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Psicologia Social 1 - Aulas 1 a 10

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Psicologia Social 1
Aula 1: Introdução a Psicologia Social (Conceito, método, características e aplicações)
Conceito: A Psicologia Social é a ciência que estuda a forma como as pessoas se influenciam e se relacionam entre si. Em outras palavras, é uma ciência empírica procurando explicar o comportamento social do ser humano. De tal forma, a Psicologia Social, em contraste com a Sociologia, tem um foco de estudo mais individualista e uma metodologia mais experimentalista.
Influência: Todos nós somos influenciados por outras pessoas. Muitas vezes nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos são influenciados pela simples presença de alguém. Mesmo que a pessoa não se encontre fisicamente presente, ainda assim, podemos ser influenciados por ela. É surpreendente como a expectativa em relação ao comportamento do outro (ou seus pensamentos ou sentimentos) pode igualmente modificar nossas ações. Não podemos negar que todos nós contamos, nas nossas vidas, com a influencia de pessoas importantes e significativas, como os nossos pais e amigos. Assim, por exemplo, quando tentamos tomar decisões que, de alguma forma, os fariam sentir orgulho de nós, estamos sendo fortemente influenciados por eles.
"A maior parte da nossa vida é passada em contato com outras pessoas, seja por escolha, seja por imposição das circunstâncias. Relacionamo-nos com nossos familiares, com nossos amigos, com nossos colegas na escola e no trabalho, com as pessoas que nos prestam ou a quem prestamos serviços e, quando não podemos de todo evitar, com pessoas de quem não gostamos, e até com inimigos." (Rodrigues, 2005, p.9)
Fenômenos Psicológicos: A partir dos relacionamentos com os outros, que vimos anteriormente, podemos observar uma grande variedade de fenômenos psicológicos, tais como:
Cooperação
Altruísmo
Agressão 
Competição
Todos estes fenômenos são objeto de estudo da Psicologia Social,  principalmente o indivíduo em sociedade e não a sociedade propriamente dita. O fato de sermos animais sociais que precisamos do relacionamento com o outro, faz com que nosso pensamento e comportamento sejam afetados por esta realidade. Cabe à Psicologia Social estudar como este convívio acontece e quais são as leis gerais que o dirigem, assim como quais são as consequências deste processo de interação social dentro de uma sociedade com uma cultura, uma história e uma economia própria. Dito isto podemos resumir como Rodrigues, Assmar e Jablonski afirmam:
"Psicologia Social é o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social)." (Rodrigues et al., 2000, p.13)
Interações humanas: É importante ressaltar o que destaca os estudos das interações humanas realizados pela Psicologia Social, das afirmações sobre o comportamento social, feitas por filósofos, poetas e qualquer conhecimento proveniente do sentido comum, é que a Psicologia Social se fundamenta principalmente no método científico e não em meras impressões ou intuições. 
As afirmações provenientes do sentido comum, embora possam ser verdadeiras, carecem de comprovação sistemática e não podem ser consideradas como conhecimento sólido e confiável.
Método experimental: O psicólogo social, ao utilizar o método experimental, cria situações sociais para observar seus efeitos no comportamento do indivíduo. De tal forma, o conhecimento derivado da pesquisa científica, em Psicologia Social, pode ser aplicado no entendimento e na solução de problemas sociais específicos. No entanto,  é uma importante perspectiva da qual podemos fundamentar diversas compreensões, mas sempre considerando  não ser a única forma existente para explicar os fenômenos psicológicos e sociais.
Passos da Psicologia Social: A Psicologia Social tem uma longa história, pois os seus interesses e fundamentos epistemológicos remetem a filósofos das civilizações clássicas que alimentaram as raízes da cultura ocidental. No entanto, considerando a Psicologia Social a partir da implementação de métodos e técnicas de pesquisa, entendemos esta área como caracteristicamente contemporânea.
Vejamos:
1898 – Os primeiros experimentos foram relatados.
1924 – Publicação do primeiro texto.
1930 – A Psicologia Social assumiu a forma que conhecemos hoje.
Pós 2ª Guerra Mundial – A Psicologia Social começou a se destacar como o campo significativo que é hoje, com a divulgação de um vasto volume de pesquisas.
Características da Psicologia Social: Para entendermos melhor esse campo de conhecimento, vejamos as principais características da Psicologia Social, que destacam seu caráter científico e prático. Assim,  teremos uma visão mais clara do seu objeto de estudo e como o mesmo é abordado.
Segundo Helmuth Krüger (1986), os aspectos mais característicos da Psicologia Social são sete: individualismo, experimentalismo, microteorização, etnocentrismo, pragmatismo (ou utilitarismo), cognitivismo e a-historicismo.
O termo individualismo refere-se à orientação utilizada pelos psicólogos sociais ao determinar o objeto de pesquisa. Esta orientação dominante se evidencia no estudo de processos psicológicos individuais, relacionados com estímulos e situações sociais. Aqui, se destaca não somente o fato de que cada caso é um caso, como entendemos também que o sujeito particular representa o seu principal objeto e fonte de estudo. A Psicologia Social procura explicar porque, depois de anos de prisão política, uma pessoa exala amargura enquanto outra, como Nelson Mandela, da África do Sul, trata de seguir em frente e luta pela união de seu país.
Em relação ao experimentalismo, podemos dizer que o uso da metodologia experimental permite confiar mais nos resultados obtidos, através de pesquisas em Psicologia Social. É, especialmente, desta forma, que a Psicologia Social se destaca principalmente do senso comum. Na verdade, as teorias não descrevem apenas o óbvio, elas muitas vezes oferecem uma nova percepção da condição humana. Alguns autores como D. Myers (2000) afirmam que a Psicologia Social enfrenta duas críticas contraditórias: por um lado é considerada como trivial porque muitas vezes documenta o que parece ser óbvio; por outro lado, ela é vista como uma ciência perigosa porque o conhecimento que dela se deriva, pode ser usado para manipular as pessoas. “Uma teoria de primeira classe prevê; uma teoria de segunda classe proíbe; e uma teoria de terceira classe explica depois do evento” (Aleksander I. Kitaigorodskii apud Myers, 2000, p. 8). Com esta citação queremos enfatizar que a Psicologia Social procura, na verdade, a construção de conhecimento sólido que nos permita estabelecer soluções confiáveis para situações reais e a possibilidade de realizar predições sobre as mesmas.
Na verdade, o conhecido fenômeno do ‘eu sempre soube disso’ cria problemas para muitos psicólogos e estudantes de psicologia. Esse fenômeno consiste na falsa impressão de que as descobertas da psicologia, e especificamente de Psicologia Social, parecem uma simples questão do senso comum. Contudo, temos que entender que precisamos da ciência para nos auxiliar a diferenciar a realidade da ilusão, as previsões genuínas da fácil visão posterior, já que, como dizia Sherlock Holmes, “É fácil ser sábio depois do fato”.
A microteorização é um outro aspecto importante da Psicologia Social contemporânea. Nesta ciência, como Krüger (1986) destaca, não é comum encontrar teorias abrangentes. Esta característica tal vez seja consequência de uma série de fatores, tais como, a falta de consenso entre especialistas em relação à imagem básica do homem; a particular dispersão temática da Psicologia Social; a infeliz falta de continuidade em muitos dos programas de pesquisa ou o abandono prematuro dos mesmos.
Os psicólogos sociais propõem teorias que organizam suas observações e indicam previsões práticas e hipóteses que podem ser testadas. Assim, ao estudarmos a natureza humana para descobrir os seus segredos, organizamos nossas ideias e descobertas em teorias.Por outro lado, as declarações feitas e aceitas sobre a realidade constituem os fatos. Portanto, as teorias são ideias que resumem e explicam os fatos. Desta forma, a ciência é feita de fatos que são organizados de forma sistemática e consistente para poder representar adequadamente a realidade. Mas as teorias não apenas resumem a realidade, elas também indicam previsões que podem e devem ser testadas, conhecidas como hipóteses. Então, estas hipóteses são a forma de testar as teorias nas quais são baseadas e dão direção à metodologia utilizada.
Com esta característica, pretendemos ressaltar a orientação, predominantemente americana, imprimida nesta ciência. O epicentro da Psicologia Social, segundo Michael Bond (1988) encontra-se nos Estados Unidos. Este caráter ocidental se evidencia no desenvolvimento de conceitos a partir de uma determinada tradição cultural e no estudo de temas que são particulares da dita sociedade. Desta característica derivam-se duas dificuldades. Em primeiro lugar, o etnocentrismo na Psicologia Social afeta a validade externa da sua produção científica, impedindo a derivação de hipóteses e teorias generalizáveis ao menos no plano transcultural. Em segundo lugar, o etnocentrismo leva à falta de entendimento, em outras sociedades fora, principalmente, dos Estados Unidos, dos conceitos, derivações teóricas, esclarecimentos e derivações práticas relacionados com processos psicossociais. Já que as pesquisas básicas e aplicadas produzem o duplo resultado do esclarecimento e da tecnologia, os psicólogos sociais devem procurar sempre ser mobilizados pelas expectativas dos membros da sua sociedade. Segundo Krüger, o ideal seria que:
 “(...) houvesse uma orientação que contemplasse o interesse científico pela obtenção de hipóteses e teorias psicossociológicas de aplicação transcultural, ao mesmo tempo que os recursos intelectuais e técnicos de que os psicólogos sociais são dotados viessem a ser colocados à disposição de projetos de desenvolvimento social” (Krüger, 1986, p. 7)
Ou seja, deveria existir uma integração entre sua produção de conhecimento da Psicologia Social e o grupo sociocultural em cuja produção é fundamentada, de maneira que as diversas conclusões possam ser sempre contextualizadas e com derivações práticas significativas para a sociedade.
