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Final da análise travessia da fantasia

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Final da análise - Travessia da 
fantasia 
 
 O final da análise é contemporâneo da destituição do sujeito 
suposto saber. 
Para Chagas (1992), concordando com Lacan, uma análise tem seu 
ponto de basta e esse ponto é inadiável. No Seminário VII: a ética da 
psicanálise, de 1960, Lacan fala que, o que nos demandam é a 
felicidade, entretanto não se trata de uma felicidade sem sombras. 
“A felicidade com a qual o analista se compromete não está a 
serviço dos bens, sejam pessoais, profissionais, econômicos, 
sociais” mas a serviço da lei do desejo (CHAGAS, 1992, p. 59). 
O término está, pois, entre o necessário e o suficiente. O necessário 
se refere à supressão das principais dificuldades trazidas por ocasião 
da demanda inicial. O suficiente, denotativo de um juízo subjetivo 
em que o sujeito diz sentir-se confortável. Quando há o passe 
poderá ocorrer o que Lacan estimava para o fim da análise, uma 
cura, porque o sujeito passa a querer aquilo que ele deseja. 
A proposta do passe contém uma ideologia sobre o constituir-se do 
sujeito analisado, que repassa o caminho do seu próprio analista. A 
valorização do saber de si em uma busca interminável que pode 
chegar a ser a própria razão de ser do sujeito. 
Partindo inicialmente do texto freudiano “Análise terminável e 
interminável” e de desenvolvimentos teóricos realizados por 
analistas lacanianos, esse artigo discutiu algumas questões atuais no 
debate sobre o final de análise, dentre elas a eficácia da análise, as 
vicissitudes da transferência e da pulsão no processo analítico, a 
reanálise e o dispositivo do passe. Ao longo da discussão dessas 
questões, verificamos que um aspecto se tornou essencial: a 
dimensão singular do processo de análise. Nessa direção, é 
importante considerar que o término de uma análise pode ter 
lugar justamente quando a questão do seu fim não é colocada nos 
mesmos moldes em que ela vem sendo tratada pela teoria. No que 
diz respeito a esse aspecto, Salvain sublinhou que o final de análise 
pode se dar, justamente, quando ele não é pensado nos termos da 
travessia do fantasma ou do luto do objeto a (Salvain, 1993). 
 
 Atravessar a fantasia fundamental não significa 
eliminá-la como se fosse uma pedra no rim ou fazê-la 
desaparecer esfarelando-a, e sim percorrê-la para que o 
sujeito possa experimentar-se nos dois pólos que ela 
encerra: o do sujeito e o do objeto ($ a). 
Neurose e perversão são abordadas em posições 
fundamentais: na neurose, a fantasia de completude 
amorosa. Ela é prevalente e corresponde à fixação do 
sujeito no seu pólo inconsciente. Na perversão, a fantasia 
de completude gozosa é dominante e corresponde à 
fixação do sujeito no seu pólo pulsional. Posições de 
fixação da fantasia são igualmente indicadas na cultura, 
tomadas em sua continuidade moebiana com a estrutura 
de linguagem do sujeito. 
 
 
 
Observação: É por isso que todo o trabalho analítico se centra na abordagem da 
fantasia, porque é por seu intermédio que o sujeito pode aceder ao seu próprio gozo e 
esperar, a partir daí, uma mudança no mesmo. A cura psicanalítica não visa, assim, 
nada senão dar ao sujeito a chance de fazer sua a sua própria verdade, fazer seu o seu 
próprio estilo. Um estilo que vem sobretudo do objeto pequeno a, e não um estilo 
importado do Outro. O que a “cura” visa é a travessia da fantasia, esse movimento que 
implica a Opção Lacaniana online nova série 14 Alienação, separação e travessia... 
assunção da falta fundamental, a assunção de um significante que não adquire 
significação senão por relação ao objeto causa de desejo; em uma palavra: este 
movimento que implica que o sujeito possa renunciar à sua representação significante 
e tornar-se ele mesmo pequeno a.

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