falta é comissiva: o agente atua precipitadamente, sem a necessária reflexão sobre o que poderia resultar, por inteiro, de sua atitude temerária. O condutor do veículo,por exemplo, imprime-lhe velocidade excessiva e acaba por perder-lhe o controle, vindo a colidir com outro carro”.
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves , “dois são os elementos da imputabilidade: MATURIDADE E SANIDADE MENTAL. Importa o primeiro desenvolvimento mental e o segundo higidez. Conseqüentemente, imputável é o agente mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter de sua conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
DA CULPA DA VÍTIMA – EXCLUSÃO OU CONCORRENTE. Havendo concurso de causas, no plano subjetivo, o que se deve fazer é partir os ônus do prejuízo, proporcionalmente à culpa de cada um. 
Por sua vez, se a vítima foi exclusivamente culpada pelo evento lesivo, exclui-se a culpa do agente. É o caso, por exemplo, de determinada pessoa que, acometida de desequilíbrio atira-se à frente do veículo em movimento, com o propósito de suicidar-se. Nesse caso, a culpa será exclusiva da vítima, excluindo a responsabilidade do motorista.
Na verdade, não se deve falar em compensação de culpas, já que a compensação é uma forma de extinção das obrigações (artigo 368 do CCB). A conduta de ambos será valorada, ou seja, as duas pessoas foram culpadas e devem responder por esse fato.
"No caso versando, as provas carreadas aos autos não endossam a tese sustentada pelo recorrente, mas sim a dos autores, ora recorridos. Ao contrário do que restou consignado na sentença, não houve sequer a indigitada culpa concorrente, e sim culpa exclusiva do apelante. Foi ele, o recorrente, quem invadiu a pista contrária, abalroando de frente o veículo Kombi. A toda evidência, não foi observado, pelo réu, o dever objetivo de cuidado. (In STJ – AgRg no REsp. 1.244.338/MS – Relator: Min. Massami Uyeda – 3ª Turma – j. em 13.09.2011).
Segundo Carlos Roberto Gonçalves , “No Brasil, a tese aceita é a mesma da jurisprudência e dos doutrinadores franceses, nesse sentido é a orientação da jurisprudência”, “Impõe-se a condenação do causador do acidente, atendendo-se à gravidade de sua falta; e, havendo-se culpa recíproca, deve a condenação ser proporcional usando-se as frações na fixação da indenização”. (In RT 356/519).
E, na seqüência, o autor confirma: “O artigo 945 do novo Código Civil, suprimindo omissão do diploma de 1916, por sua vez, preceitua - se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
DO CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR. Nesses casos, trata-se de excludentes da responsabilidade, posto que, inexiste o concurso voluntário de pessoas. O artigo 393 do CCB-2002 proclama a exclusão da responsabilidade nesses casos. 
O Parágrafo único do artigo 394 do Código Civil proclama que, “O CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR VERIFICA-SE NO FATO NECESSÁRIO, CUJOS EFEITOS NÃO ERA POSSÍVEL EVITAR OU IMPEDIR”.
O caso fortuito geralmente decorre de fato ou ato alheio à vontade das partes – greve, motim, guerra. Força maior é a derivada de acontecimentos naturais – raio, inundação, terremoto – ambos constituem causa de exclusão da responsabilidade.
É preciso fazer distinção entre fato fortuito interno – ligado à pessoa, ou à coisa, ou à empresa do agente e, o fortuito externo – força maior, ou act of God.
Assim, tem sido decidido que o estouro dos pneus do veículo, a quebra da barra de direção ou de outra peça, o rompimento do “burrinho” dos freios e outros eventuais defeitos mecânicos não afastam a responsabilidade, porque previsíveis e ligados à máquina - (In RT 431/73 – RJTJSP 33/118). Também não afasta a responsabilidade a causa ligada à pessoa, como, por exemplo, mal súbito – (In JTACSP 156/184).
“Penso que a razão assiste a ela, transportadora – ora recorrente. O que caracteriza a força maior é a inevitabilidade do evento. Havendo ela observado as precauções normais no cumprimento do contrato de transporte, o fato delituoso foge ao seu controle, até mesmo porque, consoante frisa a recursante, as medidas concernentes à segurança pública se acham afetas ao Estado exclusivamente. Demais, o fato de terceiro (roubo) não guarda conexidade com o transporte em si”. (In STJ - REsp. 329.931/SP – Relator: Min. Barros Monteiro).
EMENTA: AGRAVO INTERNO. SEGURO. ROUBO DE CARGA. RESPONSABILIDADE. EXCLUSÃO. CASO FORTUITO. Segundo entendimento consolidado, o roubo de carga constitui força maior, suficiente para excluir a responsabilidade da transportadora perante a seguradora do proprietário da mercadoria transportada. Agravo regimental a que se nega provimento. ( In STJ – AgRg no REsp. 753.404/SC – Min. Paulo Furtado (des. Convocado do TJ/BA) – Terceira Turma – j. em. 01.10.2009 – DJU 19.10.2009).
CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR. 
Cláusula de não indenizar é o acordo de vontades que objetiva afastar as consequências da inexecução ou da execução inadequada do contrato.
“Como se vê, aponta Carlos Roberto Gonçalves , a cláusula de irresponsabilidade tem por função alterar, em benefício do contratante, o jogo dos riscos, pois estes são transferidos para a vítima”. 
O nosso sistema jurídico não é simpático com a referida cláusula. A Súmula 161 do STF prescreve que: “Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar”. Essa regra se encontra inscrita no artigo 734 do CCB-2002.
O artigo 25 do CDC não admite essa cláusula em contrato de consumo. O artigo 51 estabelecer limites à interpretação dessa cláusula, o mesmo ocorrendo em relação ao artigo 122 do CCB-2002.
Art. 25 CDC: “É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta lei e nas Seções anteriores”.
“A cláusula de não indenizar só tem cabimento quando estabelecida com caráter de transação (art. 122 CC), não podendo ser deduzida de fórmulas impressas não integrantes do contrato, nem de avisos afixados em paredes”. (In RT 533/76 – 563/146).
Art. 122 CC/2002: “São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes, entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes”.
“As condições defesas implicam nulidade dos negócios jurídicos delas dependente, por viciar, de modo insanável, a vontade”, ensina Mário Behname. 
Nessa ordem de idéias, o Tribunal de Justiça de São Paulo afastou a validade de cláusula existente nos estatutos, que excluía a responsabilidade de sanatório por eventuais danos sofridos pelos doentes mentais internados – RTJSP 126/159.
No mesmo sentido, o estado de necessidade, (artigos 188, II, 929 e 930 do CCB-2002) afasta a ilicitude dos atos praticados pelo agente nessa condição. O mesmo ocorrendo, em relação à legítima defesa e o exercício regular de um direito e o estrito cumprimento de um dever legal (art. 188, I do CCB). 
Súmula 130 do STJ: “A empresa responde, perante o cliente pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento”.
Segundo leciona Arnaldo Rizzardo , “Com mais ênfase não se valida a cláusula se abrange direito de ordem pública, ou mesmo se concerne a direitos fundamentais da pessoa humana, como não reclamação de pensão alimentícia, de direitos trabalhistas, ou de proteção em casos de ofensas à liberdade de tolerância se ofendida a inviolabilidade”.
Arnaldo Rizzardo , em sua obra citada, ainda destaca: “Nas convenções condominiais, revelam-se eficazes as disposições exonerativas de compromissos reparatórios nos furtos, roubos e colisões ocorridas no interior das garagens ou dos boxes”.
Na mesma direção: “Em certos locais de estacionamento, onde não existem guardas e nada se cobra pelo tempo de permanência do veiculo, transparecendo o caráter de mera cortesia, produz efeitos a existência de placa com aviso de advertência da não responsabilização pelos veículos furtos ou danificações que se verificarem”.
O entendimento firmado pelo Tribunal a quodestoa, contudo, da jurisprudência desta Corte, inclusive sumulada (Súmula 130/STJ), no sentido que "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veiculo ocorridos em seu estacionamento". Os precedentes que culminaram na edição da referida Súmula destacam a irrelevância da gratuidade, falta de vigilância ou de controle de entrada e saída de veículos do estacionamento para caracterizar a responsabilidade da empresa, uma vez que caracterizado o contrato de depósito para guarda do veículo e, inclusive, em razão do interesse da empresa em angariar clientela. (In STJ – AgRg no REsp. Nº 1.249.104/SC - RELATOR : Min. SIDNEI BENETI).
"EMENTA: DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. ESTACIONAMENTO EM AGENCIA BANCARIA. FURTO DE VEICULO. RESPONSABILIDADE PELA GUARDA DA COISA. IRRELEVANCIA DOS AVISOS. AGRAVO DESPROVIDO.
