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Valeria-Cristina-Vaz-Nitsche-O-Mundo-Geografico-de-Nitsche

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Valéria Cristina Vaz Nitsche 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
OOO MMMUUUNNNDDDOOO GGGEEEOOOGGGRRRÁÁÁFFFIIICCCOOO DDDEEE NNNIIITTTSSSCCCHHHEEE 
 
 
Valéria Cristina Vaz Nitsche 
 
 
A Verdade é dura como o diamante - e delicada 
como a flor do pessegueiro. 
Vocês podem me acorrentar, torturar e até 
destruir meu corpo, mas nunca aprisionarão 
minha mente. 
 
Pensamento de Gandhi 
 
 
 
 
 
 
 3 
Ao adentrar na casa de um colega geógrafo, Nitsche percebeu que seu amigo estava 
ocupado com um recipiente de vidro que comportava aproximadamente cento e 
vinte litros de água. Logo, Nitsche perguntou: 
- O quê está fazendo amigo? 
- Ah...Acabei de criar um espaço para os peixes! Gostou do meu aquário? 
 Nitsche respondeu: Peixes necessitam de cuidados, tais como: iluminação 
adequada, controle do PH, tratamento d´água e de alimentos...Você não criou 
espaço para os peixes, mas sim, desenvolveu um ambiente propício a vida 
aquática! 
 
 
 
 Aos meus pais que sempre me confortaram 
nos momentos mais difíceis de minha jornada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
SUMÁRIO 
 
 
Palavras Iniciais..................................................................................................... 
 
Apresentação (é proibido ler)................................................................................ 
 
Introdução: a problemática existencial da Geografia............................................ 
 
As origens............................................................................................................. 
 
O nascimento da filosofia ocidental e sua influência na Geografia..................... 
 
Estruturas de sustentação do mundo geográfico.................................................. 
 
Uma nova abordagem conceitual sobre Espaço e Cidade................................... 
 
A Geografia Espacial em Análise....................................................................... 
 
Geografia...Ferramenta de Análise ou Ciência................................................... 
 
Pensamentos que não foram utilizados em seus trabalhos................................. 
 
Desabafo Geográfico: Influência pessoal/social e política na ciência............... 
 
Palavras Finais................................................................................................... 
 
Bibliografia........................................................................................................ 
 5 
PALAVRAS INICIAIS 
 
 
Este livro que ora vos apresento, é uma tentativa de preservar as idéias de 
meu irmão Julio César Vaz Nitsche, que se dedicou à Geografia durante o tempo 
que lhe foi permitido. Escrevendo desta maneira, aparentemente se tem a impressão 
que ele não está mais no mundo dos vivos. Mas ele ainda permanece conosco! 
A preocupação de se fazer tal obra, recai na capacidade degenerativa de 
suas memórias e de sua condição física, cada vez mais debilitada, devido ao acidente 
ocorrido há algum tempo, forçando-o a permanecer mais de nove meses em um 
hospital. São estas marcas e cicatrizes que possibilitam Nitsche a ver o mundo de 
uma maneira diferente daqueles que não possui em sua armadura um arranhão. O 
corpo e a alma necessitam de novos desafios, não há a necessidade de provar que o 
outro está errado, pois o que é útil prevalecerá e o mais próximo da realidade do 
momento vivido e da tecnologia desenvolvida, se concretizará. 
Percebi que muito foi feito por ele, durante o tempo que ingressou na 
Universidade, até os dias mais produtivos de seu estado de saúde e suas idéias são 
inovadoras dentro do âmbito geográfico. 
Muitas pessoas não visualizam o esforço humano de se conquistar um 
diploma e a importância deste perante a sociedade. E não precisa ser um diploma 
universitário, pois muitos adolescentes vindos de famílias humildes mal conseguem 
terminar o ensino médio. 
Nitsche, passou quatro semanas morando literalmente na rodoviária de 
Brasília-DF, apenas para poder concluir e adquirir seu certificado de conclusão do 
Ensino Médio, que na época era denominado de 2o Grau. 
Não se pode deixar passar o tempo e não tentar mostrar ao mundo 
geográfico e a população em geral, as idéias deste, que tanto lutou para se tornar um 
geógrafo e desempenhar trabalhos importantes. Mas que não pode seguir adiante em 
suas metas por motivo de força maior. Sendo assim, entrego a você caro leitor, o 
 6 
memorial de meu irmão, que descrevo embasado nas anotações e nos manuscritos 
que ele enviou às editoras das universidades para serem avaliadas para possível 
publicação e nos artigos e trabalhos de sua autoria, expondo seu ultimo registro, que 
foi adaptado e/ou interpretado por minha pessoa (Valéria C. Nitsche)1 conforme se 
inicia: 
 
 
APRESENTAÇÃO 
(É PROIBIDA A LEITURA) 
 
 Ah...está lendo! 
 Sinta-se à vontade para descobrir o que está sendo abordado aqui, pois 
muitas pessoas não lêem as apresentações e prefácio. Mas com este pequeno aviso 
de proibição... como pode resistir? 
Muitos livros e teses ofereceram valiosas contribuições às idéias sobre as 
questões filosóficas e práticas geográficas, porém, não expressam uma inovação ou 
análises que possam contribuir com uma nova realidade do pensamento geográfico e 
social, questionando a representatividade do espaço como objeto de estudo e 
formulando novas análises e praxes aos conceitos que se referem. Desta forma, o 
presente manuscrito possui a intenção de demonstrar novas possibilidades, 
fundamentando-se em exaustiva revisão bibliográfica, contendo uma fundamentação 
às análises geográficas que deve contribuir com novos horizontes de pensamento 
sobre a Geografia e seu objeto de estudo. 
Nitsche, manifesta-se contra a criação de espaço realizado pelas mãos 
humanas, afirmando que a sociedade não cria espaço, mas desenvolve ambiente 
 
1 Pois Nitsche, não possui mais a clareza lógica de seu pensar e necessita de alguém para 
ajuda-lo a escrever/descrever eventos, além do processo avançado de afasia 
 7 
artificial. Com esta visão, tenta unir duas Geografias tão distantes2 através de suas 
experiências relatadas em suas obras literárias e de seus trabalhos de campo, bem 
como na elaboração de princípios ideológicos e metodológicos, embasando-se na 
convivência e ensinamentos de seus mentores e amigos. Logo, a finalidade de tal 
obra é demonstrar que há uma maneira de amenizar o efeito dicotômico3 existente na 
Ciência Geográfica, desenvolvendo diagnósticos interativos voltados às análises 
ambientais, bem como, o de reavaliar o conceituado objeto que embasa e estrutura a 
Geografia. Porém, este livro não atende apenas as questões geográficas, pois abre 
um leque de pensamento para os demais membros de todas as classes sociais. 
Inclusive aos renomados pensadores e pesquisadores possuidores de títulos. Devo 
enfatizar o significado e a contextualização desta obra escrita por minha pessoa, pois 
muitos não conseguem interpretar o real significado do fio condutor para reflexões 
variadas, que procura caracterizar as fases evolucionárias da humanidade, assim 
como as manifestações e transformações, tanto da ciência geográfica, bem como, 
dos aspectos que definem e explicam a funcionalidade da filosofia e sua 
importância, tanto no meio acadêmico, bem como, em nossa própria vida cotidiana. 
Mas não há a intenção de um aprofundamento filosófico, perante a pessoa de 
Nitsche. 
Vou responder algumas dúvidas que possam surgir ao longo de sua leitura, 
caro leitor, como por exemplo,as que se expõem no momento: 
1. O título do trabalho não é compreensível. “O Mundo 
Geográfico de Nitsche”. Quem é Nitsche? Não se trata 
seguramente do filósofo Nietzsche. 
 
2 Geografia Física e a Geografia Humana 
3 Estabelecer vínculo harmonioso entre as duas distintas geografias, possibilitando a 
dissipação dicotômica. 
 8 
R. O título do livro se refere ao mundo geográfico que Julio C. V. Nitsche 
expõe sua vivência, suas experiências e suas aquisições de pensamentos e 
reflexões. São questões pessoais vividas por este geógrafo. 
2. Texto perigosamente generalista e superficial, principalmente 
na parte que se dedica a filosofia. 
R. Este manuscrito não tem a intenção de se tornar um tratado de filosofia, 
pois os enfoques são introdutórios, para que as pessoas que não tiveram 
contato com a filosofia possam entender do que trata a investigação da 
dimensão essencial e ontológica do mundo real e seus princípios teóricos 
que fundamentam, avaliam e sintetizam a miríade de ciências particulares. 
3. Difícil definir público alvo. Não é um para-didático (todavia, 
por vezes parece ser) e por vezes dirigir-se a um público mais 
específico (estudantes de geografia, ou mesmo profissionais). 
Neste último caso o texto peca pela argumentação pouco 
desenvolvida (mais uma vez superficialidade). É um texto 
introdutório ou não? Tem este propósito? O trabalho não deixa 
isto claro. 
R. O objetivo do livro é justamente fazer algo diferente de tudo o que se 
tem feito desde o século XIX. Não deve haver um público alvo, pois 
Nitsche, deseja que todas as massas de todas as classes sociais tenham 
acesso a este memorial/reflexões pessoal de como é a geografia e o mundo 
científico para a pessoa de Nitsche. E não há, por parte deste, exemplificar 
ou deixar claro se é ou não um texto introdutório, pois a idéia é deixar a 
mente do leitor atenta e pronta para encontrar e desenvolver suas próprias 
conclusões4. 
 
