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Doença ocupacional 
Saúde no trabalho é responsabilidade de todos
 A doença ocupacional ou do trabalho é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a um determinado ramo de atividade ou em função de condições especiais em que o trabalho é realizado. É assim que o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) define o mal dos milhares de trabalhadores que acabam “encostados”.
 Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort) são inúmeros, segundo o médico do trabalho Renato Sérgio Rodrigues José, e podem ser provocadas por diversos motivos. Lesões, lombalgias, tendinites, dores nos ombros e braços, varizes, problemas visuais e respiratórios, entre tantas outras, podem ser provocadas por esforços repetitivos, uso de equipamentos inadequados, como cadeiras não-anatômicas, monitores sem protetores, ar-condicionado mal regulado ou falta dele, má postura...
 Dados no Anuário Estatístico do Trabalho de 2002, apontam que quase 17,5 mil trabalhadores sofreram com alguma doença ocupacional no Brasil em 2001. Só no Sudeste foram 10.495. Estes números indicam somente os casos registrados pela CAT (Comunicação de Acidentes de Trabalho). Segundo um levantamento do Sinsaúde, baseado nas CATs, as doenças mais freqüentes nos hospitais são o Dort, também conhecido por LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e o estresse. 
 A diretora, Aparecida Santos, no entanto, ressalta que as estatísticas não são confiáveis já que a maioria dos hospitais não se preocupa com o preenchimento da CAT. “Mas sabemos que o problema é sério e atinge de forma diferente, todos os setores”, ressalta ela. É o caso de Jane Aguiar da Silva, atendente de fisioterapia, está afastada do trabalho desde 1995, porque adquiriu a síndrome do manguito rotador e tenossinovite no punho quando fazia massagens na Clínica Fisio, de Campinas. Já Luciana de Souza dos Reis adquiriu um problema na coluna quando trabalhava na faxina e uma tendinite no período que foi auxiliar de enfermagem da Beneficência Portuguesa.
 Para o fisioterapeuta Nilton Zanuchi, equipamentos ergonomicamente incorretos e má postura são os grandes vilões dos trabalhadores. Cadeiras, mesas, teclados, devem se adequar às medidas do usuário. “A média dos móveis de escritório não favorece aos baixos e altos”. Para o médico seria possível evitar as doenças relacionadas à LER e dores no corpo como lombalgias e tendinites com medidas simples como alongamentos e exercícios físicos em alguns intervalos no trabalho. “Alongamentos de 10 minutos a cada hora de trabalho ou mudar de posição, já evitaria doenças”, afirma.
 O fisioterapeuta ressalta que as empresas devem adotar o que algumas grandes indústrias adotam, que é levar um profissional para ensinar os exercícios laborais e orientar os trabalhadores sobre postura correta. “Poderiam também capacitar os líderes de setor para orientar o restante dos funcionários a manter a postura correta e estimular os exercícios”, orienta. Talvez esta seja uma boa sugestão para os membros das Cipas ou programas de prevenção de doenças ocupacionais.
Cuidados básicos podem evitar doenças
 Como define na portaria 3214 do Ministério do Trabalho, todo estabelecimento hospitalar possui risco de contaminação, onde o trabalhador fica sujeito a doenças infecto-contagiosas. Neste quadro, além da LER (que lidera no ranking de doença ocupacional), incluem-se o HIV, hepatite, tuberculose e sífilis, algumas das doenças de maior gravidade e que preocupam a Medicina do Trabalho, principalmente em setores em que profissionais mantém contato freqüente com materiais perfuro-cortantes. Outras portarias foram criadas para garantir segurança ao profissional da Saúde, e também reduzir os riscos inerentes ao seu cotidiano. 
 De acordo com o médico sanitarista e especialista em Saúde Ocupacional Marco Antonio Gomes Pérez, os riscos biológicos, físicos e ergonômicos são inerentes ao profissional da Saúde. Entretanto, ele afirma ser necessária uma reformulação em três aspectos: na formação do trabalhador, nos equipamentos e instrumentos de trabalho, e na melhoria das relações do trabalho. “Os riscos de contaminação são grandes, mas podem ser evitados se houver uma boa formação profissional, investimento nos equipamentos e instrumentos e uma interação entre empregador e trabalhador”, ressalta Pérez.
 Este é o caminho para a prevenção de doenças ocupacionais físicas ou biológicas. O médico sanitarista avalia que a relação entre o empregador e o profissional pode contribuir para o desenvolvimento de programas voltados à prevenção dessas doenças.
Segundo Pérez, o investimento dos hospitais em equipamentos modernos e que oferecem maior segurança, ajuda a reduzir os riscos de contaminação dos trabalhadores. 
 Compete também ao trabalhador se atentar ao uso permanente dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) como luvas, botas, aventais. Além disso, quem lida com materiais cortantes deve exigir a realização de exames periódicos oferecidos pelo hospital para se precaver de doenças. 
“Mas não podemos esquecer que a responsabilidade em evitar acidentes de trabalho envolve todos”, alerta Pérez.
