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Reforma na Previdência Social Uma análise crítica sobre as mudanças

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DAIANE LOUBEIRA ABBADE 
 
 
 
 
 
 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, 
2017
RESUMO 
 
 O presente ensaio traz em questão uma análise crítica da Proposta de Emenda 
Constitucional 287/2016, qual enseja em uma reforma da previdência social. Trata por 
discorrer brevemente dos fatores históricos que resultaram no nascimento da previdência 
social no Brasil, bem como entender a sua finalidade. Estaria a proposta de emenda de 
acordo com os princípios constitucionais basilares à ideia de seguridade social 
originalmente trazida pela Constituição Federal em 1988? Será aqui exposto as principais 
mudanças, suas motivações e seus reflexos, induzindo o leitor a uma ligeira reflexão sobre 
o futuro de sua seguridade como contribuinte, e de suas próximas gerações. 
 
 
 
 
 
 
 
“Encíclica rerum novarum: [...] o trabalho do corpo, pelo testemunho comum da 
razão e da filosofia cristã, longe de ser um objeto de vergonha, honra o homem, porque 
lhe fornece um nobre meio de sustentar sua vida. O que é vergonhoso e desumano é usar 
dos homens como vis instrumentos de lucro, e não os estimar senão na proporção do 
vigor dos seus braços.” 
 Papa Leão XIII. 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 
2. DA SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................. 5 
2.1. BREVE HISTÓRICO ............................................................................................ 6 
2.2. DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................................... 6 
2.3. DA SAÚDE ........................................................................................................... 7 
2.4. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................................................. 7 
3. PROPOSTA DE REFORMA À PREVIDÊNCIA SOCIAL ............................... 9 
3.1. DAS PRESTAÇÕES PREVINDENCIÁRIAS ................................................... 10 
3.2. ANÁLISE DAS MUDANÇAS PROPOSTAS ................................................... 12 
3.2.1. APOSENTADORIAS ......................................................................................... 12 
3.2.2. PENSÃO POR MORTE ...................................................................................... 17 
3.2.3. ASSISTÊNCIA SOCIAL .................................................................................... 17 
3.3. REGRAS GERAIS .............................................................................................. 18 
3.4. REGRAS DE TRANSIÇAO ............................................................................... 18 
3.5. SETORES MAIS AFETADOS ........................................................................... 20 
3.6. DADOS APRESENTADOS NA PEC ................................................................ 22 
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 25 
Bibliografia .................................................................................................................... 26 
 
 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Diante o cenário tão degradante da política brasileira, queda de governo, e 
manifestações recorrente, surge uma proposta de emenda à constituição que tem como 
objetivo modificar de forma extensa as regras da previdência social brasileira. 
Insta esclarecer que a previdência social é um dos ramos do gênero seguridade 
social, portanto, todo e qualquer estudo acerca de previdência social, deve ter como base 
a seguridade, uma vez que esta é política adotada no Estado a garantir os direitos 
fundamentais do cidadão brasileiro, seja ele nato ou estrangeiro. 
A proposta tem caráter emergencial às vistas do atual governo, os fatores óbvios 
que podemos observar é a sua instabilidade no cargo, tendo em vista as atuais denúncias 
contra o mesmo, e ainda o fim da vigência da Medida Provisória 767/2017, que versa 
sobre o pente-fino da previdência. 
Sob este prisma, iremos discorrer brevemente sobre as mudanças propostas pela 
PEC e ainda sobre seus reflexos na sociedade brasileira, indicando os setores mais 
afetados, bem como a analise complementar aos dados apresentados no texto pelo 
governo.
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
5 
 
2. DA SEGURIDADE SOCIAL 
Segundo o doutrinador Sergio Pinto Martins, a seguridade social é um conjunto de 
princípios, regras, e instituições1 que tem como objetivo fim dar aos cidadãos uma segurança 
social de em caso vir ocorrer-lhes alguma situação imprevisível, estes tenham uma contingencia 
garantida, podendo ser retributiva em razão de sua anterior contribuição, ou de caráter não 
contributivo. 
O emprego do conceito “seguridade social” vai variar de acordo com o regime político 
adotado em cada Estado-Nação, em que pese haver um denominador comum, qual seja, 
assegurar, de forma organizada, a proteção do indivíduo contra os chamados riscos sociais ou 
riscos de existência. 2 
A falta da seguridade social, como política a ser adotada por determinado estado, 
refletem efeitos danosos não só individualmente, mas compromete em riscos toda população, 
tornando-se assim, um encargo do Estado manter o bem-estar social. O grande objetivo do 
governo ao assumir uma política a garantir a seguridade social, é não diminuir a “janela” de 
iniciativas privadas, para que, aqueles que detêm mais poder aquisitivo, possam optar por ela, 
deixando assim “mais espaço” na iniciativa pública para aqueles que mais carecem, ainda que 
esta esfera (pública) contenha lacunas a atender as necessidades da população. 
A seguridade social, instituída pela Constituição Federal, e regulamentada pela lei 
8212/91, é financiada por toda sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos 
provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições 
sociais3, entretanto é um programa de proteção tripartite, quais são espécies a assistência social, 
a saúde e a previdência, e conta com dois sistemas, um contributivo (previdência) e outro não 
contributivo (saúde e assistência). 
Em suma, é um sistema de garantia de distribuição de renda, tendo como fundamentos 
basilares o respeito aos direitos humanos, a organização democrática do Estado, a economia de 
 
