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O QUE É ECONOMIA? 
 
 Dificuldade de se ter uma definição exata para a economia, em virtude de 
diversas razões: 
o Complexa teia das relações sociais 
o Multiplicidade dos fatores condicionantes da atividade econômica 
o Economia é influenciada por diferentes concepções político-
ideológicas 
 Conseqüentemente, cada corrente do pensamento econômico enxerga a 
realidade sob ângulos diferenciados. 
 Ademais, ao longo do tempo a conjuntura mundial, as instituições econômicas 
e as concepções político-ideológicas se modificam. 
 Economia é uma ciência que examina a ação individual e social em seus 
aspectos mais estreitamente ligados à obtenção e ao uso das condições 
materiais do bem-estar. 
 De um lado, o estudo da riqueza; de outro, o estudo do comportamento 
humano dentro de um mundo com recursos limitados, onde busca-se uma 
eficiência alocativa. 
 Economia possui um nível de exatidão maior que outras ciências sociais, 
justamente pelo fato de muitas de suas variáveis estudadas poderem ser 
mensuradas. No entanto, em termos comparativos, a economia não tem a 
mesma precisão que as ciências físicas exatas, pois ela se relaciona com 
forças sutis e sempre mutáveis da natureza humana. 
 No entanto, é importante frisar que nem todas as ações econômicas são 
possíveis de serem mensuradas, e daí vem a distância que essa ciência tem 
das ciências exatas. 
 É interessante frisar também que os motivos das ações humanas não residem, 
necessariamente, apenas em benefícios materiais, economicamente 
mensuráveis. Por exemplo, abordagem da imersão social. 
 Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade 
decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na 
produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias 
pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades 
humanas (VASCONCELLOS e GARCIA). 
o Escolha; 
o Escassez; 
o Necessidades; 
o Recursos; 
o Produção; 
o Distribuição. 
 O fato econômico resume-se, assim, nos atos de ESCOLHA entre fins 
possíveis e meios ESCASSOS aplicáveis a USOS ALTERNATIVOS. 
 ESCASSEZ recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas 
ilimitadas. 
 O homem está agindo economicamente quando procede uma escolha 
determinada. 
 O problema que cada agente econômico deve resolver consiste em tirar o 
máximo proveito dos recursos escassos a sua disposição. Por exemplo, 
consumidor e sua restrição orçamentária, tenta distribuir seus gastos de forma 
a maximizar sua satisfação. 
 Algumas definições do que é Economia: 
 “A economia é o estudo da organização social através do qual os homens 
satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos (Umbireit, Hunt e 
Kinter)”. 
 “Embora nem sempre seja fácil separar a demarcação das fronteiras que 
separam a economia de outros campos do conhecimento social, há atualmente 
concordância geral em relação a seu conteúdo principal. Ao se ocupar das 
condições gerais do bem-estar, o estudo da economia inclui a organização 
social que implica distribuição de recursos escassos entre necessidades 
humanas alternativas, com a finalidade de satisfazê-las a nível ótimo 
(Leftwich)”. 
 “A economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos 
das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo 
comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior, decorrente 
da tensão entre desejos ilimitáveis e meios limitados (Barre).” 
 “Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os 
homens, não existiriam sistemas econômicos nem a econômica. A economia é, 
fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes 
(Stonier e Hague).” 
 “A economia diz respeito ao estudo do fenômeno chamado escassez. Embora 
o homem tenha sido até aqui bem-sucedido em fazer com que se expandissem 
a produção de bens e serviços necessários a sua vida, ele não conseguiu 
reduzir substancialmente a diferença entre seus desejos e os meios capazes 
de satisfaze-los. Continua, assim, agindo economicamente, pois ainda não se 
libertou e, presumivelmente, não será fácil libertar-se do difícil exercício da 
escolha (Rogers).” 
 “Escolher a melhor forma de empregar recursos escassos para obter 
benefícios máximos: este é o problema básico de todas as sociedades 
economicamente organizadas (Horsman).” 
 
 
ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL OU DO COMPORTAMENTO 
 
 Ciências sociais ocupam-se dos diferentes aspectos do comportamento 
humano. 
 Exemplos de ciências sociais: 
o Ciência política Trata das relações entre a nação e o Estado, formas de 
governo, etc. 
o Sociologia Ocupa-se das relações sociais e da organização estrutural 
da sociedade. 
o Antropologia cultural Estudo das origens e da evolução, da 
organização e das diferentes formas de expressão cultural do homem. 
o Psicologia Estudo do comportamento humano. 
o Direito Estudo das normas que regulam os direitos e as obrigações 
individuais e sociais. 
o Economia Como as demais áreas, abrange apenas uma fração das 
ciências sociais, estudando o comportamento econômico do homem, 
envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e 
apropriação de renda, o dispêndio e a acumulação. 
 Da mesma forma que ocorre com os demais ramos das ciências sociais, não 
se pode considerar a economia como fechada em torno de si mesma. Ciência 
econômica estabelece relações diretas com diversas outras ciências sociais. 
 Possui relações também com a filosofia, a história, religiões, desenvolvimento 
tecnológico, meio ambiente, etc. 
 Segundo Kenneth Boulding, “Os problemas econômicos não tem contornos 
bem delineados. Eles se estendem perceptivelmente pela política, pela 
sociologia e pela ética, assim como há questões políticas, sociológicas ou 
éticas que são envolvidas ou mesmo decorrentes de posturas econômicas. 
Não será exagero dizer que as respostas cruciais às questões cruciais da 
economia encontram-se em algum outro campo. Ou que a resposta a outras 
questões humanas, formalmente tratadas em outras esferas das ciências 
sociais, passará necessariamente por alguma revisão do ordenamento real da 
vida econômica ou do conhecimento econômico.” 
 Ou seja, as soluções para os problemas de ordem econômica não serão 
encontradas apenas na ciência econômica, mas sim através de um paralelo 
entre a ciência econômica e as demais ciências sociais. Por que? 
 Porque são diversos os fatores condicionantes da ação, das relações e do 
comportamento econômico, tais como: 
o As formas de organização política da sociedade; 
o As posturas ético-religiosas; 
o Os modos de relacionamento social; 
o As condições limitativas do meio ambiente; 
o A estruturação da ordem jurídica; 
o A formação cultural da sociedade; 
o Os níveis de avanço tecnológico da sociedade. 
 