I - Mesmo que não se descortine a figura contratual do deposito, responsável é o banco pelo furto de veiculo ocorrido em seu estacionamento, colocado a disposição dos clientes em atenção aos seus objetivos empresariais. II - Simples avisos de não responsabilidade não têm o condão de eximir o dono do estacionamento do seu dever de conservação do bem confiado a sua guarda." (In STJ - AgRg no AG nº 48.901/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 25-04-1994).
DO DANO E SUA REPARAÇÃO
DANO E SUA REPARAÇÃO – MODOS DE REPARAÇÃO. “Dano, em sentido amplo, segundo preleciona Agostinho Alvim, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, e aí se inclui o dano moral”.
RUI STOCO (2011 – p. 151), assinala que: “Em conferência que proferiu na Universidade de Pádua, o notável GIORGIO RIPERT vaticinou que: “Direito progride à medida que as leis impedem o dano ao próximo e garantem a cada um o que lhe é devido”.
Para Jose de Aguiar Dias , “o dano é, dos elementos necessários à configuração da responsabilidade civil, o que suscita menos controvérsia. Com efeito, a unanimidade dos autores convém em que não pode haver responsabilidade sem a existência de um dano, resultando a responsabilidade civil na obrigação de ressarcir, logicamente não pode concretizar-se onde nada há que reparar”.
Segundo Henri Lalou – “não há responsabilidade onde não existe prejuízo”.
Indenizar significa reparar o dano causado à vítima, integralmente. Se possível, restaurando o statu quo ante, isto é, devolvendo-se ao estado em que se encontrava antes da ocorrência do ato ilícito.
O dano, que merece ser indenizado, há que ser atual e certo, não sendo possível a indenização de danos hipotéticos, abstratos ou remotos. O que deve existir uma possibilidade objetiva que resulte do curso normal das coisas, como se refere o advérbio razoavelmente colocado no artigo 402 do CCB. 
“Somente os danos diretos e efetivos, por efeito imediato do ato culposo, encontram no Código Civil suporte de ressarcimento. Se dano não houver, falta matéria para a indenização. Incerto e eventual é o dano quando resultaria de hipotético agravamento da lesão”. (In RT 612/44).
Os danos são patrimoniais e extrapatrimoniais – sendo que ambos admitem reparação. O que predomina no âmbito da responsabilidade civil é o dever de reparar integralmente – que atende ao principio da restitutio in integrum ou da PRINCIPIO DA INTEGRALIDADE. Essa disposição se encontra presente no artigo 402 do CCB-2002, bem como, no artigo 944 e 954 do Código Civil.
Há duas exceções a essa regra, que se encontram previstas no artigo 940 – uma pena para aquele que demanda por dívida já paga ou, o caso do artigo 416 que permite ao credor cobrar dívida sem precisar provas do prejuízo.
A I JORNADA DE DIREITO CIVIL DE NÚMERO 46 DO STJ, assim concluiu: “a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do artigo 944 do novo Código civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao principio da reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva”.
Assim, a certeza do dano refere-se à sua existência, e não à sua atualidade ou ao seu montante. Assim, um crime de lesões corporais que culmine com a mutilação da perna de um jogador de futebol é dano certo, com repercussões no futuro do jogador.
Poderá ainda ocorrer o dano reflexo ou em ricochete. Segundo leciona Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho , “trata-se do dano reflexo ou em ricochete, cujo estudo desenvolveu-se largamente o direito Francês. Conceitualmente, consiste no prejuízo que atinge reflexamente pessoa próxima, ligada à vítima direta da atuação ilícita”.
Por sua vez, também será admissível a reparação de danos coletivos difusos e a interesses individuais homogêneos, conceituados a partir do artigo 81 do CDC na seguinte ordem: 
•	Interesses difusos – pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias do fato. (Ação Civil e Ação Popular).
•	Coletivos (strictu sensu) – os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica de base. (Ação Civil Pública ou Mandado de Segurança coletivo).
•	Individuais homogêneos – assim entendidos os decorrentes de origem comum. (Ação Civil Coletiva).
O artigo 225 da CF/88 proclama que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações”.
Portanto, qualquer cidadão é parte legítima para promover ação civil pública em defesa do meio ambiente degradado, em face da ação nociva ao ambiente produzido por pessoa jurídica de direito privado ou público – caso da Petrobrás na serra atlântica, em virtude de derramamento de petróleo.
Para Carlos Roberto Gonçalves , “na liquidação do dano apura-se o quantum da indenização. A estimativa do dano emergente se processa com mais facilidade, porque é possível estabelecer-se com precisão o desfalque do patrimônio. Em se tratando, porém, de lucros cessantes, atuais ou potenciais, a razão e o bom senso – assinala Georgi – nos dizem que os fatos ordinariamente, são insuscetíveis de prova direta e rigorosa, sendo, igualmente, de ponderar-se que não é possível traçar regras, a não ser muito gerais a este respeito, o que dá lugar ao arbítrio do juiz na apreciação dos casos”.
O DEVER DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR: 
Todo ato ilícito (artigo 186) que acarreta danos a outrem, obriga o lesionador a indenizar o prejuízo causado.
Assim, segundo preleciona Carlos Roberto Gonçalves , “ato ilícito é, portanto, fonte de obrigação: a de indenizar ou ressarcir o prejuízo causado (CC, artigo 927). É praticado com infração a um dever de conduta, por meio de ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para outrem”.
Por sua vez, o artigo 2.050 do Código Civil Italiano assinala que: “Aquele que ocasionar prejuízo a outrem no exercício de uma atividade perigosa pela sua natureza ou pela natureza dos meios adotados, ficará obrigado à indenização se não provar ter adotado todas as medidas idôneas para evitar o prejuízo”.
A idéia básica é que todo dano é injusto quando lesiona um interesse merecedor de tutela e, ao mesmo tempo,, viola o dever genérico de não causar dano a outrem – neminem laedere ou alterum non laedere - fica obrigado a indenizar o prejudicado.
O DANO EMERGENTE E LUCRO CESSANTE. 
O artigo 389 do CCB-2002 disciplina que não cumprido a obrigação, responde o devedor por perdas e danos ou seja, lucro cessante (o que deixou razoavelmente de ganhar) e dano emergente (o que efetivamente perdeu), em face da disposição prevista no artigo 402 do CCB. 
Assim, preleciona Carlos Roberto Gonçalves , “o dano patrimonial, em toda a sua extensão, há de abranger aquilo que efetivamente se perdeu e aquilo que se deixou de lucrar: o dano emergente e o lucro cessante”.
O Código Civil francês usa a expressãoDANOS E INTERESSES para designar o dano emergente e o lucro cessante, a qual, sem dúvida é melhor que a empregada pelo nosso Código: perdas e danos, que são expressões sinônimas, que designam, simplesmente, o dano emergente.
De qualquer forma, o entendimento que prevalece é o da restitutio in integrum, ou seja, a restituição integral. Na realidade, a pretensão do lesionado se resume no ressarcimento de TODO O PREJUÍZO ATUAL E FUTURO SOFRIDO PELA VÍTIMA. Não se admite, no campo da responsabilidade civil, que a pessoa seja indenizada em parte ou pela metade do seu prejuízo.
O DANO PATRIMONIAL DIRETO E INDIRETO. 
O dano há que ser direto e imediato do ato lesivo, ou seja, decorrente do ato ofensivo.
“Somente danos DIRETOS E EFETIVOS, por efeito imediato do ato culposo, encontra no Código Civil suporte de ressarcimento. Se dano não houver, falta matéria para a indenização. Incerto e eventual é o dano quando resultaria de hipotético agravamento da lesão”. (In RT 612/44).
O dano indireto atinge a vítima por vias transversais. Por exemplo, “A” é vítima de homicídio em face da ação de “B”, sendo que “A” era alimentante de “R”. Nesse caso, “R” sofreu um dano indireto por ação delituosa de “B”. Nesse caso, “R” faz juz a uma indenização pelo dano indireto sofrido.
DIREITO DE PERSONALIDADE. 
Os artigos 11 a 21 do Código Civil prescreveram os direitos da personalidade. Nesse caso, se tratam de disposições legais que autorizam a defesa dos direitos da intimidade das pessoas, definidas no artigo 5º, inciso X da Constituição Federal de 1988, como sendo direito à INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA e, IMAGEM.
Personalidade significa: “Condição ou modo de ser da pessoa. Neste sentido esse termo já foi usado por Tomás de Aquino. No significado técnico da psicologia contemporânea, personalidade é a organização que a pessoa imprime à multiplicidade de relações que a constituem”, segundo Nicola Abbagnano .
