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Aula 5 – A Guarda Municipal no Brasil

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Aula 5 – A Guarda Municipal no Brasil
Introdução
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 contém um capítulo sobre Segurança Pública, no qual lista a Guarda Municipal entre os órgãos responsáveis por prover a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, através do artigo 8º, cuja redação é “Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”.
Esse artigo – que aguarda regulamentação – fomentou o debate sobre o papel dos municípios na Segurança Pública. Até então, as questões relacionadas à Segurança Pública eram identificadas como “problema” dos estados – mais especificamente da Polícia Militar, porém, com esse debate, as responsabilidades são repensadas, desencadeando a discussão sobre governança local como uma forma de gestão de políticas públicas em uma perspectiva horizontal, fundada na cooperação e construção de consensos entre diferentes agências e atores a partir do diálogo, negociação e confiança. 
Reforçando essa perspectiva, o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) proposto no Plano Nacional de Segurança Pública, em 2002, foi concebido para racionalizar os recursos existentes nos três níveis de governo, incluindo, dessa forma, os municípios no debate e gestão da Segurança Pública. Com o SUSP pretende-se realizar a reforma e o avanço qualitativo da Segurança Púbica através da integração, interação, diálogo e troca de informação entre os órgãos de Segurança Pública. 
Vale a pena acrescentar que o Gabinete de Gestão Integrada foi originalmente concebido pelo Governo Federal como instrumento operacional do Sistema Único de Segurança Pública, que deveria, em um primeiro momento, ser implementado pelos estados “como um fórum deliberativo e executivo, além de espaço de diálogo, produção de consensos, identificação de prioridades comuns, formulação de pautas que pudessem ser compartilhadas e celebração de acordos em torno de medidas e/ou ações conjuntas ou complementares voltadas para a segurança pública”. (Soares, 2009, p. 262). 
Mais tarde, observou-se o potencial da efetivação dos gabinetes de Gestão Integrada da Segurança Pública em âmbito municipal, que, conservando as características originais, atuaria a partir do recorde local, garantindo mais proximidade às demandas da população.
A participação dos municípios na Segurança Pública
A participação das prefeituras na área da Segurança Pública, de forma geral, ainda é tímida no Brasil. Observa-se que, em municípios com relevantes taxas de óbitos por agressões externas, as prefeituras tendem a assumir responsabilidades, em graus variados, na Segurança Pública local. 
Não raro, essa mobilização do gestor municipal é decorrente de pressão social por respostas à violência e criminalidade na cidade.
A Tabela 1( http://estacio.webaula.com.br/Cursos/gon289/docs/A5_T4.pdf )apresenta alguns dados numéricos sobre gestão e organização das cidades coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e disponibilizados na Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2009 (FBSP, 2010), que mostram como ainda é insipiente a participação dos municípios na Segurança Pública. 
O investimento em montagem de guardas municipais com uma atuação diferenciada da Polícia Militar tem apresentado bons resultados na manutenção da ordem pública com respeito à cidadania, conforme o exemplo de Diadema (SP). 
As guardas municipais têm assumido atribuições importantes para a vida de um município ao atuar na proteção de bens, serviços e instalações municipais, segurança de eventos, autoridades e do público, como auxílio ao público, ronda escolar, patrulhamento ostensivo e de vias públicas (Patrício, 2008). 
A Guarda Municipal
A Constituição de 1988 (artigo 144, parágrafo 8º) possibilita a atuação da Guarda Municipal na “proteção de bens, serviços e instalações do município”. A CF 1988 embora inclua o município na área da Segurança Pública, confere uma possibilidade limitada de atuação tanto para o município quanto para a Guarda Municipal. 
Mas a despeito do que traz a carta magna, alguns municípios têm apresentado arranjos e soluções locais para enfrentar a violência urbana em sua dimensão multicausal, e uma delas é a ampliação da atuação da Guarda Municipal visando a atender às necessidades da municipalidade. 
Dessa forma, as Guardas municipais estão sendo empregadas de acordo com a decisão do gestor local, que se baseia em uma compreensão “elástica” do termo “proteção de bens”.
Assim, conforme ressalta Luciane Patrício (2008), a ausência da regulamentação específica quanto a sua estruturação resulta em implicações de ordem estrutural, identitária e atuação, possibilitando o debate sobre a mudança do marco legal.
Identidade da Guarda Municipal
A construção da identidade da Guarda Municipal sofre influência da Polícia Militar, enquanto polícia ostensiva – seja por oposição ou imitação. O que é intensificado quando a GM é chefiada por indivíduos oriundos da Polícia Militar, que, não raro, reproduzem a forma de organização dessa polícia na Guarda Municipal, inclusive com a ênfase à ritualística militar. 
Segundo dados do IBGE, em 2006, 39,6% dos comandantes eram policiais militares, mas 23,5% por guarda municipal e 22,6% por civis não policiais. 
Outro debate recorrente é sobre a utilização da arma de fogo pelas guardas, que, independente da autorização legal para o seu uso - dados do IBGE de 2006 - mostram que a maioria das guardas municipais brasileiras optou por não portar arma de fogo.
Número de Guardas Municipais por Estado
A Tabela 2 ( http://estacio.webaula.com.br/Cursos/gon289/docs/A5_T7.pdf) sistematiza dados sobre as guardas municipais por unidade federativa, assim, é possível verificar que o maior número absoluto de GMs está no estado de São Paulo, enquanto nos 22 municípios do Acre não há nenhuma Guarda Municipal constituída.
Os municípios estão investindo timidamente em órgãos de controle interno e externo das GMs. 
É importante ressaltar que, para a consolidação da democracia e a garantia dos respeitos aos direitos civis, é imprescindível investigar e punir condutas irregulares ou ilegais dos guardas através de ouvidoria (controle externo) e corregedoria (controle interno) fortes e estruturadas adequadamente. 
Formação profissional dos guardas
Em relação à formação profissional, segundo dados de 2009 (IBGE), 472 guardas municipais realizam na ocasião do ingresso treinamento e capacitação do efetivo, 351 oferece treinamento ou capacitação periodicamente e 165 ocasionalmente, sendo que o conteúdo programático de 554 guardas municipais prevê disciplinas de Direitos Humanos. 
No universo das 865 guardas municipais, 159 não treinam nem capacitam seu efetivo, que é um dado que merece atenção
Vale mencionar que a Secretaria Nacional de Segurança Pública elaborou a Matriz Curricular Nacional para Guardas Municipais para subsidiar os municípios na montagem dos programas de formação e qualificação dos guardas municipais.

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