1 (MARTINS , Sérgio Pinto, 2005, p. 21) 
2 (SANTORO , José Jayme de Souza, 2001) 
3 Art. 10 da Lei 8.212 de 24 de julho de 1991. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
6 
 
mercado e o bem-estar social. As medidas adotadas a garantir esta seguridade se baseiam no 
momento econômico, social, ou jurídico em que se vivencia naquele determinado Estado.4 
2.1. BREVE HISTÓRICO 
Em um pensamento retrógrado, conseguimos visualizar o Estado Absolutista, onde se 
quer existia um Estado de Direito. Em momento posterior, temos o Estado Liberal, do qual a 
sua intervenção nas relações sociais era mínima. Neste cenário, as condições de trabalho, e não 
somente deste setor, mas também a educação, saúde, entre outros, eram extremamente 
precárias, o que gerou um colapso na economia mundial, desencadeando em guerras mundiais, 
destacando-se a revolução soviética em 1917.A saída que apaziguou dada situação foi, nada menos, que o nascimento do Estado 
Social, que tinha como responsabilidade maior dar efetivação aos direitos fundamentais de 
segunda geração, dentre eles a saúde, assistência e previdência. Mas somente com a constituição 
federal de 1988 que surge o conceito de seguridade social e seus princípios basilares. 
Podemos enfatizar como marco mundial da previdência social as igrejas de caridade, 
resultando na instituição do Seguro-doença, em 1883, na Alemanha, por Otto Von Bismark. Já 
no Brasil, teve como base os Montepios e as Santas Casas de Caridade. Contudo, destaca-se o 
Decreto 9912-A 26/03/1888, que criou a aposentadoria para os servidores dos Correios5, e 
principalmente o Decreto 4862 de 24/01/1923, ou melhor, a Lei Eloy Chaves, criou a caixa de 
aposentadorias e pensões para ferroviários. 
2.2. DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
A assistência social basicamente é um instrumento do qual, entidades privadas e estatais 
prestam serviços de assistência aos hipossuficientes. Prevista em artigo 203 da Constituição 
Federal, este ramo não tem caráter contributivo, podendo ser utilizado por quem dela necessitar, 
e por esta razão, Sergio Pinto Martins afirma que esta seria mais próxima da concepção de 
seguridade social do que mesmo a própria previdência.6 
 
4 (SANTORO , José Jayme de Souza, 2001) 
5 30 anos de serviços e mínimo de 60 anos de idade. 
6 (MARTINS , Sérgio Pinto, 2005) 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
7 
 
Apesar de ser um ramo de caráter não contributivo, necessita de uma fonte de custeio, a 
qual se dá a partir de recursos do orçamento da seguridade social, e disponibiliza aos cidadãos 
o serviço social e a habilitação e reabilitação profissional. 
2.3. DA SAÚDE 
Prevista em artigo 196 da Constituição Federal, a saúde é um direito de todos os 
cidadãos do território nacional, sejam eles brasileiros ou estrangeiros, e um dever do Estado, 
que tem como objetivo prevenir a doença, recuperar o enfermo, e promover ações que visem a 
redução do risco de moléstias. 
Neste sentido, em texto legal 8.080/91 fora regulamentada a assistência à saúde e sua 
organização, da qual instituiu o Sistema Único de Saúde que tem por finalidade efetivar as 
garantias de saúde previstas na Carta Magna, hipótese que não exclui a iniciativa privada como 
complementar. 
Custeado pelo orçamento da seguridade social, seus princípios basilares são a 
universalidade e igualdade de atendimento, e engloba toda questão relacionada a saúde, bem 
como vigilância sanitária, epidemias e saúde do trabalhador. 
2.4. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
Podemos dizer, em larga escala, que a ideia central da previdência social consiste na 
promoção de uma sociedade livre, justa e solidaria7, tal conceito pode ser extraído de uma 
realidade em que a sociedade brasileira vivia na era do Estado liberal, onde a população tinha 
condições precárias de trabalho. Assim, com o advento do Estado Social, foi projetado um plano 
de contribuição solidaria entre os cidadãos brasileiros, para assegurar seus direitos sociais, e 
mais do que isso, poder contar que não iriam acabar suas vidas ainda tendo que exercer atividade 
laboral para manter sua subsistência. 
Partindo desta ideia, de contribuição solidária a fim de constituir um fundo a garantir a 
seguridade social da sociedade, a previdência vem ao longo dos anos redistribuindo (não 
necessariamente de forma eficaz) a renda do país, proporcionando às famílias mais carentes o 
 
7 (DE FRANÇA , Álvaro Sólon, 2014) 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
8 
 
seu escape da linha de pobreza, aos inválidos uma renda digna tendo em vista sua condição, as 
gestantes a tranquilidade de poder contar que irão conseguir dar sustento à sua prole, entre 
outros tantos benefícios e garantias que a previdência social proporciona. 
Assim, conforme já mencionado, o marco inicial da previdência social no Brasil foi a 
Lei Eloy Chaves, qual instituiu a caixa de aposentadorias e pensões para os ferroviários, 
contudo, esta não foi a primeira regulamentação a respeito de previdência social. 
A Constituição Federal traz em seu artigo 201 um amplo conceito sobre previdência 
social, estabelecendo que a mesma será regida por lei própria. Tal norma veio em 1991, através 
da Lei 8.213, apresentando em seu texto legal, como finalidade da previdência assegurar aos 
seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, 
desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou 
morte daqueles de quem dependiam economicamente8. 
Cabe ressaltar, que a previdência social tem caráter contributivo e assegura os benefícios 
disponíveis para os seus contribuintes, ou seja, quem não contribui, não tem direito a recebê-
los, salvo os casos de pensão por morte, e auxilio reclusão, que, atendendo aos requisitos legais, 
serão vinculados aos dependentes do contribuinte. 
Trazendo os princípios basilares da previdência social em artigo 2º da lei 8.213/91, ela 
conta com dois regimes norteadores, quais sejam eles, o público e o privado. O regime público 
da previdência social divide-se em duas espécies ambas de filiação obrigatória, uma primeira 
que se refere ao Regime Geral da Previdência Social, dos quais os filiados serão os 
trabalhadores da iniciativa privada e sua família. Já a segunda espécie de regime público tange 
ao Regime Próprio de Previdência Social, sendo os filiados os servidores públicos ativos e 
inativos, membros de poder e militares. 
À luz dos regimes de previdência privados, temos duas espécies, das quais já menciona 
o nome, tem caráter complementar, ou seja, elas podem ser aderidas de forma complementar 
ao regime público de previdência social. Em outras palavras, aqueles que se enquadram no 
requisito de filiação obrigatória do regime publico tanto geral quando próprio poderá optar pela 
previdência social, contudo não será desonerado da contribuição do regime em que está 
 
