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CASOS PRÁTICOS IED 2017.1

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	Pergunta: Certo estudante de direito em estudando Direito Penal, deparou-se com o seguinte crime: Código Penal: Crime de Curandeirismo Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Imediatamente lembrou-se das inúmeras vezes que sua mãe e sua avó lhe ministraram diversos chás e simpatias para curar dor de cabeça, mau-olhado e emagrecimento. Além disto, lembrou-se das diversas vezes em que frequentou missas, cultos e outras sessões religiosas, nas quais algum membro lhe oferecia água para curar seus diversos males. Ora, indagou: sua mãe, sua avó, e todos estes membros de confissões religiosas podem ser processados e presos por este crime então?
	
	Gabarito: Em que pese a questão trazer artigo do Código Penal teoria do crime, crime habitual, por exemplo, etc) e a possibilidade do debate sobre liberdade religiosa, o objetivo aqui é refletir sobre o uso do costume no Direito, em especial costume CONTRA LEGEM. Observe trecho de matéria da revista VEJA: (Disponível em: http://veja.abril.com.br/ciencia/acredita-em-simpatias-a-ciencia-explica-o-porque/) ¿ As simpatias fazem parte da vida da maioria dos brasileiros. Vestir-se de branco na noite de Réveillon, colocar um vaso de sete ervas em casa, tomar banho de sal grosso e amarrar fitinhas no braço são alguns dos exemplos mais conhecidos. Segundo André Souza, pós-doutorando em psicologia na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, a principal contribuição dos estudos é mostrar que o processo cognitivo usado em rituais é algo geral da natureza humana. ¿O que leva uma pessoa no Brasil a fazer uma simpatia e uma nos Estados Unidos e não fazer é um processo cultural. Mas a partir do momento em que alguém faz uma simpatia ou outro ritual, o que a leva a acreditar naquilo ou não é universal¿, afirma. O segundo estudo foi publicado em agosto da revista Cognitive Science, e será apresentado em fevereiro do próximo ano, durante a 15.ª reunião anual da Sociedade de Personalidade e Psicologia Social, em Austin, nos Estados Unidos.¿ O costume desempenha três funções ao direito: a de inspirar o legislador a normatizar condutas, a de suprir as lacunas da lei e a servir de parâmetro para a interpretação da lei. Os partidários da Escola Histórica do Direito, a exceção de Savigny, admitem o costume contra legem, a ponto de exclamarem "a revolta dos fatos contra os códigos". Em sua obra Pluralismo Jurídico, Antônio Carlos Wolkmer, afirma que quanto mais tensos, politicamente fragmentados são os espaços sociais, mais o direito necessita de novos procedimentos novas formas do agir comunicativo e do entendimento. É desta forma que aparecem novas situações capazes de introjetar direitos que não passam nem pela positivação estatal nem pelas instituições representativas convencionais. Claro que a desordem e a insegurança jurídica não ficam autorizadas.
	
	
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Pergunta: Certo estudante de direito em estudando Direito Penal, deparou-se com o seguinte crime: Código Penal: Crime de Curandeirismo Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Imediatamente lembrou-se das inúmeras vezes que sua mãe e sua avó lhe ministraram diversos chás e simpatias para curar dor de cabeça, mau-olhado e emagrecimento. Além disto, lembrou-se das diversas vezes em que frequentou missas, cultos e outras sessões religiosas, nas quais algum membro lhe oferecia água para curar seus diversos males. Ora, indagou: sua mãe, sua avó, e todos estes membros de confissões religiosas podem ser processados e presos por este crime então?