4 Mas os moldes do Século XX exigem um público alvo, caso contrário, não pode haver 
publicação. Sendo assim, o tema se repercute mais no âmbito estudantil e acadêmico 
geográfico. 
 9 
Um exemplo: O que justifica o título “Estruturas de sustentação do mundo 
geográfico?” Se o autor vê esta questão, ele não justifica porquê. 
R. Esta é a maneira que Nitsche observou como é arquitetado este mundo 
da geografia. Não havendo necessidade de justificar, pois a intenção, é que 
os leitores tenham suas próprias conclusões e não sejam contaminados por 
justificativas. Mas a explicação está diante dos seus olhos, basta saber 
interpretar textos. 
4. O texto condiz mais com um artigo para revista especializada, 
descontando aqui a posição seguida pelo autor, que ao nosso 
juízo é um tanto superficial em sua sustentação. 
R. Não há porque seguir o rijo científico (ser profundamente científico e/ou 
aprofundado nas questões acadêmicas), pois, este manuscrito é dedicado a 
toda população brasileira e aos demais grupos de pessoas que vivem neste 
planeta denominado Terra. Porém, foram feitos trabalhos de campo e de 
leituras que levaram a tais conclusões, sendo que estes são tratados 
cientificamente nos moldes do Século passado e remodelados para uma 
nova realidade metodológica observada e experimentada por Nitsche. 
A Geografia, (para Nitsche), possui duas linhas de pensamentos e 
uma definição: Nós construímos espaços. Porém, não há concordância 
perante a pessoa deste que desenvolve as palavras aqui interpretadas. E não 
há a intenção de impor tal ideal. Pois este livro, nada mais é que: Reflexões 
feitas. E a sustentação não deve ser impositiva ou defendida com vigor. 
Pois cada intelecto possui a capacidade de elaborar novas 
contextualizações, lendo simples idéias sem suporte científico ou 
explicações. 
5. É mais uma vez citado o autor que dá título a obra (e que 
consta na bibliografia): Nitsche. Mas isto justifica o título? 
R. Acho que os próprios leitores podem responder esta! 
 10 
6. A obra aborda problemas de ordem epistemológica na 
geografia e pela complexidade que o tema apresenta. Neste 
campo carecea necessidade de um tratamento mais denso. 
R. Mais uma vez digo: Este manuscrito não é tese! O texto foi feito para, 
como diz o Prof. Olavo Soares, ser usado como injeção de ânimo. “Você 
aplica uma injeção que estremece o cérebro e faz com que ele veja o mundo 
de várias formas nunca vista antes”. 
Caro decifrador de signos gráficos que traduzem a linguagem oral, 
você pode achar cômico o título é proibido ler e que ainda quer ver se há 
consistência científica no texto. E como se não bastasse, ainda diz que: “A 
proposta explícita na introdução sugere uma crise existencial na geografia, 
não deixa de ser razoável uma reflexão sobre o tema, todavia a justificativa 
apresentada chega a beira do “achismo” com citações do próprio Nitsche, 
uma filosofia de si mesmo. 
R. Quem ler este livro saberá com certeza que tudo é exatamente isso! Uma 
reflexão das coisas, que Nitsche entende/vê do mundo geográfico! Pode 
chamar de achismo se quiser. Mas o importante é interpretar as construções 
de frases e a maneira como se escreve tal obra. Voltando mais uma vez aos 
intelectuais detentores de diploma. Seguindo em suas análises até o 
momento em que diz: 
7. O autor salta do Australopitecus para Engels e Popper o que demonstra a 
pouca consistência de seus argumentos. 
 R. Não há salto! Simplesmente mostra-se como o humanóide evolui em 
sua trajetória intelectual, e tais fatos demonstram que, o ser humano adquiriu 
experiências e conhecimento que possibilitaram o desenvolvimento e criação de 
ferramentas e habilidades para superar as fases de transformação ambiental natural5, 
prosperando em sua jornada evolutiva do raciocínio e desenvolvimento corporal, o 
 
5 Não criado e/ou alterado por nós. 
 11 
que possibilitou a construção de sua própria cultura. Adotando este enfoque sobre a 
cultura, conota-se a idéia de que para se criar e desenvolver cultura é necessário 
pensar e estabelecer um raciocínio lógico e ao mesmo tempo metafísico, 
estabelecendo o padrão de inteligência do ser humano dentro de sua corrida 
evolutiva começada há 3,5 milhões de anos. E que, para Engels, o trabalho manual 
e físico foi o responsável pela transformação de um ser com características semi-
bípede para bípede, que possuía a habilidade de caminhar ereto! Nitsche não está 
realizando uma seqüência de eventos cronológicos de ação, mas sim, de pensamento 
e expõe as explicações de pesquisadores e filósofos, que respaldam a evolução dos 
processos que permitiram a existência de cidades e o mundo como vimos e vivemos 
hoje. 
8. Adentrando em outra questão, há um tratado com verbetes, desde os 
gregos antigos até os primeiros geógrafos modernos. Estas descrições, além de 
serem recorrentes na literatura básica do assunto estão dispostas como em um 
“almanaque”. 
R. Como dito, este livro é voltado e de fácil entendimento para qualquer 
pessoa que se interesse pelo tema ora abordado. Quem irá trabalhar com as 
informações serão os professores, profissionais, alunos e todo e qualquer indivíduo 
que se interesse por estas questões. Quero levar ao público esta oportunidade de 
entender o bojo filosófico que na minha concepção embasa todo o conhecimento 
adquirido. E nada mais simples que disponibilizar estas informações da maneira que 
é disposta no Almanaque! O professor de filosofia e/ou geografia, ou qualquer 
profissional que necessitar adentrar nos enfoques que aqui descrevo, irá com 
certeza, moldar em sua plena capacidade de transmissor do conhecimento, uma 
ênfase maior e mais aprofundada as carências de bases epistemológicas e 
filosóficas. Pois este livro não é voltado para aos que tem diplomasapenas! E quem 
tem os diplomas e títulos que façam suas conotações e críticas a este memorial, mas 
que retrate aos seus ouvintes a essência desta obra, que conduz a uma nova 
abordagem nos métodos científicos e reflexões que trazem a tona duas questões 
 12 
ainda não resolvidas dentro do âmbito geográfico e social. 1- Espaço é 
realmente objeto de estudo da Geografia? 2- Criamos espaço ou ambientes? 
Além deste fato, Nitsche está mostrando uma nova maneira de se trabalhar com os 
aspectos dicotômicos enfrentados no âmbito acadêmico, mudando completamente as 
condições metodológicas que vem sendo aplicado desde o Século XX. 
As análises aqui postuladas podem não resolver os problemas, mas com 
certeza, proporcionará uma reflexão aos novos caminhos que se pode seguir dentro 
do âmbito geográfico, contribuindo com uma nova visão aos alunos do ensino 
médio, bem como aos demais indivíduos que compõem nossa sociedade. Pois os 
alunos de hoje vêem o mundo com o material didático e pedagógico que os 
professores lhes oferecem. E estes materiais, dizem apenas que nós construímos 
espaço e que organizamos o espaço. Não há outra literatura que interprete o 
contraditório desta afirmação. Estes alunos tornar-se-ão formadores de opinião no 
amanhã, por este motivo faz-se necessário mostrar novos rumos que se podem 
seguir, tanto no âmbito acadêmico da geografia, bem como de várias outras 
ramificações do saber, apreciando a trasdisciplinalidade que une e transforma o 
caráter das ramificações científicas antes divergentes. Além, é claro, de demonstrar 
aos demais grupos de pessoas que se interessam por este tipo de literatura6, que 
existem conflitos ideológicos e metodológicos no mundo científico e no mundo que 
cada indivíduo possui ou vê como sendo o mundo real. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Aos curiosos e a quem não concluiu o Ensino Fundamental. 
 13 
INTRODUÇÃO A PROBLEMÁTICA EXISTENCIAL DA 
GEOGRAFIA 
 
 
Meu irmão, entende que existe um universo onde esconde vários mundos, 
algo tão abstrato quanto à radiação solar, sendo sentido apenas quando se visualiza a 
pele de nossos corpos serem ruborizadas ou quando observamos falhas de 
comunicação de satélites, devido às influências das atividades de nossa estrela 
amarela, denominadas de ventos solares. 
Este universo não é palpável, e sua visualização é livre de conceitos pré-
definidos, cada pessoa ou pesquisador pode vê-lo ou percebe-lo de várias maneiras, 
pois tudo depende do idealismo formal filosófico de cada indivíduo que cria, forma 
e reformula suas bases de pré-existência, recaindo na metafísica7 dos conceitos de 
concretizar o abstrato, criando o concreto através de paradigmas e paradoxos. 
Através da atividade cerebral do homem é que foi possível perceber o 
mundo abstrato da ciência, digo abstrato porque não se pode tocar ou ver. Apenas 
refletimos e fazemos uso da razão e da percepção para perceber a existência de tais 
conjuntos de saberes que se adquirem pela meditação e leitura, criando desta 
maneira uma doutrina filosófica que considera os conhecimentos científicos como 
definitivos, negando a importância dos problemas inacessíveis aos métodos 
científicos. E só podemos senti-la, quando concretizamos algo na superfície do 
nosso planeta, como edifícios, casas (moradias em geral), veículos automotores, 
embarcações, usinas geradoras de energia, e tudo mais que se possa construir através 
das bases científicas e/ou por intermédio da vivencia e experiência. Além destes, 
 
7 metafísica significa o conhecimento das causas primárias e dos primeiros princípios dos 
conhecimentos provenientes da razão pura. E tais conhecimentos, não afirmam uma visão de 
mundo ou de natureza estagnado(a). 
 
 14 
ainda podemos criar objetos que podem vagar no Espaço Cósmico, como 
espaçonaves, telescópios, satélites, base espacial e outros. 
(...) Pedi a ele: “Tu que és a sabedoria e que me conduzes por esta estância 
infernal, satisfaz o meu desejo de bem conhecer este lugar (...)”. Transcrito do livro 
“A Divina Comédia, Canto X.” 
Neste complexo universo do pensamento humano, encontra-se um mundo 
ainda inexplorado, desconhecido até mesmo pelos seus próprios habitantes. Os 
habitantes deste, são denominados geógrafos e este mundo dicotômico é conhecido 
por Geografia. 
A Geografia ainda não possui uma exata localização, pois se tratando de um 
mundo novo e inexplorado suas coordenadas oscilam entre as Ciências da Terra, 
Ciências Humanas, Ciências Sociais, Antropologia e Ciências Exatas e outras. 
Como se pode perceber, é quase impossível mapear com exatidão suas dimensões e 
localidade científica. Tendo ainda, vários pensadores que redefinem o que é 
geografia e o que o geógrafo faz. Será possível existir uma ciência assim? 
Mas por quê os Geógrafos não conhecem o próprio local onde vivem? 
A Geografia é uma ciência ou uma ferramenta de análise? 
O Espaço é realmente o objeto de estudo da Geografia? 
Por quê a Geografia não possui um posicionamento fixo em suas 
coordenadas ou lugar determinado no universo científico? 
 
