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Direito Civil I - Prescrição e decadência

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DIREITO CIVIL I
Prescrição – art. 189 ao 206 
Processo Histórico: Surgiu no Direito Romano, no período do Processo Popular, onde foi atribuído ao credor o poder de criar novas ações. Não tinham noção do direito subjetivo, apenas da noção de “ação” – sem prazos estabelecidos pela lei. Perceberam que as ações eram insuficientes, então surge o Período Popular (período do processo formular – credor criava novas leis através de formulas/ documentos = novas ações = interesses tutelados pelas novas ações com prazos para reivindicar seus direitos violados > nasce a ideia de prescrição).
Direito Subjetivo: Possibilidade de pretender alguma coisa de forma garantida pelo nosso ordenamento jurídico.
Direito de ação = direito subjetivo público e independente do direito material que se pretende ver tutelado (ainda que a pessoa não seja titular de um direito material ela tem o direito de ação ou por maior que seja o decurso do prazo, por maior que seja a violação do direito material a pessoa continua sendo titular do direito de ação)
Direito de ação = direito de invocar a tutela jurisdicional (poder de dizer o direito – Estado)
Lei de Talião: promover a igualdade de punições – antes prevalecia a justiça privada (justiça com as próprias mãos) – Estado se fortalece e assume sua função jurisdicional – veta e limita.
Conceito antigo: Prescrição é a perda do direito de ação pela inércia do seu titular (direito de invocar a atuação jurisdicional, de invocar a tutela estatal que é exercida por meio do poder de dizer o direito. Todos nós temos o direito de ação – independente da pessoa ter ou não o direito material). 
Código Civil de 2002: Prescrição é a perda da pretensão em virtude da inércia do seu titular.
- Pretensão: Poder de fazer valer o direito subjetivo/material que foi violado – vinculado a um direito subjetivo/material que foi violado. A pretensão nasce no momento em que o direito subjetivo foi violado.
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
A pretensão deve ser exercida dentro de um determinado prazo, sob pena de haver prescrição. Quando um direito é violado e uma ação é ajuizada decorrente de tal direito violado, deduz-se uma pretensão.
Fiuza – Prescrição é a perda da responsabilidade por parte do devedor (garantia de cumprimento de um dever) > É uma teoria complementar: perde o direito (pela parte do credor) e perde a responsabilidade (por parte do devedor)
A prescrição NÃO é a perda do direito de ação, mas é a PERDA DA PRETENSÃO.
Mas, ao mesmo tempo, dá origem a um direito por parte do devedor: o direito de impedir que seja exercida a pretensão por parte do credor >> escudo para o devedor.
Por que existe a prescrição? Porque se não houvesse a prescrição, teríamos que guardar recibos eternamente. A prescrição visa uma seguridade nas relações jurídicas.
Requisitos para que haja PRESCRIÇÃO:
1. Violação de um direito (nasce a pretensão)
2. Decurso de um determinado prazo
3. Inércia do titular do direito durante todo lapso temporal (ou seja, o sujeito teve o direito violado e não fez nada)
4. Ausência de causas impeditivas, suspensivas e interruptivas.
Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas:
Causas impeditivas: impede que o prazo prescricional tenha início, ou seja, o prazo prescricional, diante de uma causa impeditiva, sequer começa a correr.
Causas suspensivas: aquelas que pressupõe a paralização de um prazo que já está em curso. Desaparecendo a causa suspensiva, o prazo volta a correr DE ONDE PAROU. Pode ocorrer várias vezes.
Causas interruptivas: aquelas que paralisam um prazo já em curso, mas cessando a causa interruptiva, o prazo volta a correr DESDE O INÍCIO, como se nunca o prazo tivesse corrido. Somente poderá ocorrer UMA vez.
EXEMPLO: O prazo prescricional é de 3 anos. O prazo começou a correr, passando-se dois anos. Surge uma causa suspensiva, paralisando o prazo. Enquanto estiver suspenso o prazo não corre, mas quando cessar a causa suspensiva, o prazo volta de onde parou, ou seja, o sujeito tem mais um ano. 
O prazo prescricional é de 3 anos. Passaram-se 2 anos e surge uma causa interruptiva. Enquanto estiver interrompido, o prazo não corre. Cessando a causa interruptiva, o prazo volta a correr, mas volta da estaca zero, ou seja, o sujeito tem 3 anos.
Art. 197. Não corre a prescrição
I. Entre conjuges, na constância da sociedade conjugal
II. Entre ascendentes e descentes, durante o poder familiar
III. Entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I. Contra os incapazes
II. Contra os ausentes do país em serviço público da União, Estado ou Municípios
III. Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição
I. Pendendo condição suspensiva (condição suspensiva é aquela que impede o negócio de produzir os seus efeitos).
Condição resolutiva: faz cessar os efeitos produzidos pelo negócio – produz, mas faz cessar.
II. Não estando vencido o prazo
III. Pendendo ação de evicção
Evicção: Perda do bem em decorrência de uma decisão judicial
Enquanto não transitar em julgado, o prazo não corre.