Gabarito: Em que pese a questão trazer artigo do Código Penal (teoria do crime, crime habitual, por exemplo, etc) e a possibilidade do debate sobre liberdade religiosa, o objetivo aqui é refletir sobre o uso do costume no Direito, em especial costume CONTRA LEGEM. Observe trecho de matéria da revista VEJA: (Disponível em: http://veja.abril.com.br/ciencia/acredita-em-simpatias-a-ciencia-explica-o-porque/) ¿ As simpatias fazem parte da vida da maioria dos brasileiros. Vestir-se de branco na noite de Réveillon, colocar um vaso de sete ervas em casa, tomar banho de sal grosso e amarrar fitinhas no braço são alguns dos exemplos mais conhecidos. Segundo André Souza, pós-doutorando em psicologia na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, a principal contribuição dos estudos é mostrar que o processo cognitivo usado em rituais é algo geral da natureza humana. ¿O que leva uma pessoa no Brasil a fazer uma simpatia e uma nos Estados Unidos e não fazer é um processo cultural. Mas a partir do momento em que alguém faz uma simpatia ou outro ritual, o que a leva a acreditar naquilo ou não é universal¿, afirma. O segundo estudo foi publicado em agosto da revista Cognitive Science, e será apresentado em fevereiro do próximo ano, durante a 15.ª reunião anual da Sociedade de Personalidade e Psicologia Social, em Austin, nos Estados Unidos.¿ O costume desempenha três funções ao direito: a de inspirar o legislador a normatizar condutas, a de suprir as lacunas da lei e a servir de parâmetro para a interpretação da lei. Os partidários da Escola Histórica do Direito, a exceção de Savigny, admitem o costume contra legem, a ponto de exclamarem "a revolta dos fatos contra os códigos". Em sua obra Pluralismo Jurídico, Antônio Carlos Wolkmer, afirma que quanto mais tensos, politicamente fragmentados são os espaços sociais, mais o direito necessita de novos procedimentos novas formas do agir comunicativo e do entendimento. É desta forma que aparecem novas situações capazes de introjetar direitos que não passam nem pela positivação estatal nem pelas instituições representativas convencionais. Claro que a desordem e a insegurança jurídica não ficam autorizadas.
Pergunta: O trecho abaixo é uma conversa fictícia entre Sócrates, Glauco e Adimanto, escrito pelo filósofo Platão em seu livro ¿A República¿. Neste livro que é na verdade um tratado de Teoria Geral do estado e de Direito, Platão descreve como deve ser o Estado ideal, sua forma de governo e como devem ser as suas leis. ( Fonte dos trechos : Tradução de Enrico Corvisieri Fundador VICTOR CIVITA (1907 - 1990) Editora Nova Cultural Ltda., uma divisão do Círculo do Livro Ltda. Edição Integral. Direitos exclusivos sobre a tradução deste volume, Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo. Disponível em : http://www.portalfil.ufsc.br/republica.pdf ) (Trecho 1) ¿ Sócrates ¿ Mas nós negamos ao sapateiro o direito de exercer ao mesmo tempo o oficio de lavrador, tecelão ou pedreiro; obrigamo-lo a ser apenas sapateiro, para que os trabalhos de sapataria sejam bem executados; da mesma forma, atribuímos a cada um dos outros artesãos um único ofício, aquele para o qual está habilitado por natureza, se quer tirar proveito das oportunidades a desempenhar bem a sua tarefa. Mas não é importante que o oficio da guerra seja bem executado? Ou é fácil que um lavrador, um sapateiro ou qualquer outro artesão possa, ao mesmo tempo, ser guerreiro, quando não se pode ser bom jogador de gamão ou de dados, se não se praticarem estes jogos desde a infância, e não apenas nas horas livres? Bastará prover-se de um escudo ou de qualquer outra arma para se tornar, de um dia para o outro, bom guerreiro, ao passo que os instrumentos das outras artes, tomados nas mãos, nunca darão origem a um artesão nem a um atleta e serão inúteis a quem não tiver adquirido o seu conhecimento e não se tiver treinado suficientemente? Glauco ¿ Se assim fosse os instrumentos teriam um enormevalor! (...) (...) (Trecho 2) Sócrates ¿ Sendo assim, vamos permitir, por negligência, que as crianças ouçam as primeiras fábulas que lhes apareçam, criadas por indivíduos quaisquer, e recebam em seus espíritos entender, quando forem adultos? Adimanto ¿ De forma alguma permitiremos. começar por vigiar os criadores de fábulas, separar as suas composições boas das más. Em seguida, convenceremos as amas e as mães a contarem aos filhos as que tivermos escolhido e a modelarem-lhes a alma com as suas fábulas muito mais do que o corpo com as suas mãos(1). Mas a maior parte das que elas contam atualmente devem ser condenadas. Adimanto ¿ Quais? Sócrates ¿ Julgaremos as pequenas pelas grandes, porquanto umas e outras devem ser calcadas nos mesmos moldes e produzir o mesmo efeito; concordas? Adimanto ¿ Concordo. Mas não sei quais são essas grandes fábulas de que falas. Sócrates ¿ São as de Hesíodo, Homero e de outros poetas. Eles compuseram fábulas mentirosas que foram e continuam sendo contadas aos homens Nota: (1) Fazia parte da cultura da época massagear as crianças, acreditando que com isto poder-se-ia ¿moldar¿ um belo corpo. Como você pensa que seriam as leis e as relações jurídicas que regulamentariam a publicação de livros infantis e o exercício profissional como, por exemplo, o ofício de sapateiro, numa sociedade como a imaginada por Platão ?