 
RECURSOS ECONÔMICOS 
 
O FATOR TERRA: um conceito abrangente de recursos naturais 
 
 Reservas naturais encontram-se na base de todo o processo de produção. 
 Historicamente, a própria localização espacial dos agrupamentos humanos foi 
condicionada pela disponibilidade de recursos naturais. 
Condições que expandem as bases das 
reservas naturais economicamente 
aproveitáveis 
Condições que restringem a ação 
do homem sobre as reservas 
naturais economicamente 
aproveitáveis 
Estágio de conhecimento humano 
Níveis de exaustão das reservas 
minerais aferidas 
Disponibilidade de instrumentos exploratórios 
Ameaças de extinção de espécies 
vegetais e animais 
Avanços sobre novas fronteiras 
Degradação de 
macrodisponibilidades naturais 
Processos de renovação e reposição Consciência preservacionista 
Processos de reciclagem de materiais 
básicos já transformados e rejeitados 
Restrições legais, condicionantes das 
formas de acesso e de exploração 
econômica 
Os recursos naturais possuem limitações em suas dotações. Por exemplo, a 
disponibilidade de solos potencialmente aproveitáveis para a agricultura gira 
em torno de 3,2 bilhões de hectares. 
 
 
O FATOR TRABALHO: as bases demográficas da atividade econômica 
 
 É constituído de uma parcela da população total: a População 
Economicamente Ativa. 
 Parcela economicamente ativa varia de país para país, de acordo com leis. 
 Qualificação é um fator fundamental para a produtividade do fator trabalho. 
 Pirâmides demográficas Países desenvolvidos x Países subdesenvolvidos. 
 As pirâmides evidenciam as proporções em que se apresentam as porções 
economicamente não mobilizável e mobilizável. Esta última é definida pelo 
conjunto de faixas etárias centrais, situadas entre os conjuntos das faixas pré e 
pós-produtivas. A faixa central se configura, assim, o que se considera força 
de trabalho potencial. A inferior e a superior configuram o ônus 
demográfico. 
 Pirâmides com uma base muito larga indicam alto potencial de provisão de 
recursos humanos no futuro; mas, simultaneamente, representam uma 
sobrecarga no presente, exigindo altas taxas de investimentos sociais que 
concorrem com outras categorias de investimentos, como infra-estrutura. 
 Já as pirâmides de bases estreitas e topos dilatados configuram situações de 
relativo conforto socioeconômico presente; mas, dependendo da magnitude da 
taxa de reposição demográfica e do ônus pós-produtivo, o futuro poderá ser 
comprometido. 
 Taxa de crescimento populacional explosão demográfica no século XX. 
 Pirâmide demográfica no Brasil tendência de diminuição da taxa de 
natalidade. 
 
 
 
O FATOR CAPITAL: conceito, tipologia e processo de acumulação 
 
 O fator capital compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela 
sociedade. 
 Revolução industrial no século XVIII intensificou o processo de criação, 
emprego e acumulação de recursos de capital. 
 É importante frisar que o fator capital constitui-se sempre das diferentes 
categorias de riqueza acumulada, empregadas na geração de novas riquezas. 
 Síntese das principais categorias do estoque de capital: 
Grandes itens 
Infra-estrutura Construções e 
edificações 
segundo a 
destinação 
Equipamentos 
de transporte 
Máquinas, 
equipamentos, 
instrumentos e 
ferramentas 
Agro-capitais 
Econômica Social 
Energia Educação e 
cultura 
Administrações 
públicas 
Ferroviário De extração Culturas 
permanentes Telecomunicações Rodoviário De transformação 
Transportes Saúde e 
saneamento 
Militares Hidroviário De construção Instalações 
 Fabris Aeroviário De serviços Edificações 
 Esportes Comerciais Equipamentos 
 Lazer Residenciais Ferramentas 
 Segurança Implementos 
 Essas diferentes categorias de capital acumuladas pela sociedade resultam de 
um dos mais importantes fluxos econômicos: o de investimento. 
Conceitualmente, formação de capital e investimento são expressões 
sinônimas. 
 A adição de novos bens de produção só aumenta em termos líquidos o 
estoque de capital se ela for superior a depreciação. 
 Formação Bruta de Capital Fixo – Depreciação = Formação Líquida de Capital 
Fixo. 
 Ou, visto de outra forma: 
 Estoque inicial de capital + Fluxos de investimento bruto – processo de 
depreciação = Estoque resultante de capital. 
 Fontes de acumulação de capital: 
o Internas 
 Poupança das famílias 
 Poupança das empresas 
 Poupança do setor público 
o Externas 
 Ingresso líquido de capitais de risco 
 Ingresso líquido de capitais exigíveis (empréstimos e financiamentos) 
 Transferências unilaterais de governos ou organizações 
internacionais 
 