 “QUEM NÃO CONHECE A REGIÃO ONDE MORA, NÃO 
CONHECE A SI MESMO”. 
 
Esta frase de Nitsche (1999), tem uma conotação muito ampla, apesar de 
ser bem simples em sua estruturação gramatical, pois ela expressa uma realidade que 
não se percebe de imediato, sendo necessária uma análise profunda de seu 
significado. Estas palavras podem ser inseridas na região de estruturação do mundo 
geográfico, pois muitos geógrafos ainda não definiram e nem sabem ao certo do 
 15 
conceito básico da ciência geográfica, implicando na própria atuação do geógrafo no 
mercado de trabalho. Com ênfase nestas questões, abordar-se-á as diretrizes 
analíticas do pensar geografia, no intuito de colaborar com novas perspectivas ao 
pensamento geográfico. Estas e outras questões estão sendo abordadas nesta obra, 
conforme se inicia: 
 
AS ORIGENS 
 
A origem deste mundo geográfico está relacionada com os estágios de 
evolução do homem, sendo classificadas em quatro estágios conforme exposto: 
 1º Estágio: Australopitecínio-Homo, remontando cinco milhões de anos 
atrás, com diversas variedades de fósseis hominídeos e com ferramentas 
rudimentares feitas de pedra. 
 2º Estágio: Homo erectus, com idades aproximadas de um milhão de anos 
atrás, com uma duração de cem mil anos. 
 3º Estágio: Surgem os humanóides transicionais e em seguida os 
neandertalenses e seus contemporâneos menos diferenciados. 
 4º Estágio: Datando de aproximadamente 40 mil anos, surgem os primeiros 
vestígios de esqueletos totalmente modernos, sendo denominado de Homo sapiens. 
 Todos os três primeiros estágios apresentam humanóides fabricando 
ferramentas e no último estágio, observa-se o homem moderno formado, adaptado 
às transformações ambientais, que no processo demonstrado, o ambiente estava em 
constante mutação e desequilíbrio, com variâncias climáticas, sendo estas evidências 
e comprovadas através dos estudos geográficos, geológicos e paleontológicos, além 
de serem evidenciados na arqueologia, através dos estudos dos ossos fósseis. 
 Tais fatos demonstram que o ser humano adquiriu experiências e 
conhecimento que possibilitaram o desenvolvimento e criação de ferramentas e 
habilidades para superar as fases de transformação ambiental, prosperando em sua 
 16 
jornada evolutiva do raciocínio e desenvolvimento corporal, o que possibilitou a 
construção de sua própria cultura. 
 Nas palavras de Braidwood (1907), “A cultura permanece, embora os 
indivíduos que compõem um determinado grupo desapareçam. Por outro lado, a 
cultura muda conforme mudam as convenções e entendimentos. Quase se pode dizer 
que a cultura vive nas mentes das pessoas que a possui. Mas as pessoas não nascem 
com ela, adquirem-naà medida que crescem.” 
 Para Braidwood, a cultura significa o modo como um grupo de pessoas 
pensa, crê e vive, além de suas capacidades de manufaturar vestimentas, 
instrumentos e a forma de como se fazem as coisas. 
Adotando este enfoque sobre a cultura, conota-se a idéia de que para se 
criar e desenvolver cultura é necessário pensar e estabelecer um raciocínio lógico e 
ao mesmo tempo metafísico, estabelecendo o padrão de inteligência do ser humano 
dentro de sua corrida evolutiva começada há 3,5 milhões de anos, quando surgem os 
macacos hominídeos, antecessores do homem moderno. Pode-se estabelecer estas 
fases de desenvolvimento da seguinte maneira: Período Paleolítico (de 3,5 milhões 
a.C. a 10.000 a.C.), Mesolítico (de 10.000 a.C. a 8.000 a.C.) e Neolítico (de 8.000 
a.C. a 4.000 a.C), sendo que a domesticação de animais, o surgimento da agricultura, 
a utilização dos metais e a descoberta da escrita marcam o fim dessa fase. 
Os exemplares de hominídeos mais antigos são: Ardipithecus kadabba 
datado com aproximadamente 5.700.000 (cinco milhões e setecentos mil anos), 
ainda sendo estudado pela mesma equipe internacional de pesquisa8 que descobriu 
em 17 de dezembro de 1992 o primeiro dente de hominídeo datado em 
aproximadamente 4. 400.000 (quatro milhões e quatrocentos mil anos), sendo que 
no ano de 1994, foram encontrados mais de 90 (noventa) ossos do Ardipithecus 
 
8 Tim Withe, Owen Lovejoy, Berhane Asfaw, Yoahannes Haile-Selassie, Giday W. 
Gabriel, Paul Renee, Yonas Beyene, Gen Suwa, Leslea Hlusko, Cesur Pehlevan e 
mais 40 cientistas de vários lugares do planeta. 
 17 
ramidus (Ardi)9 à oeste do rio waoache localizado na região de Afar, em Aramis, no 
que atualmente denominamos de Etiópia10. Logo após, na cadeia evolucionária, 
aparece o Australopithecus afarensis (a Lucy), com aproximadamente 3 milhões de 
anos, encontrados em Afar na década de 20, mais especificamente em 1925. A 
evolução do afarensis resulta em pelo menos duas outras linhagens: o 
Australopithecus africanus e os Paranthropus boisel e robustus. Os Paranthropus 
não deixam vestígios de evolução, tornando-se praticamente um beco evolutivo. O 
Australopithecus africanus evolui para o Homo erectus ou Pitecanthropus, há 
aproximadamente 2 milhões de anos. O Homo erectus – É o primeiro a usar objetos 
de ossos e pedras como ferramentas e como arma, a empregar o fogo e 
provavelmente, a falar. Evolui, há 700 mil anos, para o Homo neanderthalensis (o 
homem de Neanderthal) e, há 500 mil anos, para o Homo sapiens, do qual descende 
o homem atual. Porém, o mais recente achado, o sahelanthropus tchadense de 7 
milh de anos, está sendo caracterizado por BRUNET, como sendo o mais antigo 
ancestral do homem moderno (In: Folha de São Paulo – 15/07/2002. pp11). 
A evolução histórica dos hominídeos até o Homo sapiens não ocorre de 
forma linear. Agrupamentos inteiros do gênero Homo desaparecem em conseqüência 
de variações climáticas, condições geográficas, miscigenação e outros fenômenos 
naturais. 
Existem duas teorias amplamente aceitáveis, existindo ainda, uma que não 
é muito bem recebida, sobre o local onde surgem os antepassados do homem. A 
primeira sustenta (com base na descoberta do afarensis), que a origem é a África 
(nas savanas), de onde teria começado a se espalhar pelo mundo há 200 mil anos. A 
segunda apóia-se nos achados de restos do Homo erectus em Java, Indonésia (1,8 
milhão de anos), e do Homo sapiens em Jinniushan, China (200 mil anos), e diz que 
 