Gabarito: O objetivo deste trecho é instar o aluno a refletir a influência das relações sociais e das relações de poder sobre a criação do direito e das relações jurídicas. Analisando as normas jurídicas de acordo com suas fontes, podemos perceber que estas derivam das relações sociais e das relações jurídicas. Não há unanimidade com relação à suas fontes. A Lei, que pode ser conceituada como a forma de produzir o Direito Positivo, é estruturada de acordo com a realidade social onde está inserida. A vontade coletiva representada pelo Estado é a expressão da vontade da maioria política que comanda as engrenagens estatais. Assim, as relações jurídicas no Estado são influenciadas, ao mesmo tempo, tanto pelas normas jurídicas já existentes, quanto pelas relações sociais. As relações jurídicas são também provenientes de fontes formais mediatas, como costumes e jurisprudências, que têm sua origem nas relações sociais e dependem da vontade da sociedade em que estão inseridas.
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Pergunta: CASO CONCRETO Laísa, funcionária da Lojas Marbex S/A, trabalha durante 28 anos, sendo empregada exemplar. Quando está prestes a se aposentar, é chamada no departamento de RH e demitida. No ato da demissão, o patrão alega que a empresa está passando por dificuldades sendo necessário fazer alguns cortes e, portanto, seus serviços não são mais necessários. Chateada e indignada, ela tenta argumentar que esta demissão é injusta logo faltando cerca de 2 anos apenas para sua aposentadoria. Ele retruca afirmando tratar-se de um direito potestativo do empregador. Laísa procura você como seu advogado(a). Como você encaminharia o caso?
Gabarito: RR-2112-83.2012.5.12.0026(http://www.conjur.com.br/2016-set-07/professora-demitida-fase-pre-aposentadoria-indenizada Uma professora demitida na fase pré-aposentadoria receberá R$ 150 mil de indenização por dano moral após comprovar que a dispensa foi discriminatória. A 2ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do recurso do colégio contra a decisão condenatória, que, com base na prova testemunhal, concluiu que a demissão ocorreu, única e exclusivamente, porque a professora estava prestes a se aposentar. Na reclamação trabalhista, a professora afirmou que, depois de 25 anos de dedicação à instituição, foi demitida quando faltavam dois anos para se aposentar. A dispensa foi informada verbalmente no Natal de 2011, e oficializada em fevereiro de 2012. Reputando o ato discriminatório, pediu indenização por dano moral de 50 vezes o último salário. Em primeira instância, a sentença reconheceu que a demissão foi discriminatória e condenou a escola ao pagamento de indenização de 25 salários da professora, equivalentes a um salário por ano de serviço ou fração mais o ano que faltava para aposentar. Em recurso ao Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC), a instituição de ensino disse que pagou corretamente as verbas rescisórias e apenas utilizou seu poder diretivo, sem praticar qualquer ilicitude. Segundo a escola, a dispensa não teve relação com a proximidade da aposentadoria, pois tem empregados aposentados que permanecem trabalhando. O TRT, porém, manteve a condenação, assinalando que o direito potestativo não pode ser exercido de forma arbitrária nem discriminatória ¿ e, no caso, os depoimentos confirmaram a ilicitude do ato.
Pergunta: Mathias sempre sonhou em ser soldado. No ano em que completava 18 alistou-se e foi selecionado para o serviço militar. Muito feliz foi apresentar-se a Unidade militar onde deveria servir. Após um mês de trabalho está prestes a receber seu primeiro soldo. Mas que grande decepção! Sua remuneração seria um valor abaixo do salário mínimo nacional. Rapidamente ele consultou a Constituição Federal e leu : i) ¿CF, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;¿ Ele efetivamente era um trabalhador. Havia trabalhado duro durante aquele primeiro mês no Exército. Foi então falar com seu superior no Centro de Pagamentos que lhe informou sobre a seguinte súmula: ii) Súmula Vinculante n.º 06 : ¿Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças¿ Inconformado, Mathias sabendo que você é estudante de Direito, lhe procura perguntando: a) A referida remuneração que vai receber é constitucional? Explique com o que foi abordado na aula. b) Caso deseje ajuizar uma Ação Judicial, há alguma chance de vitória para Mathias?
Gabarito: Neste caso há uma antinomia aparente. a) a referida remuneração apesar de aparentemente inconstitucional, não o é realmente pois a súmula especifica uma categoria em particular; b) não há chances de vitória uma vez que a sumula com efeito vinculante é obrigatória para todos os órgãos do Poder Judiciário.

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