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A Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno Bipolar

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A Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do 
Transtorno Bipolar 
Adriano da Costa Ferreira de Souza 
Mariam L. Henker 
Suelen Roberta Schmidt Pereira¹ 
Cláudia Mazzoni² 
1 Alunos do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil - Unidade Guaíba 
2 Professora Ulbra/Guaíba e orientadora do artigo 
 
Resumo 
O transtorno bipolar consiste em um transtorno de humor cuja causa exata 
é desconhecida. Caracteriza-se por flutuações significativas entre mania e 
depressão, assim como por alterações nos padrões de sono, energia, atividade, 
atenção e impulsividade. (Dorneles, 2009) 
Este trabalho pretende esclarecer como o transtorno bipolar se manifesta 
e as consequências causadas à pessoa acometida, investigar as formas de 
tratamento tanto psicotrópicas quanto psicoterápicas. Esta investigação segue 
uma abordagem na terapia cognitivo-comportamental, dando ênfase na eficácia 
do tratamento por se tratar de uma psicoterapia breve, orientada para o presente, 
direcionada a resolver problemas e modificar pensamentos e comportamentos 
disfuncionais. 
Palavras-Chave: Transtorno bipolar; psicoterapia cognitiva comportamental; 
tratamento. 
 
Introdução 
Segundo Rangé (2001), o transtorno bipolar, além de períodos de 
depressão, a pessoa apresenta fases de euforia intensa, conhecidas por mania. 
Nelas a velocidade do pensamento está aumentada, a pessoa está logorréica, 
excitada, contando piadas, agindo de modo inconveniente, com a libido 
aumentada, com menos necessidade de dormir, com sensação de bem-estar e 
energia. 
Apesar de haver muitas variações entre os padrões de humor e sua 
gravidade, os pacientes normalmente passam por períodos de mania, hipomania 
e episódios de depressão maior. Eles também podem sofrer de sintomas 
psicóticos quando se encontram em um estado de mania ou depressão. 
É uma patologia que atinge não somente o indivíduo, mas também suas 
famílias e as pessoas que estão à sua volta, pois se tornam pessoas com 
imprevisíveis e debilitantes séries de altos e baixos emocionais, ou seja, com 
picos de mania e depressão alternadamente, sendo assim, com rápidas 
flutuações de humor (JURENAL, 2001). 
Ainda segundo o autor, é uma doença mental grave, crônica, recorrente e 
incapacitante. Enquanto alguns indivíduos podem experimentar somente um 
único episódio de mania e depressão em suas vidas, mais de 95% das pessoas 
com transtorno bipolar têm episódios recorrentes de depressão e mania. 
Apesar de não haver uma única causa documentada ou cura conhecida 
para essa doença, medicamentos e terapias podem ajudar a controlar os 
sintomas, pois sem tratamento o transtorno pode piorar com os episódios de 
mania e depressão ficando cada vez mais frequentes e intensos, podendo levar 
até mesmo a morte por suicídio. Faz-se necessário que o psicoterapeuta tenha 
um vasto conhecimento da história natural da doença. Terapeutas com firmeza 
científica na fenomenologia psicológica e biológica estarão mais certos de sua 
competência no diagnóstico e tratamento do transtorno visto a complexidade e 
severidade que envolve a doença (JURENAL,2001). 
 
Sintomas 
Segundo Neto (2004), a identificação dos sintomas visa ajudar a pessoa 
e familiares a diferenciar os estados de humor normais dos patológicos, tomarem 
consciência da situação clínica e lidar com conflitos onde o problema é atribuído 
à doença do paciente, saber o que muda em sua vida durante a depressão ou 
na fase de mania, o modo como vê a si e aos outros, e o futuro. 
O primeiro episódio significativo normalmente é associado a picos de 
estresse, como no início de um novo emprego, ingresso na faculdade, 
casamento ou nascimento de um filho. A maioria dos pacientes apresenta os 
primeiros sintomas antes dos 25 anos, mas pode ocorrer em crianças e 
adolescentes. O início da mania é observado às vezes em idosos, mas esses 
sintomas podem estar relacionados nestes indivíduos por outras doenças e 
medicações (HOLMES, 1997). 
 