Ainda, no dizer de De Plácido e Silva ”Do latim personalitas, de persona (pessoa), quer, propriamente, significar o conjunto de elementos, que se mostram próprios ou inerentes à pessoa, formando ou constituindo um individuo que, em tudo, morfológica ou fisiológica ou psicologicamente se diferencia de qualquer outro”. E, adiante, o autor conclui: “A personalidade, portanto, exprime o caráter próprio, e designa a vida com independência, a vida autônoma”.
“Personalidade. A totalidade psíquica, dotada de decisões, resistência e força”. Carlos G. Jung.
Segundo obtempera Rui Stoco , “esses direitos subjetivos têm como objeto emanações, manifestações da personalidade do seu sujeito e não a personalidade em si, porque esta, como vimos, é condição prévia da existência de qualquer direito ou obrigação na órbita jurídica”.
“O direito à imagem constitui um direito de personalidade, extrapatrimonial e de caráter personalíssimo, protegendo o interesse que tem a pessoa de opor-se à divulgação dessa imagem, em circunstâncias concernentes à sua vida privada”. (In STJ – 4a. Turma – REsp. 74.473 – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – j. 23.02.1999 – RSTJ 122/303).
Atualmente, o STJ através da Súmula 227 estabeleceu que, “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”, aludindo ao fato de que esta pessoa é detentora da HONRA OBJETIVA, diferentemente das pessoas físicas que possuem a HONRA SUBJETIVA.
Rui Stoco ainda ensina que, “a imagem humana, sendo componente co-natural da pessoa, é lhe, por evidência, dado essencial. E, por isso, pela estrutura e pelo conteúdo, o ius imaginis qualifica-se exatamente com um direito de personalidade”.
“O direito à imagem reveste-se de duplo conteúdo: moral, porque direito de personalidade, patrimonial, porque assentado no princípio segundo a qual a ninguém é lícito locupletar-se à custa alheia”. (In STJ – 4a. Turma – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - PRISÃO ILEGAL - ART. 5 - INC. LXXV - CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - DANO MORAL - RESSARCIMENTO DOS DANOS - Embargos Infringentes. Responsabilidade civil do Estado. Excesso de prisão. Indenização por dano moral. Art. 5, LXXC, da C - Federal. Todos os cidadãos, mesmos os desonrados, infames ou depravados, são titulares dos direitos integrantes da personalidade. Ninguém fica deles privados, já que em todo o individuo haverá, pelo menos, uma coisa moral, ou seja, uma zona intacta de atos e princípios morais. Recurso improvido, para manter a indenização do dano moral ao condenado, que ficou preso além do tempo fixado na sentença. (TJRJ - EI-AC 108/97 - (Reg. 090398) - Cód. 97.005.00108 - RJ - I G.C.Cív. - Rel. Des. Marlan Marinho - J. 10.12.1997)
A revista VEJA de 30.06.2010 (Edição 2171 – ano 43 – N. 20 – p. 54) reportagem PANORAMA - HOLOFOTE, publicou a seguinte nota: “A BOLADA QUE GYLMAR QUER PEGAR: “a Nike foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a indenizar em R$. 100.00,00 o ex-goleiro GYLMAR,que defendeu a seleção brasileira, na conquista dos títulos mundiais de 1958 e 1962. Há quatro anos, a marca esportiva decorou suas lojas paulistas com fotografias de Gylmar. O jogador alegou não ter sido consultado, nem autorizado o USO DE SUA IMAGEM. Antes de levar o caso à Justiça, o escritório Mansur Murad, que o defende, tentou chegar a um acordo com a marca, mas não obteve sucesso. A Nike pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça”.
O Direito à privacidade (artigo 5º, inciso X da CF/88) é um dos apanágios do ser humano – direito ao recato, direito à reserva íntima. Ninguém gosta de ser exposto à consideração Pública, sujeito à execração pública. Todos nós temos um elevado temor, receio, pavor de sermos depreciados pelo julgamento popular.
Segundo Rui Stoco , “ser portador de cidadania é exercer esses direitos, dentre os quais, como expressão máxima do direito de liberdade, encontra-se a personalidade e sua projeção exterior através da imagem e do vultus. No plano interno da personalidade, como expressão e marca da individualidade, temos a intimidade”.
E, na seqüência, conclui:
“E esta pertence ao patrimônio subjacente da pessoa. Ninguém pode ser compelido a exibir o seu próprio intimus. Santo Agostinho já salientava que – in inteiore hominis habitat veritas. Esse direito, como regra (posto comportar exceções), opõe-se a todos e ao próprio Estado”.
“Um nome é mais que um acessório ou uma simples denominação da pessoa, um direito fundamental e um patrimônio de sua vida. Não são apenas as pessoas físicas que recorrem ao STJ para a proteção de sua identidade. Empresas, fundações e outras pessoas jurídicas também tem procurado a Casa para garantir seu direitos de manter o nome como o caso da Odebrecht Comércio e Indústria de Café Ltda”. (In STJ – Inova no exame de diversas situações que envolvem direito de identidade).
Por isso, o artigo 5o, inciso X da CF/88, combinado com o artigo 21 do Código Civil de 2002 primaram pela tutela ampla e irrestrita do direito à privacidade – um dos pontos marcantes da pessoa no século XXI.
O NOME, para os antigos Egípcios possuía um significado especial, sendo inclusive, revestido de um poder mágico. Nesse sentido, Christian Jacq narra que: “O conhecimento do nome é o verdadeiro conhecimento: pronunciar o nome é modelar uma imagem espiritual, revelar a essência de um ser. Ao nomear, cria-se. Conhecendo os verdadeiros nomes, oculto aos profanos, vive-se uma mestria”.
E, adiante o autor conclui: “O mais grave para um ser é ver o seu nome destruído. Por isso a magia toma todas as precauções para que o nome dure eternamente. Os elementos do nome, as letras, que o compõem, são sons portadores de energia. Quando o mago fala ritualmente, utiliza esses sons como uma matéria animada, age sobre o mundo exterior, modifica-o se tanto for necessário. CADA SER – INCLUINDO AS DIVINDADES – POSSUEM UM NOME SECRETO”.
Na página 69 da obra indicada, o autor aduz que: “Na conspiração fomentada contra o Faraó RAMSÉS II, os criminosos haviam utilizado a magia para assassinar o monarca. Julgados,mudaram-lhes os nomes, tornando-os odiosos; cada um passou a ser chamado – RÊ-O-ODEIA, MAU-EM-TEBAS, O MALIGNO. Esses nomes que apavoram são castigos em si mesmos”.
Finalmente, na página 70 o autor conclui: “Pode-se ir mais longe e suprimir toda a lembrança do culpado, fazendo-o desaparecer, ao passo que o nome é um elemento essencial para a sobrevivência. O morto sem nome é condenado à segunda morte. É destruído no seu ser profundo. No reino dos mortos é preciso antes de mais nada recordar o próprio nome”.
Artigo VI. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM, aprovada pela ONU em 1948: “Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a Lei”.
O nome é mais que um acessório ou simples denominação. Ele é de extrema relevância na vida social, por ser parte intrínseca da personalidade. Tanto que o novo Código Civil trata do assunto em seu Capítulo II, esclarecendo que toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Ao proteger o nome, o Código de 2002 nada mais fez do que concretizar o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Essa tutela é importante para impedir que haja abuso, o que pode acarretar prejuízos e, ainda, para evitar que sejam colocados nomes que exponham ao ridículo seu portador.
DANO AO CORPO: 
É toda e qualquer lesão corporal causado pela ação de terceiro, coisa ou animal à pessoa, que possa repercutir na sua atividade pessoal, laboral ou social.
Segundo preleciona Maria Helena Diniz , “na hipótese de lesão corporal, como já afirmamos, o ofensor deverá indenizar o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido – artigo 949”.
O CCB-2002 (artigo 950) eliminou o pagamento de multa, prevista no artigo 1.538 do CCB-1916, salvo na hipótese do artigo 129, Par. 5o do CPB, porque a lei penal deixou de cominar penas pecuniárias para os delitos de lesão corporal, impondo apenas a pena privativa da liberdade.
No caso do dano estético, este poderá ser reparado através de novas cirurgias restauradoras, implicando essa verba na indenização patrimonial – posto que, se trata de tratamento devido pelo lesionador.
Maria Helena Diniz , ainda pontifica que, “observa”, com argúcia, Silvio Rodrigues que uma é a indenização reparadora por dano moral e do dano estético, disciplinado pelo Código Civil no artigo 944, e outra a indenização reparadora do dano patrimonial, consistente na capacidade laborativa, de que cuida o artigo 950 do Código Civil.