 
A CAPACIDADE TECNOLÓGICA: ELO DE LIGAÇÃO INTERFATORES 
 
 Considerada um fator de produção, a capacidade tecnológica é formada pelo 
conjunto de conhecimentos e habilidades que dão sustentação ao processo 
de produção, sendo portanto um fator que envolve todo o processo produtivo 
em todas as suas etapas. 
 Podemos agrupar as habilidades e conhecimentos relacionados a esse fator 
em 3 grupos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 P&D É a fonte de capacidade tecnológica. Envolve capacidade para 
armazenar, processar, interpretar, integrar e fundir conhecimentos técnico-
científicos. 
 Em seguida, temos a capacitação para desenvolver e implantar projetos, novos 
processos ou novos produtos. É quando ocorre a transição da invenção para a 
inovação. 
 Por último, temos a capacitação para operar as atividades de produção. 
P&D 
Pesquisa e 
Desnvolvimento
Operação das 
atividades de 
produção
Projetos 
- Novos Processos 
- Novos Produtos
INOVAÇÃOINVENÇÃO
 A velocidade com que esse processo se dá é uma das mais nítidas diferenças 
entre as sociedades primitivas e as modernas. 
 Através dos avanços tecnológicos, os recursos (escassos) podem ser 
utilizados com maior eficiência, gerando uma maior riqueza. 
 Segundo Shumpeter, as invenções traduzem-se pela descoberta de novas 
formas ou fontes de energia, de novos materiais, de novos processos e de 
novos produtos; já as inovações referem-se à incorporação das novas 
descobertas ao fluxo corrente de produção da sociedade Processo de 
“destruição criativa” 
 
 
A CAPACIDADE EMPRESARIAL: A ENERGIA MOBILIZADORA 
 
 A mobilização, aglutinação e combinação dos quatro fatores de produção 
colocados anteriormente pressupõe a existência de determinada capacidade 
de empreendimento. É através dela que os recursos disponíveis são 
reunidos, organizados e acionados para o exercício de atividades produtivas. 
 Os agentes dotados de capacidade empresarial reúnem um conjunto de 
qualificações que os diferenciam em relação aos contingentes 
economicamente mobilizáveis. 
o Visão Estratégica; 
o Baixa aversão a riscos; 
o Espírito inovador; 
o Sensibilidade para perceber oportunidades de investimentos; 
o Energia suficiente para implantar projetos de empreendimento; 
o Ter acesso aos outros 4 fatores de produção e capacidade para 
combina-los; 
o Ter capacidade de organizar o empreendimento. 
 
 
O SISTEMA ECONÔMICO: UMA VISÃO DE CONJUNTO 
 
 Sistemas econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos 
quais os agentes econômicos são levados a empregar recursos e a interagir 
via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos 
institucionais de controle e disciplina, que envolvem desde o emprego dos 
fatores produtivos até as formas de atuação, as funções e os limites de cada 
um dos agentes. 
 Elementos básicos de um sistema econômico: 
o Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção Aqui se 
incluem os recursos humanos, o capital, a terra, as reservas naturais e a 
tecnologia. 
o Agentes econômicos Constituído pelas famílias, empresas e governo. 
Decidem como empregar os recursos econômicos. Produzem. Geram e se 
apropriam de diferentes categorias de rendas. Transacionam. Consomem. 
Acumulam. 
o Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais 
São a base da organização da sociedade. Nenhum sistema econômico é 
possível sem que um conjunto de normas jurídicas discipline os deveres, 
direitos e obrigações dos detentores de recursos e das unidades que os 
empregarão. De forma análoga, é fundamental a existência de um conjunto 
de instituições políticas que definam as esferas de competência de cada 
agente. 
 Os sistemas econômicos podem ser classificados em sistema 
o capitalista ou economia de mercado; 
o Sistema socialista ou economia centralizada. 
 
 
AGENTES ECONÔMICOS 
 
 
AS UNIDADES FAMILIARES 
 
 Essas unidades possuem e fornecem os recursos de produção, apropriam-se 
de diferentes categorias derendas e decidem como, quando, onde e em que 
as rendas recebidas serão despendidas. 
 As capacidades de escolha quanto à gestão de seus orçamentos constituem 
um dos mais importantes atributos das unidades familiares. 
 O desempenho do sistema econômico como um todo e dos mercados 
específicos (em especial o de bens de consumo) são fortemente influenciados 
pelas decisões independentes de milhões de unidades familiares – diversas 
em sua constituição e estratificadas em diferentes grupos socioeconômicos. 
Por exemplo, “humor” dos consumidores. 
 A maior parte das unidades familiares tem uma ou mais pessoas 
economicamente ativas, diretamente empregadas, fornecendo recursos para o 
processamento das atividades primárias, secundárias ou terciárias de 
produção. 
 Contudo, há também unidades familiares que não têm pessoas efetivamente 
empregadas nas atividades de produção. Estas se mantêm, participando 
também dos fluxos econômicos, com recursos que a sociedade lhe transfere. 
 