9 Sendo este uma fêmea. 
10 Até o momento não houve movimentos sociais ou intervenção política-
administrativa que motive a substituição do nome deste país. 
 18 
a evolução de uma espécie ocorre em diferentes regiões da Terra, em momentos nem 
sempre coincidentes. A terceira, que não é aceita por muitos antropólogos e 
arqueólogos, enuncia que a África é o local de surgimento de nossos antepassados, 
porém, este primórdio ser é semi-aquático e não se originou nas savanas. Esta teoria 
se fundamenta em questões funcionais do corpo humanóide e fatos que tentam 
elucidar simples perguntas: “Por quê estes primitivos seres andavam com apenas os 
membros inferiores? E como fizeram isso? E por quê?” Mas tudo o que se sabe da 
evolução humana está apenas engatinhando, Graças a descoberta do Ardipithecus 
kadabba e o ramidus, confirmando muitas idéias de Darwin e ao mesmo tempo 
refutando alguns pensamentos deste brilhante pesquisador. Além de refutar as 
teorias que enunciam sobre a origem da bipedalidade, pois, o Ardipithecus vivia em 
ambiente florestal e não em ambiente savânico, desconstruindo imediatamente os 
pilares teóricos que corroboravam e respaldavam teorias sobre o ambiente de origem 
do homem. 
Saindo destas análises, voltamos aos períodos evolutivos de nossa condição 
de ser humano, sendo assim representado: 
A Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), é o período mais longo e antigo da 
história humana. Estende-se de 3,5 milhões de anos a.C. a 10.000 a.C. Os diferentes 
grupos hominídeos vivem em pequenos bandos ou grupos se preferir, alimentam-se 
de caça, pesca e coleta de frutos. Abriga-se em cavernas. Desenvolvem muito 
lentamente a linguagem oral e a fabricação de instrumentos de osso e pedra, com os 
quais caçam, guerreiam e realizam entalhes nas paredes e em diferentes momentos, 
aprendem a utilizar e produzir fogo. 
Entre os anos 10.000 e 8.000 a.C. (Mesolítico), o domínio sobre o fogo, 
aliado à domesticação de animais ao cultivo das plantas e à fabricação de 
instrumentos mais avançados, incluindo a cerâmica, promove a sedentarização dos 
grupos de hominídeos, surgindo consecutivamente a divisão do trabalho baseada 
principalmente no sexo. Isso não significa que a mulher ou a fêmea agia 
 19 
passivamente no grupo, apenas representa que cada indivíduo desenvolvia suas 
funções gerais e algumas específicas, como caçar e cuidar da prole. 
O desenvolvimento da agricultura e o início da metalurgia, entre os anos 
8.000 e 4.000 a.C., constituem os aspectos principais da chamada revolução 
neolítica. Nesse período, também conhecido como Idade da Pedra Polida, os homens 
agrupam-se em povoados e aumenta a divisão do trabalho, que permite a produção 
de excedentes e a realização de intercâmbio com outras comunidades. 
Ao adquirir estes conceitos e entendimento de suas capacidades 
administrativas e de suas ações e observações, o homem pôde desenvolver a arte, 
sendo esta dividida em dois grandes grupos: o primeiro grupo seria a arte portátil, 
que é expressa pela maneira de se trabalhar com pedras, ossos, madeira e barro, 
criando pontas de flechas, arremessadores de lança, arpão de osso, machado, panelas 
e jarros. E o segundo grupo, representado pelas pinturas em cavernas e rochas e a 
escultura, que são as representações de animais e grupos sociais de indivíduos 
desenhados nas paredes das cavernas, ou objetos feitos de seixos moldados, 
representando seres vivos como tartaruga e peixes (zoólitos). 
O homem se autodescobre, com sua força de pensamento conhece os 
minerais, produz abrigo, domestica animais, inicia processos extrativistas, conhece 
as propriedades de curas das plantas, delimita plantações e cultiva milho, arroz e 
trigo, inovando e aperfeiçoando suas técnicas e desenvolvendo novos implementos, 
até conquistarem a civilização e construção de cidades. 
Nas palavras de Friedrich Engels (1896, p. 01-02) “O trabalho é a fonte de 
toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, 
encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, 
porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a 
vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho 
criou o próprio homem. Há multas centenasde milhares de anos, numa época, 
ainda não estabelecida em definitivo, daquele período do desenvolvimento da Terra 
que os geólogos denominam terciário provavelmente em fins desse período, vivia em 
 20 
algum lugar da zona tropical - talvez em um extenso continente hoje desaparecido 
nas profundezas do Oceano Índico - uma raça de macacos antropomorfos 
extraordinariamente desenvolvida. Darwin nos deu uma descrição aproximada 
desses nossos antepassados. Eram totalmente cobertos de pelo, tinham barba, 
orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam manadas. É de, supor que, 
como conseqüência direta de seu gênero de vida, devido ao qual as mãos, ao trepar, 
tinham que desempenhar funções distintas das dos pés, esses macacos foram-se 
acostumando a prescindir de suas mãos ao caminhar pelo chão e começaram a 
adotar cada vez mais uma posição ereta. Foi o passo decisivo para a transição do 
macaco ao homem.” 
Para Engels, o trabalho manual e físico foi o responsável pela 
transformação de um ser com características semi-bípede para bípede, que possuía a 
habilidade de caminhar ereto. Porém esta conclusão é especulativa, pois não há nada 
nos registros paleontológicos e/ou arqueológicos que sustentem tal afirmação. É 
possível que sua análise se baseie na observação das atividades de alguns primatas 
que permanecem em pé durante algum tempo, quando estão coletando galhos e 
alimentos. Mas não se pode atribuir tal postura devido ao único pretexto do trabalho 
puro, pois neste ponto, existem vários outros fatores que devem ser avaliados, como 
por exemplo: O hábito comportamental reflexivo e instintivo que remonta a 
ancestralidade deste indivíduo ou espécie. 
Os registros fósseis apontam uma linha evolutiva já adaptada ao ser bípede 
que caminha ereto, porém não foram encontrados evidencias ou vestígios fósseis 
intermediários – mais antigos, que poderiam elucidar as causas dos primeiros passos 
eretamente dados. 
O trabalho pode não ter sido o principal responsável pelo andar ereto dos 
humanóides, mas com certeza, sua contribuição foi de suma importância para o 
desenvolvimento da sociedade e da civilização, sendo que Popper (1972), analisa a 
evolução da vida e da emergência do ser humano e do desenvolvimento da 
civilização em um padrão construtivo de três mundos, sendo assim demonstrado: 
 21 
 Mundo 1 – Formado por coisas materiais, com uma visão objetiva de 
mundo. 
 Mundo 2 – É o mundo subjetivo da mente. 
 Mundo 3 – Mundo de estruturas objetivas que são o produto, não sendo 
este, obrigatoriamente intencional, da ação dos espíritos de criaturas vivas, 
existindo independentemente desses espíritos. Um exemplo disto: Todas as 
estruturas criadas pelos animais fora de seu corpo. A represa construída por 
castores é um bom exemplo. Sendo assim, as próprias estruturas, 
transformam-se no centro do meio ambiente do animal, para o qual se 
orienta a parte mais importante de seu comportamento. E como o homem é 
um animal mamífero, ele constrói ambientes conscientemente ou não11. 
O ser humano adquiriu a capacidade de realizar o abstrato, criou 
equipamentos e desenvolveu artifícios para a construção de suas residências, 
usufruindo recursos naturais e transformando-os em matéria prima para a confecção 
de suas vestes e demais objeto para seu conforto pessoal e social. A mente humana é 
capaz de assimilar e estruturar raciocínios lógicos e abstratos, bem como expressar 
estes sentimentos através da escrita, gestos, figuras, monumentos, estátuas, criando 
simbologias, e cultuando o sobrenatural. 
A união desta habilidade do pensar estrutura as classes sociais, fundamenta 
a religião, cria uma visão de mundo, explora as possibilidades e inventa o estudo do 
saber e do conhecimento. 
 
11 Quando construímos um armário ou uma caixa, inconscientemente estamos criando um 
ambiente, pois ao deixarmos esta caixa isolada e/ou sem higienização constante, dentro de 
algum tempo, vamos encontrar: teias de aranha e até mesmo a aranha, traças, ácaros, 
bactérias, fungos e outros. 
 
. 
 
 22 
O trabalho unifica os povos, aglomerados humanos começam a se fortalecer 
culturalmente e ideologicamente, iniciando o processo construtivo das cidades e da 
civilização, onde se identifica monumentos arquitetônicos, uma administração 
centralizada de poder, estratificações sociais e atividades comerciais definidas. Tais 
conjecturas favorecem o amadurecimento espiritual, social e cultural, que por sua 
vez, trás as primeiras noções de visão de mundo, sendo mais evidenciadas nas 
concepções dos primeiros filósofos. 
 Neste momento, o homem está pronto para buscar as questões do quem 
sou, para onde vou, de onde vim... SURGEM OS PENSADORES GREGOS! 
 
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA OCIDENTAL 
 E SUA INFLUÊNCIA NA GEOGRAFIA 
 