A) Mania. 
Em geral, os pacientes em mania observam que dormem menos, ou 
mesmo nem dormem, em razão da alteração nos ritmos circadianos (regulação 
diária dos ciclos sono-vigília). Há também um aumento nos níveis de energia 
(podem fazer exercício várias horas por dia), contudo esta energia pode não ser 
focada de maneira produtiva. 
A mania também pode desencadear comportamentos que a família e os 
amigos reconhecem como não típicos do indivíduo, como gastos exorbitantes, 
promiscuidade, abuso de álcool ou drogas, bem como comportamentos 
impulsivos e potencialmente arriscados. Os pacientes podem não reconhecer os 
sintomas e tampouco as consequências de seu comportamento arriscado em 
virtude da confusão e da perda de contato com a realidade que ocorre quando o 
transtorno não é tratado. 
Durante os episódios maníacos, o humor predominante é a euforia, 
empolgação, felicidade, emocionalmente expansivo e geralmente “voando alto”, 
a irritabilidade pode estar presente, mas pode ser apenas uma resposta em 
restrições impostas por familiares para limitar o comportamento inapropriado 
(HOLMES, 2001). 
 
B) Hipomania. 
Os pacientes em estado de hipomania sentem-se os “donos do mundo”, 
capazes de qualquer coisa, sociáveis, criativos e revigorados. Estes sintomas 
raramente são relatados, pois são tidos como positivos ou benéficos. Apesar de 
não tão grave quanto a mania, a hipomania torna o paciente mais propenso a 
tomar decisões por impulso. A maioria dos pacientes nesta fase apresenta humor 
instável, com frequência progredindo para mania ou depressão (HOLMES, 
2001). 
 
C) Depressão. 
A depressão afeta os padrões de sono e de alimentação fazendo com que 
as pessoas acordem mais cedo do que o normal ou se sintam cansadas por não 
repousarem; durmam muito mais do que o normal; tenham pouco ou nenhum 
apetite; ganhem peso por comer demais; não achem graça na comida ou não 
sintam prazer em comer. Também costumam ter problemas de concentração e 
memória, além de dificuldades na tomada de decisões, autoestima muito baixa 
e divagação sobre seus defeitos e fracassos são outros sintomas da fase de 
depressão. Também relatam sensação de desesperança e pessimismo 
exagerado. 
 
D) Episódios mistos 
Muitos pacientes também atravessam um quadro misto, com sintomas 
depressivos e sintomas de mania ou hipomania simultâneos, ou com intervalo 
pequeno entre eles. Eles podem se apresentar bastante irritáveis e com humor 
depressivo, além de se sentir com muita energia para tomar decisões impulsivas. 
Também podem apresentar sintomas mistos sem se enquadrarem totalmente 
nos critérios para mania ou depressão. 
É importante salientar que o transtorno bipolar também pode ser 
acompanhado por alto risco de lesão e suicídio quando os sintomas 
permanecem sem tratamento, quando os pacientes não usam os medicamentos 
conforme prescritos ou quando apresentam resposta limitada ao tratamento 
(HOLMES, 2001). 
 