“Se a vítima sofrer, concomitantemente, dano moral resultante de aleijão e dano patrimonial oriundo da diminuição de sua capacidade de trabalho, deverá receber dupla indenização: aquela fixada moderadamente e esta proporcional à deficiência experimentada – RT 367/137 – RTJ 57/786”.
Se houver homicídio, a indenização da vítima consistirá nas seguintes reparações previstas no artigo 948 do CCB:
•	No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, com o seu funeral e com o luto de família. A regra é omissa. Não inclui lucro cessante. Ainda há situações em que não se terá despesa com tratamento médico, como no caso da vítima falecer imediatamente, com o funeral se o cadáver desapareceu.
•	Na prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto os devia, à viúva, filhos menores ou parentes necessitados, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (provável 65 – 70 anos). 
•	Danos Morais – Súmula 37 do STJ.
•	Honorários de advogado em face do artigo 20 do CPC.
Súmula 491:
“É indenizável o acidente que causou morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado”.
Súmula 490 do STF:
“A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores”.
Nos casos de lesão corporal, conforme previsão no artigo 949, o ofensor indenizará a vítima nas seguintes verbas:
•	Despesas do tratamento médico-hospitalar.
•	Lucros cessantes até o fim da convalescença.
•	Além de algum outro prejuízo
Portanto, todas as despesas despendidas pela vítima para o seu tratamento integral, atento ao principio basilar da responsabilidade civil consistente na restitutio in integrum.
DANO ESTÉTICO:
O dano estético não se confunde com o dano moral – devem ser avaliados de forma diferente, posto que, decorrem de situações diversas.
Nesse sentido, consagrou-se entendimento no Superior Tribunal de Justiça (REsp. 10.536 – DJU 19.08.1991), indenizando-se o dano material e o dano moral resultante de deformidade estética.
Nesse sentido, ROBERTO H. BREBIA, apontado por Rui Stoco , descreve que,“El daño moral, en casos de lesiones deformantes o mutilante, se halla caracterizado por el menoscabo espiritual que ocasiona a la víctima la alteración de su estética personal; detrimento o menoscabo éste que no es más que un caso especial y acentuado de la natural sensación biopsiquica desagradable que produce generalmente toda lesión en quien la sufre”.
Predominavam na jurisprudência e doutrina o entendimento de que o dano estético subsumia-se no dano moral. Todavia, o STJ mudou substancialmente este entendimento.
RESPONSABILIDADE CIVIL - DANO MORAL: 
O dano estético subsume-se no dano moral. Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial não conhecido. (STJ – 4a. Turma – REsp. 56.101-9 – Rel. Min. Fontes de Alencar – j. 25.04.1995 – RSTJ 77/246).
Segundo Rui Stoco ,”mas mostra-se impróprio pretender indenização por dano moral estético e por dano moral cumulativamente, pois haverá aí verdadeira contraditio in terminis, conduzindo à insuportável bis in idem”. Essa idéia não mais prevalece no STJ. Hoje, segundo entendimento da Corte, o Dano Moral poderá ser acumulado com o Dano Estético, desde que originado de verbas distintas.
Todavia, essa questão alterou em face do Enunciado 390 do STJ, na III Jornada de Direito Civil, em face de nossa proposta aprovada por unanimidade, como se denota:
Art. 949 e 950
Autor: CLAYTON REIS.
Enunciado 192/STJ: OS DANOS ORIUNDOS DAS SITUAÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 949 E 950 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 DEVEM SER ANALISADOS EM CONJUNTO, PARA O EFEITO DE ATRIBUIR INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS MATERIAIS, CUMULADA COM DANO MORAL E ESTÉTICO.
A matéria se encontra atualmente consolidada, em face do advento da SÚMULA 387 DO STJ, ao determinar que: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. 
Para tanto, torna-se necessário que sejam identificados os elementos que acarretaram os diferenciados DANOS MORAIS E DANOS ESTÉTICOS, segundo a expressão utilizada pelo STJ: “Podem cumular-se danos estético e moral quando possível identificar claramente as condições justificadoras de cada espécie”. (in STJ – REsp. 711.720/SP – Relator: Min. Aldir Passarinho – 4ª Turma – j.em. 24.11.2009 – DJU 18.12.2009).
LESÃO À INTEGRIDADE INTELECTUAL E MORAL 
As ofensas aos direitos autorais, no geral, são suscetíveis de gerar danos morais, segundo a previsão contida no artigo 24 da Lei número 9.610 de 19.02.1998.
A lei 9.610/98 em seu artigo 22 declara que, “pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou”.
Segundo Maria Helena Diniz , “além da retribuição material da obra intelectual, como o direito autor emana da personalidade do artista, o seu direito autoral recai também sobre o conteúdo ideal de seu trabalho, que está muito acima de interesses pecuniários e que consiste na prerrogativa de fazer com que essa sua obra seja intocável...”
A mesma autora, na seqüência, afirma que, “o direito moral do autor é um direito personalíssimo e abrange o direito de lei (Lei n. 9.610/98, art. 24): reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra, ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização da obra: conservá-la inédita;assegurar-lhe a integridade, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação, honra; modificá-la antes ou depois de utilizá-la; retira-la de circulação ou suspender-lhe qualquer forma de utilização já autorizada”.
Portanto, além dos danos materiais decorrentes da violação dos direitos materiais, será igualmente assegurada ao autor, a reparação pelos danos morais decorrentes do seu aborrecimento. 
DANO MORAL
Segundo ensina Humberto Theodoro Junior , “no convívio social, o homem conquista bens e valores que foram o acervo tutelado pela ordem jurídica. Alguns deles se referem ao patrimônio e outros à personalidade humana, como atributos essenciais e indisponíveis da pessoa. É direito seu, portanto, manter livre de ataques ou moléstia de outrem os bens que constituem seu patrimônio, assim como preservar a incolumidade de sua personalidade”. 
“HONESTA FAMA EST ALTERIUM PATRIMONIUM – A fama honesta é outro patrimônio”. Axioma romano.
O dano moral, segundo o mesmo autor, “traduzem-se em um sentimento de pesar íntimo da pessoa ofendida, capaz de gerar alterações psíquicas ou prejuízos à parte social ou afetiva do patrimônio do ofendido”.
O artigo 5º, inciso V e X da CF/88 consagrou essa idéia. Por sua vez, o artigo 186 do CCB-2002, da mesma forma, conferiu o direito à indenização pelos danos morais de forma precisa e cristalina.
Para Miguel Reale, “a Constituição Federal, ao tipificar o dano moral, não se refere ao aspecto físico da pessoa, mas à sua dimensão ética perante a sociedade, implicando, necessariamente, um dano moral”.
José de Aguiar Dias assinala que, “quando um dano não corresponde às características de dano patrimonial, dizemos que estamos em presença do dano moral”.
Para Arnaldo Rizzardo , “Além do prejuízo patrimonial ou econômico, há o sofrimento psíquico ou moral, isto é, as dores, os sentimentos, a tristeza, a frustração. Em definição de GABBA, dano moral ou não-patrimonial é o dano causado injustamente a outrem, que não atinja ou diminua o seu patrimônio”.
Trata-se de uma indenização que tem a função compensatória, bem como, serve como desestímulo ao ofensor na prática de novos atos ofensivos à sua integridade.
A Súmula 37 do STJ admite a cumulação com o dano material. Por sua vez, a Súmula 227 do STJ admite a indenização do dano moral da pessoa Jurídica porque se trata de honra objetiva dessa pessoa de natureza privada ou pública.
Arnaldo Rizzardo em sua obra, estabelece a ocorrência do dano moral em quatro dimensões distintas – a saber:
•	O dano que representa a privação ou diminuição de um valor precípuo da vida da pessoa, e que se revela na ofensa à paz, à tranqüilidade de espírito, à liberdade individual;
•	O dano que alcança a parte social do patrimônio moral, atingindo a personalidade, ou a posição íntima da pessoa consigo mesma, como a honra, a estima, o apreço, a consideração, a reputação, a fama;
•	O dano que atinge o lado afetivo, ao estado interior, exemplificado na dor, tristeza, saudade, no sentimento;
•	Aquele que tem influência no patrimônio, e que envolve a conceituação íntima relacionada ao aspecto ou postura física externa, com prejuízo para a beleza, a aparência, a postura, a simetria corporal, e aí encontram a cicatriz, o aleijão e a deformidade.
O processo indenizatório de nossos tribunais é aleatório, dependendo do caso concreto. O STJ assumiu o compromisso de disciplinar o processo indenizatório no que tangem ao QUANTUM INDENIZATÓRIO.
SÚMULA 281 DO STJ: “A indenização pelo dano moral não está sujeita à tarifação prevista na lei de imprensa”.