Pragmatismo ou utilitarismo: Concordamos com o grande cientista francês, Louis Pasteur, que afirma não existir tal coisa chamada de ciência aplicada, o que existe é a aplicação da ciência. Em outras palavras, o que a ciência faz é  descobrir primeiro as leis que regem os fenômenos, constituindo objeto de seu estudo. Seguidamente, procura aplicar esse conhecimento a situações da vida real. No entanto, a Psicologia Social, segundo Krüger, pode ser vista de forma diferente. Após entender os fenômenos estudados através da metodologia científica, o psicólogo social deve procurar como aplicar as suas descobertas científicas a problemas específicos de ordem prática. 
Esta característica é especialmente verificada, sobretudo, em períodos ou épocas de conflito social, momento no qual se evidencia um direcionamento mais utilitarista, no fomento da pesquisa, na maioria dos campos científicos.
Cognitivismo:
“Na Psicologia Social, o cognitivismo insere-se na esteira deixada pela Teoria de Campo, de Kurt Lewin, bastando uma simples inspeção de manuais introdutórios para se alcançar uma ideia de sua marcante presença neste domínio científico” (Krüger, 1986, p. 7). 
 A realidade social é uma coisa que interpretamos de um modo subjetivo. Assim, as pessoas reagem de maneiras diferentes porque, em parte, pensamos de formas diversas. Além do mais, nossas convicções a respeito de nós mesmos são também particulares e importantes do jeito como nos relacionamos com os outros. Diversas teorias importantes, da Psicologia Social, podem ser caracterizadas desta forma. Os psicólogos sociais estudam o processo cognitivo pelo qual formamos impressões sobre nós mesmos, em relação ao mundo social, onde vivemos, assim como sobre o ambiente social ao qual pertencemos.
A última característica da Psicologia Social, ressaltada por Krüger (1986), é o seu a-historicismo. Para o historicismo, todo comportamento deve ser revisado e entendido à luz de processos históricos de formação. Quando retiramos da história os fenômenos que estudamos, eles passam a ser fixados em categorias irremediáveis e imutáveis. Para o a-historicismo, o modo de realizar pesquisas deve fixar o objetivo principal na influência de estímulos e situações imediatas, relacionados diretamente com as manifestações comportamentais observadas. Em outras palavras, a preocupação do psicólogo social não é tanto a origem dos comportamentos apresentados, mas a sua correlação com circunstâncias observáveis. Uma vez entendida a forma de trabalho e a maneira que a Psicologia Social tem de se aproximar ao seu objeto de estudo, ressaltaremos a variedade de aplicações e campos de trabalho desta ciência.
Aplicações da Psicologia Social: Vários são os setores nos quais podem ser aplicados os conhecimentos produzidos pelas pesquisas. Em geral, todas as situações que envolvem interação entre pessoas podem se beneficiar de achados da Psicologia Social. No entanto, os ensinamentos  são muitas das vezes incorporados por outras áreas do saber e passam a ser utilizados em suas respectivas atividades sem fazer justiça à sua origem, já que não é dado o crédito merecido à Psicologia Social. Em geral, os conhecimentos fornecidos servem de orientação no entendimento e na solução de problemas concretos que devem ser encarados com todas as suas particularidades, já que cada caso é um caso.
Assim, podemos citar alguns setores em que encontramos importantes aplicações desta ciência. São eles:
Educação
Direito
Política
Saúde
Exemplos práticos da Psicologia Social:
Exemplo 1: Os achados da Psicologia Social, nas áreas de cooperação e competição e de atribuição de causalidade, podem ser aplicados a situações concretas da atividade escolar. Afinal de contas, o ambiente escolar é rico em interações sociais. Professores interagem com os alunos, estes interagem entre si e toda a equipe de diretores, coordenadores, orientadores, psicólogos e professores além de outros funcionários precisam estar interagindo entre eles, continuamente.
Exemplo 2: Outro importante exemplo de relacionamento interpessoal é encontrado na relação médico – paciente, onde é obvio que a Psicologia Social tem muito para contribuir. Mas é importante destacar que a Psicologia Social não dita ao clínico como fazer uso dos conhecimentos psicossociais, em sua atividade, no consultório. Acreditamos que um clínico possuindo o conhecimento, derivado das pesquisas da Psicologia Social, encontrará importantes considerações para sua atividade, em cada caso concreto, que faça parte da sua atividade profissional.
Aula 2: Percepção social e comportamento social
Comportamentos: A ampla pesquisa na área de comportamento interpessoal nos leva a entender, através da Psicologia Social, os diversos comportamentos manifestos nas dinâmicas dos processos interativos dos sujeitos sociais. Neste campo, encontramos vários tópicos de destaque, como, por exemplo, a definição e o estudo da proxêmica, da comunicação não verbal, da personalidade e da interação social, como veremos nas próximas telas. 
Em relação ao estudo da proxêmica observamos pesquisas sobre as distâncias físicas que mantemos com outras pessoas e grupos em relação a diversos fatores como sexo, status, papel social, entre outros.Em outras palavras, o quão próximos nos colocamos dos outros, em função de diversos elementos determinantes do grupo social. Muitas vezes, mantemos uma proximidade maior daquelas pessoas que representam papeis sociais semelhantes ao nosso, ou das pessoas que realizam atividades sociais complementares à nossa. Como, por exemplo, quando vamos almoçar com colegas que exercem o mesmo cargo que nós. Assim, dentro da sala de aula, é normal nos sentirmos mais próximos de nossoscolegas do que do nosso professor, pois ainda que ele se posicione de maneira acessível à turma, o papel por ele desempenhado no momento, não permite uma proximidade total com o grupo de alunos. Mas, talvez, em outro ambiente, como, por exemplo, em uma confraternização, os alunos possam se sentir mais próximos de seus professores. Em relação a isto, Helmuth Krüger (1986, p. 55) aponta:
“Presume-se que as pessoas tendem a preservar distâncias médias estabelecidas pelo grupo social do qual façam parte, nas diversas situações interativas de que venham a participar. Desse modo, é de supor que haja a tendência à manutenção de espaços considerados (social e culturalmente) convenientes entre leitores de bibliotecas, doentes hospitalizados, passageiros de elevadores e professores e alunos em salas de aula”.
Conceitos e fatores do comportamento social: Na verdade, como o domínio da pesquisa da Psicologia Social sobre a interação social carece de teorias gerais, é necessário recorrer a conceitos e definições de fatores centrais que participam no comportamento social interpessoal. Na continuação, destacamos alguns desses conceitos e fatores básicos.
Percepção da pessoa: Em termos gerais, o ato de perceber implica a possibilidade de tornar conscientes informações dos estímulos ambientais decodificadas pelos nossos órgãos sensoriais. Por outro lado, este processo perceptivo não pode ser considerado como linear ou passivo. A percepção implica a construção destas informações de forma que as mesmas passem a ser significativas para o sujeito que as percebe. Krüger (1986) identifica esta condição da percepção como a subjetividade do processo perceptivo.
Desta forma, entendemos como percepção de pessoa as contribuições de cada um de nós na obtenção de informações dos objetos examinados. Para tornar consciente e dar sentido às sensações provenientes do mundo externo, todos os sujeitos interpretam com certo grau de subjetividade, dando sentido a todas essas informações. Esta subjetividade da percepção de pessoa pode ser definida através de várias particularidades, como veremos a seguir.
Particularidades: A subjetividade da percepção de pessoa pode ser caracterizada de acordo com a sua:
Seletividade:
Qualidade de ser organizada e significativa: 
Categorização:
Formação de impressões:
Comunicação não verbal: Normalmente, prestamos enorme atenção ao que o outro fala quando interagimos. Mas, na verdade, as palavras que ouvimos não representam a totalidade do que percebemos no momento. Existem outras fontes de informação muito importantes além da fala que, muitas das vezes, percebemos sem tomar plena consciência delas. Estamos nos referindo à comunicação não verbal que vem sendo estudada de forma significativa para desvendar como as pessoas se comunicam, seja intencionalmente ou não, sem o emprego das palavras. As fontes de informação mais importantes aqui estão representadas pelas expressões faciais, o tom de voz, os gestos, a linguagem corporal, e o modo de olhar. Segundo Aronson et al. (2002), a comunicação não verbal serve a vários fins. Através dela podemos expressar emoções, transmitir atitudes, opiniões e preferências, comunicar traços de personalidade e facilitar a comunicação não verbal complementando a mensagem falada. Certamente, o comportamento não verbal nos fornece diferentes pistas que contribuem de forma significativa na construção de nossas impressões gerais sobre os outros. Existem várias outras formas de comunicação não verbal obedecendo a fatores culturais. Assim, temos o contato do olhar, o espaço pessoal, o toque físico, os gestos das mãos e cabeça, entre outros. Desta forma, como Aronson, Wilson e Akert (2002) destacam, o fenômeno da comunicação acaba acontecendo por uma multiplicidade de canais, permitindo-nos obter informações completas e complementares da mensagem que está sendo transmitida.