É a garantia de saúde para o trabalhador ?
 A legislação brasileira obriga as empresas a fazerem exames médicos periódicos para garantir a saúde do trabalhador. Esta obrigação está descrita na Norma Regulamentadora 7 (NR-7), que define o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). A norma prevê a realização do exame admissional, periódico, na mudança de função, de retorno ao trabalho e demissional.
 De acordo com o diretor do jurídico do Sindicato da Saúde, Anselmo Bianco, estes exames deveriam servir para monitorar a saúde do trabalhador e evitar que ele desenvolva alguma doença ocupacional que venha a indisponibilizá-lo para o trabalho. “A lei manda fazer os exames, mas deixa brechas para que as empresas façam exames superficiais e não detectem possíveis doenças que o funcionário possa ter desenvolvido”, relata.
 O sindicalista se refere àquelas consultas na qual mal o médico olha o paciente, coloca um estetoscópio no peito, pede um exame de urina e fezes e chama o próximo. Apesar de trabalharem dentro de hospitais e estarem próximos a diversos especialistas, muitos casos de doenças ocupacionais têm sido registrados entre os trabalhadores da Saúde e algumas delas afastaram os funcionários definitivamente da função, obrigando-os a mudar de área. 
 Caso da ex-telefonista Célia Maria da Silva, que trabalhou por 5 anos no Hospital Penido Burnier e após seis meses de trabalho, naqueles antigos aparelhos de disco, começou a sentir algumas dores que não foram levadas a sério. “A doença não foi diagnosticada logo e se espalhou para o ombro, braço e punho. 
 Chegou um momento que não conseguia mais girar o disco do telefone de tanta dor”, conta. Célia foi afastada para tratamento da LER (Lesão por Esforço Repetitivo), hoje chamada de Dort – (Doença Ocupacional Relacionada ao Trabalho) e quando voltou ao trabalho havia sido transferida para o Arquivo. “Lá, tinha que digitar o dia todo e as dores pioraram”. Em 98, ao final do prazo de estabilidade, que é de um ano para quem é afastado por doença, Célia foi demitida. O Sinsaúde entrou com uma ação indenizatória, cujo valor ela recebe até hoje. Faltam apenas 4 anos para ela se aposentar. 
Em saúde ocupacional, alguns hospitais se diferenciam
 Alguns hospitais já avançaram na questão de prevenção de doenças, ao contrário da maioria dos estabelecimentos do setor. No programa de exames periódicos do Albert Sabin, por exemplo, já consta a mamografia e o papanicolau, para prevenir câncer de seio e colo do útero. 
 De acordo com o diretor de RH do hospital, Joaquim Fonseca Filho, todos ganham com a prevenção das doenças. “É mais econômico para a entidade prevenir do que ter que tratar essas doençase correr o risco de ficar sem o funcionário”, calcula. Outro hospital referência neste tipo de exame é o Centro Médico, que realiza exames de audiometria, controle de glicemia e colesterol, mamografia, controle de climatério, próstata e hemodinâmica, que verifica alguma alteração no sangue de quem trabalha no Raio X. 
 O Sindicato quer que essa preocupação seja comum em todos os hospitais da região e uma das reivindicações da categoria para a próxima campanha salarial, será avançar nos exames de prevenção de doenças ocupacionais.
Exames periódicos precisam ser mais eficientes
e prevenir doenças
 É com grande freqüência que os trabalhadores reclamam da ineficiência dos exames periódicos que não identificam suas doenças há tempo de impedir sua progressão. Apesar de não haver muitos dados a respeito das doenças ocupacionais, devido ao sub-preenchimento da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), um relatório da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) indica que em 98, de cada 10 mil trabalhadores, 19,9 sofreram com alguma doença relacionada ao trabalho somente na região Sudeste, onde está o Estado de São Paulo.
 O médico do trabalho da Santa Casa de Valinhos, Renato Sérgio Rodrigues José, afirma que a grande maioria dos hospitais ainda não cumpre a NR-7 e a NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), que prevê o levantamento dos riscos que o ambiente de trabalho oferece à Saúde. 
 Ele afirma que doenças ocupacionais como a LER, são de difícil diagnóstico. “Para identificá-la, o médico deve obrigatoriamente conhecer a rotina de trabalho do funcionário”, afirma. 
 Ele diz ainda que geralmente as empresas não aceitam uma transferência do trabalhador para outro setor, o que obriga muitos pacientes a voltarem ao antigo posto. “Por necessidade, quando o médico do trabalho impede a alta, eles a conseguem com algum especialista para poderem retornar, prejudicando a própria saúde. Fazem isso porque precisam do emprego”, finaliza.
 É nossa intenção, através desse estudo, disponibilizar dados e informações necessárias aos profissionais e dirigentes de instituições de saúde em todo o país, levando em conta a emergente necessidade de mudanças neste setor, garantindo assim, uma melhor segurança a todos os trabalhadores envolvidos.

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