 
Tratamento através da Terapia cognitivo-comportamental 
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é associada mais 
frequentemente ao trabalho de Albert Ellis e Aaron Beck, do início da década de 
1970. A premissa básica dessa terapia baseia-se no pressuposto de que 
emoções disfuncionais ou intensas crônicas se originam de pensamentos 
distorcidos ou irracionais. Tais pensamentos são internalizados pelo paciente, 
influenciando seus comportamentos e seus padrões e reforço social. Assim, a 
percepção individual das ocorrências da vida pode produzir problemas 
comportamentais e, possivelmente, exacerbar os sintomas do transtorno bipolar. 
Três proposições fundamentais foram identificadas como estando no 
cerne das terapiascognitivo-comportamentais: primeira, que a atividade 
cognitiva influencia o comportamento; segunda, que a atividade cognitiva pode 
ser monitorada e alterada, e terceira, que o comportamento desejado pode ser 
influenciado mediante mudança cognitiva (RANGÉ, 2001). 
A TCC é uma terapia ativa que envolve a interação constante entre o 
terapeuta e o paciente. Envolve objetivos de mudança definidos de comum 
acordo, assim como monitoramento contínuo do progresso em direção a tais 
objetivos. 
Segundo Beck (1997), o principal objetivo da TCC é que o paciente 
aprenda novas habilidades e estratégias, que, por fim, venham a incorporar de 
maneira independente, conforme necessário. No caso do transtorno bipolar, o 
emprego da TCC inclui ensinar o paciente e as pessoas próximas a ele. 
• sobre o transtorno, as opções de tratamento e as dificuldades 
associadas a ele; 
• Formas de monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso de sintomas 
maníacos ou depressivos, como mudar comportamentos conforme necessário e 
usar solução estruturada de problemas como alternativa; 
• Estratégias para adesão de medicamentos prescritos; 
Como utilizar estratégias não farmacológicas, especialmente habilidades 
cognitivo-comportamentais, para lidar com os problemas afetivos, 
comportamentais e cognitivos associados aos sintomas de mania e depressão. 
O objetivo pode ser reduzir as emoções e cognições disfuncionais associadas 
aos sintomas que resultam em comportamento mal adaptativo, ex. pensamentos 
de inutilidade que levam ao comportamento suicida (BECK, 1997). 
O mapeamento da vida é uma técnica muito usada na TCC, na qual a 
pessoa traça uma linha em folha de papel, identificando com os altos e baixos e 
cores do curso da sua vida e doença. Pode assinalar o número, sequência, 
intensidade e duração das fases de mania e depressão, o impacto do tratamento 
e de acontecimentos importantes. Auxilia a oferecer uma visão mais ampla do 
curso da doença, dos fatores de estresse e da influência do tratamento. 
O envolvimento dos familiares e dos parceiros é de extrema importância 
no tratamento dos pacientes com transtorno bipolar. A terapia cognitivo-
comportamental também é útil, já que auxilia na aceitação da doença e da 
necessidade do uso de medicamentos, bem como ensina aos pacientes como 
proteger-se e precaver-se dos danos financeiros que podem advir dos episódios 
de mania. Estudos mostram que, quando o (a) companheiro (a) está envolvido 
no tratamento, a chance de seguimento da terapia proposta é maior (BECK, 
1997). 
 