Expressões faciais: As expressões faciais representam o ponto forte da comunicação não verbal. Elas vêm recebendo atenção e sendo pesquisadas desde longa data. O próprio Charles Darwin (1872) escreveu um livro sobre este assunto destacando as expressões emotivas tanto em animais como em humanos. Segundo Darwin, as expressões primárias transmitidas pelo rosto são universais. Em outras palavras, os animais de uma mesma espécie expressam as emoções da mesma forma e os outros conseguem interpretá-las com a mesma precisão. Este processo de codificação e decodificação das emoções pelas expressões faciais estaria relacionado, segundo o autor, com o fenômeno da evolução e não com fatores culturais. Para Darwin, as expressões faciais foram adquirindo uma função adaptativa e, por tanto, a expressão de certos estados emocionais acaba tendo, na verdade, um valor de sobrevivência para a espécie. Por este motivo, a maioria dos autores, hoje, coincide em afirmar que existem pelo menos seis grandes manifestações emocionais: raiva, felicidade, surpresa, medo, nojo e tristeza. A decodificação de fotos de pessoas representando facialmente estes seis tipos de emoções é feita com precisão, independentemente, do grupo cultural dos facialmente estes seis tipos de emoções é feita com precisão, independentemente, do grupo cultural dos indivíduos fotografados ou de quem os decodificam. No entanto, Paul Elkman e seus colegas (1969 apud Aronson et al, 2002) notaram existirem regras de manifestações das emoções determinadas por fatores culturais. Estes autores destacaram que manifestamos de forma específica nossas emoções dependendo do grupo cultural ao qual pertencemos. Assim, por exemplo, na cultura americana, os meninos são desestimulados a expressar tristeza de forma aberta como o choro. Já em outras culturas como no Japão, as mulheres não devem exibir um sorriso largo e completo.
Atribuição de causalidade: A teoria de atribuição de causalidade analisa como explicamos o comportamento das pessoas. Apesar de existirem diferentes variações desta teoria elas compartilham vários pontos em comum. Nas teorias de atribuição encontramos, normalmente, dois grupos de fatores relevantes: os fatores ambientais e os fatores pessoais ou de personalidade. Estes dois grupos podem exercer pressão em conjunto ou não, e a dinâmica resultante se manifesta no comportamento observável. Um dos grandes representantes das teorias de atribuição, Fritz Heider (1958), observou como as pessoas explicam os eventos cotidianos e concluiu que a maioria tem a tendência de atribuir o comportamento dos outros a causas externas (fatores ambientais, situacionais) ou causas internas (fatores pessoais, características da pessoa). Esta diferenciação entre os dois grupos de fatores/causas se torna, muitas das vezes, pouco clara, já que em muitos casos fatores externos podem produzir mudanças internas. Por exemplo, quando afirmamos que alguém é pouco capaz (atribuição pessoal) quando na verdade as condições do ambiente e das circunstâncias são as responsáveis pela falta de motivação dessa pessoa (atribuição situacional).
Erro fundamental de atribuição: Na atribuição de causalidade existe um tipo de erro que muitas vezes realizamos quando tentamos explicar porque alguém fez o que fez. É chamado de erro fundamental de atribuição. Em muitas ocasiões consideramos que os outros são responsáveis pelo que acontece e quando se trata de nós mesmos, consideramos que as nossas ações foram determinadas pelas circunstâncias. Da mesma forma, quando nos referimos a nós mesmos usamos verbos que descrevem as nossas ações, já quando falamos de outra pessoa temos a tendência de usar o verbo ser, como por exemplo, “ele é pouco interessante”. Em outras palavras, existe uma distorção na maneira como explicamos o comportamento dos outros, onde muitas vezes ignoramos importantes determinantes situacionais. Isto pode ser explicado através da diversidade de perspectivas e percepção situacional. Existe uma perspectiva diferente quando analisamos o nosso comportamento e de quando analisamos o comportamento dos outros. Ao agirmos, o ambiente exige a nossaatenção. Já quando observamos o que outra pessoa faz, é ela quem ocupa nosso centro de atenção e por este motivo, ela parece responsável por tudo o que acontece. Adicionalmente, o tempo pode alterar nossas perspectivas sobre a explicação de nosso comportamento ou do comportamento dos outros. Com o passar do tempo, consideramos que os determinantes do comportamento são mais relativos a fatores externos, às circunstâncias. Outro fator que contribui no erro de atribuição é a cultura. Em uma visão do mundo ocidental é mais frequente considerar que os determinantes do comportamento são pessoais mais do que circunstanciais. Segundo Myers (2000, p. 47): “Na cultura ocidental, à medida que as crianças crescem, tendem cada vez mais a explicar o comportamento a partir das características pessoais dos outros”.
Teoria da inferência correspondente: O pai da teoria da atribuição, Fritz Heider (1958), destacou assim, que as atribuições internas são particularmente atraentes para os observadores. Este fato constitui o ponto de partida da teoria da inferência correspondente, formulada por Edward Jones e Keith Davis (1965). Muitas das vezes, frente a uma história ou relato de alguém, costumamos inferir aquilo que desconhecemos, como os motivos internos ou as características de personalidade dos envolvidos. Assim, consideramos que as verdadeiras causas por trás do acontecido estão relacionadas com fatores pessoais e passamos a explicar os atos através de disposições internas.
Exemplo: Imagine você no supermercado fazendo as compras da semana quando encontra uma senhora de aproximadamente 35 anos, brigando com uma criança de mais ou menos 4 e que aparenta ser sua filha. O que você pensa a respeito dessa suposta mãe? Na maioria das vezes, quando não presenciamos o acontecimento anterior, consideramos a mulher pouco paciente ou muito estressada e que briga com o filho por todas estas condições internas.
Modelo de covariação: Outra teoria que tenta explicar este processo de atribuição causal é o modelo de covariação, proposto por Harold Kelley (1967) que se preocupou em explicar como decidimos em fazer uma atribuição interna ou externa. Esse pensamento coincide com o do Heider ao supor que no processo de atribuição, reunimos informações que nos facilitam poder chegar a uma conclusão.  Estes dados são variações do comportamento do sujeito avaliado ao longo de certo tempo. Ou seja, para poder explicar porque alguém fez o que fez, podemos usar informações relativas à maneira como o sujeito vem agindo.
Para Kelley (1967), existem três tipos de informações que podemos usar. São eles:
Consenso: Informação relacionada à forma como a pessoa avaliada se comporta frente ao mesmo estímulo.
Distintividade: A informação distintiva refere-se como o sujeito avaliado reage frente a outros estímulos.
Consistência: Descreve a frequência com a qual o comportamento observado frente ao estímulo específico se apresenta em tempo e em situações diferentes.
Comparando as teorias: Para as duas teorias apresentadas, a da inferência e a de covariação, as atribuições causais são feitas de forma racional e lógica. Mas porque nos parece que nossas impressões são corretas quando na maioria das vezes elas acabam sendo erradas? Segundo Aronson, Wilson e Akert (2002, p. 84) este fato pode ter várias razões. Destacamos algumas: 
Em primeiro lugar, vemos as pessoas em um número limitado de situações e, por tanto, nunca temos a oportunidade de verificar que as nossas impressões estão erradas.
Em segundo lugar, muitas vezes não percebemos que nossas atribuições são erradas porque, sem notar, fazemos com que elas se transformem em realidade. Este fenômeno é conhecido como profecias autorrealizadoras. 
Isto acontece quando interagimos de tal forma com as pessoas que elas acabam reagindo a nós da maneira que esperamos. Por exemplo, podemos cumprimentar secamente a alguém que consideramos antipático e esta pessoa acaba cumprindo com as nossas expectativas, sendo antipático conosco pelo jeito pouco sociável com o qual nos aproximamos.
Em terceiro lugar, talvez deixemos de compreender que estamos enganados se várias outras pessoas concordem a respeito do que outra é (ainda que estejamos errados).
Aula 3: A Formação do Ser Social
Autoconceito: O autoconceito representa as crenças específicas pelas quais definimos quem somos. Representa nossos autoesquemas, ou seja, os modelos mentais que utilizamos para representar o que somos para nós mesmos. Estes autoesquemas afetam de forma significativa a maneira como processamos as informações sociais. Assim, a forma como percebemos, lembramos e julgamos os outros e a nós mesmos, depende desses autoesquemas. Por exemplo, se me considero muito capaz intelectualmente, terei uma grande tendência a avaliar aos outros em termos de capacidade intelectual. Terei uma forte inclinação em lembrar eventos relativos à atividade intelectual e me apresentarei como mais disponível a informações coerentes e relativas a este autoesquema.
Exemplos: De acordo com o que vimos anteriormente, os autoesquemas constituem o autoconceito e facilitam a recuperação e a classificação das informações que chegam até nós. Assim, as nossas experiências são, em parte, determinadas pelo autoconceito. Um exemplo claro deste fenômeno está representado pelo efeito de autorreferência onde o nosso Eu acaba influenciando a nossa memória. A maioria das nossas memórias se forma em torno de nosso interesse primário que somos nós mesmos. Vejamos, a seguir, alguns exemplos disto.
O "Eu": O sentido do Eu se encontra no centro de nossos mundos. Assim, podemos nos ver como atores principais das nossas vidas e tendemos a nos ver como o palco central, como os protagonistas, e superestimamos o grau em que o comportamento dos outros está relacionado com nós mesmos. Este fenômeno passa a ser mais evidente em crianças as quais reconhecemos como egocêntricas. Mas, o egocentrismo é uma característica presente em maior ou menor extensão, em todos nós. Na verdade, os autoconceitos incluem não somente os autoesquemas em relação a nossa identidade atual. No autoconceito podemos incluir também os “eus possíveis”, ou seja, o que gostaríamos ou desejamos ser no futuro. Além do mais, os autoconceitos englobam diversas características em diversos contextos, e assim, o conjunto como um todo determina como nos sentimos com nós mesmos.