 
 
 
AS EMPRESAS: UNIDADES BÁSICAS DO APARELHO DE PRODUÇÃO 
 
 São os agentes econômicos para os quais convergem os recursos de 
produção disponíveis. Nessas unidades, esses recursos são empregados e 
combinados no sentido de gerar bens e serviços que atenderão às 
necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. 
 O conjunto de empresas que compõe o aparelho de produção é bastante 
diversificado: 
o Tamanho O universo de empresas é constituído por unidades que vão 
desde as microorganizações até as grandes corporações. No Brasil, 
empresas com até 20 funcionários são consideradas microempresas. De 20 
a 100, são consideradas pequenas empresas. Daí em diante são de 
tamanho médio ou grande. 
Microempresas no Brasil: tamanho médio, segundo o número de pessoas 
ocupadas. 
Pessoas 
empregadas 
Número 
de 
empresas 
% sobre 
o total 
Apenas 1 pessoa 237575 23,6 
2 pessoas 400250 39,7 
3 pessoas 182114 18,1 
4 pessoas 83444 8,3 
5 a 9 pessoas 92040 9,1 
10 pessoas ou mais 12410 1,2 
Total 1007833 100 
 Estatutos jurídicos Vão desde a titularidade assumida pela pessoa física 
proprietária, até a constituição através de sociedades anônimas. 
 Origens e controle Podem ser públicas, privadas ou de economia mista. 
 Formas de gestão Nas micro, pequenas e médias empresas, o controle e a 
direção normalmente se sobrepõe: a direção é assumida pelos proprietários. 
No entanto, em grandes empresas amadurecidas, segundo a expressão de 
Galbraith, o controle e a gestão se dissociam. 
 Natureza dos produtos Quanto a este atributo, a heterogenidade decorre 
das diferenças que observadas entre produtos gerados por atividades 
produtivas primárias, secundárias e terciárias. Das duas primeiras resultam 
bens; da última, serviços. 
 
GOVERNO: CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES 
 
 Segundo o conceito de Edey e Peacock, o governo é “um agente coletivo que 
contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma 
parcela da produção das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à 
sociedade como um todo”. Trata-se, pois, de um centro de bens e serviços 
coletivos. 
 Suas receitas são provenientes de retiradas compulsórias do poder aquisitivo 
de unidades familiares e de empresas, através do sistema tributário. 
 No entanto, é importante se deixar claro que esse conceito exclui as empresas 
estatais, que se encaixam na definição anterior. 
 Além de interagir com os demais agente econômicos, o governo é um centro 
de geração, execução e julgamento de regras básicas para a sociedade como 
um todo. 
 A discussão acerca do papel e do tamanho do Estado no Brasil tem sido 
recorrente ao longo dos últimos anos. 
 Outra discussão recorrente refere-se ao papel do Estado na economia. 
 O peso da carga tributária no país é outro ponto de debate, visto que 
representa mais de 35% do PIB. 
 Nesse sentido, a reforma fiscal parece ser de grande necessidade. 
 Estrutura do Governo no Brasil: 
União 1 
Estados e DF 27 
DF e Municípios 5560 
 
 
A INTERAÇÃO DOS AGENTES ECONÔMICOS 
 
 Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interação dos agentes 
econômicos decorrem de dois fatores fundamentais: 
o A diversidade das necessidades humanas, que conduz à organização de 
sistemas de trocas. 
o A diversidade de capacitações das pessoas e nações, determinadas por 
heranças culturais ou por vocações naturais, que conduz à especialização e 
à divisão social do trabalho. 
 Essa diversidade das necessidades humanas exigiu, ao longo dos tempos, 
capacitações diferenciadas Divisão do trabalho, onde cada pessoa dedica-
se preponderantemente a uma atividade específica, satisfazendo suas 
necessidades através da interação com os outros agentes econômicos, por 
intermédio de um sistema de trocas. 
 Assim, surgem três importantes fatores de propulsão do progresso econômico: 
o A divisão do trabalho 
o A especialização 
o As trocas 
 Esses fatores possibilitaram aperfeiçoamentos em todos os campos e 
conduziram a formas de produção cada vez mais complexas e eficientes 
 Por conseqüência, há um aumento da diversidade dos bens e serviços, que 
acaba por gerar o surgimento de novas necessidades. 
 Logo, percebe-se ao longo da história da humanidade uma mudança de 
paradigma, onde a auto-suficiência é substituída pela interação entre os 
agentes econômicos. 
 Esse processo de interação (decorrente do trinômio divisão do trabalho-
especialização-trocas) acaba por gerar dois benefícios bastantes visíveis a 
sociedade, decorrentes do princípio da vantagem comparativa: 
o Maior eficiência e ganhos de escala. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INTERAÇÃO DE UNIDADES FAMILIARES E EMPRESAS 
 