“A nova Carta Magna da República conferiu ao dano moral status constitucional ao assegurar, nos dispositivos sob referência, a sua indenização quando decorrente de agravo à honra e à imagem ou de violação à intimidade e à vida privada”. (STF – 1a. Turma – RE 192.593 –Rel, Min. Ilmar Galvão – j. em. 11.05.1999 –RTJ 170/964).
O quantum indenizatório fixado pelos nossos Tribunais é extremamente complexo e de difícil avaliação, por isso, DE PAGE, assinalou que, “a dificuldade de avaliar não apaga a realidade do dano e, por conseguinte, não dispensa da obrigação de repará-la”.
No caso dos danos morais, não há necessidade de prova. Trata-se de dannum in re ipsa, ou seja, decorrente da própria coisa. Art. 335, I do CPC. Não dependem de provas os fatos: notórios. Trata-se de presunção hominis.
Atualmente se encontra consagrado, no Brasil, a competência da Justiça do Trabalho para o processo de indenização dos danos morais, quando decorrer de atividade laboral – art. 144, IV da Emenda Constitucional número 45/2004.
“Cabe indenização por dano moral pela revista pessoal determinada por empresa a empregado, mediante sorteio na saída do local de trabalho. Evidência de constrangimento, ofensa, desconforto, angústia e abalos psíquicos, motivadores do reconhecimento do dano moral. Desinfluência da tese da empresa, no sentido de que o empregado sabia do procedimento da empresa a este respeito, pois tal não elide os vexames sofridos e os mais acima mencionados, abuso de direito de sobejo evidenciado”. (In Boletim de Jurisprudência ADCOAS 8221748 – 47/742 de 11.2003).
Os danos dos profissionais liberais dependem da prova da culpa, posto que se trata de culpa subjetiva, como consagrado no artigo 14, Par. 4º do CDC e no artigo 951 do Código Civil de 2002.
SÚMULA 281 DO STJ: “A indenização por dano moral, não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”.
DANOS MORAIS - ASSÉDIO SEXUAL. 
Superior hierárquico que se aproveita da situação de funcionária subordinada para dirigir-lhe propostas indecorosas e toques pessoais. Cabimento, reduzindo-se, no entanto, o quantum indenizatório de 300 para 50 salários mínimos”. (In Apel. Cível n. 75.940-4 da 6ª Cam. Privado do TJSP – j. em 24.03.1999.).
“A ausência de previsão legal nesse sentido coaduna com a própria natureza personalíssima do dano extrapatrimonial, que diz respeito ao foro íntimo do ofendido, o qual, em regra, é o único legitimado para buscar em juízo a reparação. Por se caracterizar como ofensa à honra subjetiva do ser humano, o dano moral sofrido por cada condômino desse edifício de 200 apartamentos por possuir dimensão distinta, não se justificando um tratamento homogêneo”. (In STJ – REsp. 1.177.862/RJ – 3ª Turma – Relatora: Min. Nancy Andrighi – j. em 09.05.2011).
RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL.
A responsabilidade civil e penal são independentes, conforme prescreve o artigo 935 do CCB. Para Afrânio Lyra, “a responsabilidade penal é perante a sociedade. A responsabilidade civil, conquanto fundada também no interesse social, é perante o lesado”. 
Segundo preleciona Arnaldo Rizzardo , “o ilícito penal revela um teor ofensivo superior que o civil, derruindo de maior relevância, e impondo efeitos nefastos e de nocividade em nível mais elevado que as infrações civis”.
Uma conduta pode, portanto, acarretar violação tanto civil como penal, trazendo dessa forma uma dupla ilicitude – enquanto que a primeira se preocupa com a condenação pessoal do ofensor, a segunda com os danos produzidos, respondendo o patrimônio do lesionador pelos danos advindos dessa situação.
Todavia, para se evitar decisões contraditórias nas duas jurisdições, o legislador teve o cuidado de declarar a independência de ambas, com o propósito de assegurar decisões finais que guardem relação entre elas.
Para Carlos Roberto Gonçalves , “o Código estabeleceu, assim, na primeira parte do dispositivo (artigo 935) a independência da responsabilidade civil da responsabilidade criminal, pois diversos são os campos de ação da lei penal e da lei civil. Mas a segunda parte mostra que tal separação não é absoluta e que o sistema adotado é o da independência relativa”.
O artigo 91, inciso I do Código Penal, considera como um dos efeitos da condenação criminal, “TORNAR CERTA A OBRIGAÇÃO DE INDENIZARO DANO CAUSADO NO CRIME”. 
Os artigos 63/67 e 93 do Código de Processo Penal assinalam que não mais poderá ser questionado na esfera cível quem seja o autor ou a existência do fato. 
No mesmo sentido o artigo 63 do Código Penal e artigo 584, II do CPC consideram titulo exeqüível a sentença condenatória criminal de dano. Por sua vez, o artigo 64 parágrafo único do Código de Processo Penal, autoriza a suspensão da ação cível até decisão final da sentença condenatória criminal.
“Em ação de indenização decorrente de acidente de veículos em que o culpado foi condenado criminalmente, reconheceu-se a obrigação do proprietário de reparar o dano, afirmando-se expressamente que um dos efeitos da condenação é tornar certa a obrigação de indenizar, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato quanto esta já se acha decidida no crime – RT 513/265”.
Portanto, pode-se deduzir, segundo a lição de Carlos Roberto Gonçalves , “a parte interessada, se quiser, poderá promover a ação para a satisfação do dano apenas na sede civil. Se houver sentença penal condenatória com trânsito em julgado, em face da influência que tal decisão exerce no cível, será ela exeqüível na jurisdição civil, onde não mais se discutirá o an debeatur (se deve) e sim o quantum debeatur (quanto deve). Se proposta, a ação civil, estiver em curso a ação penal, deverá o juiz do cível sobrestar o andamento da primeira”.
Nesse caso, o juiz cível não está obrigado a suspender, já que se trata de mera faculdade prevista no artigo 110 do Código de Processo Civil, segundo, aliás, orientação jurisprudencial nesse particular aspecto:
“A suspensão do feito civil, quando em curso ação penal versando sobre o mesmo substrato fático, encerra mera faculdade, segundo critério de conveniência, havendo meios processuais que asseguram a possibilidade de, caso proclamado, em sede criminal, juízo de certeza quanto à autoria e à materialidade, fazê-lo prevalecer sobre eventual pronunciamento decisório conflitante proferido na esfera cível”. (in REsp. 33200-SP/STJ – 4ª. Turma – DJU de 15.05.1995).
É possível, no entanto, a satisfação do dano na própria esfera penal, segundo previsão contida nos artigos 118 e seguintes do Código de Processo Penal. No mesmo sentido, é admissível a composição do delito perante o Juizado Especial Criminal.
De qualquer forma, poderemos considerar para os efeitos da aplicação da regra inserta no artigo 935 do Código Civil, as seguintes hipóteses relacionadas com a independência relativa das decisões proferidas na esfera criminal – a saber:
•	A sentença criminal de condenação não permite discussão no juízo da reparação do dano;
•	A sentença penal de absolvição, se fundada na negativa do fato ou na negativa de que o indigitado responsável foi o seu autor, tem eficácia absoluta no cível, trancando, aí, qualquer discussão a respeito;
•	A sentença penal fundada em falta de prova, na circunstância de não constituir crime o fato de que resultou o dano, na de estar prescrita a condenação, enfim, em qualquer motivo peculiar à instância criminal quanto às condições de imposição de suas sanções, não exerce nenhuma influência no cível;
•	A sentença penal, fundada em dirimente ou justificativa, não influi no juízo civil senão quando estabeleça a culpa do ofendido, que, nesse caso, sofre as conseqüências do seu procedimento. Não é, portanto, o ato do autor do dano em si, que, coberto por dirimente ou justificativa, desautoriza a obrigação de reparar; é a culpa do ofendido que, conjugada àquele, determina a irresponsabilidade. 
De acordo com a regra prevista no artigo 386 do Código de Processo Penal: “o juiz absolverá o réu, mencionando a causa da parte dispositiva, desde que reconheça”:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal:
V – existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (artigos 17, 18, 19, 22 e 24, par. 1º do CP).
VI – não existir prova suficiente para condenação.
Todavia, “conforme o fundamento da absolvição, a sentença criminal produzirá ou não efeitos de coisa julgada no cível, isto é, fechará ou não as portas do cível para o pedido de ressarcimento do dano. Toda vez que ela se basear em “falta de prova” (incisos II, IV e VI), nenhum efeito produzirá em juízo cível, porque a vítima poderá produzir no cível as provas que faltaram no processo-crime”, segundo ensina Rui Stoco .