Desenvolvimento do "eu" social: A socialização é um processo de preparação das pessoas para o desempenho de papéis sociais, e para isto elas devem desenvolver habilidades psicológicas e físicas de maneira a serem capazes de preencher expectativas comportamentais do grupo ao qual pertencem.
Origem do autoconceito: Diversos estudos apontam para vários fatores, entre eles os genéticos e os sociais. Na compreensão deste processo, Myers (2000) destaca diversas experiências, tais como, os papéis que desempenhamos as comparações sociais, as experiências de sucesso e o fracasso, os julgamentos das outras pessoas e as relações do indivíduo com a sua cultura, como veremos a seguir.
Papéis Sociais: No caso dos papéis que desempenhamos dentro de nosso grupo social, podemos entender como progressivamente aprendemos e desenvolvemos aspectos de nós mesmos. Isto pode ser observado especialmente ao assumirmos um novo rol. No começo, podemos nos sentir um pouco constrangidos, mas progressivamente incorporamos esse papel no nosso Eu. Os papéis sociais são sistemas de prescrições comportamentais objetivos com conteúdo socialmente definido. O aprendizado destes papéis sociais confirma o processo de socialização que acontece de maneira contínua, ao longo da existência de cada indivíduo no seu grupo social. Em toda sociedade, estes papéis são diferenciados segundo sexo, idade, gênero, parentesco, diversas atividades de subsistência e convivência, e nas relações de poder. Além do mais, os indivíduos experimentam vários ritos de passagem quando transitam de um papel social para outro. Este processo de socialização acontece através daintervenção de pais, companheiros e adultos de uma forma geral. Estes agentes de socialização influenciam as crianças e os adolescentes durante o desenvolvimento de papéis sociais básicos.
Comparações Sociais: Sobre as comparações sociais, Myers (2000) ressalta como elas moldam a nossa identidade. Na verdade, o autoconceito não se compõe unicamente pela identidade pessoal, mas também pela nossa identidade social. E assim, a identidade social de quem somos implica, de alguma forma, uma definição de quem não somos. Ainda quando nos sentimos parte de um grupo, temos consciência de nossa particularidade. Assim, sempre estamos nos comparando com as outras pessoas ao nosso redor e isto, por sua vez, nos permite entender melhor como diferimos deles.Como Myers observa: “num lago pequeno, um peixe sente-se maior” (Myers, 2000, p. 23).
Experiências: Em relação às experiências de sucesso e de fracasso podemos entender que as mesmas alimentam o autoconceito. Estas experiências cotidianas permitem que os indivíduos se autoavaliem. Assim, ao assumir tarefas desafiadoras e ter sucesso possibilita nos sentir mais competentes. Este é o princípio de que o sucesso alimenta a autoestima. Em contraparte, problemas e fracassos parecem causar baixa autoestima. E, segundo diversas pesquisas, esta baixa autoestima pode causar problemas. Podemos pensar então que os sentimentos seguem, até certo ponto, a realidade.Como Myers destaca: “A autoestima vem não apenas de dizer às crianças como elas são maravilhosas, mas também das realizações conquistadas com esforço” (Myers, 2000, p. 24).
Autocontrole percebido: O autoconceito influencia o comportamento. Desta forma, o autocontrole percebido é muito importante na forma como enfrentamos as coisas. O autocontrole percebido difere da noção de autocontrole em si. De fato, o autocontrole exercido com esforço pode esgotar as reservas de resistência que um indivíduo tem frente a uma determinada situação. Quando tentamos nos autocontrolar para resistir a uma determinada tentação ou a uma determinada condição, os esforços realizados são muitas das vezes ineficazes e acabamos nos dando por vencidos. O autocontrole percebido é mais do que o esforço realizado para lutar contra, ele representa a nossa percepção do quão forte podemos ser. Este conceito está relacionado com a teoria da autoeficácia de Bandura (1997). Para este autor, uma convicção positiva das nossas possibilidades é altamente benéfica, pois permite que o indivíduo seja mais persistente e mais centrado nos seus objetivos.
De acordo com o que você viu anteriormente, podemos dividir as pessoas em dois grandes grupos:
Aqueles que apresentam um desamparo adquirido: No primeiro grupo temos as pessoas deprimidas que se tornam passivas porque acreditam que seus esforços não têm qualquer efeito. Nestas pessoas predomina um sentimento de perda de controle sobre o que fazem e como consequência os eventos desagradáveis se tornam profundamente estressantes.
Aqueles que se apresentam com determinação: No segundo grupo temos pessoas que assumem o comando da própria vida para procurar realizar todo o seu potencial. Estes sentimentos estão demonstrados que aumentam a saúde e a sobrevivência. Pessoas deste grupo são bem menos ansiosas e menos deprimidas, se adaptam com maior facilidade e superam expectativas no desempenho das tarefas que realizam.
Tendenciosidade personalista: A tendenciosidade personalista é o viés que adotamos quando justificamos nossos atos ou quando nos comparamos aos outros. Com muita frequência aceitamos créditos quando nos informam de nossos sucessos, mas somos altamente resistentes a aceitar os nossos fracassos. Quando fracassamos colocamos a culpa fora de nós. Em relação a comparações é interessante observar que a maioria das pessoas se considera melhor do que a média. Também apoiamos a autoimagem atribuindo importância às coisas em que somos bons. Mais ainda, temos uma particular tendência em aumentar a autoimagem distorcendo a extensão em que os outros pensam sobre nós. É por isto que em questões de opinião encontramos apoio para nossos pensamentos superestimando o grau em que os outros concordam conosco. Myers (2000, p. 35) reúne algumas das explicações para estas diversas tendenciosidades personalistas: “(...) o indicador de autoestima nos alerta para a ameaça de rejeição social, motivando-nos a agir com maior sensibilidade para as expectativas dos outros. Estudos confirmam que a rejeição social baixa nossa autoestima, o que reforça nossa ansiedade por aprovação. Rejeitados ou desprezados, sentimo-nos sem atrativos ou inadequados. Essa dor pode motivar esforços para melhorar e uma busca por aceitação em outro lugar”. Desta forma, podemos entender que a tendenciosidade personalista pode ser vista como um importante fator adaptativo das pessoas, permitindo que as mesmas se protejam da depressão e da rejeição social. Mas, por outro lado, a tendenciosidade personalista pode ser vista também como um fator desadaptativo. Nesse caso, pessoas que culpam os outros pelos seus fracassos ou dificuldades sociais são, com frequência, mais infelizes daquelas que conseguem reconhecer seus erros. Além do mais, os reveses personalistas também inflam os julgamentos que as pessoas fazem de seus grupos, achando que seu grupo é melhor que os dos outros.
Administração da imagem: Existe assim uma preocupação importante por parte de cada um de nós em relação à autoimagem. Em diversos graus, estamos sempre administrando as impressões que criamos nos outros. Não podemos esquecer que, afinal de contas, somos animais sociais e precisamos do outro para nos reafirmar. A autorrepresentação relaciona-se com a nossa necessidade de representar tanto para uma audiência externa, confirmada pelas outras pessoas, como para uma audiência interna, confirmada por nós mesmos, tudo isto com a finalidade de escorar a autoestima e de confirmar a autoimagem. A nossa consciência sobre o outro faz com que muitas vezes ajustemos nosso comportamento procurando um acerto social. Isto pode ser visto como uma espécie de automonitoração. Este processo se apresenta em diversos graus em cada um, podendo estar presente em grande extensão em alguns indivíduos que se comportam como camaleões ou em menor extensão em pessoas que se importam menos com o que os outros pensam. O equilíbrio entre estes dois extremos não é fácil. Causar boa impressão como uma pessoa modesta, mas competente, exige uma grande habilidade social. Neste fenômeno a cultura tem um papel importante. Desta forma, a tendência para apresentar modéstia e otimismo contido é especialmente grande em sociedades que valorizam o comedimento como algumas populações orientais.
Desenvolvimento da moralidade: As pesquisas do desenvolvimento da moralidade interessam a diferentes áreas, tais como, à Pedagogia, à Filosofia e às Ciências Sociais em geral. Este ponto encontra-se relacionado com estudos psicossociológicos referentes a comportamentos pró-sociais e de equidade. Para falar do desenvolvimento da moralidade não podemos deixar de citar Kohlberg (1976), que assim como Piaget (1896-1980), estudou a formação de estruturas psíquicas que dependem da interação do sujeito com elementos socioambientais. Para estes autores, há uma grande importância nas interações sociais que o indivíduo mantém com o que está a sua volta, na busca de um equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente. O sistema de desenvolvimento da moralidade proposto por Kohlberg compreende três níveis, cada um com dois estágios seguindo uma sequência progressiva, onde a passagem de um para o próximo depende da boa resolução das demandas do estágio prévio. 
Tais estágios são:
Punição e obediência
Realismo instrumental
Orientação segundo expectativas dos outros
Lei e ordem
Contrato social e direto
Ética universal
Desta forma, o sujeito vai evoluindo seus princípios morais partindo de uma ética concreta e dependente das figuras parentais até uma ética mais individual e complexa. A partir de testes fundamentados na teoria de Kohlbergobserva-se que os dois últimos estágios são muito difíceis de alcançar e que existem diferenças culturais na média atingida por um determinado grupo.