 Para uma primeira aproximação, vamos considerar um sistema econômico 
fechado, constituído apenas por unidades familiares e empresas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Temos, no caso acima, dois fluxos: os fluxos reais, que se refere ao emprego 
de recursos e o suprimento de bens e serviços, e os fluxos monetários, que se 
refere à remuneração dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e 
serviços adquiridos. 
 Fluxos Reais (a) As unidades familiares fornecem recursos às empresas. As 
empresas, em contrapartida, suprem as unidades familiares de bens e serviços 
(b). 
 Fluxos Monetários (c) Empregando a moeda como meio de pagamento, as 
empresas remuneram as unidades familiares pelos recursos empregados. (d) 
E estas transferem para as empresas os ganhos recebidos, ao pagarem pelos 
bens e serviços adquiridos. 
 Portanto, as unidades familiares são remuneradas pelos recursos fornecidos: 
elas recebem das empresas pagamentos sob a forma de remuneração de 
fatores, como salários, aluguéis e arrendamentos, royalties e outros direitos de 
propriedade, lucros e dividendos, ou mesmo juros. Com a remuneração 
recebida, as unidades familiares são dotadas de poder aquisitivo, por meio do 
qual adquirem os bens e serviços que atenderão suas necessidades, bens e 
serviços esse fornecidos pelas empresas. 
 
 
A INTRODUÇÃO DO GOVERNO 
 
 O governo é um agente econômico como outro qualquer. Ele se apropria de 
uma parte da renda social e, com ela, proporciona à sociedade o suprimento 
de bens e serviços de uso coletivo que, de outra forma, não seriam 
disponibilizados. 
EMPRESAS
UNIDADES 
FAMILIARES
c 
d 
a 
b 
 Para realizar suas funções, ele também emprega e remunera fatores de 
produção, interagindo assim com as unidades familiares. E adquire produtos, 
conectando-se com as empresas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Influências da introdução do governo na interação com os demais agentes 
econômicos: 
 Redução do poder aquisitivo e da capacidade privada de acumulação, em 
virtude dacobrança de tributos, que podem penalizar mais a uns em 
detrimento de outros, dependendo a forma como são cobrados. 
 Realocação de renda Através de um sistema de previdência social, o 
governo retira parte da renda da sociedade, tanto das unidades familiares 
quanto das empresas, realocando-a através do pagamento de transferências. 
Exemplos: seguro-desemprego, aposentadorias, licença maternidade, etc. 
 Reconfiguração da procura e da oferta de bens e serviços O governo, 
atuando como agente econômico, acaba por influenciar na economia, seja de 
forma mais efetiva, em economias onde o Estado é mais intervencionista, seja 
de forma mais branda, onde prevalece um sistema mais liberal. 
 
 
EMPRESAS
UNIDADES 
FAMILIARES
GOVERNO
Fatores de produção 
Produtos 
Remuneração dos fatores 
Pagamentos dos 
produtos adquiridos 
Pagamento 
pelos bens e 
serviços 
adquiridos 
Remuneração dos 
fatores empregados 
e transferências 
Bens e 
serviços 
Tributos 
Tributos 
Fornecimento 
de fatores de 
produção 
Fornecimento de bens e serviços 
públicos e investimentos em infra-
estrutura econômica e social 
QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS 
 
 Eficiência produtiva e eficácia alocativa Essas duas primeiras questões 
chaves da economia, tratam de dois elementos cruciais do processo 
econômico: o emprego de recursos escassos e a escolha entre fins 
alternativos. 
 Eficiência significa maximizar o emprego de recursos escassos. Eficácia 
significa otimizar escolhas. 
 Ser eficiente no emprego de recursos (escassos) e ser eficaz na escolha do 
que fazer com eles resumem, assim, as duas questões fundamentais básicas 
com que se defrontam todos os agentes econômicos. 
 Se os recursos à disposição de cada agente econômico fossem ilimitados e 
suas necessidades e aspirações fossem limitáveis, a economicidade da ação 
humana perderia a razão de ser. No entanto, há uma ESCASSEZ de recursos 
em um ambiente onde são ilimitáveis as aspirações da sociedade, gerando 
necessidade, portanto, de se fazer ESCOLHAS. 
 O conceito de necessidades ilimitáveis O desenvolvimento socioeconômico 
não se caracteriza por eliminar, mas por acrescentar novas necessidades às 
preexistentes. Em conflito com as aspirações ilimitáveis, os agentes 
econômicos têm restrições orçamentárias Isso leva a necessidade de se 
fazer escolhas. 
 Nesse sentido, em contraposição à limitação de recursos, as necessidades e 
as aspirações sociais por bens e serviços parecem ser ilimitáveis, não só em 
virtude da crescente diversificação dos produtos que as modernas economias 
são capazes de levar aos mercados, mas também pelos cada vez mais 
sofisticados padrões com que se apresentam e pelos níveis de desempenho 
progressivamente melhores. 
 Logo, bens e serviços que ontem eram supérfluos, ou que atendiam a um 
reduzido de „sofisticados‟, hoje se tornaram necessidades inevitáveis. Assim foi 
com as lâmpadas elétricas, depois com os automóveis, com os 
eletrodomésticos, com microcomputadores e mais recentemente, com os 
celulares. 
 