8 Lei 8.213/91, artigo 1º. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
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obrigatoriamente filiado. Uma das espécies de Previdência Complementar é a Aberta, da qual 
tem por fundamento a acolhida de qualquer contribuinte que, voluntariamente, optar por filiar-
se. A segunda espécie dos regimes privados é a Previdência Complementar Fechada, que 
basicamente podemos conceituar por aquela que se destina a tão somente uma categoria de 
trabalhadores de determinado ramo. 
Neste prisma, podemos observar que a previdência social reduz a as desigualdades de 
forma gradativa, e ainda sedimenta a economia brasileira, pela ótica de que ao contribuírem 
mutuamente para um mesmo fundo, os brasileiros fortificam um sistema solidário voltado para 
garantir subsistência nacional. 
3. PROPOSTA DE REFORMA À PREVIDÊNCIA SOCIAL 
Fato notório que um dos assuntos políticos mais comentados atualmente, e que também 
gera grandes discussões, é a polêmica Proposta de Emenda Constitucional 287/2016, também 
conhecida como PEC da Reforma da Previdência, da qual faremos uma análise crítica sobre as 
mudanças propostas pelo governo federal. 
Durante copiosos anos ouvimos falar sobre a “falência” do sistema previdenciário 
brasileiro. Acontece que recentemente o governo federal lançou em mídia publicitária a notícia 
de que,somente no ano de 2016, a previdência social apresentou um déficit de 
aproximadamente R$ 151,9 bilhões, o que chamou atenção de experts da área previdenciária, e 
culminou na interposição da Ação Civil Pública9, que indaga a fidedigna base que resultou no 
estapafúrdio cálculo deficitário trazido pelo governo federal. 
O dado apresentado pela União seria a justificativa pela qual a previdência social 
necessitaria passar por uma extrema reforma, com a finalidade de “garantir” o futuro da 
previdência, sob pena de, em não o faze-la, culminaria em expressivo aumento de impostos a 
serem suportados pela população. 
Como já é sabido por muitos, o déficit que o governo alega existir no custeio da 
seguridade social é uma falácia. Os cálculos apresentados foram considerados com bases 
errôneas, onde somente foi estimado a contribuição do INSS, sem levar em consideração todas 
 
9 (Ação Civil Pública , 2017) 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
10 
 
as hipóteses constitucionais para tal custeio, bem como a receita de concursos de prognósticos, 
e ainda de importação de bens ou serviços do exterior. 
De acordo com o julgador da mencionada Ação Civil Pública, o Juiz Federal Rolando 
Valcir Spanholo, a reforma proposta pela União tem o escopo de implementar um novo sistema 
previdenciário, uma vez que consiste em alterar o padrão de Modelo de Repartição Simples (os 
ativos contribuem solidariamente para financiar os benefícios dos inativos), para um Modelo 
de Capitalização (cada cidadão contribui para seu próprio beneficio futuro). 
Entre as mudanças que geram mais inseguranças a população brasileira, está a tão 
debatida alteração na idade mínima para a aposentadoria e suas novas regras de cálculos de 
proventos. Neste contexto, visa a população, laborar durante longos 50 anos sem a expectativa 
de poder aposentar-se ou então de falecer poucos anos após sua aposentadoria, deixando assim, 
seus 50 anos de contribuição para o governo. 
No texto da proposta de emenda, muitos dos dispositivos trazidos a discussão, ferem 
dispositivos legais, e ainda julgados do STF. Doutrinadores alegam que um assunto de tanta 
repercussão, não poderia ser decidido pelo rito que está sendo a proposta acometida, mas sim 
mediante audiências públicas, como a sediada pelo senador Paulo Paim. 
Muitas teses versam sobre a controvertida PEC 287/2016, contudo de uma coisa não 
podemos deixar de destacar, a SEGURIDADE social brasileira precisa de uma reforma, haja 
vista sua ineficácia perante muitas das suas prestações, como exemplo bem conhecido, a 
precariedade do Sistema Único de Saúde. Contudo, a reforma da previdência não dará a 
efetividade ao conceito de seguridade social, somente irá acabar com o princípio basilar de sua 
estrutura, qual seja, um sistema solidário de contribuições. 
3.1. DAS PRESTAÇÕES PREVINDENCIÁRIAS 
Compreende-se como prestações previdenciárias os benefícios e serviços que 
previdência social dispõe aos seus segurados e dependentes. Tais prestações são repassadas aos 
segurados e dependentes na forma de benefícios pagos em pecúnia, e serviços de forma 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
11 
 
imaterial.10 Portanto, podemos dizer que “Beneficiários” das prestações é gênero, do qual são 
espécies “Segurados” (obrigatórios e facultativos) e “Dependentes”. 
 