Assim, as decisões de nossos Tribunais têm pautado pelas seguintes orientações, no caso de conflito entre decisões na esfera cível e penal.
“A culpa tanto pode ser civil como penal. A responsabilidade civil não depende da criminal. Conquanto haja condenação penal, tal não impede se reconheça, na ação civil, a culpa concorrente da vítima. O que o artigo 1.525 do Código Civil (atual 935) impede é que se questione sobre a existência do fato e de sua autoria”. (In STJ – REsp. – Rel. Min. Nilson Naves – Bol. STJ 4, p. 14).
“Se a justiça Penal reconheceu a legítima defesa, é impossível pleitear na Justiça Civil o ressarcimento do dano decorrente daquele ato”. (In RT 513/120)
Segundo a lição de Carlos Roberto Gonçalves , “transitada em julgado a sentença penal condenatória, esta valerá, ex vi legis, como título certo, porém, ilíquido, em favor do titular do direito à indenização. Como condenação criminal não fixa o valor do dano civil a ser reparado, a responsabilidade do condenado, embora certa, necessita de ulterior apuração no tocante ao quantum debeatur”.
É oportuno lembrar, que no tocante à legítima defesa, há que se frisar que somente a real, praticada contra o agressor, impede a ação de ressarcimento de danos. Se o agente, por erro de pontaria (aberratio ictus), atingir um terceiro, ficará obrigado a indenizar os danos a este causados. E terá ação regressiva contra o injusto ofensor.
Assim, haverá casos em que a indenização será admissível na esfera cível, segundo se observa do contido no artigo 67 do Código de Processo Penal, que expressamente dispõe:
Não impedirão igualmente a propositura da ação cível:
I – O despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – A decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
DECISÕES JURISPRUDENCIAIS DIVERSAS:
Estado de necessidade.
“Responsabilidade civil. O estado de necessidade não elide a responsabilidade civil, contrariamente ao que ocorre no criminal, autorizando o autor do dano apenas a exercitar seu direito de regresso contra o causador da situação de perigo (RT 477/104)”.
Insuficiência de provas
“Responsabilidade civil. Absolvição criminal, com apoio no artigo 386, VI do Código de Processo Penal, que não impede a indagação da responsabilidade civil do preponente, por ato de preposto – RTTJSP 36/134”. 
Quando o fato não constituir crime.
Responsabilidade civil. Evidenciados os elementos constitutivos do ato ilícito, surgirá à obrigação de indenizar, pouco importando se o fato danoso viola ou não simultaneamente a lei penal (In RT 509/231).
Ausência de culpa.
“Responsabilidade civil”. A absolvição do réu, no crime, por ausência de culpa, não o exime, no cível, da responsabilidade de indenizar. É que a culpa civil, mesmo levíssimo, impõe aquela obrigação. (In RT 407/352).
Sustação de ação cível.
Suspensão do processo. Admissibilidade se a ação civil tem por fundamento um único e mesmo fato que constitui fundamento também da ação penal. Sobrestamento do feito, no entanto, que não poderá exceder um ano. Inteligência dos artigos 110 e 265, IV do CPC. (In RT 773/337).
Arquivamento de inquérito.
“Responsabilidade civil”. O arquivamento de inquérito policial não impede o reconhecimento da culpa para o efeito da responsabilidade indenizatória. (In RT 515/74).
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO.O Código de Defesa do Consumidor, editado através da Lei número 8.078/90, atendeu ao disposto no artigo 5º, inciso XXXII da CF/88. O que se disciplina no estatuto legal é o equilíbrio nas relações de consumo de forma a proteger a parte hipossuficiente – o consumidor. O que predomina nessa relação é a habitualidade das atividades mercantis de consumo.
O CDC definiu com clareza absoluta a atividade do consumidor (art. 2º) bem como, a do fornecedor (art. 3º). No mesmo sentido, conceituou o que é produto (art. 3º, par. 1º) e serviço (art. 3º, par. 2º).
De acordo com a opinião de Sérgio Cavalieiri Filho , “O Código de Defesa do Consumidor não se guiou pelos critérios do Código Civil para conceituar produtos ou serviços, como já disse. Criou um sistema próprio para regular as relações jurídicas de consumo, que têm significação moderna e atual, de acordo com o que o Código de Defesa do Consumidor estabeleceu como conceito para elas, para o consumidor, para o fornecedor e para o produto e o serviço”.
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO. 
A Lei consumerista prescreveu que se trata de responsabilidade objetiva, em face da segurança dos produtos e serviços, segundo as previsões contidas nos artigos 8º e 9º do CDC. Deve ainda o fabricante ou fornecedor informar adequadamente o consumidor em face do perigo e nocividade do produto.
Os acidentes de consumo foram assim denominados em face da obrigação de indenizar todo e qualquer dano, decorrente dos danos provocados pelo produto, como, pelo serviço.
Segundo leciona Arnaldo Rizzardo , “o bem acarreta um dano, que se origina das causas especificadas no dispositivo, e arroladas exemplificadamente, isto é, não impedindo outras: defeito de projeto, de fabricação, de construção, de montagem, de fórmulas, de manipulação, de apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”.
No que tange ao serviço, a disciplina desta situação se encontra prevista no artigo 14 do CDC. Nesse caso, todo o serviço possui uma natural deficiência de execução gerando, por conseqüência, danos a terceiros.
“A deficiência do fornecimento de energia elétrica pode justificar a paralisação do serviço de telefonia, em prejuízo da obrigação de continuidade, porém é indispensável à demonstração inequívoca da culpa exclusiva do terceiro, o que não se verifica na espécie. O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido”. (In REsp. no. 599.538/MA, da 4ª. Turma do STJ – j. em 04.03.2004 – DJU 06.09.2004).
Todavia, o artigo 14, par. 4º, estabelece a culpa subjetiva dos profissionais liberais, em razão da autonomia dos serviços executados por essas pessoas – se estendendo às pessoas jurídicas que exercem atividades liberais.
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBSIDIÁRIA DO COMERCIANTE 
O comerciante somente será responsabilizado quando ocorrer os casos previstos no artigo 13 do CDC:
•	O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
•	O produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
•	Não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Nesse caso, a culpa do comerciante será subjetiva posto que, todos os casos apontados dependerão da prova da culpabilidade devidamente demonstrada. Na realidade, trata-se de negligência do comerciante no trato do produto comercializado, sendo assegurado o direito de regresso com exceção à situação prevista no terceiro caso.
RESPONSABILIDADE POR VICIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 
Nesse caso, estaremos diante dos defeitos e ou vícios inerentes à própria coisa ou serviço. Nesse caso, se enquadram aquela categoria de produtos que o tornam impróprio ou inadequado ao consumo, diminuem o valor do produto ou ainda, apresenta disparidade entre o seu conteúdo líquido e suas indicações.
Nessa situação, citando Sérgio Cavalieiri Filho, Arnaldo Rizzardo aponta para o seguinte fato, “É o automóvel que apresenta problema no motor, a televisão que não tem boa imagem, o ferro elétrico que não esquenta, a geladeira que não gela, o medicamento com data vencida ou inadequado para o tratamento a que se destina, o produto alimentício com peso inferior ao indicado na embalagem”.
No que tange à responsabilidade civil, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu da seguinte forma:“Se os animais foram acometidos de leptospirose canina, com cobertura para a variante copenhageni, coberta pela vacina canigen, e mesmo assim vieram a falecer, a responsabilidade decorrente da inocuidade da vacina é dos seus fabricantes. Padece de forte dor, grande sofrimento, quem acompanha a morte de seus animais de criação acometidos de grave enfermidade que estaria coberta por vacina, que se mostrou inócua por óbvio defeito de fabricação. Na hipótese, cabe a reparação por danos morais e materiais”. (In Apel. civ. n. 8211079 – Boletim de Jurisprudência ADCOAS, n. 44, p. 696 – novembro de 2002).
O artigo 19 do CDC apresenta ao consumidor a alternativa de solução amigável:
•	O abatimento proporcional do preço;
•	Complementação do peso ou da medida;
•	A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
•	A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
Além da responsabilidade pelo produto, poderá ainda ocorrer à responsabilidade oriunda dos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo, segundo previsão contida no artigo 20, aplicando-se nesse caso, as mesmas alternativas semelhantes àquelas do defeito do produto.