Desenvolvimento da necessidade de realização: A socialização também está relacionada com o surgimento de motivos sociais como, por exemplo, a necessidade de realização.
Aula 4: Processos Grupais
Introdução: Não podemos negar que somos seres sociais. Nascemos e crescemos dentro de um grupo que é a nossa família (seja ela natural ou não) e à medida que o tempo passa, entramos e saímos de diferentes grupos nos permitindo ser o que somos. Alguns desses grupos se mantêm ao longo de nossas vidas como família e amigos. Outros fazem parte de momentos específicos do nosso desenvolvimento como nossos amigos da adolescência e os colegas de faculdade. E, ainda, outros cobram força na nossa fase adulta, como, por exemplo, os companheiros de trabalho e os pais dos colegas de escola de nossos filhos. Como já ressaltamos nas aulas anteriores, a verdade é que todos nós precisamos das outras pessoas e dos grupos para poder ser o que somos e para poder viver nossa vida como seres sociais. Por tanto, os grupos desempenham um importante papel em nossa existência. De tal forma, se faz necessário que entendamos melhor a natureza, a formação, a evolução, a composição e a estrutura deles. Na presente aula, explicaremos melhor a dinâmica interna dos grupos e os diversos processos grupais. Com todas estas informações poderemos entender mais por que as pessoas agem de determinadas maneiras, e como podemos auxiliá-las a encontrar condições mais favoráveis em contextos específicos para alcançar padrões de comportamentos que respondam às normas e aos valores predominantes.
Primeiros estudos: Na Segunda Guerra Mundial, surgiram os primeiros estudos dos grupos na Psicologia Social evidenciados em experimentos de laboratório, conduzidos por Sherif (1936), Lewin (1939) e Newcomb (1943). Seguidamente, Festinger (1950) e pesquisas sobre conflito, liderança, conformidade e outros processos grupais foram sendo desenvolvidas mostrando o interesse da época pela dinâmica de grupo como Zander (1968) chamou. Não entanto, todo este entusiasmo pela dinâmica de grupo foi minguando nas últimas décadas por diversos motivos. De fato, como Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) assinalam: 
“(...) a Psicologia Social norte-americana passou a se especializar, progressivamente, no estudo de fenômenos intrapsíquicos, interpessoais e microgrupais, inicialmente com a teoria da dissonância cognitiva e, em seguida, com as teorias sobre a atribuição de causalidade e sobre processamento da informação social, constitutivas da cognição social, hoje seu paradigma dominante. (...) Nesse sentido, o estudo dos processos de influência social de minorias, de identidade social e relações intergrupais, bem como de conflito e cooperação entre grupos, continua sendo foco privilegiado de interesse da Psicologia Social europeia” (Rodrigues, Assmar e Jablonski, 2000, p. 346-347).
Definição de grupo: Em primeiro lugar, é importante diferenciar o grupo social do grupo não social.
Grupo não social: Com o termo grupo não social estamos nos referindo a um conjunto de pessoas que se encontram em um mesmo lugar ao mesmo tempo sem necessariamente interagir ou se influenciar significativamente. Este é o caso de pessoas que se encontram em uma sala de cinema, em um domingo a tarde assistindo o mesmo filme. Eles são um exemplo de grupo não social. É claro que o fato de simplesmente estar na presença de mais alguém já modifica o nosso comportamento. Isto já foi mencionado em aulas anteriores. Mas a maioria dos psicólogos quando se refere a grupo está falando de algo mais do que um bando de pessoas, que por qualquer motivo, ocupam um espaço em comum. Para Cottrell (1968) a presença de outras pessoas pode levar à facilitação social ou à indolência social. Mais explicitamente, quando as pessoas estão na presença de outras ficam mais excitadas ou agitadas e este fato pode facilitar certos comportamentos como desempenhar tarefas mundanas e conhecidas, mas também pode atrapalhar outras funções como, por exemplo, aprender novas informações ou comportamentos.
Grupo social: No caso de grupo social contamos com a definição de Cartwright e Zander (1968) que consideram esse grupo como duas ou mais pessoas que não só interagem entre si, mas que também são interdependentes em relação às suas necessidades e objetivos. Assim, um grupo seria várias pessoas que possuem uma relação estável e partilham objetivos em comum com a consciência de que fazem parte de um mesmo grupo (neste caso, podemos citar diversos exemplos como família, amigos, colegas de trabalhos, colegas de faculdade, entre outros). Quando estamos em grupo somos mais do que observadores passivos uns dos outros. Quando estamos em grupo nos socializamos, nos misturamos, nos tornamos íntimos. Em outras palavras, interagimos e nos influenciamos. Este é o caso de grupos sociais. Para sermos mais claros nesta diferenciação contamos com o conceito de grupo de McGrath (1984) que se fundamenta na noção de conjuntos vazios da matemática. Para este autor, a definição de grupo pode ser entendida em termos de grau. Mais explicitamente, um conjunto de pessoas pode ser melhor identificado como grupo em função de quatro condições: 
na medida que o número de membros seja mais reduzido;
na medida que estes poucos membros mantenham interações mais estreitas;
na medida que estas interações se mantenham por mais tempo e;
na medida que conservem perspectivas futuras compartilhadas.
A partir desta definição, temos a possibilidade de caracterizar diversos tipos de grupos. Assim, podemos reunir os grupos em vários sistemas de classificação considerando várias dimensões e critérios, como veremos a seguir.
Tipos de grupo e definições básicas:
Categoria social: é um conjunto de pessoas que se distingue de outras por ter em comum um atributo reconhecível a partir da perspectiva de um observador externo. Este é o caso de grupos formados pela categoria gênero, ou idade, ou profissão etc. São chamados de grupos sociológicos.
Grupo psicológico: os próprios membros do grupo se identificam como fazendo parte dele por pertencer à mesma categoria social. A diferença com os grupos sociológicos é que eles não precisam da perspectiva de um observador externo.
Grupo mínimo: são pessoas que passam a ser classificadas de forma casual dentro de um mesmo grupo e que começam a atuar em função dessa identificação, chegando a interagir uns com os outros. Na medida em que estas pessoas adquirem consciência de objetivos em comum elas passam a formar grupos sociais.
Grupos compactos: são grupos sociais onde seus membros passam a cooperar entre si visando o alcance de objetivos interdependentes.
Organização social: são grupos sociais que se organizam definindo uma estrutura de poder reconhecível com papéis e normas que regulam as interações entre seus membros e formando um sistema social hierarquizado que pode competir com outros grupos.
Grupos naturais: podem ser permanentes ou temporários, formais ou informais, mas se diferenciam pelo fato de existirem independentemente das considerações de estudiosos e especialistas.
Grupos artificiais: estes grupos são organizados e identificados pelo pesquisador com o fim de avaliar os efeitos da manipulação de variáveis sobre seus membros, na observação sistemática de uma pesquisa ou experimento.
Interações sociais e processos grupais: Certos fenômenos estudados na Psicologia Social costumam ser identificados como efeitos da mera presença de outras pessoas e, por tanto, só podem ser observados nas interações dos indivíduos de um determinado grupo onde há uma interação social mínima. 
Alguns destes fenômenos são:
Facilitação Social: Várias pesquisas na Psicologia Social procuraram entender como a mera presença de outros pode afetar o comportamento dos indivíduos. Ao se falar de mera presença nos referimos às pessoas que não estão diretamente competindoou sendo recompensadas, ou punidas, mas simplesmente se encontram presentes como uma espécie de audiência ou coatores. Em 1898, Triplett observou que ciclistas eram mais rápidos quando corriam juntos do que quando corriam sozinhos contra o relógio. De forma similar, este pesquisador observou que crianças solicitadas para enrolar o mais depressa possível a linha em um molinete, eram muito mais rápidas quando trabalhavam na presença de coatores do que quando realizavam a mesma tarefa sozinhas. Estes casos envolvem o fenômeno chamado de facilitação social. A presença de outros melhora o nosso desempenho em tarefas simples, as quais executamos de maneira mais rápida e efetiva do que quando estamos sozinhos. Por volta de 1940 as pesquisas sobre facilitação social ficaram estagnadas pela observação de resultados, aparentemente contraditórios, evidenciando que a presença dos outros ora facilita o desempenho ora atrapalha. Somente em 1965 foi esclarecida esta contradição quando Zajonc observou que “(...) a ativação acentua qualquer tendência à reação que seja dominante. O aumento da ativação acentua o desempenho em tarefas fáceis para as quais a reação mais provável – “dominante” – é a correta. (...) Em tarefas complexas, para as quais a resposta correta não é dominante, o aumento da ativação promove a reação incorreta” (apud Myers, 2000, p. 156). Desta forma, o conceito de facilitação social pode ser definido de duas formas. Em primeiro lugar, facilitação social é quando o grupo social atua como elemento facilitador e as pessoas tendem a ter um melhor desempenho em tarefas simples ou familiares frente à presença dos outros. Em segundo lugar, a facilitação social pode ser entendida na verdade como um fator fortalecedor das reações dominantes ou prevalentes em decorrência da presença dos outros. Esta última seria a definição mais utilizada atualmente.