Algumas recomendações para o apoio ao paciente: 
Inicialmente, deve ser estabelecido um pacto entre a família e o paciente, 
com o objetivo de identificar os passos a serem seguidos para manter a 
estabilidade emocional. Caso essas medidas falhem, ambas as partes devem 
estar de acordo para adotar as medidas necessárias durante a crise. 
• Deve-se criar um senso de apoio forte, pois esses pacientes apresentam 
risco aumentado de suicídio; 
• Deve-se conseguir que o paciente siga o tratamento; 
Importante ressaltar que os familiares e companheiros devem receber um 
suporte adequado do profissional de saúde mental, já que eles podem também 
desenvolver algum grau de depressão. Deve ser encorajada a realização de 
atividades que reduzam o estresse. 
Conforme Rangé (2001), as distorções cognitivas típicas do paciente 
bipolar estão relacionadas ao pessimismo exacerbado, desesperança, ideação 
suicida e falta de perspectiva de futuro em momentos de depressão, ex.: 
• Meus problemas são enormes, o jeito de resolvê-los é acabar com a 
minha vida. 
• Sou um peso para todos, é melhor que eu me vá. 
• Me odeio, mereço morrer. 
• Só a morte pode aliviar minha dor. 
• Tenho tanta raiva de todos, que vou me matar para ensiná-los uma lição. 
Em momentos de mania otimismo exagerado e ideias de grandeza, ideias 
paranoides, pressão sobre o discurso, pensamento acelerado e desorganizado, 
alterações quantitativas da percepção, ressentimento pela desconfiança do 
terapeuta e familiares sobre seu bem-estar, ex.: 
• Aumento do interesse sexual e ideia que isto é correspondido pelas 
outras pessoas; 
• Achar que os outros estão muito devagar; 
• Ir prematuramente ao topo da cadeia de comando; 
• Humor sarcástico e inadequado; 
• Supervalorizar a apreciação de suas ideias pelos outros; 
• A não aceitação de suas ideias é vista como sinal de burrice ou 
desinteresse; 
• Por se sentirem bem, acham que não precisam de remédio; 
• Achar que só ele está certo e não levar em consideração a opinião dos 
outros, fazendo exigências despropositadas; 
• Viva o presente, pois o amanhã será ainda melhor. Segundo Rangé 
(2001), um dos fatores primordiais conforme muitos autores que se dedicam à 
psicoterapia cognitiva comportamental como técnica de abordagem junto aos 
seus pacientes é de que ainda exista uma aliança terapêutica sólida junto a eles 
para com esses fatores acima descritos se façam presentes. 
 