A EFICIÊNCIA PRODUTIVA: AS CURVAS DAS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 
 
 A idéia de eficiência significar maximizar a utilização dos recursos disponíveis 
em uma determinada economia, a fim de maximizar a geração de riqueza. 
 Pleno Emprego abrange todos os fatores de produção, não apenas o fator 
trabalho. Pressupõe, assim, manter ocupada a totalidade da população 
economicamente mobilizável, utilizar plenamente os bens de capital e os 
recursos naturais disponíveis e operar o processo produtivo segundo os 
melhores padrões tecnológico conhecidos. 
 Limite Máximo da Eficiência É alcançado quando, já operando em pleno 
emprego, não há mais qualquer ociosidade a ser aproveitada. Alcançando 
esse limite, qualquer acréscimo na produção de determinado bem ou serviço 
implicará reduções na produção de outro. 
 Possibilidades de produção existentes Podem ser destinadas a uma 
multiplicidade de combinações de bens e serviços. É difícil determinar qual a 
melhor combinação. As combinações praticadas resultam ou de decisões de 
governantes ou de decisões descentralizadas resultantes da livre atuação das 
empresas e das unidades familiares. A melhor é a que estiver mais ajustada a 
uma escala de necessidades hierarquizadas, definida para a sociedade como 
um todo (escolhas). 
 Sejam quais forem as combinações praticadas e por mais eficiente que seja a 
economia como um todo, há sempre limites para as possibilidades efetivas de 
produção, em virtude da limitação de recursos. Como eles são escassos, 
nunca é possível produzir quantidades infinitas de bens e serviços. As 
fronteiras de produção definem os limites máximos, demonstrando as 
limitações de uma economia. 
 Portanto, duas economias com disponibilidades de recursos distintos terão 
possibilidades de produção diferentes. 
 Exemplo de Curva de possibilidade de Produção: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cada uma das combinações revela limites máximos de produção. Em todas 
elas a economia estará operando no limite superior de sua fronteira de 
produção. Por isso, não há como aumentar a produção de qualquer um dos 
dois bens, sem sacrificar a do outro. Isto significa que qualquer combinação 
envolve CUSTOS DE OPORTUNIDADE. 
 Por exemplo, a aquisição de uma cada de praia envolve um custo de 
oportunidade pela não aquisição de uma casa de campo. 
 De forma análoga, a decisão de se destinar determinado recurso público para 
um investimento também envolvem custos de oportunidade. 
 Dessa forma, a ocorrência de custos de oportunidade, quaisquer que sejam as 
alternativas adotadas, é inexorável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A
B
C
D
E
F
Produção em milhões de unidades / ano
(Limites máximos, em regime de pleno-emprego)
700
750
150
100
50
0
Alternativas
Altenrativas de emprego dos recursos de produção em uma economia imaginária
450
600
Produto X Produto Y
250
200
0
250
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essa curva representa as combinações máximas dos produtos X e Y que a 
economia é capaz de produzir, representando uma espécie de fronteira de 
produção. 
 PONTO O Nesse ponto, a economia reduz a zero sua produção, tanto de X 
quanto de Y. Trata-se de uma situação identificada como de pleno 
desemprego. Obviamente, é uma posição que se configura apenas no plano 
teórico. 
 PONTO Q Neste ponto, a economia está operando com capacidade ociosa, 
indicando uma posição intermediária entre os extremos do pleno desemprego 
e do pleno emprego. Nesse ponto, uma parte dos recursos de produção não 
está sendo mobilizada. Trata-se de situação comum e, de certa forma, 
“normal”. Normalmente, há pessoas desempregadas, algumas até por razões 
voluntárias. Uma parte das máquinas estará parada, ainda que seja para 
operações de manutenção. Outras máquinas estarão sendo subtilizadas. 
Algumas edificações terão espaços ociosos e, na extração de reservas 
naturais, sempre ocorre certa taxa de desperdícios de recursos extraídos. 
 PONTO P Este ponto indica uma posição ideal, mas dificilmente alcançável 
na realidade, representando o pleno emprego dos recursos disponíveis. É um 
dos mais importantes objetivos de qualquer sociedade, tanto do ponto de vista 
econômico como também sociais. Contudo, o alcance do pleno emprego é 
muito difícil, pois sempre se verificará alguma taxa de desemprego, mesmo 
que muito reduzida. Talvez se chegue próximo ao pleno emprego dos recursos 
em períodos de guerra. 
 PONTO R Este quarto ponto notável define um nível impossível de 
produção, relativamente às possibilidades demarcadas pela curva, visto que 
está situada além das fronteiras de produção da economia. O ponto R, ou 
qualquer outro situado à direita da curvaou fora da fronteira, só será 
alcançável em períodos futuros, desde que ocorram deslocamentos positivos 
da curva de possibilidades de produção. 
250 
750 
Y 
X 
700 
600 
450 
250 
50 100 150 200 
R 
P 
Q 
O 
 
 OS DESLOCAMENTOS DAS FRONTEIRAS DE PRODUÇÃO 
 Os deslocamentos das curvas de possibilidades de produção são a 
representação teórica do processo de crescimento econômico. 
 Nas últimas três ou quatro décadas, ocorreram deslocamentos notáveis nas 
fronteiras de produção das economias nacionais a uma velocidade superior à 
das décadas precedentes. 
 Os deslocamentos positivos de possibilidades de produção decorrem de um 
conjunto de fatores, muitas vezes interdependentes. O aumento dos 
contingentes demográficos economicamente mobilizáveis é um deles, e deve 
ocorrer simultaneamente com a melhoria dos padrões de qualificação da 
população mobilizável e ainda com novos investimentos em formação de 
capital – infra-estrutura econômica e social, máquinas e equipamentos, 
instrumentos e ferramentas de trabalho. Deve-se destacar também a 
importância das novas capacitações tecnológicas nesse processo e da 
necessidade da expansão das disponibilidades de recursos naturais. 
 Inversamente, podem também ocorrer deslocamentos negativos das fronteiras 
de produção, em virtude de desastres naturais, guerras ou mesmo crises 
sociais. Exemplo: Peste Negra na Idade Média, que dizimou 25 a 35% da 
população européia. Crise Argentina no início do século XXI. 
 