Vadiagem Social: Conceito que representa outro fenômeno comumente observado em grupos sociais. Refere-se à tendência de membros de um grupo gastar menos esforços na realização de tarefas em grupo em comparação dos esforços mostrados quando realizam as mesmas tarefas sozinhos.
O fenômeno da vadiagem social pode ser visto como contrário à facilitação social, em que o esforço do sujeito quando avaliado na presença dos outros sofre uma excitação emocional. No caso da vadiagem a excitação provocada pela avaliação dos outros é trocada por certo relaxamento. No caso de tarefas simples, como foi estudado por Ringelmann (1913), o esforço coletivo da equipe é apenas a metade da soma dos esforços individuais. Podemos pensar que os membros da equipe se sentem menos motivados quando desempenham tarefas aditivas onde a realização do grupo depende da soma dos esforços individuais. O sujeito sente que o seu esforço não se diferencia dos outros. Este fenômeno de preguiça social pode ser visto como se os sujeitos pegassem carona no esforço do grupo. Por outro lado, quando a tarefa realizada implica um nível maior de complexidade, como os participantes do grupo não se sentem diretamente avaliados, podem inclusive melhorar o seu desempenho. Em outras palavras, os fenômenos de vadiagem social e facilitação social se diferenciam em relação à força psicológica da apreensão frente à avaliação. Como no fenômeno de vadiagem o medo da avaliação diminui pelo fato da pessoa se sentir diluída no grupo, ela pode até melhorar o desempenho em tarefas mais complexas que, em outras condições, poderia se sentir mais nervosa.
Formas de diminuir a vadiagem social:
aumentando a identificação e a avaliação de cada contribuição;
aumentando o envolvimento e a responsabilidade de cada um;
aumentando o nível de motivação e o atrativo das tarefas realizadas.
Liderança: Uma das teorias para explicar liderança é a teoria do indivíduo superior. Segundo este princípio, existem certos traços de personalidade decisivos e que nos permitem identificar quem é líder de quem não é, qualquer que seja a natureza da situação a ser enfrentada.
Desta forma, várias teorias de liderança centram-se nas características do líder, de seus seguidores e da situação. Uma delas é a teoria da contingência da liderança de Fiedler (1967 e 1978). Ele afirma que a efetividade de todo líder depende do quão orientado ele é para a tarefa ou para o relacionamento e como ele controla sua influência sobre o grupo. 
Para este autor existem dois tipos de líderes:
O líder orientado para sua tarefa: que se preocupa mais em conseguir com o trabalho a ser feito do que com os sentimentos das pessoas envolvidas.
O líder orientado para o relacionamento:  que se preocupa mais com os sentimentos e a forma como as pessoas envolvidas se relacionam. 
Mas na verdade, um dos problemas desta teoria é que nenhum dos dois tipos de líder é invariavelmente mais efetivo que o outro, já que tudo depende da natureza da situação.
Conflito e cooperação: Conflito e cooperação são fenômenos que também formam parte dos grupos sociais. O conflito ocorre frequentemente quando há tensão entre dois ou mais indivíduos como é no caso do dilema social, onde a ação que seria mais benéfica para um indivíduo, se escolhida pela maioria, produziria efeitos prejudiciais para o grupo como um todo.
Coesão grupal e normas:
Coesão grupal pode ser definida como a quantidade de pressão exercida sobre os membros de um grupo a fim de que nele permaneçam. Na verdade, os grupos tendem a produzir pressões para a conformidade entre os membros. Podemos entender que as pressões em geral se dirigem mais especificamente para os dissidentes com o objetivo de persuadi-los. Caso não tenha sucesso a tendência do grupo será marginalizar os membros não conformistas.
No caso das normas, elas fazem parte de todo grupo social. Sem elas o grupo não sobreviveria. Desta forma, as normas são aprendidas e constituem um dos mecanismos mais importantes de controle social. Assim, os membros de um grupo usam as mesmas para julgar e avaliar as percepções, sentimentos e ações de seus seguidores. Na verdade, o estabelecimento de normas grupais representa um excelente substituto para o uso de poder. Este último, muitas das vezes, provoca tensão e desgaste aos membros do grupo. Em outras palavras, em vez do líder precisar usar constantemente sua capacidade de influenciar seus orientados, a presença de normas facilita seu trabalho e dispensa o exercício constante de demonstração de poder.
Aula 5: Atitudes, Valores e Crenças
Introdução: Um dos tópicos mais estudados pelos psicólogos desde sempre é o tema relativo a atitudes. Os diversos pesquisadores procuram como formamos posições a favor ou contra em relação aos objetivos sociais que nos rodeiam. Cada um de nós tem, querendo ou não, posições ora mais fracas, ora mais fortes, por diversos temas como políticas, religião, futebol, entre outros. Muitas vezes, encabeçamos discussões fervorosas como algum conhecimento por temas como aborto ou assuntos mais banais como marca de bebida, etc. Em outras palavras, organizamos nosso mundo adotando posturas críticas relativamente estáveis tanto pró como contra diversos objetivos sociais de nosso entorno. Estas posturas constituem as nossas atitudes e elas, de alguma forma, nos permitem entender a maneira como reagimos e nos comportamos em diferentes situações.
Conceito: Entre os psicólogos sociais de orientação cognitivista encontramos a definição de atitude a partir da ideia de que ela constitui uma disposição afetiva favorável (quando positiva) ou desfavorável (quando negativa) a um objeto social. Por outro lado, objeto social refere-se a qualquer pessoa, grupo, objeto, entidade abstrata ou animal que pode despertar algum tipo de afeição ou interesse social nas pessoas. As atitudes sociais têm uma configuração tridimensional composta pelos elementos cognitivos, afetivos e comportamentais. Quantas vezes, na segunda-feira, logo depois do jogo do final de semana, presenciamos a forte discussão de dois colegas de trabalho sobre a arbitragem no jogo ou o desempenho dos jogadores, ou um duvidoso pênalti?Na verdade, determinados objetos sociais, como é o futebol, podem despertar fortes sentimentos fazendo com que pessoas com atitudes opostas vejam a realidade de formas distintas. Podemos assim predizer o comportamento das pessoas através das suas atitudes frente a certos temas? Avance e encontre a resposta.
Comportamentos e atitudes: Um estudo do professor americano LaPière, em 1935, apontou para uma significativa contradição entre o comportamento das pessoas e as atitudes por elas demonstradas. É claro que este estudo não pode ser considerado como perfeito, no entanto revela que nem sempre as atitudes nos permitem predizer com exatidão o comportamento que, por lógica, as seguiria. Apesar de não existir uma total correspondência entre atitude e comportamento, é mais do que aceito, na Psicologia Social, que o conhecimento das atitudes de um sujeito nos permite antecipar, com certa margem de erro, os comportamentos que ele pode manifestar em qualquer momento. Desta forma, podemos considerar as atitudes como instigadoras de comportamento mais do que como seus determinantes. Segundo alguns psicólogos sociais, um melhor preditor do comportamento é a intenção de comportar-se de uma determinada maneira. Estes autores destacam muito mais do que as normas ou as atitudes. A intenção de comportar-se é o fator que melhor permite predizer os comportamentos que os sujeitos exibem. As atitudes e as normas sociais influenciam a intenção de comportar-se de um jeito ou de outro. Por isso a intenção é o fator mais próximo da expressão do comportamento final e o prediz melhor. Por exemplo, se uma moça tem a intenção de manter relações extraconjugais com um completo estranho, sua finalidade de fazê-lo dependerá em parte, pelo posicionamento (atitudes) pró ou contra tal fato, assim como pela forma como as pessoas mais próximas e significativas para ela pensam sobre isso (normas sociais). Mas na verdade, se conhecermos a intenção desta moça teremos uma perspectiva mais clara de como ela pode agir em último caso.
Natureza e origem das atitudes: Existem diversas explicações para a origem das atitudes. Por exemplo, segundo Tesser (1993) a origem das atitudes seria genética já que elas se relacionam com coisas tais como nosso temperamento e nossa personalidade, e estes últimos se relacionam diretamente com os nossos genes. Mas mesmo que exista um componente genético, a experiência social desempenha um papel importante na modelagem das nossas atitudes. No entanto, nem todas as atitudes são formadas da mesma maneira. Embora todas elas tenham componentes afetivos, cognitivos e comportamentais, uma determinada atitude pode basear-se mais em um tipo de experiência ou componente do que em outro. Vejamos então os diversos tipos de atitudes que podemos identificar e classificar segundo a predominância de um destes três componentes. É importante destacar que os nomes da classificação de atitudes usados, a seguir, não dizem respeito à inexistência dos outros componentes, mas sim à preponderância de um deles.
Classificação de atitudes: 
Atitudes de base cognitiva: Na medida em que a avaliação da pessoa se fundamenta em dados relevantes sobre a propriedade do objeto em questão, identificamos tal atitude como sendo de base cognitiva. Nesse caso, a função dessa atitude é a apreciação do objeto, onde a avaliação é feita considerando as vantagens e as desvantagens que tal objeto pode nos trazer. Em outras palavras, o objetivo desse tipo de atitude consiste em classificar e pesar os aspectos positivos e os negativos de um determinado objeto, para que a partir de tal avaliação o sujeito seja capaz de decidir se vale a pena ou não. As crenças e os sistemas de crenças são os elementos principais da cognição. Por exemplo, quando queremos comprar um carro ou desejamos fazer uma viagem, na hora de decidir por uma determinada marca ou por certo lugar isto depende da avaliação que realizamos de forma mais ou menos consciente de dados relevantes sobre esses objetos tais como desempenho do motor, os atrativos turísticos do lugar em questão etc.