Ex: Celular vendido que não pertencia à pessoa que o vendeu – enquanto não se esgotarem os recursos, o prazo não corre.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
O prazo cível não corre se não for apurado na área criminal – enquanto não houver sentença definitiva, o prazo não corre.
Interrupção – Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I. Por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual
Despacho: decisão judicial por meio da qual o juiz determina alguma coisa. São meras movimentações administrativas para que o processo seja encaminhado corretamente e atinja seu fim: decidir o problema.
Citação: ato inicial por meio do qual se dá ciência ao réu da existência da ação, possibilitando-o se defender, caso queira.
Exemplo: 
Ação proposta: 01/02
Despacho: 01/03
Citação promovida: 01/04
Em que momento ocorreu a interrupção?
> Art. 219 CPC: 1º parágrafo – a interrupção retroage à data da propositura da ação, se houver o despacho e se a citação for feita no prazo correto.
A interrupção dura quanto tempo? Enquanto o processo estiver em curso.
II. Por protesto, na condições do inciso antecedente
Protesto judicial – em juízo (judiciário)
III. Por protesto cambial (geralmente feito em cartório)
IV. Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores (situações de cobrança)
V. Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor
Mora=inadimplemento – Não cumpriu o dever = está em mora
Se não tem data certa, é necessário interpelar (incitar)
VI. Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Prazos Prescricionais: 
Prazo geral: 10 anos – aplicado por exclusão (art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.)
Prazos especiais: 
Art. 206. Prescreve:
§ 1º. Em um ano:
I. A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos
Hotéis – cobranças dos hóspedes
Bares – cobrança do que foi consumido no estabelecimento (o bar tem um ano para cobrar a conta que não foi paga, sob pena de prescrição)
II. A pretensão do segurado contra segurador, ou a deste contra aquele
III. A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários.
IV. A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação docapital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo.
V. A pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2º. Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Ex: O pai não pagou os alimentos fixados, o prazo para o filho cobrar é de dois anos.
§ 3º. Em três anos:
I. A pretensão relativa a alugueis de prédios urbanos ou rústicos (rurais)
Ex: Venceu o primeiro mês de aluguel, nasce a pretensão, mas deve-se obedecer o prazo.
II. A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias
III. A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela
IV. A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa
V. A pretensão de reparação civil
Ex: Quando alguém pratica algum ato ilícito e tal ato vem a causar algum dano, surge o dever de reparar civilmente o dano. O direito de pleitear essa ação prescreve em 3 anos (ex: Bateram no meu carro, eu quero pleitear uma indenização, eu tenho 3 anos para isso).
>> Atenção quando for relação de consumo (ex: micro-ondas explodiu – relação fornecedor x consumidor) – Lei 1078 – art. 27: prazo prescricional de 5 anos
VI. A pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição
VII. A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: (ver código)
VIII. A pretensão para haver o pagamento do título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial
IX. A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório
§ 4º Em quatro anos, a pretensão em relação à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
Ex: Tutor que prejudica tutelado – tutelado promove ação contra o tutor, pleiteando uma indenização, por exemplo. O prazo é de 4 anos, contados a partir do momento que um juiz aprovar a prestação de contas do tutor.
§ 5º Em cinco anos:
I. A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular
II. A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço, da cessação dos respectivos contratos ou mandato
III. A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Obs: O Código Civil de 2002 reduziu significativamente os prazos prescricionais (prazo máximo 10 anos, antigamente eram 20 anos). 
Art. 2028: Regra de transição – se alguém teve algum direito violado nessa transição de códigos, continuam valendo os prazos da lei anterior, desde que o prazo tenha sido reduzido pelo novo código, e desde que da entrada em vigor do novo código, tenham se passado mais da metade do prazo.
Decadência – arts. 207 - 2011
É a perda ou extinção de um direito (potestativo) em virtude da inércia do seu titular. Ocorre a decadência quando um direito potestativo não é exercido dentro do prazo para exercê-lo.
A prescrição extingue a pretensão, já a decadência extingue o próprio direito.
Prescrição ( Direito Subjetivo (possibilidade de pretender algo de forma garantida pela lei, quando um direito subjetivo é violado, falamos em prescrição)
Decadência ( Direito Potestativo (sujeição - são direitos sem pretensão, pois não podem ser violados)
Os prazos da prescrição estão contidos nos artigos 205 e 206, então os que estiverem fora desses artigos, são decadenciais.
Os prazos da prescrição são todos em ano, já os prazos de decadência são em dias, meses ou ano. Se o prazo não for em anos, com certeza não é prescrição.
Art. 207 - Os prazos da prescrição estão sujeitos a causas impeditivas, suspensivas e interruptivas, já a decadência não está sujeita a nenhuma causa, salvo disposição legal em contrário.
Art. 209 - O prazo decadencial fixado em lei é irrenunciável – É nula a renúncia à decadência fixada em lei 
Quando nós tratamos de prescrição é possível renunciar com a condição de que essa prescrição já tenha se consumado (renúncia pode ser expressa ou tácita - art 191)
Art 210 – Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

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