 
 
A EFICÁCIA ALOCATIVA 
 
 A primeira questão econômica fundamental trata da maximização da utilização 
dos recursos econômicos disponíveis em uma determinada economia. 
 Contudo, não basta apenas utilizar os recursos na geração de riqueza. É 
preciso utilizá-los de forma a gerar o maior retorno possível para a sociedade 
→ Escolha. 
 Exemplo: suponha a decisão de produzir alguns tipos de flores tipicamente 
tropicais em regiões de clima mais frio. Dentro do conceito acima trabalho, o 
recurso terra está sendo utilizado e, portanto, se está sendo eficiente. Contudo, 
essa produção irá necessitar de estufas climatizantes, fertilizantes, etc. A 
produção dessas mesmas flores em uma região tropical dispensaria a 
utilização dessas ferramentas, gerando custos muito inferiores. Seria muito 
mais interessante, nesse caso, utilizar essa terra em um clima frio para 
produzir algo adequado ao clima da região. Portanto, no caso da produção 
dessas flores, podemos dizer que se está sendo eficiente, mas não se está 
sendo eficaz, já que apesar de o recurso econômico (terra) estar sendo 
utilizado, ele não está gerando tanta riqueza quanto poderia caso o utilizassem 
de uma outra forma (escolha). 
 Em uma economia capitalista, quem define o que será produzido? O mercado. 
 
 
 
 
A JUSTIÇA DISTRIBUTIVA 
 
 A justiça distributiva trata de um dos mais complexos aspectos da realidade 
econômica: a repartição dos resultados do esforço social de produção. Há os 
que consideram normal a distribuição desigual de recompensas socialmente 
valorizadas, como a riqueza, o prestígio e o poder: não importam quais sejam os 
limites e os padrões das desigualdades, eles teriam resultado de valoração 
definidas e sancionadas pela própria sociedade. Mas há os que consideram as 
desigualdades, sobretudo quando muito acentuadas, como um dos mais 
perversos efeitos da ordem historicamente estabelecida: somente mecanismos 
revolucionários poderiam quebrar os padrões estabelecidos e romper os círculos 
viciosos que deles decorrem. 
 A desigualdade econômica é uma das características universais das nações. 
Manifestou-se sempre em todas as épocas, e em todas as sociedades, embora 
sob diferentes graus. Não há uma só economia nacional que tenha apresentado 
algum dia ou que apresente hoje padrões distributivos de renda e de riqueza que 
possam ser descritos como de igualdade absoluta. 
ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DE RENDA NO BRASIL, EM 2001 
Classes de 
rendimentos 
% da participação na renda 
agregada 
De cada 
classe 
Taxas 
acumuladas 
10% mais pobres 1 1 
10% seguintes 2,5 3,5 
10% seguintes 3 6,5 
10% seguintes 3,4 9,9 
10% seguintes 4,5 14,4 
10% seguintes 5,7 20,1 
10% seguintes 7,3 27,4 
10% seguintes 10 37,4 
10% seguintes 15,7 53,1 
10% mais ricos 46,9 100 
5% mais ricos 33,7 - 
1% mais rico 13,1 - 
Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti 
 
 A estrutura de repartição da renda no país é de alta concentração. Qualquer que 
seja o ângulo de leitura dos dados, eles revelam a alta discrepância entre as 
parcelas de renda agregada apropriadas pelos mais pobres e mais ricos. 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DE RENDA NO BRASIL, EM 2001, POR GRANDES REGIÕES 
 
 
Classes de 
rendimentos 
% da participação na renda agregada 
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 
10% mais 
pobres 1,4 0,9 1,4 1,3 1,2 
10% seguintes 3,0 2,2 2,5 2,8 2,6 
10% seguintes 3,5 3,5 2,9 3,0 2,8 
10% seguintes 3,8 4,9 3,8 4,0 3,4 
10% seguintes 4,7 5,0 4,8 5,0 4,3 
10% seguintes 5,9 5,3 5,9 6,0 5,2 
10% seguintes 7,4 6,6 7,6 7,7 6,7 
10% seguintes 9,9 9,1 10,5 10,4 9,1 
10% seguintes 15,0 13,8 16,0 15,3 15,2 
10% mais ricos 45,4 48,7 44,7 44,5 49,5 
5% mais ricos 33,1 36,5 31,8 31,8 36,1 
1% mais rico 14,0 15,8 12,6 13,0 14,3 
Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti 
 
 
 
EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DE RENDA NO BRASIL – 1960-2001 
 
Classes de 
rendimentos 
% da participação na renda agregada 
1960 1970 1980 1990 1995 2001 
10% mais 
pobres 1,1 1,2 1,0 0,8 1,1 1,0 
10% seguintes 2,3 2,2 2,1 1,8 2,2 2,5 
10% seguintes 3,4 2,9 2,9 2,2 2,4 3,0 
10% seguintes 4,7 3,7 3,7 3,0 3,2 3,4 
10% seguintes 6,2 4,9 4,3 4,1 4,2 4,5 
10% seguintes 7,7 6,0 5,5 5,5 5,3 5,7 
10% seguintes 9,4 7,3 7,4 7,3 7,2 7,3 
10% seguintes 10,9 9,9 9,9 10,3 10,1 10,0 
10% seguintes 14,7 15,2 15,5 16,3 16,1 15,7 
10% mais ricos 39,6 46,7 47,7 48,7 48,2 46,9 
5% mais ricos 28,4 30,3 32,7 34,6 34,6 33,7 
1% mais rico 12,1 12,5 13,0 13,9 13,9 13,6 
Fonte: IBGE. PNAD 2001. Apud Rossetti 
 