O objetivo da terapia cógnito-comportamental para o transtorno bipolar: 
• Educar pacientes e familiares sobre o transtorno bipolar, seu tratamento 
e suas dificuldades associadas à doença. 
• Ensinar métodos para monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso dos 
sintomas maníaco-depressivos. 
• Facilitar a aceitação e a cooperação do tratamento. 
• Oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com sintomas e 
problemas. 
• Ajudar o paciente a enfrentar fatores de estresse que estejam 
interferindo no tratamento. 
• Estimular a aceitação da doença. 
• Aumentar o efeito protetor da família. 
• Diminuir o trauma e o estigma associados ao diagnóstico. 
Procura-se ensinar o paciente a reconhecer padrões de comportamento, 
afeto e cognição que pioram os sintomas. O paciente que entende o que é esse 
transtorno terá um papel mais ativo no tratamento. Ajudar na identificação de 
sinais precoces de recaída, oferecendo melhor oportunidade de intervenção 
médica e controle dos sintomas. Ajudar a controlar sintomas leves sem 
necessidade de aumento da medicação. Lidar com problemas psicossociais que 
produzem estresse e exacerbam os sintomas, precipitando recaídas. Ensinar 
habilidades para lidar com problemas, sintomas e consequências futuros 
(RANGÉ, 2001). 
A terapia cognitivo-comportamental para o transtorno bipolar é diferente 
da tradicional, pois em geral o paciente não está na fase aguda da doença. Ela 
utiliza o diálogo socrático, mas muitas vezes tem predominância o seu lado 
didático. A agenda segue um protocolo, visando a ensinar gradualmente 
algumas técnicas. 
A aliança terapêutica é fundamental e é difícil de ser mantida, pois os 
sintomas flutuam, as intervenções podem não ter a resposta desejada, o futuro 
é incerto, e o paciente muitas vezes está irritado. Para melhorá-la, deve-se 
sempre solicitar opinião dele sobre condutas, negociar planos de tratamento, 
instituir aquele que for preferido pelo paciente e compartilhar a filosofia e os 
porquês da ação médica e psicoterápica (RANGÉ, 2001). 
Perguntas que os pacientes fazem são: O que aconteceu comigo? Qual é 
a causa? Por que preciso de remédios? Quando voltarei ao normal? Acontecerá 
de novo? 
O significado do transtorno para a pessoa deve ser discutido, seus medos, 
o papel dos acontecimentos da vida no desencadeamento de sintomas, o uso de 
medicação pelo resto da vida, o casamento e os filhos, a gravidez e a 
amamentação, os filhos e familiares sendo afetados psicologicamente, contar ou 
não sobre a doença ao patrão ou aos colegas, a possibilidade de os filhos 
apresentarem a doença. 
Para colaborar com o tratamento, as pessoas devem entender seu 
racional, o objetivo das intervenções,o resultado esperado e suas 
responsabilidades específicas. Para melhorar a adesão, o terapeuta deve 
analisar com o paciente as variáveis e obstáculos que podem influenciá-lo. Estes 
podem ser intrapessoais (negação da doença crônica e fásica, diminuição da 
energia e da criatividade, depressão, crenças e medos, etc.) variáveis do 
tratamento (efeitos colaterais, horários para tomar a medicação); variáveis do 
sistema social (estressores, conselho médico ou psicoterápico discordante, 
diferentes opiniões de familiares e da mídia); variáveis interpessoais 
(relacionamento ruim com o terapeuta ou psiquiatra); variáveis cognitivas 
(dependência do remédio, não conseguir controlar os sentimentos, distorções 
cognitivas próprias do depressivo, personalizar experiências ruins dos outros, 
etc.). (RANGÉ, 2001). 
Segundo Rangé (2001), as técnicas principais para monitoração dos 
sintomas são: 
• Mapeamento da vida 
Ajudar o paciente a identificar o curso de sua doença, caracterizando suas 
fases de mania e depressão. Ajudá-lo a identificar possíveis fatores de estresse 
e acontecimentos importantes, facilitar a identificação dos estados de humor e a 
discriminação dos comportamentos normais da doença. O mapa também 
permite avaliar a eficácia dos tratamentos recebidos. 
• Folha de resumo dos sintomas 
Tem por objetivo aumentar a consciência do paciente a respeito das 
flutuações de humor, permitindo detecção precoce de recaídas, prevenindo uma 
internação e ajudando o paciente e sua família a discriminar se determinado 
comportamento é saudável ou não. Discutir por que os sintomas precisam ser 
detectados precocemente, perguntar ao paciente e a família como ele é 
normalmente, como é sua personalidade e rever como ele sente seus sintomas 
na fase de mania e depressão. 
• Gráfico do humor 
Procura aguçar a percepção do paciente sobre suas mudanças diárias de 
humor, pensamento e comportamento, identificar sintomas subsindrômicos e 
tomar iniciativas de contato com a equipe de saúde caso seja necessário. 
• Afetivograma 
A cada consulta, o terapeuta preenche qual o estado do humor, se 
aconteceram eventos vitais, dados sobre o tratamento (litemia e outros exames 
laboratoriais), permitindo uma visão ampla da evolução do paciente. É 
extremamente necessário principalmente em cicladores rápidos, pois diante da 
rapidez com as fases alternam o médico e os terapeutas perdem o controle do 
que já foi feito. 
 
Farmacologia 
Conforme os autores pesquisados todos são unânimes em se fazer uma 
relação de que a estabilidade dos pacientes que adquirem o transtorno de 
personalidade bipolar é de que haja uma interação medicamentosa em conjunto 
com a psicoterapia e uma psicoeducação. 
O resultado de uma pesquisa empírica de Kapczinskie (2005), nos revela 
que existem vários tratamentos baseados em ensaios clínicos randomizados 
para o tratamento das diversas fases do transtorno bipolar. Com o melhor nível 
de evidência disponível, ou seja, revisões sistemáticas de mais de um ensaio 
clínico randomizado ou, pelo menos, um ensaio clínico randomizado, observam-
se as seguintes recomendações: 
• A mania aguda pode ser tratada com lítio, valproato, carbamazepina e 
antipsicóticos; 
• A depressão bipolar pode ser tratada com antidepressivos (com risco 
aumentado de virada para mania), com lamotrigina e a associação fluoxetina/ 
olanzapina e; 
• A manutenção do transtorno bipolar pode ser realizada com lítio, 
valproato, carbamazepina e olanzapina. 
 