 
 
 
Os benefícios podem ser classificados como pensões (1), salários (2), auxílios (3), e 
aposentadorias (4). Já os serviços só há previsão legal de duas espécies de benefícios. Assim, 
no esquema abaixo podemos observar de forma mapeada as prestações previdenciárias 
disponíveis atualmente. 
Em suma, as prestações previdenciárias que mais foram afetadas foram as 
aposentadorias, e suas regras de enquadramento, a pesão por morte, e assistência social. 
Importante de destaque a extinção da isonomia entre homens e mulheres que o governo 
pretende, bem como a nova regra de contribuição para trabalhadores rurais. 
Uma crítica a ser feita, antes de analisar o mérito de cada mudança proposta, é que 
segundo jurisprudência, a obrigação de recolhimento da prestação previdenciária é da empresa 
tomadora de serviços11. Acontece que tal pensamento, cria uma exacerbada proteção ao 
 
10 (MARTINS , Sergio Pinto, 2007) 
11 (BERNARDO , Leandro Ferreira ; FRACALOSSI , William, 2010) 
Prestações 
Previdenciárias 
Benefícios
Pensão Por morte
Aposentadorias 
Por Tempo de 
Contriuição
Por Idade
Especial
Por Ivalidez
Auxílios
Acidente
Doença 
Reclusão
Salários
Família
Maternidade 
Serviços
Reabilitação 
Profissional 
Serviço Social
Beneficiários
Segurados 
Obrigatórios 
Facultativos
Dependentes
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
12 
 
trabalhador, que incumbe toda responsabilidade ao empregador, sem observar que, o 
recolhimento da prestação previdenciária também é dele, uma vez que somente ele é 
beneficiário das prestações previdenciárias, e não o empregador. Enquanto a sociedade não 
refletir sobre a importância da contribuição previdenciária, e concluir que é um dever de todos, 
inclusive do trabalhador, o sistema previdenciário continuará se encaminhando a determinada 
falência. 
Diante do mapa apresentado, e com base nele, adentraremos a analisar a mudança 
proposta para cada um dos benefícios e serviços que a previdência social assegura à população 
brasileira, explicitando os principais reflexos nas prestações se caso a reforma seja aprovada, e 
quais os dados em que o governo se baseou para formular a PEC. 
3.2. ANÁLISE DAS MUDANÇAS PROPOSTAS 
3.2.1. APOSENTADORIAS 
A mudança mais polêmica deste tópico, surge no inciso III, do artigo 40 da Constituição 
Federal, que, cria novas regras de idade mínima e tempo de contribuição como requisitos para 
a aposentadoria em relação a servidores públicos, que se estende aos segurados do RGPS. 
Suprimidas as alíneas A e B, extingue-se a isonomia entre homens e mulheres que tais alíneas 
protegem, e ainda dispõe que para aposentadoria voluntaria será necessário a idade mínima de 
65 anos e 25 de anos de contribuição, e para servidores ainda exige que seja cumprido o tempo 
mínimo de 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo em que se dará a aposentadoria. 
Seguindo o raciocínio, o grande debate da alteração está concentrado nas regras de 
cálculo dos proventos. No o segurado, tanto do regime geral, quanto servidor público que se 
aposentar por invalidez permanente ou de forma voluntária, será deduzido 51% da média das 
remunerações e dos salários de contribuição, acrescidos de 1% a cada ano de contribuição, até 
o limite de 100%. Em outras palavras, se 25 anos de contribuição correspondem a 51% do 
benefício, isso quer dizer que para o segurado se aposentar com 100% de benefício, terá que ter 
contribuído 49 anos, portanto, para o segurado que deseja se aposentar com 100% do benefício 
e com 65 anos, ele terá que contribuir de forma ininterrupta desde seus 16 anos, tanto para 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
13 
 
homens, como para mulheres. Frisando que a maior idade cívica no Brasil é a contar de 18 anos. 
12 
Neste sentido, o governo apresentou gráfico tendo como paradigma determinados 
países. Acontece que ao levar em consideração países de economiadesenvolvida tais como 
EUA, Alemanha, entre outros, enxerga-se uma grande discrepância das informações, bem como 
demonstrado nos gráficos a seguir. 
 O gráfico abaixo leva em consideração somente os dados dos países desenvolvidos, 
descritos conforme apresentado pelo gráfico do conteúdo da PEC 287. Em relação a idade do 
Brasil, leva em consideração a maior idade civil no Brasil (18 anos), e que, considerando as 
novas regras impostas pela PEC, teria que contribuir 49 anos. 
 
Fonte: OCDE (2012). 1 
Em relação ao próximo gráfico, este leva em consideração somente os dados de países 
emergentes mencionados no gráfico apresentado no conteúdo da PEC, e ainda sob as mesmas 
regras adotadas no cálculo anterior referente a idade de aposentadoria no Brasil. 
 