 Verifica-se que, de 1960 a 1990, a renda tornou-se crescentemente concentrada 
no Brasil. Esse processo de aumento da concentração de renda ocorreu tanto 
em condições de grande crescimento econômico, onde se justificava que 
deveríamos primeiro crescer para posteriormente distribuir, como também nos 
anos 80, quando o crescimento econômico diminui sensivelmente. 
 No entanto, com o Real, estabeleceram-se novas condições: o fim do “imposto 
inflacionário” e o aumento dos rendimentos reais dos rendimentos implicaram 
mudanças, ainda que discretas, na estrutura distributiva. Ainda assim, chegamos 
ao final do século XX ostentando um dos piores índices de desigualdade na 
distribuição de renda do mundo. 
 
Desigualdade, Pobreza e Justiça Distributiva 
 A desigual repartição de renda, a pobreza relativa e mesmo a pobreza absoluta 
são aspectos da realidade econômica que parecem estar presentes em todas as 
sociedades, independentemente de seus estágios de desenvolvimento e da 
ordem institucional praticada. 
 Como a desigualdade e a pobreza estão presentes em praticamente todas as 
nações, quais seriam, afinal, seus principais fatores determinantes? 
 Heranças históricas → Há heranças sociais que se perpetuam, embora em graus 
atenuados ao longo do tempo. Um exemplo é o caso da escravidão no Brasil, 
que gera reflexos ainda hoje. 
 Macrocondicionalidades → Modelos de crescimento e de desenvolvimento 
definidos pelo poder político estabelecido podem impactar as estruturas de 
repartição, seja na direção de maior esforço distributivo, seja na maior 
concentração da renda e da riqueza. E os desdobramentos desses modelos 
continuarão a exercer impactos de intensidades e de duraçõesvariadas. 
 Retorno do capital humano → As pessoas que destinaram maior soma de anos 
em sua formação pessoal terão retornos futuros maiores em relação àquelas que 
não optaram ou não puderam acumular esse tipo de „riqueza humana‟. Por 
exemplo, há diferenças expressivas entre os custos e o tempo de preparação de 
um cirurgião e p de um carpinteiro – e os retornos expressos sob a forma de 
rendas recebidas serão também diferentes ao longo das vidas profissionais de 
cada um. 
 Talento e habilidades inatas → Em qualquer sociedade, há indivíduos que se 
destacam por talentos ou habilidades superiores aos da média da população. 
Por exemplo, a capacidade empreendedora é um tipo diferenciado de habilidade 
que pode conduzir à construção de impérios econômicos ao longo de uma vida 
produtiva. 
 Curva da experiência → Na maior parte das atividades humanas, a experiência 
conta como um fator de diferenciação. Os níveis de renda por faixas etárias 
diferenciam-se em todas as sociedades praticamente segundo um mesmo 
padrão. 
 Estoques de riqueza acumulados → A riqueza econômica acumulada, sob a 
forma de fatores de produção ou quotas partes do patrimônio empresarial da 
sociedade, é também um fator que explica porque as rendas diferem. Para 
alguns, estes estoques resultam de rendas poupadas ao longo de toda uma vida 
de trabalho. Para outros, os estoques de riqueza geradores de renda resultam 
de heranças ou de outras formas de transmissão de propriedade de uma 
geração a outra. 
 Poder de mercado → Esse fator de diferenciação é derivado direto de 
imperfeições da concorrência e dos processos de competição. Pessoas que se 
encontram em posições monopolistas têm capacidade para aumentar suas 
rendas por seu poder de mercado. 
 Heterogeneidade ocupacional → A escolha da profissão ou a desigualdade de 
oportunidade para escolhê-la é um dos fatores que, associados a educação, 
mais explicam a desigualdade de rendimentos das pessoas ativas. O mercado 
de trabalho não remunera igualmente profissionais da mesma área, atribuindo-
lhes diferentes níveis de reconhecimento e de capacitação presumida. 
 Discriminação → A discriminação, notadamente a motivada por sexo e cor, tem 
alta importância como fator explicativo das diferenças de renda e de riqueza. 
 
 Visto isso, o que pode ser considerado, portanto, justiça distributiva? 
 Uma das mais conhecidas pistas para responder a estas questões foi indicada 
por J. Rawls, em A Theory of Justice, em 1971. São dois critérios estabelecidos 
pelo autor de justiça distributiva: o da maximização da renda mínima e o 
princípio da diferença. 
 O primeiro implica que a estrutura da repartição seja tal que o mais pobre dos 
indivíduos tenha padrões mínimos de bem-estar, o que significaria a inexistência 
de indivíduos abaixo da linha de pobreza. 
 O segundo implica que as diferenças de renda reproduzam padrões de eficiência 
agregada que maximizem o bem-estar de todos, através de um padrão de 
desigualdade que premie capacidades e esforços diferenciados.

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