Conclusões 
Podemos concluir com este estudo que a terapia cognitivo-
comportamental é altamente eficaz no tratamento do transtorno bipolar. Através 
das técnicas utilizadas na (TCC) terapia cognitivo-comportamental, portadores 
do transtorno bipolar podem reconhecer seus sintomas e gerar suas próprias 
estratégias para intervenções imediatas, evitando o aceleramento dos mesmos. 
Outro fator importante é a participação dos familiares e parceiros do paciente no 
decorrer do tratamento como auxiliares no sucesso da psicoterapia e 
farmacologia. 
Neste modelo, os pensamentos negativos não são apenas sintomas, mas 
fatores importantes na manutenção do quadro clínico. A TCC objetiva-se a 
possibilitar ao indivíduo um novo hábito de pensar, ampliando sua consciência, 
ajudando-o a interpretar a realidade de modo realista e justo e colaborando para 
a reconstrução de seu sistema de crenças. Compreendendo e lidando melhor 
com suas emoções e pensamentos a pessoa é capaz de desenvolver uma 
atitude mais eficiente para lidar com seus problemas e de promover mudanças 
duradouras. 
Como futuros psicólogos é necessário um amplo conhecimento sobre os 
transtornos de humor para um diagnóstico e tratamento adequado assim como 
o esclarecimento da farmacologia utilizada pelos pacientes com TB. 
Este trabalho nos proporcionou um crescimento acadêmico na 
compreensão do Transtorno Bipolar e a metodologia prática da Terapia 
Cognitiva Comportamental como coadjuvante no tratamento do transtorno. 
 
Referências 
BECK, Judith S. – Terapia Cognitiva: teoria e prática; Trad. Sandra Costa. – 
Porto Alegre; Artmed; 1997. 
DORNELES, Lívia S. Psicóloga com Especialização em Psicopedagogia, 
M.B.A. Em Recursos Humanos, Experiência em Perícia Judicial/Avaliação 
Psicológica e Perita do 
Trânsito;http://www.oprimeiroonline.com/index.php?option=com_content&view=
article&i d=1317:trantorno-bipolar-as-grandes-oscilacoes-de-
humor&catid=100:livia&Itemid=136; 19 Julho 2009; acesso em 12/10/2009. 
JESSÉ H. Wright, Mônica R. B E. Thase – Aprendendo a terapia cognitivo- 
comportamental: Um guia ilustrado.; Porto Alegre; Artmed; 2008; págs. 47, 56. 
NETO Francisco L. - Revista Brasileira de Psiquiatria, 2004, Suplem. III, págs. 
44-6. 
TRISHA Suppes, Dennehy, Ellen – Transtorno bipolar: as mais recentes 
estratégias de avaliação e tratamento; Trad. Marina Fodra. – Porto Alegre; 
Artmed; 2009 págs. 10, 12. 
JURENAL, F. - Terapia cognitiva: abordagem para o transtorno afetivo bipolar - 
Rev. Psiq. Clín. 2001, Vol. 28, pág. 6. 
KNAPP, P. – Terapia cognitivo-comportamental na prática clínica. – Porto 
Alegre; Artmed; 2004; Pág. 43. 
KNAPP, P., Isolan, L. – Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar; Porto 
Alegre; Revista de Psiquiatria, (2005); Vol. 32 pág. 1. 
KAPCZINSKIE, F. col. – Tratamento farmacológico do transtorno bipolar; Porto 
Alegre; Revista de Psiquiatria; (2005); Págs. 34-8. 
RANGÉ, Bernard, PSICOTERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS – Um 
diálogo com a psiquiatria, Porto Alegre; Artmed, 2001.

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