12 (QUEIROZ Assessoria Parlamentar e Sindical, s.d.) 
64 64,5 65 65,5 66 66,5 67 67,5
70
65
60
55
50
Idade para aposentadoria em países 
desenvolvidos
Brasil Canadá Espanha Italia Alemanha EUA
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14 
 
 
Fonte: OCDE (2012). 2 
Por fim, este último gráfico apresenta dados extraído dos sites do INSS de países 
subdesenvolvidos, apresentando suas respectivas idades de aposentadoria, ainda tendo como 
base de cálculo para idade de aposentadoria no Brasil o considerado em gráfico 1 
 
Fonte: INSS Moçambique e Angola (2017). 1 
61 62 63 64 65 66 67 68
70
65
60
55
50
Idade para aposentadoria em países emergentes
Brasil Estonia Hungria Chile México
0 10 20 30 40 50 60 70 80
70
65
60
55
50
Idade para aposentadoria em países subdesenvolvidos
Brasil Angola Moçambique Mulheres Moçambique Homens
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Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
15 
 
Assim, considerando os gráficos, de caráter meramente perspectivo, podemos observar 
que a idade de aposentadoria proposta pela PEC é visivelmente discrepante, tanto para os países 
desenvolvidos, bem como para os emergentes, e ainda para os países subdesenvolvidos. 
Com a pressão da população brasileira a proposta foi alterada, e diminuído em 9 anos, 
ou melhor, para a aposentadoria integral, serão necessários 40 anos de contribuição. Acontece 
que, com base em dados estatísticos, atualmente, 79% dos aposentados não contribuíram mais 
do que 24 anos. Outro ponto importante a ser destacado é que em média o trabalhador brasileiro 
contribui 9 dos 12 meses de um ano, fato que interrompe a contribuição previdenciária, e então, 
o que levaria 25 anos para cumular tal período de contribuição, passaria a ser 33 anos em 
verdade.13 
Em relação a aposentadoria por invalidez, o servidor público que foi acometido por 
alguma doença que o deixa incapaz de exercer a função pela qual foi aprovado em concurso 
para exercê-la, não será aposentado por invalidez, ele simplesmente será readaptado de função 
mediante perícia. Em que pese haver previsão no texto da proposta de que será respeitado o 
nível de escolaridade exigido, tal contexto fere o inciso II do próprio artigo 37, uma vez que o 
candidato aprovado em concurso público foi investido para tal cargo ou emprego, considerando 
os parâmetros para tal, e não em função readaptada. 
Um ponto importante a ser ressaltado, é que, de acordo com a MP 767 (que de 01/06 – 
15/06/2017 está sob prazo para apresentação de texto que a converterá em Lei), aqueles que são 
aposentados por invalidez podem, a qualquer momento, serem convocados a nova perícia para 
averiguação da possibilidade de retornarem à atividade laboral. Acontece que são textos legais 
que se chocam, haja vista que, aquele que seria aposentado por invalidez for readaptado, ele 
poderia, de acordo com a MP, realizar perícia para retornar ao seu cargo original? 
Ainda modificando o artigo 40, a emeda retira do texto a remissão aos parágrafos 3 e 17 
do mesmo artigo, que dispõe sobre a regra de cálculos dos proventos para dada aposentadoria, 
trazendo, neste sentido, incisos seguintes que unificam a aposentadoria compulsória em 75 anos 
na forma da Lei complementar 152. 
 
13 (Plataforma Política Social, 2017) 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
16 
 
Já em parágrafo 2 do artigo, a emeda põem no mesmo patamar os segurados do regime 
próprio de previdência, com os de regime geral de previdência social, regrando que os proventos 
da aposentadoria voluntária dos servidores públicos deverão respeitar os limites de piso e teto 
do RGPS. 
Para a aposentadoria compulsória, o trabalhador deverá ter 75 anos, e então se contará 
a quantidade de anos que ele contribuiu e desse resultado dividir-se-á por 25, o denominador 
final será o percentual que o contribuinte terá sobre a média de suas contribuições. 
No parágrafo 8º do artigo 40 da CF, a nova redação passa por cima da autoridade do 
STF, que através ADI 4582 vedou a aplicação da regra de cálculo para aposentadoria e pensão 
por morte para o Regime Próprio da União pelo mesmo índice e reajuste dos benefícios do 
RGPS, e desta forma, será aplicada a regra já vedada aos servidores. 
No âmbito dos trabalhadores menos protegidos, ou melhor, aqueles que laboram em 
escala maior de riscos, as alterações ainda são mais prejudiciais. A aposentadoria por invalidez, 
considerará 100% da média das remunerações somente quando a invalidez se der 
exclusivamente por acidente de trabalho. E a aposentadoria especial deverá ser comprovada, 
de forma a não existir mais a dedução por categoria profissional, isto é, aqueles que prejudicam 
somente de forma nociva a saúde e não cumulativamente a integridade física como 
anteriormente. 
Para segurados portadores de deficiência, cessará o benefício existente, qual seja 25 
anos de contribuição ou 20 anos, sem idade mínima. Ou por idade, aos 60 ou 55 anos desde que 
cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 anos14., sendo limitado o acesso a aposentadoria 
para os deficientes aos 55 anos e com mínimo de 20 anos de contribuição, para servidores 
públicos, já para segurados do RGPS aposentado entre os 55 e 60 anos com o tempo mínimo 
de contribuição em 15 anos. 
Para o trabalhador rural, a aposentadoria passara a ser custeada mediante contribuição 
individual, não mais de forma solidaria entre os componentes da família, compreendida ao total 
da produção comercializada. Frisa-se que a previdência rural atualmente, pode ser chamada de 
 