O artigo 22 do CDC estende essas situações aos órgãos públicos, por si ou sua empresa concessionária, como aponta Arnaldo Rizzardo ,
“A omissão na prestação de serviços, especialmente quanto aos essenciais, como os de segurança, de assistência médica e hospitalar, os relativos ao fornecimento de água, energia elétrica, os de telefonia (Lei número 7.783 de 1989), que sequer permitem a interrupção por motivo de greve, acarreta a Responsabilidade do Poder Público, como vem assinalado no parágrafo único, o que é uma decorrência lógica”.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE 
Para haver responsabilidade civil é necessária a existência do nexo causal entre o fato e o dano. Para tanto, será indispensável observar que o fabricante (art. 12, Par. 3º CDC): 
•	Não colocou o produto no mercado;
•	Que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
•	A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Por exemplo, no caso de veículo, o proprietário não procede à troca de óleo de lubrificação, não é regulado o sistema de freios, os pneus se encontram gastos. Acontece o acidente por que a roda é mal colocada ou não foram devidamente apertados os parafusos.
“O fato de o artigo 14, par. 3º do CDC não se referir ao caso fortuito e à força maior, ao arrolar as causas de isenção de responsabilidade do fornecedor de serviços, não significa que, no sistema por ele instituído, não possam ser invocadas. A inevitabilidade, e não a imprevisibilidade, é que efetivamente mais importa para caracterizar o fortuito. E aquela há de entender-se dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em função do que seria razoável exigir-se”. (in REsp. n. 120.647-SP – 3ª. Turma – DJU de 15.05.2000).
DEVER DE SEGURANÇA NA ENTREGA DO PRODUTO E NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO 
O defeito do produto ou do serviço constitui-se no fato gerador da responsabilidade. Esta aliada ao dever de segurança o de informar o consumidor os riscos previsíveis e normais, em atendimento aos comandos dos artigos 8 e 9 do mesmo diploma.
Art. 8º CDC: “Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarãoriscos à saúde e segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar informações necessárias e adequadas a seu respeito”.
Art. 9º CDC: “o fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto”.
Nessa visão, é comum as fábricas de veículos efetuarem chamadas (recalls) de adquirentes de certos tipos e linhas de automóveis, para troca de peças, dada a pouca consistência ou a deformação depois de certo tempo de uso, com possibilidade de provocarem acidentes.
Segundo Sérgio Cavalieiri Filho , “Há produtos e serviços que têm o chamado RISCO INERENTE. Assim, entendido o risco intrinsecamente atado ‘a própria natureza, qualidade da coisa ou modo de funcionamento, como uma faca afiada, uma arma, medicamentos com contra-indicações, agrotóxicos, etc.”.
O CDC adotou inclusive a TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO, ou seja, o fabricante e o fornecedor são responsáveis pelos produtos colocados no mercado de consumo atual e futuro. Segundo Sérgio Cavalieiri Filho , “O Código do Consumidor deu uma guinada de 180 graus na disciplina jurídica então existente, na medida em que transferiu os ricos do consumo do consumidor para o fornecedor. Estabeleceu responsabilidade objetiva para todos os casos de acidente de consumo, quer decorrentes do fato do produto (art. 12), quer do fato do serviço (art. 14). Pode-se, então, dizer que o Código esposou a teoria do risco do empreendimento (ou empresarial), que se contrapõe à teoria do risco do consumo”.
CLÁUSULA DE EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE 
Não vale a cláusula de exclusão de responsabilidade, conforme poderá ser observado a proibição expressa contida no artigo 25 da Lei consumerista. No mesmo sentido, se encontra presente a referida determinação contida no artigo 51, inciso I do CDC.
Art. 25 CDC: “É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores”.
Nesse particular Cláudia Lima Marques adverte que, “serve também de alerta para o fornecedor no sentido de quando o contrato é de consumo, não deve prever cláusulas que estabeleçam renúncia ou disposição de direitos do consumidor”.
Dentre as questões que se enquadram na exclusão da responsabilidade, se encontra a TEORIA DO RISCO DO DESENVOLVIMENTO. Nesse caso, pode-se conceituar como sendo o “risco que não pode ser cientificamente conhecido no momento do lançamento do produto no mercado, vindo a ser descoberto somente após certo período de uso do produto e do serviço. É defeito que, em face do estado da ciência e da técnica à época da colocação do produto ou serviço em circulação era desconhecido e imprevisível”, segundo leciona Sérgio Cavalieiri Filho .
Essa questão não foi prevista no CDC. Segundo entende Sérgio Cavalieiri Filho, “em nosso entendimento, os riscos do desenvolvimento devem ser enquadrados como fortuito interno – risco integrante da atividade do fornecedor -, pelo que não exonerativo da sua responsabilidade”.
DECADÊNCIA DO DIREITO E PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO À INDENIZAÇÃO:
Para Washington de Barros Monteiro, “a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado; a decadência, ao inverso, atinge diretamente o direito e por via oblíqua, ou reflexa, extingue a ação”. 
O artigo 26 do CDC estabelece prazos decadenciais diferentes para exercer o direito de reclamar vícios aparentes – a saber: 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviços e produtos não duráveis e 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e produto duráveis.
Os prazos de decadência iniciam-se a partir da entrega do produto ou do término da prestação e os vícios ocultos no momento em que eles se tornam conhecidos do consumidor – art. 26, par. 1º e 3º do CDC. O dies a quo tem inicio no momento em que se constatar o defeito.
Há casos do defeito do produto que somente o exame técnico poderá constatar a data em que o mesmo se apresentou ao consumidor. O artigo 27 se refere há cinco anos o prazo para a propositura da ação de reparação de danos.
“A ação de indenização movida pelo consumidor contra a prestadora de serviço por defeito relativo à prestação do serviço prescreve em cinco anos, ao teor do artigo 27 c/c o art. 14 caput do CDC. Em tal situação se insere o pedido de reparação de danos materiais e morais dirigido contra a empresa editora das Listas Telefônicas em face de haver sido publicado erroneamente o número de telefone do restaurante anunciante, o que direcionou pedidos de fornecimento de alimentos a terceiras pessoa, que destratou a clientela da pizzaria, causando-lhe desgaste de imagem”. (In REsp. N. 511.558/MS – 4ª. Turma do STJ – j.em. 13.04.2004 – DJU 17.05.2004.).
Cumpre finalmente observar que haverá notória contradição em face da previsão contida no artigo 206, par. 3º, inciso V, estabelece que prescreve em três anos a pretensão de reparação cível, em contradição com o artigo 27 do CDC que estabelece o prazo de cinco anos para a prescrição do mesmo direito. Somente a jurisprudência ou a alteração legislativa será possível para dirimir o conflito dessas normas fundamentais, no âmbito da pretensão indenizatória.
Dessa forma”, disse a ministra, “frente à lacuna existente, tanto na Lei n. 7.347/1985, quanto no CDC, no que concerne ao prazo prescricional aplicável em hipóteses em que se discute a abusividade de cláusula contratual, e considerando-se a subsidiariedade do Código Civil às relações de consumo, deve-se aplicar na espécie o prazo prescricional de dez anos, disposto no artigo 205 do Código Civil.” (In STJ – Resp. 995.995/DF – 3ª Turma – Relator: Min. Nancy Andrighi – j. em. 20.08.2010).
QUESTÕES JURISPRUDENCIAIS – DECISÕES DOS TRIBUNAIS EM FACE DO CDC.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ESMAGAMENTO DE UM DEDO DA MÃO DO CLIENTE EM APARELHO DE MASSAGEM. Fato do serviço. Acidente de consumo. Responsabilidade objetiva do fornecedor. Inocorrência de culpa concorrente do consumidor. (IN TJRJ – Ap. Cível 147/95 – 2ª. Cam. Cível - Rel. Des. Sergio Cavalieiri Filho).
RESPONSABILIDADE CIVIL DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO – AGRESSÃO coletiva em campus universitário. “Trote” – Fato do serviço – Violação do dever de segurança – Falha na prestação do serviço – Danos Morais – Riscos do empreendimento – Responsabilidade da instituição de ensino caracterizada”. (In TRJR – Ap. Cível 28.686/2004 – Rel. Des. Sérgio Cavalieiri Filho).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR – VICIO DO PRODUTO – Veículo com defeito de fabricação – Demora excessiva no conserto – Dano Moral – Garantia do fabricante – Prevaricação da garantia legal. (In TJRJ – Apel. Cível 17.887/2000 – Relator: Des. Sérgio Cavalieiri Filho).
PROCESSUAL ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL TABELIONATO DE NOTAS. FORO COMPETENTE. SERVIÇOS NOTARIAIS. A atividade notarial não é regida pelo CDC. “O foro competente a ser aplicado em ação de reparação de danos em que figure no pólo passivo da demanda pessoa jurídica que presta serviço notarial é o domicílio do autor”. (In STJ – REsp. 625.144/SP – 3ª Turma - julgado em 14.03.2006 – Rel. Min. Nancy Andrighi (voto vencido)
Agravo regimental no agravo de instrumento. Responsabilidade civil. Exame de tomografia computadorizada com laudo equivocado. Acidente de consumo. Defeito na prestação de serviço. Falta da segurança legitimamente esperada. Responsabilidade objetiva. Omissão. Ausente. Fato de terceiro. Súmula 07/STJ. Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais é a eles restrita, não se estendendo ao laboratório. Agravo regimental desprovido. (Agrg. no Ag. 1417754/ RJ – 3ª Turma – Relator: Min. Paulo de Tarso Sanseverino – j.em. 27.03.2012 – DJe 09.04.2012).