Para os próprios autores gregos, o estudo da filosofia iniciou-se com os 
“Bárbaros”, povos que não falavam a língua grega e tal expressão não era pejorativa 
ou racista, conforme conota Diógenes Laertios (que viveu no Século III), em seu 
livro “Vida e Doutrina dos filósofos Ilustres”. Sendo aqui demonstrado algumas 
contribuições: 
Os povos da Mesopotâmia são os primeiros a observar e registrar 
sistematicamente os fenômenos astronômicos. Definem os conceitos de dia, mês e 
ano e organizam os primeiros calendários. Diferenciam os planetas (estrelas 
errantes) das estrelas (estrelas fixas). Reconhecem os planetas observáveis a olho nu 
– Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno – e desenvolvem métodos 
matemáticos para calcular seus movimentos e os da Lua. 
Quase todos os povos da Antiguidade desenvolvem calendários lunares, 
baseados nas fases da Lua: dividem o ano em 12 meses de 29 ou 30 dias, num total 
de 354 ou 355 dias. A defasagem de 11 dias em relação ao ano solar é corrigida pela 
inclusão de um mês extra ao final de um certo número de anos. 
 23 
Os egípcios são os primeiros a calcular calendários com base no ciclo das 
estações: o ano tem 360 dias divididos em 12 meses de 30 dias e mais cinco dias 
extras, dedicados aos deuses. Os romanos adotam o calendário egípcio em 46 a.C., 
com a introdução de um ano bissexto, com 366 dias, a cada quatro anos. Em 1582, o 
papa Gregório XIII reforma o calendário Juliano: suprime dez dias de diferença que 
haviam se acumulado ao longo dos séculos e, para evitar defasagens futuras, opta 
pela supressão de três anos bissextos a cada 400 anos. 
Os gregos sofreram influência dos povos babilônicos ou assírios, indianos, 
celtas e gálatas, de acordo com o testemunho de Aristóteles em sua obra “O 
Mágico”. Com estas influências, inicia-se o processo de formação das questões 
filosóficas, sendo criado por Pitágoras o termo filosofia e se autodenomina filósofo 
(que significa: amigo da Filosofia). 
Conforme os relatos de LAERTIOS (1988), a filosofia tem uma origem 
ambígua, começando com Anaxímandros e o próprio Pitágoras, sendo que o 
primeiro era discípulo de Tales e o segundo, recebeu lições de Ferecides. Surgem 
então, duas escolas, sendo assim descritas: 
Iônica – Porque Tales, um milésio e portanto um iônio. 
Italiota – Devido a Pitágoras que filosofou na Itália durante sua trajetória de vida. 
A Escola Iônica termina com Cleitômacos, Crísipos e Teôfrastos, sendo que 
a escola italiota, encerra-se com os Epícuros. Ainda, conforme as análises de 
Laertios, a sucessão passa de Teles a Maxímandros, Anaxímenes, Anaxágoras, 
Arquelaos, até Sócrates, sendo este último o introdutor da ética na Filosofia, 
denominando seus discípulos de “Os Socráticos”, sendo Platão um de seus 
representantes mais importantes, fundador da Academia Antiga, por meio de 
Spêusipos e Xenocrates, passando a Polêmon, Crântor e Crates, sendo que o 
fundador da Academia Média é Arcesílaos e Lacides figura como o fundador da 
Academia Nova. A EscolaIônica finda com seus últimos representantes, passando 
de Platão a Aristóteles e deste para Teôfrastos. 
 24 
A Escola Italiota apresenta seus seguidores, assim mencionados, Ferecides 
a Pitágoras, passando a Telauges (filho deste último), a Xenofanes, Parmênides, 
Zênon de Elea, Leucipos, Demócritos e finalmente Epículos. 
Destes fatos expostos, surgem duas correntes de pensadores, os Dogmáticos 
e os Céticos, que são caracterizados pela maneira de ver o mundo e suas relações 
com o que é conhecido ou não, assim posto, se atribui aos dogmáticos “aqueles que 
pressupõem que as coisas são existentes”, sendo que os céticos, analisam “como não 
sendo possível conhecermos as coisas”. Sendo dogmáticos ou não, muitos dos 
filósofos não deixaram registros escritos, porém foram seguidos e são referenciados 
até os dias de hoje, como Sócrates. 
Surge posteriormente a Escola Eclética, fundada por Pôtamon de 
Alexandria, que elaborou uma seleção de doutrinas de todas as existentes, 
escrevendo uma obra denominada “Elementos de Filosofia” (mencionado por 
LAERTIOS), sendo que sua abordagem é o critério da verdade aquilo que forma o 
juízo, ou seja, o princípio dominante da alma e o instrumento usado são a percepção 
acurada. Seus princípios universais são a matéria e a causa eficiente, a qualidade e o 
lugar, pois aquilo de que e por que uma coisa é feita, bem como a qualidade com 
que e o lugar em que algo é feito, são princípios. O fim a que ele se subordina todas 
as ações é a vida levada a perfeição em todas as formas de excelência, sendo as 
vantagens naturais corpóreas e ambientais indispensáveis à consecução desse objeto 
devendo menciona-los para que possamos entender o desenvolvimento de cada área 
do saber, citando alguns grandes nomes como: 
 ARISTÓTELES: Nascido em Estagira, na Grécia do Norte, filho de médico 
da corte Macedônia. Aos treze anos foi enviado para Atenas, a fim de 
estudar na Academia de Platão, tendo ficado associado à mesma por vinte 
anos. Logo após a morte de Platão foi para a Ásia Menor, dando 
seguimento aos seus estudos biológicos e filosóficos, sendo que em 342 
a.C. voltou para Macedônia como tutor de Alexandre Magno, conforme 
esclarece LOSEE (1979). 
 25 
 ARQUÊLAOS: Foi mestre de Sócrates, qualificavam-no de naturalista, 
pois com ele terminou a filosofia natural, quando Sócrates introduziu a 
ética. Sua teoria naturalista baseia-se no seguinte raciocínio: A água 
evapora-se sob ação do calor e quando precipita condensa-se por causa do 
fogo, produz a terra, ao inundar tudo em volta gera o ar, sendo assim, a 
terra é delimitado pelo ar e o ar pelo fogo que circunda tudo. Os seres vivos 
são gerados pela terra quando é aquecida e assim a terra produziu até o 
homem. 
 ERATOSTHENES: (276a.C.-196 a.C.) Matemático, astrônomo, geógrafo e 
poeta grego, nasceu em Cyrene (Shahhat, Líbia). Em 240 a.C. tornou-se 
bibliotecário-chefe da Biblioteca de Alexandria, ficando responsável na sua 
época pelo maior acervo sobre o conhecimento humano. Eratosthenes é 
mais conhecido hoje pelo seu preciso cálculo da circunferência da Terra12, 
numa época aonde não se acreditava que a Terra seria redonda. Para chegar 
a tais cálculos Eratosthenes empregou seus conhecimentos de astronomia 
para determinar a latitude de Assuã e Alexandria no Egito, e mediu a 
distância entre elas, tendo notado que a imagem da sombra de uma torre de 
igual altura em Assuã e Alexandria tinha diferentes comprimentos numa 
mesma hora do dia, ele chegou a conclusão de que a Terra era redonda e 
calculou com estes dados a sua circunferência. Porém, existem autores que 
defendem que não eram as sombras das torres que Eratosthenes media, ele 
observava que um poço em Siena (Assuan) somente recebia luz solar na 
lâmina d’água entre 20 a 22 de junho. Logo ele percebeu que Siena 
localizava-se no Trópico de Câncer e sabia que havia um outro poço em 
Alexandria com o mesmo fenômeno. Tudo o que ele fez foi medir a 
distância de Siena e Alexandria, resultando aproximadamente 5.000 
estádios, sendo que 1 estádio vale 41.25 metros. O seu mais importante 
 
12 Contendo um erro de menos de 5% 
 26 
trabalho foi um tratado sistemático sobre geografia; após ficar cego com 
quase 80 anos se suicidou por inanição. Este filósofo foi o primeiro a 
explicar a voz como sendo uma concussão do ar e a formação do mar se dá 
através de concavidades devido a infiltrações através da terra. O sol é o 
maior dos astros e todo o universo é infinito. 
 PLATÃO: Nasceu em Atenas, por volta de 428/7 (?), e era membro de uma 
aristocrática e ilustre família. Descendia dos antigos reis de Atenas, de 
Sólon e era também sobrinho de Crítias (460/403) e Cármides, dois dos 
"Trinta Tiranos" que governaram Atenas no ano de 404. Entre 409 e 404, 
Lutou na Guerra do Peloponeso, sendo que em algum momento nesse 
período conheceu Sócrates, e sua admiração por este ilustre pensador foi 
decisiva em sua vida, tendo-o como seu mestre. O seu verdadeiro nome era 
Aristócles, mas devido à sua compleição física recebeu a alcunha de Platão 
("ombros largos"). 
 PTOLOMEU: (também Claudius Ptolomaeus, 100-70 d.C.) Astrônomo e 
matemático grego, viveu em Alexandria, Egito e era cidadão romano. Seu 
primeiro trabalho foi o 'Almagesti', traduzido para o árabe 500 anos depois. 
Nesta obra ele propunha o sistema de geocentrismo o qual descrevia a 
Terra no centro do universo com o sol, planetas e as estrelas rodando em 
círculos ao seu redor. Este trabalho de Ptolomeu influenciou o pensamento 
astronômico durante mais de mil e quinhentos anos até ser substituído pela 
teoria heliocêntrica de Copérnico. Para a Geografia sua mais importante 
obra foi “A Geografia”13 uma tentativa de mapear o mundo conhecido da 
época, demarcando latitudes e longitudes de locais importantes, 
acompanhadas de mapas e uma descrição de técnicas de mapeamento. 
Nesta compilação Ptolomeu utilizou-se de dados estabelecidos por ele 
 