14 (QUEIROZ Assessoria Parlamentar e Sindical, s.d.) 
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Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
17 
 
um subsistema da previdência social, uma vez que tem regras próprias diferentes para as regras 
gerais. 
3.2.2. PENSÃO POR MORTE 
O mais impactante reflexo da PEC na pensão por morte, se dá na vedação expressa da 
cumulação de aposentadoria e pensão por morte. O que é demasiadamente descabido uma vez 
que as fontes de custeios são diversas, a aposentadoria tem sua fonte de custeio por base da 
contribuição própria do segurado, já a pensão por morte é de exclusividade dos dependentes.15 
A pensão por morte de forma integral, ou melhor, 100% dos proventos do servidor 
falecido, será extinta, de forma a contar 50% acrescidos de 10% por cada dependente, ou seja, 
para fazer jus a 100% da pensão por morte, o falecido deverá deixar com a cônjuge supérstite 
5 filhos, o que fere a ConstituiçãoFederal em seu §2º do artigo 201, uma vez que recebendo 
10% por dependente, poderá ser inferior de um salário mínimo. 
As leis complementares que definem quem são os dependentes do segurado irão ser 
revogadas, vez que com a emenda serão utilizados os critérios do RGPS. E cada filho que perder 
a condição de segurado, este valor-benefício que recebia, não mais irá reverter aos demais 
dependentes, ou seja, será cessado os dez pontos percentuais do benefício. Outro aspecto 
relevante da pensão por morte será a constitucionalização da lei 13.146, que vincula os prazos 
de gozo da pensão pela data do cônjuge na data do óbito. 
3.2.3. ASSISTÊNCIA SOCIAL 
Em se tratando de assistência social, a idade mínima para receber o salário será de 70 
anos, a ser acrescida em um ano inteiro cada vez que observado o aumento na expectativa de 
vida, e ainda que tenha renda familiar mensal inferior ao valor previsto em lei, ou seja, se o 
idoso ou deficiente residir com pessoas que conjuntamente ultrapassem o valor estabelecido 
por lei, não será mais concedido o benefício a essas pessoas, mesmo que comprovem não 
possuir renda a se sustentar. Ainda para fazer jus a tal provento, deverá enquadrar-se no que a 
lei entender por grupo familiar, e grau de deficiência. 
 
15 (Canal “saber a lei”; Advogado Waldemar Ramos) 
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18 
 
3.3. REGRAS GERAIS 
A cerca do financiamento da seguridade social, as novas regras vinculam que este irá 
incidir sobre a folha de pagamento a título de trabalho urbano e rural. Acontece que pela regra 
atual, é assegurado o benefício previdenciário até mesmo para aquele trabalhador rural que não 
contribui, ou seja, aquele que não tem anotação na CTPS, não vai para a folha de pagamento, e 
consequentemente não incide sobre o financiamento da seguridade social. 
Será obrigatória a instituição de regime complementar próprio para os servidores 
públicos, contudo observando-se os limites do RGPS. E no parágrafo seguinte, é afastada a 
vedação de que regimes complementares de previdência somente poderão ser regidos por 
entidades fechadas, ou seja, podendo assim ser regida por entidade aberta e nesta lógica, até 
mesmo pelo ente estatal. Será de competência da União estabelecer as regras gerais de 
previdência pelo regime próprio a ser estabelecido, para os três poderes. Nesta mesma esteira 
de raciocínio, membros do poder legislativo, parlamentares, governadores, prefeitos e demais 
cargos que não forem servidores públicos efetivos, serão enquadrados no RGPS. 
Em sede de regras para todos os regimes previdenciários, quando verificado o aumento 
de um ano na expectativa de vida, automaticamente será acrescido um ano na idade mínima de 
aposentadoria fixados no RGPS. E ainda os conceitos “doença” e “invalidez”, serão alterados 
para “incapacidade temporária ou permanente para o trabalho”, o que fere a principiologia dos 
conceitos, uma vez que doença e invalidez representam incapacidades distintas. 
E ao tratar de competência, as causas em que envolver acidente de trabalho e figurar 
como parte a união, será de competência para julgar da Justiça Federal e não mais da Justiça do 
Trabalho, outra regra que lesa o princípio da proteção do trabalhador, uma vez que a esfera da 
Justiça Federal terá visão do trabalhador adversa daquele que lida com tal habitualmente. 
3.4. REGRAS DE TRANSIÇAO 
O servidor que tiver ingressado no serviço público até a data de promulgação desta emenda, 
e que tiver a idade de 50 anos se homens e 45 se mulheres, poderá optar por qual regra de 
aposentadoria irá se valer. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
19 
 
Optando pela antiga regra, se homem, devera cumular 60 anos de idade e 35 de contribuição, 
e se mulher, 55 anos de idade e 30 de contribuição para mulheres. Em ambos os casos, deverão 
contar com 20 anos de serviço público efetivo e 5 anos no cargo em que irá se aposentar, 
contribuindo com “pedágio” de 50% do período que faltava para se aposentar. 
Para a antecipação da idade, o servidor poderá deduzir um dia de idade para um dia de 
contribuição, contudo respeitando a idade de 45 (mulheres) e 50 (homens) anos. Membros do 
magistério e policiais reduzem 5 anos de idade e contribuição, se completados 45/50 anos, e se 
comprovando tempo efetivo na função de professor, e no caso de policial pelo menos de 20 
anos. 
Para aqueles que tiverem ingressado no serviço público até a Emenda Constitucional 4116 e 
cumular 45/50 anos, será segurado a integralidade de aposentadoria, e esta será calculada com 
base na média das contribuições sem o teto do RGPS. Já para aqueles que tiverem ingressado 
após a E.C. 41, terão os proventos calculados como no RGPS. Porém os servidores que optaram 
pela previdência complementar estão excluídos desta regra, e os servidores que não tiverem 
45/50 anos completos estarão sujeitos as novas regras previdenciárias, mas não serão aplicados 
aos seus benefícios o limite do RGPS, entretanto, a média das remunerações observará a nova 
regra para ter sua integralidade, ou seja, contribuir 49 anos. 
Não entrará nas regras de transição, os pensionistas de servidor que não optou pelo regime 
complementar de previdência, recaindo-lhes as novas regras já mencionadas. 
O já aposentado que falecer durante a vigência do novo sistema previdenciário, terá sua 
pensão calculada com base na integralidade de seus proventos. No caso do servidor ativo que 
falecer durante a vigência da emeda, os proventos a serem calculados terão como base o que o 
servidor teria direito se fosse aposentado por invalidez, ambas as hipóteses respeitado o limite 
máximo dos benefícios do RGPS, aumentado de 70% da parcela excedente a esse limite. 
Se até a data da promulgação da emenda, o servidor já tiver cumprido os requisitos legais 
para aposentadoria e os dependentes de pensão por morte, ser-lhe-ás respeitado o direito 
adquirido. 
 
