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Comunicação e Expressão Unidade 7: Estratégias de leitura Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo Estratégias de leitura Nesta unidade, você vai encontrar estratégias de leitura, que podem ser utilizadas para ler qualquer gênero textual. Para tanto, será preciso conhecer algumas estratégias e compreender a estrutura do resumo, exercício muito comum de entendimento de textos. Introdução da Unidade Não estou entendendo... Dona Lúcia comprou um tablet, porém, após uma semana de uso, e não estava conseguindo entender como usar alguns atalhos. Resolveu, depois de hesitar um pouco, ligar na central de atendimento para saber como proceder. O atendente explicou, mas eram muitos detalhes. Após algumas horas, ela já havia se esquecido de algumas informações. Ela resolveu, então, consultar o manual de instruções. Dona Lúcia não sabia muito bem como consultar o manual, pois as informações que precisava pareciam estar em algum item que ela não reconhecia no índice e havia muitas informações ali. Como Dona poderia localizar as informações no manual? Cotidianamente, vivenciamos experiências como a de Dona Lúcia: precisamos ler um texto, mas não sabemos muito bem como fazê-lo. Nossa necessidade pode ser localizar ou selecionar uma informação, resumir as ideias de um autor, saber como encontrar uma informação na internet, usar um programa de computador, entre muitas outras. Para tanto, lançamos mão das chamadas “estratégias de leitura”. O que são estratégias? Ampliando as ideias tecnicistas que normalmente se associam ao termo estratégia, Solé as define da seguinte forma: Uma das características das estratégias é o fato de que não detalham nem prescrevem totalmente o curso de uma ação. (...) são suspeitas inteligentes, embora arriscadas, sobre o caminho mais adequado que devemos seguir. Sua potencialidade reside justamente nisso, no fato de serem independentes de um âmbito particular e poderem se generalizar; em contrapartida, sua aplicação correta exigirá sua contextualização para o problema concreto. (SOLÉ, 1998, p. 69) Podemos compreender que uma estratégia é “um caminho”, um modo de fazer algo, que pode ser usado em diversas situações diferentes. Segundo a autora, há estratégias em três momentos: antes, durante e depois da leitura. Vamos a elas. Estratégias de pré-leitura ● Ter um objetivo para ler - esse talvez seja o ponto mais fundamental para o início de uma atividade leitora. Por que vamos ler esse texto? Qual o objetivo dessa atividade leitora? Muitas vezes, não temos clareza de nossas motivações e o texto, nesse cenário, poderá parecer um complexo emaranhado de informações. Sempre, portanto, que formos ler um texto, em um contexto, precisamos ter em mente as razões que nos levam a ler: é para encontrar uma informação? Conhecer um autor novo? Entender a visão da empresa? Se a leitura foi orientada por alguém, é importante que essa pessoa esclareça qual o objetivo dessa atividade; se ela não o fizer, deveremos perguntar. ● Mobilizar conhecimentos prévios – essa estratégia pode contribuir muito para o objetivo que se tem para uma dada leitura. Se, por exemplo, pretende encontrar um livro sobre “Gestão comercial”, ou qualquer outro tema, poderá fazer buscas na internet, na biblioteca, falar com professores e colegas sobre o assunto. Ou seja: você sabe onde procurar e com quem falar, esse é seu conhecimento prévio, que será utilizado para atingir seu objetivo. Tudo o que sabemos pode ajudar nossas novas leituras; na verdade, elas começam a se efetivar na interação do que sabemos com o que estamos vendo. Observe a imagem: Apesar de estar escrito em uma língua pouco comum, é possível saber, por conhecimento prévio, que se trata da capa de um livro de Paulo Coelho. Chegamos a essa conclusão por nossos conhecimentos do gênero “capa” e sobre o autor, muito conhecido no Brasil e no mundo. ● Fazer previsões – observar uma capa, ler um título, folhear um livro, entre outros elementos, contribuem para a aproximação do leitor com o texto, uma vez que geram expectativas que serão ou não comprovadas na leitura. Observemos novamente a capa do livro de Paulo Coelho: Podemos fazer previsões sobre o enredo da obra: há figuras com asas (será que são anjos?), cruzes pelo caminho (será um cemitério), uma espada fincada no chão (no começo ou no final do caminho?). A partir dessas e de outras observações, vamos criando expectativas para o tipo de leitura que vamos encontrar. Estratégias “Durante a leitura” De acordo com Solé, as principais são: ●Formular previsões sobre o texto lido – enquanto lemos, vamos prevendo o que virá, por meio de “pistas” deixadas no texto. Por exemplo, se no final de um capítulo de um romance aparece uma personagem nova, já começamos a imaginar o papel que ela terá na história. ● Formular perguntas sobre o que foi lido – o tempo todo, confirmamos hipóteses sobre o que lemos, formulando perguntas: a notícia fala sobre um aumento de tarifa de um serviço (imediatamente podemos pensar sobre o impacto que isso terá em nosso cotidiano). ● Esclarecer possíveis dúvidas sobre o texto – ao lermos, por vezes, não entendemos o sentido de imediato (por que há muitas informações, não prestamos atenção, o texto, de propósito, deixa dúvidas no ar). Em todos esses casos, buscamos informações anteriores, já lidas, ou relemos o trecho, para tentar entender o que foi lido. ● Resumir as ideias do texto – conforme avançamos na leitura, vamos sintetizando as informações que já temos, mesmo que isso seja feito apenas mentalmente. É assim que conseguimos acompanhar o enredo de uma narrativa ou de um filme de ficção. Essas são estratégias que qualquer leitor proficiente faz. A questão é que ele as domina bem, usa-as a seu favor, para atingir seu objetivo de leitura. Depois da leitura: as ideias principais Após terminarmos uma leitura, é normal