13 Formada por oito volumes, sendo estes acompanhados de um mapa-múndi e mais 26 mapas 
detalhados. 
 27 
mesmo e de Hiparco, Strabo e Marinus de Tiro. Mesmo com informações 
imprecisas este trabalho foi a principal ferramenta de orientação geográfica 
e cartográfica até o fim da renascença. 
 SÓCRATES: Filho do escultor Sofroniscos e da parteira Fainareté, nascido 
em Atenas, no quarto ano da 77a Olimpíada, participou da campanha de 
Anfípolis. Sócrates era conhecido como grande orador e filósofo da ética. 
Sua morte data no primeiro ano da 95a Olimpíada, aos setenta anos de idade 
(LAERTIOS, 1988). 
 SÓLON: Filho de Execestides, nascido em Salamina. Sua obra mais 
importante denomina-se “A Lei da Liberação”, introduzida em Atenas com 
a finalidade de resgatar pessoas e bens. As pessoas requisitavam dinheiro 
emprestado mediante garantia de suas próprias pessoas e bens materiais ou 
animais, sendo que muitos se tornaram servos, devido ao fato do não 
pagamento. Este filósofo foi o primeiro a renunciar uma dívida de sete 
talentos14 cujo credor era seu pai. 
 STRABO: (63a.C. - 24 d.C.), geógrafo e historiador grego, nasceu em 
Amaseia15, Strabo começou seus estudos com Aristodemus e em 44 a.C. foi 
para Roma estudar com Tyrannion, ex-professor de Cícero. Antes de deixar 
Roma ele concluiu sua monumental obra de 43 volumes intitulada 'Esboço 
Histórico'. Em 31 a.C. Strabo começou suas viagens na Europa, Ásia e 
África, tendo viajado quase todo o mundo conhecido da época, ele voltou a 
Roma em 17 d.C. e escreveu seu mais importante trabalho de 17 volumes 
intitulado 'Geographicae' - Geografia. Esta foi a primeira vez que surgiu a 
palavra Geografia. Os volumes seriam conhecidos atualmente como guias e 
eram escritos para uso militar. Esta obra é o principal documento daquela14 moeda da época 
15 Atualmente: Pontus Amasya, Turquia 
 28 
época conservado inteiro (com exceção de partes do volume sete), 
conforme relata LOSEE (1979). 
Sua lógica de raciocínio permitiu-lhe dizer que o princípio do universo é a água 
e que o mundo é dotado de 365 dias. Tales desponta como sendo o primeiro dos 
primeiros, estudando política, física, matemática, razão, imortalidade e a natureza 
(seja ela universal ou humana). 
TALES: Conforme Diógenes Laertios, embasado nas descrições de Dúris e 
Demócritos, Tales era filho de Examias e Cleobuline, que pertenciam a família de 
Nelidas, que conforme Platão, foi o primeiro a receber o título de sábio. Suas obras e 
atuações recaem desde a política até a matemática, escrevendo duas obras concretas 
“Do Solstício” e a outra se denominava “Do Equinócio”, sendo o primeiro a estudar 
Astronomia e o primeiro a predizer um eclipse em 585 a.C., reconhecido ainda por 
Calimacos como sendo o descobridor da constelação Ursa Maior. Tales foi o 
primeiro filósofo a determinar o curso do sol, declarando ainda, que este astro 
correspondia a 720a do círculo solar, e que o tamanho da luz emitida correspondia à 
fração do círculo lunar. Determinando ainda o nome do último dia do mês o nome 
de trigésimo. 
 Aristóteles (Da Alma, 405), afirma em seus manuscritos que Tales, observando 
o âmbar e uma pedra-imã, atribuiu uma alma até aos objetos inanimados. Sendo 
mencionado ainda por Panfile, que relata: “(...) Tendo aprendido geometria com os 
egípcios, Tales foi o primeiro a inscrever um triângulo eqüilátero num círculo e por 
esta descoberta sacrificou um boi”. 
Os gregos são os primeiros a afirmar que a Terra é esférica e realiza um 
movimento de rotação em torno do Sol e que a Lua apenas reflete a luz solar. 
Organizam vários catálogos de estrelas e chegam a afirmar o heliocentrismo, 15 
séculos antes de Copérnico, embora o geocentrismo seja predominante. 
Pode-se dizer, que estes filósofos anteriormente mencionados, são os 
responsáveis pelo nascimento da ciência em si, além do próprio ramo científico 
 29 
denominado de Geografia. Porém, os que se destacam como geógrafos fundadores 
de uma geografia moderna teórica-prática são: 
 FRIEDRICH W. H. ALEXANDER VON HUMBOLDT: Geógrafo, 
naturalista e explorador alemão, nasceu em Berlim, mais conhecido pelas 
suas contribuições à geologia, climatologia e oceanografia. Ainda jovem 
Humboldt foi apresentado a um grupo de intelectuais, entre os quais Moses 
Mendelssohn. Em 1879 ele foi para a Universidade de Gottingen, onde 
estudou arqueologia, física e filosofia. O seu interesse por botânica e 
explorações foi intensificado ao conhecer Georg Forster, que acabará de 
voltar de uma viagem ao redor do mundo com o famoso Capitão James 
Cook. No ano seguinte, Humboldt abandonou Gottingen para estudar 
geologia com A.G. Werner na escola de minas de Freiburg, tornando-se 
inspetor de minas para o governo da Prússia. Uma farta herança de sua mãe 
o permitiu se dedicar aos seus interesses por exploração científica. Em 
1799, Humboldt explorou durante 5 anos a América Latina, visitando 
países como Equador, Colômbia, Venezuela, México e Peru, além de parte 
da bacia amazônica. coletando muitos dados sobre o clima, fauna, flora, 
astronomia, geologia e sobre o campo magnético da Terra. Durante sua 
estada no Peru fez precisas medições sobre uma corrente fria descoberta 
por ele que veio a ser chamada pelo seu nome e hoje é mais conhecida 
como Corrente do Peru. Após uma breve estada nos Estados Unidos da 
América foi morar em Paris onde ficou até 1827, período durante qual 
escreveu uma obra de 23 volumes com as descobertas feitas naquela 
viagem anteriormente citada. Em 1827 viajou para Berlim e foi nomeado 
assessor do rei da Prússia. Em 1829 por convite do Czar russo Nicolau I 
viajou aos Montes Urais e Sibéria para fazer estudos geológicos e 
fisiográficos. Dedicando sua vida a escrever sua principal obra intitulada 
'Kosmos' na tentativa abrangente de descrever o universo como um todo e 
 30 
mostrar que tudo era inter-relacionado. Humboldt foi o primeiro a mapear 
pontos isotérmicos16, impulsionando o estudo da climatologia. 
 KARL RITTER: Geógrafo alemão, conhecido como fundador da moderna 
ciência da geografia. Ritter mostrou ao mundo o princípio da relação entre 
a superfície da Terra a natureza e os seres humanos, era defensor constante 
do uso de todas as ciências para o estudo da geografia. Foi professor de 
geografia na Universidade de Berlin de 1820 até sua morte; seu mais 
importante trabalho, 'Die Erdkunde' (Ciência da Terra, 19 volumes, 1817-
1859), enfatizava a influência de fenômenos físicos na atividade humana. 
 FRIEDRICH RATZEL: Geógrafo e etnólogo alemão fundador da geografia 
política moderna ou geopolítica, o estudo da influência do ambiente na 
política de uma nação ou sociedade. Dele originou-se o conceito de 'espaço 
vivo' (Lebensraum), que se preocupa com a relação de grupos humanos 
com os espaços do seu ambiente. Ele lecionou na Universidade de Munique 
entre 1875 e 1886, e desta data até sua morte foi professor de geografia da 
Universidade de Leipzig. Seu conceito de 'espaço vivo' foi depois usado 
pelo Partido Nacional Socialista (Nazista) para justificar a expansão 
germânica e a anexação de territórios que precedeu a segunda guerra 
mundial. Ritler, o ditador alemão, inspirou-se nesta visão para elaborar sua 
teoria “Espaço”. 
Como se pode observar, classificam-se os filósofos de várias maneiras, 
como a cidade de origem, os locais onde funcionavam suas escolas, ou por 
autodenominação, como os amantes da verdade (os refutacionistas) e outros devido 
aos seus mestres (socráticos). Alguns adotam o nome de físicos, devido as suas 
investigações voltarem-se para a natureza, surgindo ainda os éticos, que analisam 
fenômenos de ordem moral e por fim, àqueles que se dedicam ao verbal, 
denominados de dialéticos. 
 
16 Conectando pontos geográficos de mesma temperatura 
 31 
Até o momento, vimos que a ciência se origina em uma fase de 
transformação do intelecto humanóide, um estágio evolucionário entre as atividades 
puramente instintivas e as primeiras noções de pensamentos inquisitivos, sendo que 
a Geografia segue as mesmas proporções desenvoltas no amadurecimento 
intelectual, onde é necessário aprender a se localizar e identificar pontos de extrema 
importância para a manutenção de suas próprias vidas. Um destes pontos seria a 
localização de fontes alimentícias, abastecimento de água, estabelecimento de 
cidades e observância de postos de comercio. Um importante documento histórico 
deste fato, é o mais antigo mapa já encontrado na cidade de Ga-Sur ao norte da 
Babilônia, forjado em uma pequena placa de barro, datando de 2.500 anos a.C. Tal 
artefato encontra-se em exposição no Museu Semítico da Universidade de Harvard. 
A Geografia se origina dos conceitos filosóficos adotados no berço da 
civilização humana, que se sustentaram graças aos filósofos outrora descritos. E, tais 
intelectuais, fundamentaram suas idéias e concretizaram o abstrato, criando desta 
maneira a Filosofia e a ciência geográfica. A contribuição destes filósofos e 
pesquisadores será mais evidenciada quando tratarmos das estruturas que sustentam 
a dinâmica científica geográfica, conforme se observa a seguir: 
 
ESTRUTURAS DE SUSTENTAÇÃO DO MUNDO GEOGRÁFICO 
 
A importância de enfatizar os filósofos e suas academias recai na 
estruturação e arquitetura do pensamento científico, sendo estes os pilares que 
sustentam a ciência geográfica. Pois na visão de Nitsche, é a filosofia da ciência que 
embasa (sustenta) todo o processo construtivo da ciência em si17. Sendo que a 
filosofia se estrutura e se caracteriza por ramos de pensamento e análises práticas, 
sendo assim demonstrado:17 A Ciência é vista por Nitsche como um corpo sistemático/sistematizado único, formado por 
ramificações e/ou sub-sistemas caracterizados por sua natureza empírica. 
 32 
 Física – Ramo dedicado ao universo e ao seu conteúdo. 
 Ética – Parte dedicada a vida e ao que se relaciona conosco. Parte da 
filosofia que estuda os deveres do homem para com a sociedade e seus 
deveres religiosos podendo ser denominada de ciência da moral. Reflete 
sobre o bem e o mal, o que é certo ou errado e procura responder, por 
exemplo, se os fins justificam os meios ou os meios justificam os fins. 
Sócrates (470 a.C. -399 a.C.), passa a se ocupar de problemas relativos ao 
valor da vida. O primeiro a organizar essas questões é Aristóteles. Em sua 
obra destacam-se os estudos da relação entre a ética individual e a social e 
entre a vida teórica e a prática. Ele também classifica as virtudes. A justiça, 
a amizade e os valores morais derivam dos costumes e servem para 
promover a ordem política. A sabedoria e a prudência estão vinculadas à 
inteligência ou à razão. 
Na Idade Média predomina a ética cristã, impregnada de valores religiosos 
e baseada no amor ao próximo, que incorpora as noções gregas de que a felicidade é 
um objetivo do homem e a prática do bem, um meio de atingi-la. Para os filósofos 
cristãos, a natureza humana tem destino predeterminado e Deus é o princípio da 
felicidade e da virtude. 
Entre a Idade Média e a Moderna, o italiano Nicolau Maquiavel rompe com 
a moral cristã, que impõe os valores espirituais como superiores aos políticos. 
Defende a adoção de uma moral própria em relação ao Estado. O que importa são os 
resultados, e não a ação política em si. Por isso, considera legítimo o uso da 
violência contra os que se opõem aos interesses estatais. Maquiavel influencia o 
inglês Thomas Hobbes (1588-1679) e o holandês Benedito Spinoza (1632-1677), 
pensadores modernos extremamente realistas e radicais no que se refere à ética. 
Nos séculos XVIII e XIX, o francês Jean-Jacques Rousseau e os alemães 
Immanuel Kant e Friedrich Hegel (1770-1831) são os principais filósofos a discutir 
a ética. Segundo Rousseau, o homem é bom por natureza e seu espírito pode sofrer 
aprimoramento quase ilimitado. Para Kant, ética é a obrigação de agir segundo 
 33 
regras universais, comuns a todos os seres humanos por ser derivadas da razão. O 
fundamento da moral é dado pela própria razão humana: a noção de dever. O 
reconhecimento dos outros homens, como fim em si e não como meio para alcançar 
algo, é o principal motivador da conduta individual. Hegel divide a ética em 
subjetiva ou pessoal e objetiva ou social. A primeira é uma consciência de dever; a 
segunda, formada por costumes, leis e normas de uma sociedade. O Estado reúne 
esses dois aspectos em uma "totalidade ética". Nietzsche critica a moral tradicional, 
derivada da religião judaico-cristã, pelo fato de subjugar os instintos e as paixões à 
razão. Essa é a "moral dos escravos", que nega os valores vitais e promove a 
passividade e o conformismo, resultando no ressentimento. Em oposição a ela, 
propõe a "transvaloração de todos os valores", que funda a "moral dos senhores", 
preconizando a capacidade de criação, de invenção, de potência. O ser humano que 
assim consegue superar-se é o super-homem, o que transpõe os limites do humano. 
A valorização da autonomia do sujeito moral leva à busca de valores 
subjetivos e ao reconhecimento do valor das paixões, o que acarreta o 
individualismo exacerbado e a anarquia dos valores. Resulta ainda na descoberta de 
várias situações particulares com suas respectivas morais: dos jovens, de grupos 
religiosos, de movimentos ecológicos, de homossexuais, de feministas, e assim por 
diante. 
Essa divisão leva ao relativismo moral, que, sem fundamentos mais 
profundos e universais, baseia a ação sobre o interesse imediato. É dentro dessa 
perspectiva que o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) afirma que a ética é 
subjetiva, não contendo afirmações verdadeiras ou falsas. Defende, porém, que o ser 
humano deve reprimir certos desejos e reforçar outros se pretendem atingir a 
felicidade ou o equilíbrio. 
Como reação a essas posições, o novo iluminismo, representado por Jürgen 
Habermas, desenvolve a Teoria da Ação Comunicativa, dentro da qual fundamenta a 
ética discursiva, baseada em diálogo, por sujeitos capazes de se posicionar 
 34 
criticamente diante de normas. É pelo uso de argumentos racionais que um grupo 
pode chegar ao consenso, à solidariedade e à cooperação. 
 Dialética – A arte de raciocinar argumentativamente. É o processo de 
raciocínio utilizado por ambas as ramificações citadas anteriormente. 
Possui visão de mundo contrária a metafísica. Originalmente, é a arte do 
diálogo, da contraposição de idéias que leva a outras idéias. O conceito de 
dialética, porém, é utilizado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo 
com cada uma, assume um significado distinto. 
Para Platão18, é o método mais eficaz de aproximação entre as idéias 
particulares e as idéias universais ou puras. É a técnica de perguntar, responder e 
refutar que ele teria aprendido com Sócrates (470 a.C. -399 a.C.). Platão considera 
que apenas através do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro 
conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das idéias. Pela 
decomposição e investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que 
também deve ser examinada, num processo infinito que busca a verdade. 
Aristóteles define a dialética como a lógica do provável, do processo racional 
que não pode ser demonstrado. 
Kant registra a perspectiva aristotélica quando define a dialética como a "lógica 
da aparência". Para ele, a dialética é uma ilusão, pois se baseia em princípios que, na 
verdade, são subjetivos. 
Georg Wilhelm Hegel 1770-183119, tenta solucionar o problema das 
transformações às quais a realidade está submetida e apresenta a dialética como um 
 