16 19 de dezembro de 2003. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
20 
 
As novas regras vedando regime de previdência para parlamentares, governadores e 
prefeitos e sua sujeição ao RGPS se não forem servidores públicos somente será aplicável aos 
futuros eleitos.17 
Ao se tratar de segurados do RGPS, as regras de transição serão basicamente iguais aos dos 
servidores. 45 anos de idade e 30 anos de contribuição para mulheres, e 50 anos de idade com 
35 anos de contribuição para homens, com o pedágio de 50% do período que faltaria a cumprir 
no novo sistema de previdência. 
Para os trabalhadores rurais, dos prazos para trabalhadores urbanos será reduzido em 5 anos, 
independente de gênero. No caso de trabalharem em regime de economia familiar, e na data da 
promulgação da emenda contarem com 45/50 anos, poderão se aposentar cumprindo os 
requisitos de sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco se mulher, 180 meses de 
tempo de labor rural, o pedágio de 50% do tempo que faltaria para se aposentarem sob as novas 
regras, o valor da aposentadoria será de um salário mínimo. Outro ponto importante, é que, se 
o trabalhador rural laborou por um período de forma urbana, este período não valerá para a 
aposentadoria rural. 
Os professores entrarão nas regras de transição caso contem com 45/50 anos, permitindo-
se sua aposentadoria com 25/30 anos de contribuição, cumprindo o pedágio de 50%. Contudo, 
não afetara o cálculo,sendo-lhe aplicado a regra de 100% de benefício com 49 anos de 
contribuição. 
E por fim, de efeitos gerais, o texto propõem que a elevação da idade por observação do 
aumento de sobrevida, só irá começar a ser aplicado a partir de 5 anos a contar da promulgação 
da emenda. 
3.5. SETORES MAIS AFETADOS 
Sem dúvidas todos os setores da população brasileira serão afetados bruscamente se a 
PEC 287/2016 for aprovada, contudo, podemos, de forma geral, visualizar dois setores que 
serão lesados de forma irreparável e a retroceder os avanços acerca de igualdade social no 
Brasil. 
 
17 (QUEIROZ Assessoria Parlamentar e Sindical, s.d.) 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
21 
 
Primeiramente, um dos assuntos que mais saltam aos olhos dos críticos da reforma é a 
desconsideração da isonomia entre homens e mulheres. Acontece que, infelizmente no Brasil, 
ainda é uma realidade a diferença social que se acomete entre homens e mulheres. Deve-se 
levar em consideração, que atualmente a mulher ainda luta para defender seus direitos, e para 
tanto labora 8 horas diárias, muitas vezes, bem como o homem, porém tem sua segunda jornada, 
que se inicia no âmbito residencial, com as atividades domésticas e zelo da prole. 
Assim, o gráfico abaixo apresenta os indicadores de desigualdade por sexo no Brasil, e 
como podemos observar, de fato é uma realidade brasileira. 
2013 2014 2015 2013 2014 2015
Brasil 52,6 51,6 51,6 52,4 51,4 51,3
Norte 51,8 50,7 49,7 51,6 50,2 49,5
Nordeste 53,6 51,4 51,3 53,5 51,2 51,1
Sudeste 50,0 49,8 49,7 49,9 49,6 49,6
Sul 46,5 45,0 45,8 45,8 45,4 45,4
Centro-Oeste 52,2 50,3 50,3 52,7 50,9 50,4
Urbano 51,5 50,8 50,8 51,4 50,7 50,6
Rural 50,4 47,7 47,2 49,7 47,2 46,8
Cor/Raça Região e Localização do Domicílio
Total
HOMENS MULHERES
 
Fonte: IPEA, coeficiente: Gini (2015). 1 
Neste sentido, o legislador não pode simplesmente ignorar um fato tão relevante como 
tal, para criar uma norma que agravar de forma tão expressiva em uma situação histórica em 
que até hoje o movimento feminista luta para extinguir. 
Ainda em observância ao gráfico acima apresentado, adentramos na segunda esfera que 
será gravemente afetada de forma prejudicial pela reforma previdenciária, se esta for aprovada. 
O setor rural é a alínea do gráfico que mais apresenta diferenças do índice Gini. 
Além de acabar com a isonomia entre homens e mulheres trabalhadores da zona rural, 
a nova legislação, prevê em seu projeto, que a contribuição destes se dará de forma individual, 
com um percentual sobre o salário mínimo. O que acontece na legislação atual é que a 
contribuição se dá de forma solidaria, ou melhor, a contribuição é efetuada com base na 
produção efetivamente comercializada, o que, de fato, prejudicaria e muito, o trabalhador rural, 
tendo em vista que a lida do campo, nem sempre é feliz em sua comercialização e/ou produção, 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
22 
 