Atitudes de base afetiva: Aqui incluímos as atitudes baseadas em emoções. Como exemplo, podemos pensar quando escolhemos um lugar para viajar não pelas informações relevantes sobre tal lugar, mas sim por certo valor afetivo, porque de alguma forma esse lugar representa, para nós, um local relacionado com alegria ou bem-estar, independentemente do que os guias turísticos ou as outras pessoas possam nos informar a respeito. Em geral, estas atitudes não resultam da revisão racional de informações, não se orientam pela lógica, estão fortemente ligadas a valores pessoais e por isso são muito difíceis de serem mudadas. As atitudes afetivas parecem estar relacionadas com reações sensoriais ou estéticas (apreciações estéticas ou gustativas em geral). Esse é o caso de quando gostamos de um determinado tempero ou da linha estética da marca de um carro ou de uma determinada cor. Outras atitudes podem ser ainda o resultado de condicionamentos (clássico ou operante). Elas podem assumir uma característica emocional positiva ou negativa tanto por meio do condicionamento clássico quanto do condicionamento operante, como veremos adiante. No caso de condicionamento clássico, um estímulo neutro é associado a um estímulo incondicionado que provoca uma resposta emocional e por repetições sucessivas, o estímulo neutro acaba provocando uma resposta semelhante e se torna um estímulo condicionado. Imagine que você associa uma experiência agradável, digamos o carinho da sua mãe ou da sua avó com determinado local, por exemplo, um shopping center, onde costumavam ir quando você era criança, no final você acaba tendo uma postura muito positiva em relação a esse shopping, associando-o com essas boas lembranças. Em relação ao condicionamento operante, somos reforçados ou punidos após apresentar um determinado comportamento e, assim passamos a aumentar ou a diminuir a frequência dessa determinada resposta. Desta forma, por exemplo, você pode acabar tendo grande afinidade em relação a um determinado time de futebol porque seus pais sempre reforçaram esse comportamento quando você era criança.
Exemplo: Quando alguém nos pergunta se gostamos de praticar exercício e respondemos que achamos que sim, já que estamos sempre praticando algum tipo de esporte. Neste caso, podemos pensar que a nossa atitude se fundamenta mais no comportamento realizado do que na parte cognitiva ou afetiva.
Funções das atitudes:
Através das atitudes podemos ter uma postura determinada frente aos objetos sociais que nos rodeiam. Mas as atitudes têm outras funções além da avaliativa. Elas nos permitem organizar o nosso comportamento em diferentes planos, no plano da cognição, no plano dos afetos e no plano da conação. Em outras palavras, conhecendo as atitudes de uma pessoa em relação a determinado objeto, podemos entender porque tal pessoa pensa como pensa, sente o que sente e age como age frente a esse objeto social.
As atitudes também contribuem na orientação do comportamento, já que elas contêm uma discriminação afetiva de tudo e do todo existente no nosso ambiente psicológico. Por outro lado, as atitudes nos ajudam a formar argumentos e, assim, contribuem nas defesas de nosso eu na medida em que podemos nos justificar ou afastar de objetos ou situações desagradáveis.
Por último, as atitudes desempenham um papel expressivo em relação aos nossos valores.
Na verdade, a principal função das atitudes é a de avaliar.
Mudança de atitude: Apesar de serem relativamente estáveis, é possível mudar de atitudes em diferentes momentos e por diversas razões. Vivemos rodeados de contínuas informações que nos instigam continuamente a mudar, a pensar diferente, a nos comportarmos diferente. A televisão, o cinema e o rádio competem muitas das vezes com as instituições clássicas responsáveis pelo processo de socialização, família, Igreja e escola. No modelo tridimensional de atitudes os componentes cognitivo, afetivo e comportamental influenciam-se mutuamente procurandouma harmonia. De tal forma, qualquer tipo de mudança em um desses três componentes pode gerar mudança nos outros na procura de uma reestruturação. Assim, uma informação nova, uma nova experiência ou uma nova prática pode gerar um estado de inconsistência entre os componentes das atitudes e levar a uma mudança atitudinal. Por exemplo, quando temos alguma desavença com alguém podemos passar a desgostar dessa pessoa. Ou quando temos algum tipo de preconceito em relação a um grupo que não conhecemos e passamos a ter contato com ele, podemos mudar a forma como pensamos desse grupo, a forma como nos sentimos em relação a ele e a forma como agimos com ele.
Medida de atitudes: A Psicologia Social dispõe de uma forma objetiva de verificar a eficácia das tentativas de persuasão a partir do fato de que as atitudes podem ser medidas. Existem várias escalas que nos permitem medir as atitudes antes e depois da tentativa de mudança.
Uma das escalas mais utilizadas é a escala de formato Likert (escala que consiste em uma série de afirmações relativas a um objeto atitudinal, por exemplo: aborto, pena de morte, fumar em público e outros temas, onde se trabalha com afirmações favoráveis e desfavoráveis sobre o assunto).
Para cada afirmação o sujeito responde em uma escala de cinco alternativas (concordo totalmente, concordo parcialmente, sem opinião, discordo parcialmente e discordo totalmente) que são posteriormente identificadas com valores numéricos na escala de 1 a 5 permitindo a soma das respostas de cada sujeito para avaliar o tipo e o grau de atitude de uma determinada população, em relação ao tema específico estudado.
As escalas Likert são de fácil elaboração e seguem todos os princípios e os cuidados do preparo de qualquer teste padronizado, verificando sua adequação psicométrica (fidedignidade e validade). Desta forma, elas representam medidas válidas e fidedignas das atitudes sociais.
Crenças e Valores:
Crença:
Valores:
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Aula 6: Preconceito, estereótipos e discriminação
Características do preconceito: Muitas vezes não se reconhece o preconceito com facilidade e, muitas das vezes, este tema é desviado nos mais diversos ambientes sociais. Ele aparece em manifestações sutis ou tão cotidianas que passa desapercebido e com pouca frequência paramos para refletir a respeito. Desta forma, o preconceito é expressado continuamente não apenas pelas atitudes e práticas cotidianas das diversas comunidades, mas principalmente por meio da estrutura social que efetivamente exclui as populações sócio-historicamente discriminadas, estratificando de maneira desigual as classes, os grupos, as pessoas. A verdade é que o preconceito, como Aronson (2002) e seus colaboradores destacam, deve ser considerado onipresente. Estes mesmos autores afirmam que além de ser um fenômeno generalizado, o preconceito deve ser considerado também como perigoso. Ele pode levar ao ódio extremo e até o genocídio. Em casos menos radicais, o preconceito traz como consequência quase inevitável a redução da autoestima dos indivíduos alvo. As pessoas que pertencem a grupos sujeitos ao preconceito são vítimas, desde muito cedo, de ataques mais ou menos francos a sua autoestima.
Segundo Aronson (2002) o preconceito pode ser entendido como uma atitude. 
 
“Especificamente, preconceito é definido como uma atitude negativa ou hostil contra pessoas de um grupo identificável, baseada exclusivamente na sua condição de membro do grupo. Por exemplo, quando dizemos que uma pessoa tem preconceito contra os negros queremos dizer que ela está preparada para comportar-se fria ou hostilmente na relação aos negros e que ela acha que todos os negros são mais ou menos a mesma coisa. Assim, as características que esse individuo atribui aos negros são negativas e fanaticamente aplicadas ao grupo como um todo – os traços ou o comportamento do indivíduo alvo do preconceito não são percebidos ou são desconsiderados”
Desta forma, o preconceito é, em sua essência, uma atitude. Em outras palavras, uma pessoa preconceituosa pode desgostar de pessoas de certo grupo e comportar-se de maneira ofensiva para com elas devido à crença de que tal grupo possui características negativas. No caso do preconceito, estamos enfatizando o aspecto afetivo dos três componentes vistos, na aula anterior, sobre atitudes (componente afetivo, cognitivo e comportamental). Na verdade, o preconceito pode ser positivo ou negativo. Uma pessoa pode ser a favor ou contra um determinado grupo. No entanto, na Psicologia Social o termo é usado especificamente nas atitudes negativas. Sendo assim, o preconceito nos leva necessariamente à realização de comportamentos discriminatórios.  
Diferença entre preconceito, estereótipos e discriminação: No linguajar comum, esses três termos se equivalem, mas em termos acadêmicos não.  Há um encadeamento lógico que precisa ficar claro. Cognitivamente, os seres humanos processam aproximadamente da seguinte maneira:
Estereótipo: Juntamos pessoas em grupos para poder interagir com elas. Isto nos permite tomar decisões certas em diversos momentos como, por exemplo, o que fazer com as pessoas novas que aparecem na nossa frente.  De tal forma, sabemos que nosso comportamento frente a pessoas mais velhas ou vestidas com terno e gravata é diferente do que com pessoas mais novas ou vestidas de short e chinelo.
Preconceito: A partir desse agrupamento fazemos julgamentos sobre esses grupos. Inclusive, nós mesmos nos identificamos como sendo parte desses agrupamentos.
Discriminação: Nos comportamos segundo esse julgamento quando estamos frente alguém que forma parte do grupo em questão.
Estereótipos: Podemos entender estereótipo como as crenças e os atributos compartilhados sobre um grupo. Nós, seres humanos, temos uma tendência de generalizar a partir de similaridades percebidas e dificilmente nos focamos no que é diferente, já que ao nos basearmos no que é comum conseguimos tomar decisões mais rapidamente para poder atuar sem demora.