18 Filósofo grego (427 a.C.?-347 a.C.?), seus seguidores estabelecem o platonismo que 
trabalha com a distinção do mundo entre o que é visível, sensível e o que é invisível, 
inteligível (mundo das idéias). Após a morte de Sócrates, em 399 a.C., deixa Atenas e se 
estabelece definitivamente no Egito. 
19 Escrito por F. Engels em 1877. Publicado como folheto, em francês, em Paris (1880),em 
alemão, em Zurique (1882) e em Berlim (1891), e em inglês, em Londres (1892). Publica-se 
segundo a edição soviética de 1952, de acordo com o texto da edição alemã de 1891. 
 35 
movimento racional que permite transpor uma contradição. Uma tese inicial é 
confrontada e esta é substituída por sua antítese. Essa antítese, que conserva 
elementos da tese, é superada pela síntese, que combina elementos das duas 
primeiras, em um processo contínuo de enriquecimento de conhecimentos e fatos 
novos. 
Segundo Hegel, a história da humanidade cumpre uma trajetória dialética 
marcada por três momentos: tese, antítese e síntese. O primeiro vai das civilizações 
orientais antigas até o surgimento da filosofia na Grécia. Hegel o classifica como 
objetivo, porque considera que o espírito está imerso na natureza. O segundo é 
influenciado pelos gregos, mas começa efetivamente com o cristianismo e termina 
com Descartes. É um momento subjetivo, no qual o espírito toma consciência de sua 
existência e surge o desejo de liberdade. O terceiro, ou a síntese absoluta, acontece a 
partir da Revolução Francesa, quando o espírito consciente controla a natureza e o 
desejo de liberdade concretiza-se na concepção do Estado Moderno. 
Karl Marx e Friedrich Engels20, reformam o conceito hegeliano de dialética, 
sendo denominada de dialética materialista, porque o movimento histórico, para 
eles, é derivado das condições materiais da vida. 
A dialética materialistaanalisa a história do ponto de vista dos processos 
econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, 
capitalismo e socialismo. Cada um dos três primeiros é superado por uma 
contradição interna, chamada "germe da destruição". A contradição da Antiguidade 
é a escravidão; do feudalismo, os servos; e do capitalismo, o proletariado. O 
 
20 In: Stalin, Materialismo Dialético e Materialismo Histórico (1982) e Escrito por Karl Marx 
e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848. Publicado pela primeira. vez em 
Londres em fevereiro de 1848. Publicado de acordo com o texto da edição soviética em 
espanhol de 1951, traduzida da edição alemã de 1848. Confrontado com a edição inglesa de 
1888, editada por Friedrich Engels. Traduzido do espanhol. 
 36 
socialismo seria a síntese final, em que a história cumpre seu desenvolvimento 
dialético. 
A dialética também é estabelecida como lógica dentro de algumas correntes 
filosóficas. Porém, pode-se estabelecer a lógica como uma ramificação distinta, 
sendo assim expressa: 
 Lógica: Refere-se ao raciocínio correto, a lógica surge no Ocidente com o 
filósofo grego Aristóteles. Para mostrar que os sofistas podem enganar os 
cidadãos utilizando argumentos incorretos. Aristóteles estuda a estrutura 
lógica da argumentação. Revela, assim, que alguns argumentos podem ser 
convincentes, embora não sejam corretos. A lógica, segundo Aristóteles, é 
um instrumento para atingir o conhecimento científico. Só se pode chamar 
de ciência aquilo que é metódico e sistemático. Na obra Organon, 
Aristóteles define a lógica como um método do discurso demonstrativo, 
que utiliza três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio. 
O conceito é a representação mental dos objetos. O juízo é a afirmação ou 
negação da relação entre o sujeito (neste caso, o próprio objeto) e seu 
predicado. E o raciocínio é o que leva à conclusão sobre os vários juízos 
contidos no discurso. Os raciocínios podem ser analisados como 
silogismos, nos quais uma conclusão decorre de duas premissas. "Todo 
homem é mortal. Sócrates é homem, logo, Sócrates é mortal", diz ele, para 
exemplificar. "Sócrates", "homem" e "mortal" são conceitos. "Sócrates é 
mortal" e "Sócrates é homem" são juízos. O raciocínio é a progressão do 
pensamento que se dá entre as premissas "Todo homem é mortal", 
"Sócrates é homem" e, a conclusão, "Sócrates é mortal". 
No período clássico (século IV a.C ao século XIX), Aristóteles 
sistematizou e definiu a lógica como uma ciência autônoma e também utilizou uma 
metodologia própria. No século XVI os problemas que diziam respeito à 
sistematização do conhecimento científico designava – se por “lógica menor” e no 
século XIX por “lógica formal”. Os problemas que diziam respeito à verdade dos 
 37 
juízos constituíram o objeto do que se chamou no século XVI de “lógica maior” e no 
século XIX por “lógica material”. Com o objetivo metodológico de mostrar o 
caminho correto para a investigação, o conhecimento e a demonstração científica, a 
lógica de Aristóteles usava as seguintes fases do método científico: Observação de 
fenômenos particulares; Intuição dos princípios gerais (universais) a que os mesmos 
obedeciam; dedução a partir deles das causas dos fenômenos particulares. Mas sua 
lógica, a partir do século XVI, começou a ser questionada, por filósofos como 
Francis Bacon (1561 – 1626) e Descartes (1596 – 1650), devido ao “aparecimento” 
da “ciência experimental”, que procurava atingir o universal a partir do particular, e 
não mais o inverso21. 
O matemático e filósofo alemão G.W. Leibniz (1646-1716) critica a lógica 
aristotélica por demonstrar verdades conhecidas e não revelam novas verdades. A 
lógica estabelecida pelos modernos, necessita de um método capaz de estudar 
também relações entre objetos e a percepção humana referente ao modo de como se 
observa algum fenômeno e/ou objetos. 
No final do século XIX, o alemão Gottlob Frege (1848-1925) desenvolve 
uma lógica baseada em símbolos matemáticos e na análise formal do discurso, 
perfazendo desta maneira as bases da lógica moderna, que formaliza e equaciona os 
raciocínios, organizando-os como sendo uma espécie de gramática, que pode ser 
empregada em diversas linguagens (como a proposicional, que estuda a relação dos 
juízos entre si, e a de predicados, que analisa a estrutura interna das sentenças). 
Desta forma, a validade de um argumento depende exclusivamente de sua fórmula 
lógica e não do conteúdo das afirmações. Pode-se concluir que ao se estudar a 
 
21 Para os estudantes interessados na epistemologia e filosofia da Geografia, recomenda-se a 
obra de Robert de Moraes – Geografia Pequena História Crítica. Esta leitura enfoca alguns 
dos principais movimentos e contribuições do pensar geográfico. Uma leitura voltada ao 
aprendizado. E o entendimento das idéias é bem simples e muito bem elaborado. 
 