e ainda que, atualmente, o trabalhador rural não necessariamente precisa contribuir para ser 
beneficiário de alguma prestação previdenciária. 
3.6. DADOS APRESENTADOS NA PEC 
Cumpre frisar que o gráfico apresentado pelo governo na PEC tem como maioria dos 
paradigmas, países de economia desenvolvida, e integrantes da Organização para Cooperação 
e Desenvolvimento Econmico (OCDE), do qual o Brasil não faz parte. 
À luz dos países usados como paradigma para os gráficos apresentados pelo governo, 
resgatei dados de cinco países de economia desenvolvida, cinco países emergentes, e dois países 
subdesenvolvidos, para elaborar os gráficos a seguir. 
Insta apresentar, com base nos dados informados pela ONU em 2014, referente ao 
Produto Interno Bruto (PIB), convertido em Dólares Americanos, de cada um dos países 
utilizados para a elaboração dos gráficos: 
Colocação no 
Rankig 
US$
Brasil 7º 2.346.523,00$ 
EUA 1º 17.348.072,00$ 
Itália 8º 2.141.161,00$ 
Alemanha 4º 3.868.291,00$ 
Canadá 11º 1.785.387,00$ 
Espanha 14º 1.381.342,00$ 
México 15º 1.294.695,00$ 
Chile 41º 258.062,00$ 
Hungria 58º 138.347,00$ 
Estônia 102º 26.485,00$ 
Angola 57º 146.676,00$ 
Moçambique 113º 17.081,00$ 
 
 O dado apresentado demonstra que, em que pese o Brasil estar dentro dos dez primeiros 
países com maior PIB, não é um país de economia desenvolvida, mas sim um país emergente, 
de acordo com o gráfico a seguir, podemos observar que o Brasil tem um dos piores índices de 
desenvolvimento humano, considerando os dados apresentados pela Organização das Nações 
Unidas. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
23 
 
 
Fonte: ONU relatório (2014). 18 
Na proposta de emenda constitucional apresentada pelo governo, no seu tópico “3”, é 
mencionado que houve melhorias nas condições de vida da população brasileira. Pois bem, o 
grafico acima apresentado demonstra o reverso, o Brasil conta com o pior índice de 
desenvolvimento humano em comparação aos países apresentados como paradigma para a 
reforma. Ressaltando que o índice de desenvolvimento humano leva em consideração educação, 
PIB per capita, e expectativa de vida. 
Outro fator que deve ser levado em cosideração é de que em 517 anos que conta de 
aniversário do Brasil, 388 anos foram de escravidão, ou seja, são 129 anos que o país se libertou 
da servidão, contudo o esírito escravocrata ainda existe, uma vez que é recorrente os casos de 
preconceito que surgem, não somente racial, mas preconceito com a classe social, a 
nacionalidade, a religião, o local onde reside, entre outras tantas espécies de preconceitos 
existentes na sociedade brasileira. 
Em outras palavras, podemos dizer que em um país com um nível tão elevado de 
desigualdade social, não é passível de comparação com países desenvolvidos. Uma reforma no 
sistema previdenciário não é a política social que irá cessar com a desigualdade social, mas ao 
contrário, irá intensifica-la. 
 
18 (Unidet Nations Development Programme , 2014) 
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
1,000
10 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5
Índice de Desenvolvimento Humano
(qualidade de vida)
Canada EUA Italia Alemanha Estonia Espanha Mexico Chile Hungria Brasil
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
24 
 
Abaixo segue o gráfico que aponta os índices de desigualdade social nos países 
utilizados como basilares para a proposta de emenda. 
 
Fonte: Banco Mundial, coeficiente: Gini 19 
 Ante aos graficos apresentados é possivel fazer uma breve reflexão sobre a manipulação 
de dados apresentados pelo governo, a fim de que a proposta seja analisada da maneira que 
melhor lhes convem, e portanto, aprovada. 
 
19 (Banco Mundial , 2014) 
0
10
20
30
40
50
60
70 60 50 40 30 20 10
Nível de desigualdade social
Canadá Espanha Italia Alemanha EUA Estonia Hungria Chile Mexico Brasil
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
25 
 
CONCLUSÃO 
 
Podemos concluir do presente ensaio que a Proposta de Emenda Constitucional 287/2016, 
tornou-se uma verdadeira afrontaaos direitos sociais da população brasileira. A seguridade social 
adotada como política a garantir os direitos de segunda geração no Brasil, tem sua principiologia voltada 
a solidariedade, em palavras legais, os ativos contribuem para a seguridade dos inativos, sistema esse 
que perdura até os dias de hoje de forma eficaz. 
Os dados apresentados pelo governo, além de enfatizarem uma realidade que está longe de ser 
implementada no Brasil, qual seja, a economia desenvolvida, são errôneos e ensejam que a população 
acredite neles, induzindo a aprovação da Emenda. Acontece que os parlamentares querem repassar ao 
cidadão, contribuinte em dia, o desvio de verbas destinadas a dívida pública para outras demandas que 
julgaram importante. 
Uma das formas de abordagem para uma reforma benéfica da previdência social, seria a inclusão 
de um serviço nas prestações previdenciárias. Hoje em dia se tem o serviço social e a reabilitação 
profissional. Poderia incluir no ramo ‘serviços’ um plano de prevenção de acidentes no trabalho, de 
caráter informativo, deixando o contribuinte ciente da origem de custeio deste benefício, uma vez que 
grande parte da população acredita que é o governo quem paga, ainda de caráter educacional, orientando 
o trabalhador como prevenir-se de acidentes. 
Nesta visão, concluo que deve sim haver uma reforma, mas não necessariamente na previdência, 
mas sim na seguridade social como um todo. 
Daiane Loubeira Abbade | Prof. Me. Roberta Scalzilli 
Reforma na Previdência Social: Uma análise crítica sobre as mudanças. 
26 
 
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