Com a adolescência o jovem assimila outros estereótipos. Até então o processo de aquisição e formação dos estereótipos era feito principalmente por inculcamento dos pais, professores e outras figuras significativas do processo de socialização. Já na adolescência, outros agentes de socialização com quem o jovem interage reconstroem outra realidade da vida comunitária. Assim, é pela experiência vivida no processo de socialização que os estereótipos são aprendidos, acomodados e assimilados e depois integrados em um determinado contexto cultural e sócio-histórico. Considerando que o estereótipo é uma crença compartilhada, e a crença é uma cognição relacionada a um objeto, podemos considerar o estereótipo como sendo o componente cognitivo do preconceito. Podemos considerar também o estereótipo como um componente pré-atitudinal. De tal forma, o estereótipo permite conviver e interagir na sociedade já que ele facilita a organização de informações sobre pessoas e instituições de nosso ambiente social com os quais precisamos interagir. Mas, como estas cognições refletem, na verdade, generalizações bastante superficiais, os estereótipos não podem ser utilizados pelas pessoas de uma forma rígida, pois isto impossibilitaria enxergar as diferenças individuais e as particularidades de cada caso. Aronson e colaboradores (2002) concordam com Allport ao afirmar:
“... o mundo é simplesmente complicado demais para que tenhamos uma atitude altamente diferenciada a respeito de cada coisa. Em vez disso, maximizamos nosso tempo e energia cognitivos desenvolvendo atitudes elegantes, exatas, em relação a alguns tópicos, enquanto confiamos em crenças simples e esquemáticas em relação a outros. (...) Dada a nossa limitada capacidade de processamento de informações, é razoável que os seres humanos se comportem como “avaros cognitivos” – que tomem atalhos e adotem certas regras empíricas na tentativa de compreender outras pessoas” (Aronson, et al, 2002, p. 295).
Formasde discriminação:
Infelizmente, as manifestações de discriminações se apresentam em todas as dimensões das relações de exploração, especialmente no mundo laboral. Uma maneira bastante comum de realizar um diagnóstico da discriminação em uma organização é realizar o senso de seus colaboradores. Esse simples levantamento dirá quantas mulheres exercem cargos de chefia, que cargos os deficientes físicos estão ocupando, se pardos e negros estão em outro tipo de função que não seja só operacional, entre outras observações. Muitas vezes, estes dados demonstram a discriminação velada que existe nas organizações.
Causas do preconceito e da discriminação: A principal explicação para a causa do preconceito e da discriminação advém de um legado histórico e de circunstâncias sociais às quais estamos atrelados. Entretanto, a nossa história não pode ser considerada como a única e exclusiva causa das manifestações sociais do preconceito e dos atos discriminatórios que observamos nos jornais. A partir de uma análise histórica sobre a discriminação racial no Brasil alguns autores acreditavam na herança escravocrata de nosso país enquanto outros afirmam que a principal causa destas manifestações racistas é o sistema capitalista que auxiliou na manutenção de uma estrutura social discriminatória. Neste caso, a discriminação está relacionada com os ganhos materiais e simbólicos do grupo discriminador. Na sociedade brasileira atual, onde contamos com leis que punem o preconceito, esperaríamos a erradicação da discriminação racial ou de gênero. Entretanto, a resposta é negativa a tal suposição, pelo menos para questões de raça e gênero. Diversos autores apontam para uma mudança na expressão desse preconceito assim como de seu conteúdo. Como tentativa de explicar o preconceito e a discriminação surge o estudo da personalidade autoritária, onde o ponto principal consiste em delegar ao sujeito a responsabilidade de comportamentos racistas como o antissemitismo. Autores como Adorno (1950), entre outros, consideravam que o preconceito era um distúrbio da estrutura de personalidade autoritária. Estes autores sustentavam que a hostilidade contra os judeus muitas vezes coexistia com a hostilidade contra outras minorias. Mas estas pesquisas não encontraram suficiente suporte científico. De qualquer forma, parece correto afirmar que o preconceito contém fortes raízes emocionais. Mas especificamente, a frustração gera hostilidade que é redirecionada e descarregada em bodes expiatórios. Esse fenômeno é conhecido como “agressividade transferida”, onde os alvos para essa agressividade étnica representam, muitas vezes, grupos concorrentes percebidos como responsáveis pela frustração pessoal. Por outro lado, o preconceito se compõe também de elementos cognitivos. Myers (2000) afirma:
“Compreender a estereotipagem e o preconceito também ajuda a lembrar como a nossa mente funciona. Como as maneiras pelas quais pensamos sobre o mundo – e o simplificamos – influenciam nossos estereótipos? E como os estereótipos afetam os nossos julgamentos? (...) as convicções estereotipadas e as atitudes preconceituosas existem não apenas por causa do condicionamento social e porque permitem às pessoas transferir hostilidades, mas também como subprodutos de processos de pensamentos normais”. (Myers, 2000, p. 197)
Em outras palavras, a maioria dos estereótipos não é, na verdade, tanto produto da maldade das pessoas e sim da forma com elas simplificam os seus mundos complexos. Os estereótipos equivalem a ilusões perceptivas que são subprodutos da nossa capacidade de interpretar o mundo que nos rodeia. Assim, os estereótipos agrupam as pessoas em categorias que, por um lado, exageram a uniformidade dentro dos membros de um grupo e, por outro lado, aumentam as diferenças entre grupos. Somado a isto, a nossa percepção de pessoas distintivas e de ocorrências vividas nos levam muitas vezes à distorção de nossos julgamentos. Entendemos que pessoas distintivas são aquelas que se tornam salientes em um grupo por apresentar características totalmente únicas e diferentes do resto das demais.
Conclusão: Certamente, os estereótipos existem em quase todos nós e são facilmente ativados podendo levar a manifestações cruéis aos membros de certos grupos. Os estereótipos afloram quase que automaticamente em certas condições, e este processo de ativação é muito difícil de ser controlado pelo indivíduo, especialmente quando não tem consciência dele. Mas, para podermos reduzir o preconceito, os estereótipos e a discriminação, segundo especialistas, a melhor maneira é a do contato. Mais explicitamente, precisamos colocar as pessoas de grupos diferentes colaborando as umas com as outras para poderem alcançar objetivos em comum. Esta seria uma atividade para ser praticada especialmente em escolas e com crianças.
Mas seriam essas justificativas tão autênticas e honestas quanto gostaríamos que elas fossem?
Vejamos então como anulamos as discrepâncias entre nossas ações reais versus nossas íntimas convicções morais.
Tomada de decisões: Diariamente, tomamos decisões de forma constante. Algumas delas são mais importantes que outras. Mas seja qual for a sua importância, o certo é que continuamente precisamos escolher entre duas ou mais alternativas. Assim, nossas decisões acarretam consequências importantes tanto para nós mesmos como os que podem estar envolvidos de forma direta ou indireta. Desta forma, podemos compreender como este tema passa a ser relevante para a Psicologia Social, já que nossas decisões são também influenciadas pelo que os outros pensam ou pensaram delas. Antes de poder tomar uma decisão, o sujeito passa por um momento inicial de conflito que Festinger chama de fase pré-decisional do processo decisório. Segundo a teoria da Dissonância Cognitiva, nesta primeira fase o sujeito precisa considerar de forma objetiva as vantagens e as desvantagens das diversas alternativas para poder avaliar cada uma cuidadosamente. Segundo Festinger, após esta primeira fase a seguinte dá forma à etapa de tomada de decisão propriamente dita. Este é o momento em que o sujeito passa a optar por uma das alternativas. Finalmente, na terceira fase psicológica do processo conhecida como fase pós-decisional, o indivíduo precisa fazer as avaliações das vantagens e desvantagens da alternativa assumida em contraponto com as alternativas descartadas por ele. Esta avaliação já não é mais racional como a primeira e sim emocional e tendenciosa, pois o indivíduo precisa justificar a alternativa escolhida.
Aula 8: Atração Interpessoal
Contextualizando: O ser humano é, como o próprio Aristóteles falou, um animal social. Talvez por esse motivo, uma das coisas que mais marca a nossa vida são os nossos relacionamentos, já que dependemos uns dos outros. Inclusive devemos a nossa existência a atração entre um determinado homem e uma determinada mulher que no passado conceberam um filho. Mas desde o nosso nascimento, precisamos sentir que pertencemos a algum grupo, especificamente desejamos nos ligar ao grupo que nos deu origem, a nossa família. Este fenômeno é conhecido como necessidade de pertencimento, através do qual procuramos nos ligar aos outros por meio de laços permanentes e íntimos. Desta forma, podemos afirmar que os relacionamentos são o ponto central da nossa existência já que, de algum modo dependemos uns dos outros em diversos graus. No fundo, o poder das atrações sociais permite não só a sobrevivência individual, mas também a perpetuação da nossa espécie desde que o ser humano existe. Nossos ancestrais conseguiram sobreviver às adversidades do meio selvagem em que se encontravam graças a procura por proteção em grupos a fim de poder caçar ou para construir um abrigo. Inclusive os bebês aumentam suas chances de sobrevivência na medida em que contam com o apoio mútuo e cuidados de ambos os pais. Em geral, diversos estudos sempre chegam à mesma conclusão: na medida que contamos com laços íntimos e nos sentimos parte de diversos

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