Dessa forma ealertado, por meio de amplos debates ocorridos tanto na sociedade brasileira, quanto na comunidade internacional, acerca dos malefícios do hábito de ingestão de bebida alcoólica, é inquestionável, portanto, o decisivo papel desempenhado pelo consumidor, dentro de sua liberdade de escolha, no consumo ou não, de produto, que é, em sua essência, nocivo à sua saúde, mas que não pode ser reputado como defeituoso. Nesse contexto, o livre arbítrio do consumidor pode atuar como excludente de responsabilidade do fabricante. Precedente: REsp. 886.347/RS - Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro, Desembargador Convocado do TJ/AP - DJe de 25/05/2010. 
Em resumo: aquele que, por livre e espontânea vontade, inicia-se no consumo de bebidas alcoólicas, propagando tal hábito durante certo período de tempo, não pode, doravante, pretender atribuir Responsabilidade de sua conduta ao fabricante do produto, que exerce atividade lícita e regulamentada pelo Poder Público. REsp.1.261.943/SP – Relator: Min. Massami Uyeda – 3ª Turma – J. em. 22.11.2011 – DJe. 27.02.2011).
LIQUIDAÇÃO DOS DANOS
A questão da liquidação do dano se resume na efetiva reparação do prejuízo sofrido pela vítima. “Na reparação do dano, procura-se saber exatamente qual foi a sua extensão e a sua proporção, na liquidação, busca-se fixar concretamente o montante dos elementos apurados naquela primeira fase. A primeira é o objeto da ação; a segunda, da execução”, segundo ensina Carlos Roberto Gonçalves 
Dessa forma, na apuração do quantum indenizatório devido à vítima, adota-se o critério previsto no artigo 402 ou seja, apura-se o lucro cessante e o dano emergente – o que efetivamente se perdeu e o que razoavelmente se deixou de lucrar.
Por sua vez, o advérbio razoavelmente, não significa que se trate de uma situação de exclusivo arbítrio do juiz mas, aquilo que admitia a existência de prejuízo (lucro cessante), a indenização não se pautará pelo razoável e sim pelo provado. Portanto uma prova efetiva do que se perdeu em face do ato ilícito praticado pelo ofensor.
Segundo orientação do Superior Tribunal de Justiça, “o que razoavelmente deixou de lucrar, utilizado pelo Código Civil, deve ser interpretado no sentido de que, até prova em contrário, se admite que o credor haveria de lucrar aquilo que o bom senso diz que lucraria, existindo a presunção de que os fatos de desenrolariam dentro do seu curso normal, tendo em vista os antecedentes”.
O simples fato de uma empresa rodoviária possuir frota de reserva não lhe tira o direito aos lucros cessantes, quando um dos veículos sair de circulação por culpa de outrem, pois não se exige que os lucros cessantes sejam certos, bastando que, nas circunstâncias, sejam razoáveis ou potenciais”, (In REsp 61.512-SP – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo – DJU 01.12.1997, n.232, p. 62757).
“Se a vítima não exercia trabalho remunerado e permanecer durante certo tempo com incapacidade absoluta, a verba relativa aos lucros cessantes é devida. A incapacidade absoluta impediu o exercício de qualquer atividade remunerada, com o que deve ser ressarcida por isso” – in RSTJ 130/274.
“Acidente de trânsito. Lucros cessantes. Necessidade de prova da probabilidade objetiva da percepção de lucros, de forma concreta e, não, da simples possibilidade de sua realização. Recurso parcialmente provido para reduzir a verba”. In JTACESP – Revista dos Tribunais 111/58.
O GRAU DE CULPA COMO FATOR DETERMINANTE NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO EM FACE DO CCB-2002 
O Código Civil de 2002 alterou a regra contida na Lei Aquiliana, que consistia no fato de que a culpa ainda que levíssima impunha o dever de indenizar. 
Nesse particular, Yussef Said Cahali pontifica que, “não se pode dizer singelamente que a lei não olha para o causador do dano, a fim de avaliar-lhe a extensão. Pelo contrário, é compatível com a sistemática legal o reconhecimento de que a classificação da culpa – esta em sentido lato - pode fazer-se necessária, não só quando se cuida de definir a responsabilidade do autor do dano, como também quando se cuida de agravar ou tornar mais extensa a indenização devida”. 
O artigo 945 do Código Civil alterou, de forma substancial, a idéia de que o dano estava exclusivamente atrelada à extensão do dano – o precedente de culpabilidade influi substancialmente na liquidação do dano.
Segundo Carlos Alberto Menezes Direito e Sérgio Cavalieri Filho , “a concorrência de culpas, mesmo sem dispositivo expresso, já estava consagrada na jurisprudência e na doutrina brasileiras. O que importa em tal situação é a correta identificação do nexo causal entre a conduta do agente e o ato e a verificação da participação do lesado para que o dano se produzisse”.
Portanto, ficou relegado ao arbítrio do magistrado – arbitrium boni viri – a competência para fixar ao seu alvedrio, o quantum indenizatório, identificando, para tanto, os fatores que foram determinantes na produção do evento lesivo.
Segundo decisão prolatada pelo Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, “a indenização deve ser proporcional ao grau de culpa das partes envolvidas, e de forma concorrente, em caso de participação de ambas as partes. Em outras palavras, se a vítima concorreu para o evento danoso, tal circunstância deve ser considerada. E, no caso de indenização por danos morais, isso se dá na quantificação do seu valor”. (In REsp. n. 284.499 – DJU de 05.03.2001).
Segundo SIMONE GOMES RODRIGUES CASORETTI , “Interessante na concorrência de culpa é o fundamento dos Mazeud, na exata medida em que sustentavam a divisão igual, com base no iudicium rusticorum (decisão do Rei Salomão) e na ausência de nexo causal. Planiol, Ripert e Esmeil, de forma percuciente, entendem que cabe ao arbítrio do juiz a apreciação da proporcionalidade de culpa da vítima e, portanto, a proporção da redução ou compensação da composição de danos”.
“A prestadora de serviços de planos de saúde é responsável concorrentemente pela qualidade do atendimento oferecido ao contratante em hospitais e por médicos por ele credenciados, aos quais aquele teve de obrigatoriamente se socorrer sob pena de não fruir da cobertura respectiva. Mas isso não afasta a responsabilidade concorrente da empresa prestadora de serviço de saúde, o que impõe ser de logo reconhecida, no âmbito do recurso especial”. (In REsp. n. 164.084-SP – Relator Min. Aldir Passarinho Junior – DJU de 17.04.2000).
“Proibir a ponderação da culpa concorrente é orientação que leva necessariamente a uma perda de justiça, tanto maior quanto maior a culpa da vítima”. (In REsp. n. 287.849-SP – Min. Ruy Rosado de Aguiar – DJU 13.08.2001).
“Considerou o STJ que a vítima concorreu culposamente para o atropelamento pela composição ferroviária ao atravessar a linha por uma abertura do muro que a cercava, apesar da existência de uma passarela para pedestres próxima ao local do acidente”. (in REsp. n. 244.745-SP – Min. Relator Ari Pargendler – DJU 03.09.2002).
Sérgio Cavalieiri Filho , citando José de Aguiar Dias pontifica que, “O mestre Aguiar Dias endossa esse entendimento ao declarar, expressamente: Quando aos demais domínios da responsabilidade civil, a culpa da vítima, quando concorre para a produção do dano, influi na indenização, contribuindo para a repartição proporcional dos prejuízos”.
CUMULAÇÃO DA PENSÃO INDENIZATÓRIA COM A DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA
O principio vigente na teoria da responsabilidade civil se encontram atrelados a dois fatores determinantes – o nexo de causalidade e o da restitutio in integrum. 
Assim, o entendimento generalizado na doutrina e na jurisprudência é o de que a indenização decorrente de um montepio ou de uma pensão vitalícia não mantém com o fato determinador do prejuízo qualquer relação de causalidade.
Para Carlos Roberto Gonçalves , “a obrigação de indenizar, pelos autores de ato ilícito, não se elide pelos benefícios de ordem previdenciária. A cumulação de pensões alimentícias nessa hipótese é hoje pacificamente admitida pela nossa jurisprudência,

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