fazermos uma síntese do que compreendemos. Isso não quer dizer que pegaremos um computador ou papel para escrever um resumo. No entanto, ao terminarmos de ler um texto, pensamos sobre ele, destacando as ideias que nos chamaram mais atenção. É por isso que, ao sairmos de uma sessão de cinema, de um show, queremos comentar o que achamos com alguém. Uma forma de entender textos: o resumo Patrícia, uma aluna está fazendo um curso de especialização em obstetrícia, em que são apresentados diversos estudos muito recentes sobre resultados de pesquisa na área. Ela tem acompanhado as aulas, mas tem percebido que, sem as leituras prévias dos textos que dão apoio às falas, ela perde uma parte significativa do conteúdo, sentindo, inclusive, dificuldade em formular perguntas pertinentes. Para ela, ler os livros e capítulos indicados, bem como ser capaz de produzir um resumo de cada leitura, está se tornando indispensável para um melhor aproveitamento de seus estudos. Todos nós passamos por situações parecidas com essa. Como devemos resumir um texto? Segundo Marli Quadros Leite, “se alguém consegue resumir um evento que presenciou, um filme a que assistiu, um livro que leu, pode, por meio do resumo, mostrar que entendeu tudo o que viu, ouviu ou leu. Só é possível resumir aquilo que compreendemos.” Ou seja: resumir é compreender. A autora Anna Machado destaca um ponto fundamental para a produção de um resumo: para entender um texto, seja ele qual for, é preciso conhecer um pouco sobre seu contexto, ou seja, saber quando foi produzido, quemé seu autor, suas posições sobre o assunto tratado no livro, entre outros aspectos. Já Marli Quadros Leite destaca outros aspectos para a produção de resumos. Ela diz: “As estratégias são de dois grandes tipos: as que se concretizam por seleção dos conteúdos lidos, e as que decorrem de construção elaborada a partir dos conteúdos apreendidos”. Para essa autora, portanto, para produzir um resumo precisamos selecionar informações do texto lido e elaborá-las com nossas próprias palavras. Vamos pensar de forma esquemática na seleção de informações em dois tipos de textos bastante comuns: narrativas e dissertações. O que são narrativas? “Contar histórias é uma atividade cotidiana, praticada por pessoas comuns: pais, filhos, professores, amigos, namorados, avós... Enfim, qualquer um pode contar-escrever ou ouvir-ler toda espécie de narrativa: histórias de fadas, casos, piadas, mentiras, romances, contos, novelas... Os meios de transmissão são diversos: conversa, rádio, televisão, jornal, desenho, internet.” (GANCHO: 2004, p.6) De fato, muitas pessoas associam o termo “narrar” a “contar uma história”. De forma bastante simplificada, é possível afirmar que toda narrativa é uma história (ou “estória”; segundo o dicionário Aurélio, as duas formas são aceitas). Resumo de textos narrativos • Levantamento de acontecimentos principais. São aqueles que, efetivamente, fazem a história “andar”. Em volta deles, em geral, há acontecimentos periféricos que não devem constar do resumo. • Síntese os acontecimentos na ordem em que foram apresentados no original. O que são textos dissertativos? Neles estão inseridos os textos que, em sua forma de composição, partem de um tema abstrato e propõe alguma forma de análise ou interpretação do real. Estão presentes, em maior ou menor grau, nas monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos de opinião, editoriais, resenhas, debates, entre muitos outros gêneros. Nas palavras de Othon Garcia, para que seja dissertativo, basta que o texto tenha, como forma de organização principal, o que se poderia chamar de “exposição ou explanação de ideias.” Resumo de textos dissertativos • Busca de um raciocínio. Tema – Tese – Argumentos – Conclusão. Não necessariamente nessa ordem, mas, sim, na ordem em que apareceram no original. • Sem argumentação complementar (exemplos, citações de outros autores etc.) Outro ponto importante a ser destacado na produção de um resumo é a menção ao autor do original. MACHADO (2004) destaca que “um resumo é um texto sobre outro texto, e isso deve ficar sempre claro, mencionando-se frequentemente o autor, para evitar que o leitor tome como sendo nossas as ideias que, de fato, são do autor do texto resumido”. Testando Leia as afirmações a seguir. I – Nossos conhecimentos prévios nos ajudam a entender um texto, auxiliando- nos a atingir nossos objetivos de leitura. II – Um resumo pode ser compreendido como um exercício de compreensão de um texto. III – Uma narrativa pode ser compreendida como uma história, sequência de fatos reais ou imaginários. De acordo com os temas estudados nesta unidade, está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III. Feedback: todas as afirmações estão corretas: o conhecimento prévio nos auxilia no entendimento dos textos; o resumo, segundo Marli Leite, é uma forma de compreensão do que lemos; narrativas são sequências de acontecimentos reais ou imaginários. Resumo da unidade Nesta unidade, você aprendeu algumas estratégias de leitura, que podem auxiliá-lo a ler textos de diferentes gêneros, seja como ações preparatórias, atividades para fazer enquanto se lê ou após terminar de ler. Aprendeu ainda o que é um resumo e como resumir narrativas e dissertações. Referências bibliográficas GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2004. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. LEITE, Marli Quadros. Resumo. São Paulo: editora Paulistana, 2006. MACHADO, Anna Raquel (coord.). Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Sites http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/narrativa-de-ficcao-e-de-nao- ficcao-a-realidade-e-o-limite.htm – Aqui você encontra informações sobre as narrativas. Vídeos http://www.youtube.com/watch?v=CVCmHBrOOpA – Aqui você encontra algumas orientações de como fazer um resumo.
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