 38 
estrutura e a natureza do raciocínio humano e reproduzi-las em fórmulas 
matemáticas, torna-se possível a criação de uma linguagem22. 
Diante da apresentação dos grandes pensadores gregos e contribuintes do 
pensamento geográfico e filosófico, sendo estes responsáveis pelas inovações e 
reflexões do ser e do saber, abalizar-se-á as questões do surgimento e diretrizes da 
fundamentação que implementa a epistemologia propriamente dita, partindo do 
filósofo que melhor representa sua formulação...ARISTÓTELES! 
Existem quatro formas de conhecimento, segundo Aristóteles: fé; 
evidência; experimentação e opinião. 
As três primeiras formas de conhecimento são seguras, porque se baseiam 
em fatos vistos, sentidos, abruptos e reais, ou sendo convicções pessoais embasadas 
na experiência espiritual e vivida; enquanto que a opinião é uma asserção fundada 
em formulação de pensamentos possíveis, com a possibilidade de estes serem falsos. 
A filosofia se estabelece dentro de três pilares principais: 
 Gnosiologia, que estuda a natureza do conhecimento em geral; 
 Epistemologia, que estuda a natureza e a fundamentação dos vários 
conhecimentos científicos; 
 Metodologia que estuda os processos lógicos de aquisição do 
conhecimento cientifico. 
Conforme Andrade Filho (2000), “A filosofia, dita conhecimento, é função do 
pensamento objetivo, é conhecimento que nos faz ultrapassar as aparências e 
alcançar a realidade". Racional não é só função de conhecimento, aplica-se 
também a pratica, reporta-se à ação. A reflexão e a razão criticaram e destruíram 
um mundo mítico e elaboraram um outro tipo de explicação: a filosofia, onde 
diferente da visão mítica, há discussão, possibilidade de critica "Tudo era um caos 
 
22 linguagem de máquina ou programas, linguagem para deficientes visuais e auditivos, 
podem ser exemplos para se entender o que está sendo descrito. 
 39 
ate se erguer a Mente para por ordem nas coisas. A filosofia brota do chão da vida 
e da historia concreta de um povo”. 
Para Andrade Filho (2000), esta mudança do homem em relação ao seu modo 
de pensar, do mítico para o racional, ocorreu por dois motivos: 1-contradições do 
pensamento mítico e o 2- fortalecimento da razão. 
Filósofos como Tales (625 - 548 a.C.); Anaxágoras (585 - 528 a.C.); 
Heráclito (540 - 470 a.C.); Pitágoras (580 - 497 a.C.); Platão (348 - 322 a.C.), 
refletiam sobre as realidades quaisquer e tentavam descobrir seus significados e 
funções. Os filósofos passaram a criar confiadamente explicações, não mais baseada 
nas tradições míticas das coisas, mas às forças racionais de suas mentes. Uma figura 
de desponte entre os filósofos seria Aristóteles, que discutiu lógica, epistemologia, 
física, biologia, ética, política e estética. Sua principal obra foi “A Analítica 
Posterior”,discussão sobre a filosofia da ciência, além desta, a Física e a Metafísica 
contém discussões sobre o método científico. Chegamos ao ponto importantíssimo 
que justifica toda esta exposição até o presente, conotando a abordagem do método e 
a investigação científica, que mantém a sustentação e a comprovação, ou os teste 
que se pode realizar para afirmar ou negar algo expresso ou não na natureza, na 
sociedade ou no pensamento. Inicia-se neste momento o suporte básico para 
qualquer trabalho científico, inclusive para a formulação dos termos utilizados nos 
ramos da ciência atual. 
Na Antigüidade, Aristóteles classificou as ciências em práticas, poéticas e 
teóricas, sendo sua classificação questionada posteriormente por Platão23. Esta 
divisão da ciência na Antigüidade mostra duas abordagens distintas: 
 Modo linear e horizontal – tem como defensores Aristóteles, Ockham, 
Descartes, Kant e o positivismo de Augusto Comte24 ; 
 
23 Platão defendia que: Conhecer é recordar verdades que já existem em nós. Esta teoria pode 
ser atestada sempre que nos deixarmos guiar pela voz do inconsciente. 
 40 
 Modo circular e vertical – Representado por filósofos como Platão, 
Echkart, Piaget, constituindo uma filosofia de uma relação objeto/sujeito 
paradoxal, ou imaginário. 
A filosofia da ciência pode ser dividida em duas grandes áreas: 
1. A epistemologia da ciência que discute a justificação e a 
objetividade do conhecimento científico, tendo como tema central 
o problema da indução, o problema se encontra no fato de que os 
argumentos não são logicamente válidos, pois a verdade das 
premissas particular não garante a verdade da conclusão universal. 
Outro ponto fundamental é a possibilidade do conhecimento de 
inobserváveis a olho nu. Os instrumentalistas negam que as teorias 
científicas sobre inobserváveis possam ser aceitas como descrições 
verdadeiras de um mundo inobservável. Seus argumentos 
contraditórios as teorias voltadas ao esclarecimento dos não 
observáveis, recaem na premissa de que estas teorias são úteis para 
gerar previsões observáveis. Contrapondo os instrumentalistas, 
adota-se a visão realista de que a ciência pode descobrir e 
descobre verdades sobre inobserváveis. Alguns filósofos da 
ciência como Kuhn e Feyerabend, argumentam que a observação 
está “contaminada pela teoria”. Para estes dois filósofos, a verdade 
científica objetiva não é alcançável mesmo ao nível dos 
observáveis, quanto mais ao nível dos inobserváveis. 
Mas nem todos os epistomólogos da ciência aceitam o relativismo de Kuhn 
e Feyerabend. Um argumento contra o relativismo é que as teorias científicas são 
descrições verdadeiras de uma realidade independente. Muitas teorias do passado 
revelam-se falsas, desta maneira conclui-se que uma vez que as teorias científicas do 
 
24 O positivismo de Comte embasa-se na observação dos fenômenos, subordinando a 
imaginação à observação, mas há outras características igualmente importantes 
 41 
passado normalmente são falsas, então, as teorias do presente e do futuro serão 
também provavelmente falsas. 
Na década de 1980, alguns filósofos adotaram uma abordagem naturalista 
em epistemologia da ciência. Em vez de tentar identificar regras à priori do método 
científico, inspiraram-se na história da ciência e para mostrar que estratégicas 
metodológicas constituem de fato meios eficazes para se atingirem objetivos. O 
ponto de vista realista do objetivo da formulação de teorias científicas é a descoberta 
da verdade. Muitos filósofos da ciência naturalista rejeitam a idéia de que a verdade 
seja um objetivo sensato para a ciência, investigando invés disto estratégias para se 
atingirem objetivo teórico. 
2. A metafísica da Ciência discute aspectos filosoficamente 
problemáticos da realidade desvendada pela ciência. Parte mais 
central da filosofia que busca o princípio e as causas fundamentais 
de tudo, tratando de questões que, em geral, não podem ser 
confirmadas pela experiência direta. O termo surge por volta de 50 
a.C., quando Andronico de Rodes (século I a.C.), ao organizar a 
coleção da obra de Aristóteles, dá o nome de ta metà ta physiká ao 
conjunto de textos que se seguiam aos da física ("metà" quer dizer 
além). Historicamente, a palavra passa a significar tudo o que 
transcende à física, porque nesses estudos Aristóteles examina a 
natureza do ser em geral e não de suas formas particulares, 
postulando a idéia de Deus como substância fundamental. Na 
Idade Média, a metafísica confunde-se com a teologia, conforme 
estabelecido pelo italiano santo Tomás de Aquino, afirmando que 
a metafísica estuda a causa primeira, e, como a causa primeira é 
Deus, ele é o objeto da metafísica. 
A experiência passa a ser extremamente valorizada e a metafísica deixa de 
ser considerada a base do conhecimento filosófico durante a Idade Moderna. David 
Hume diz que o homem está completamente submetido aos sentidos, portanto não 
 42 
pode criar idéias, e não é possível formular nenhuma teoria geral da realidade. Para 
ele, ciência alguma é capaz de atingir a verdade, seus conhecimentos são sempre 
probabilidade. 
O método científico é a análise praticada por ações e reflexões, restrita aos 
processos manuais de repetição de uma ação, para que se estabeleça um padrão 
contínuo e que este processo, sempre desempenhe os mesmos dados ou aborde um 
fenômeno natural ou artificial com as mesmas observações anteriores. Desta 
maneira, as teorias são testadas através de métodos práticos, e se alguém não 
concordar com os dados, deve refazer o processo metodológico e as etapas 
anteriores, sem modificar ou acrescentar algo no processo. As conclusões devem ser 
avaliadas conforme os dados são fornecidos com a metodologia empregada. 
Esta maneira de executar ou desenvolver atividades metodológicas para 
estabelecer parâmetros e dados propícios ou não a sustentação de uma teoria; na 
verdade recai, no teste da metodologia e na maneira como se repete o processo 
metodológico. Desta forma, a teoria fica em segundo plano e o que se comprova 
realmente é a metodologia. 
POPPER (1961), expressa estas questões e desempenha um papel 
fundamental nesta linha de pensamento. Apesar de que poucos são os cientistas e 
pensadores que gostem da abordagem deste intelectual, devido ao fato de criticar o 
marxismo e até mesmo o próprio Marx. “Os princípios do historicismo — que faz 
parte da tarefa das ciências sociais apresentar profecias históricas e que estas 
profecias históricas são indispensáveis a qualquer teoria racional são hoje 
correntes porque constituem uma parte muito importante da filosofia que gosta de 
se atribuir a si próprio o nome de “Socialismo Científico” ou “Marxismo”. Poder-
se-ia, pois, definir a minha análise do papel da previsão e da profecia como uma 
crítica do método histórico do Marxismo. Mas na realidade, ela não se ocupa 
apenas dessa variante econômica do historicismo que caracteriza o Marxismo, pois 
visa criticar a doutrina historicista em geral. Decidi, no entanto, falar como se o 
Marxismo fosse o objeto principal, ou o único, do meu ataque, já que é meu desejo 
 43 
evitar a acusação de que estou a atacar sub-repticiamente o Marxismo sob o nome 
de historicismo. Gostaria, contudo, de que vos lembrásseis que, sempre que 
menciono o Marxismo, tenho também em mente muitas outras filosofias da 
história”, pois vou tentar criticar um determinado método histórico, considerado 
válido por muitos filósofos, antigos e modernos, de idéias políticas muitíssimo 
diferentes das de Marx. 
Como crítico do Marxismo, tentarei imprimir à minha tarefa um espírito 
liberal. Tomarei a liberdade não só de criticar o Marxismo mas também de defender 
certos dos

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