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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO AULA 06 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PARTE II Olá, Pessoal! Hoje daremos continuidade aos crimes contra a Administração Pública e, diferentemente da aula passada em que falamos de delitos cometidos por funcionários contra o poder público, trataremos agora dos atos ilegais praticados por PARTICULARES contra a Administração. Posteriormente, analisaremos os crimes contra a Administração da Justiça, assunto este que será abordado com a maior objetividade possível. Por fim, após o conhecimento das figuras típicas, veremos algumas particularidades referentes a TODOS os crimes contra a Administração. Sendo assim, reforce bem os conceitos aprendidos na última aula para não confundir com os delitos que aqui serão apresentados e esteja preparado para os exercícios que abrangerão TODOS os crimes contra a Administração Pública. Vamos começar! Bons estudos!!! ***************************************************************** 6.1 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL O título XI do Código Penal traz em seu capítulo I a previsão dos delitos praticados por funcionários públicos contra a Administração, os quais já foram estudados na aula passada. Obviamente que apenas tipificar condutas de FUNCIONÁRIOS não protege o normal funcionamento da máquina administrativa. Sendo assim, no capítulo II o legislador inseriu os delitos que podem ser praticados por PARTICULARES contra a Administração. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Dito isto, podemos afirmar que o funcionário público não poderá ser enquadrado nos crimes do segundo capítulo? Claro que não, pois as denominações “crimes praticados por funcionários” e “crimes praticados por particular“ foram utilizadas pelo legislador para diferenciar o delito próprio, que exige uma qualidade especial, do comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo funcionário que age como particular. 6.1.1 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA Usurpar é derivado do latim USURPARE, que significa apossar-se sem ter direito. Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida. Encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 6.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que exerce função que não lhe compete. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Usurpar (o exercício de função pública) � Neste ponto, cabe um importante comentário. Imagine que Tício, particular, diz para todos os seus amigos e familiares que exerce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO determinada função pública. Podemos dizer que ele comete o delito em tela? A resposta é NEGATIVA, pois o entendimento majoritário é o de que para ocorrer usurpação o particular deve realizar ao menos um ato oficial. 2. SUBJETIVO: • Dolo (Exige-se o dolo para a caracterização do crime); • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a prática do primeiro ato de ofício, independentemente do resultado, ou seja, não importando se o exercício da função usurpada é gratuito ou oneroso. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Encontra previsão no parágrafo único do artigo 328, ocorrendo se o agente obtém vantagem moral ou material em razão da usurpação. Veja: Art. 328 [...] Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 6.1.2 RESISTÊNCIA Imagine que Tício está estudando para fazer prova para Auditor Fiscal e, após a sua aprovação, é designado pelo seu superior para fazer uma diligência em determinada empresa. Você acha que existe alguma empresa que ADORA receber a visita de um órgão fiscalizador? É claro que não! Exatamente por isso, o CP tenta resguardar os agentes do poder público da conduta de quem, mediante CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO VIOLÊNCIA FÍSICA ou GRAVE AMEAÇA, tenta impedir a execução de ato legítimo. Observe o artigo 329: Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 6.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Regra geral, é cometido pela pessoa a quem se dirige o ato, mas nada impede que seja cometido por terceiros. É o caso, por exemplo, do particular que vai ser preso e sua família tenta impor resistência. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Opor-se (mediante violência ou ameaça); OBSERVAÇÕES: • A VIOLÊNCIA DEVE SER DIRIGIDA AO FUNCIONÁRIO. SE FOR DIRIGIDA A ALGUMA “COISA” NÃO CARACTERIZA O DELITO. EXEMPLO: OS FAMILIARES DO PRESO QUEBRAM O VIDRO DO CARRO DA POLÍCIA. • PERCEBA QUE O TIPO LEGAL NÃO FALA EM “GRAVE AMEAÇA”, MAS SOMENTE EM AMEAÇA. DESTA FORMA, QUALQUER AMEAÇA, MESMO QUE BRANDA, ORAL OU POR ESCRITO, CARACTERIZA O CRIME. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 2. SUBJETIVO: • Dolo de agir com violência ou ameaçar; e • Finalidade de impedir ato funcional. 3. NORMATIVO: • No tipo há dois elementos normativos necessários para a caracterização do crime: O ato deve ser "legal" e cometido por “funcionário competente” para a execução do ato. Assim, se a resistência é oposta contra um ato legal que é executado por servidor incompetente, o fato é atípico. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito formal, consumando-se no momento da violência ou ameaça. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Normalmente a resistência não impede o poder público de agir, somente dificulta a ação. Caso o ato não seja realizado em virtude da resistência, incide a qualificadora do parágrafo 1º do artigo 329: Art. 329 § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. • CONCURSO DE CRIMES Na aula anterior, tratamos de alguns crimes que apresentavam o chamado caráter subsidiário, ou seja, o agente só seria incriminado caso não houvesse tipo mais grave. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDROIVO Com relação à resistência, isto não ocorre. Se da violência advêm uma lesão corporal ou até mesmo um homicídio, responde o agente por LESÃO CORPORAL + RESISTÊNCIA OU HOMICÍDIO + RESISTÊNCIA. Observe o disposto sobre o tema no CP: Art. 329 [...] § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Para este caso, em que as penas de todos os crimes são aplicadas cumulativamente, o Direito Penal dá o nome de CONCURSO MATERIAL. 6.1.3 DESOBEDIÊNCIA Encontra previsão no artigo 330 do CP nos seguintes termos: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Quanto a este delito, o CP é bem claro ao dizer que ele é caracterizado pelo não cumprimento de ordem LEGAL do funcionário público. Vamos analisá-lo: 6.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário, desde que o objeto da ordem não esteja relacionado com suas funções. E se estiver relacionado com as funções? Neste caso, não há que se falar em desobediência, podendo ocorrer, por exemplo, o delito de prevaricação. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Desobedecer (ordem legal de funcionário público). 2. SUBJETIVO: • Dolo � É necessário que o indivíduo saiba que tem o dever de cumprir e esteja consciente de que não esta cumprindo. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a ação ou omissão do desobediente. 2. É admissível a tentativa. 6.1.4 DESACATO Este é o delito que encontramos escrito em papéis colados na parede da maioria dos órgãos que atendem público. Encontra previsão no artigo 331 do CP nos seguintes termos: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Tutela-se a Administração Pública no que concerne à dignidade, ao prestígio e ao respeito devidos aos seus agentes no exercício da função. NO CRIME DE DESACATO, O FUNCIONÁRIO PÚBLICO DEVE ESTAR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO; OU, AINDA QUE FORA DO EXERCÍCIO, A OFENSA DEVE SER FEITA EM RAZÃO DA FUNÇÃO. É O CASO, POR EXEMPLO, DO PARTICULAR QUE ENCONTRA UM JUIZ EM UM SUPERMERCADO E DIZ: “JUIZ É TUDO LADRÃO, INCLUSIVE VOCÊ”. NO DESACATO, A OFENSA NÃO PRECISA SER PRESENCIADA POR OUTRAS PESSOAS. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Eu vou desviar, mas já consumou o desacato!! 6.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Há uma divergência doutrinária e jurisprudencial muito grande sobre quando um funcionário público pode cometer desacato. Não vou esmiuçar o tema, pois é informação inútil para você. Para sua PROVA, o funcionário público pode cometer o delito de desacato quando na posição de PARTICULAR. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Desacatar (funcionário público no exercício da função) � O desacato pode ser por gestos, gritos, agressões etc. É indispensável, entretanto, que o fato seja cometido na presença do sujeito passivo. Não há desacato na ofensa por carta, telefone, televisão etc., podendo ocorrer o delito de injúria. 2. SUBJETIVO: • Dolo • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com o ato ofensivo. 2. Segundo doutrina majoritária, NÃO é admissível a tentativa. 3. Alguns autores dizem ser possível a tentativa, como no caso de um indivíduo que joga alguma coisa em um funcionário público e erra. Mas, repetindo, para A SUA PROVA siga a doutrina majoritária e afirme que não é admissível a figura tentada do delito. O DESACATO É UM CRIME FORMAL E, CONSEQUENTEMENTE, INDEPENDE SE O FUNCIONÁRIO SENTIU-SE OFENDIDO OU NÃO. BASTA QUE A CONDUTA SEJA CAPAZ DE CAUSAR DANO À SUA HONRA PROFISSIONAL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.5 TRÁFICO DE INFLUÊNCIA É o delito praticado por particular contra a Administração Pública, no qual determinada pessoa, usufruindo de sua influência sobre ato praticado por funcionário público no exercício de sua função, solicita, exige, cobra ou obtêm vantagem ou promessa de vantagem para si ou para terceiros. Apresenta a seguinte redação típica: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Para ficar mais claro, podemos dizer que este delito caracteriza uma forma de fraude, em que o sujeito, alegando ter prestígio junto a funcionário público, engana a vítima através da promessa de poder alterar algum ato praticado pelo poder público. A expressão “a pretexto” significa “com a desculpa”, no sentido de que o agente FAZ UMA SIMULAÇÂO. “Mas, professor... E se ele realmente tiver prestígio frente ao funcionário público?” Mesmo assim, persiste o delito, pois o que caracteriza o tráfico de influência é a FRAUDE, ou seja, ele promete que vai influenciar ato com a idéia de não fazer nada. 6.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Solicitar; • Exigir; • Cobrar; • Obter; 2. SUBJETIVO: • Dolo; • A expressão “para si ou para outrem”. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. No verbo obter, trata-se de CRIME MATERIAL e a consumação ocorre no momento em que o sujeito obtém a vantagem (ou a promessa). Nos verbos solicitar, exigir e cobrar temos o CRIME FORMAL e a consumação opera-se com a simples ação do sujeito. 2. É admissível a tentativa. • CAUSA DE AUMENTO DE PENA A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a vantagem também é destinada ao funcionário público. Sabe aqueles “flanelinhas” que querem exigir valores (vantagem) para que possamos estacionar? Imagine que um deles fale para você: “Mano, aqui num pode para não... Mas, nois têm contexto com os pulicia e eles libera o local em troca de um dinheiro” (Obs: Copiei exatamente a fala...com uns “pequenos” errinhos gramaticais). Neste caso, é tráfico de influência com causa de aumento de pena. Art. 332 [...] Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. VANTAGEM OU PROMESSA DE VANTAGEM CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivowww.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.6 CORRUPÇÃO ATIVA Na aula passada, tratamos de um importante delito chamado corrupção passiva. Você lembra? Claro que sim!!! Sobre ele dispõe o CP: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem Perceba que na corrupção passiva o funcionário SOLICITA OU RECEBE vantagem. Diferentemente, na corrupção ativa o PARTICULAR OFERECE OU PROMETE vantagem. Observe: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 6.1.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público, desde que não aja nesta qualidade. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Oferecer (vantagem indevida); • Prometer; CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Sendo assim, inexiste delito no caso de ausência de oferta ou promessa de vantagem. Exemplo: Se Tício pede a Mévio (Funcionário Público) que passe seu processo na frente sem oferecer qualquer vantagem, obviamente não é crime. Mas e se o funcionário EXIGE vantagem? É corrupção passiva ou ativa? Nem um nem outro!!! É o delito de CONCUSSÃO que já vimos aula passada: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • A expressão “para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”. Se inexistir qualquer dos dois elementos, o fato é ATÍPICO. 3. NORMATIVO: • Encontra-se na expressão “indevida”, referindo-se à vantagem. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é FORMAL e consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou promessa. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Art. 333 [...] Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 6.1.7 CONTRABANDO E DESCAMINHO O art. 334 do Código Penal menciona os crimes de contrabando e descaminho: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Embora eles estejam no mesmo artigo, são crimes distintos e quase sempre confundidos. Vamos compreender a diferenciação: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Contrabando é a entrada ou saída de produto proibido ou que atente contra a saúde ou a moralidade. Já o descaminho é a entrada ou saída de produtos permitidos, mas sem passar pelos tramites burocráticos / tributários devidos. Por exemplo, se alguém traz uma televisão ou filmadora do Paraguai sem pagar os tributos devidos, o crime não é de contrabando, mas de descaminho. Diferentemente, se alguém traz cigarros do Paraguai (produto cuja importação é proibida pela lei brasileira) ou armas e munições (produtos que só podem ser importados se o governo autorizar), o crime é de contrabando. Sendo assim, diferentemente do que normalmente escutamos na televisão, as famosas sacoleiras não cometem o crime de contrabando, mas de descaminho. 6.1.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Quanto ao funcionário público, aqui temos que ter uma GRANDE atenção: Se este participa do fato com INFRAÇÃO DE DEVER FUNCIONAL, comete o delito do artigo 318 que tratamos aula passada: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho Diferentemente, se não afronta dever funcional, responde por contrabando ou descaminho. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO • Importar / Exportar (mercadoria proibida � Contrabando) • Iludir (o pagamento de tributo exigido � Descaminho) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Se a mercadoria deu entrada ou saída pela alfândega, a consumação ocorre no momento em que a mercadoria é liberada. Se a conduta é interrompida e não ocorre a liberação, há tentativa. Se a mercadoria entra por outro local que não pela aduana, consuma-se o delito no momento da entrada em território nacional. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO O parágrafo 3º do artigo 334 amplia a pena caso o delito seja cometido via transporte aéreo. Observe: Art. 334 [...] § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. A idéia da qualificadora é dar um tratamento especial a este meio de transporte que acaba por dificultar a fiscalização. Faz-se mister destacar que só incide o aumento de pena quando o transporte aéreo é clandestino. Se o indivíduo pratica contrabando embarcando na TAM ou na GOL, por exemplo, não há que se falar em tipo qualificado. • CONTRABANDO OU DESCAMINHO POR ASSIMILAÇÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Caro aluno, este item praticamente não é exigido em prova. Desta forma, vou tratá-lo de uma maneira geral, não sendo necessário “perder” muito tempo com este item. De acordo com o parágrafo 1º do artigo 334: Art. 334 [...] § 1º - Incorre na mesma pena quem: a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; Cabotagem é a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. A cabotagem secontrapõe à navegação de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes nações. A alínea “b” é um exemplo da chamada norma penal em branco. Ela depende de leis especiais que NÃO CAEM NA SUA PROVA!!! O indivíduo que pratica contrabando e depois é surpreendido vendendo a mercadoria, não responde por dois delitos, mas somente pelo contrabando ou descaminho. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Por fim, o parágrafo 2º estende o conceito de atividade comercial nos seguintes termos: § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 6.1.8 INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU SINAL Visando mais uma vez à proteção da Administração Pública, o legislador fez constar no Código Penal que constitui crime: Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Esta última alínea trata da receptação de mercadorias objeto do contrabando. Se o sujeito agiu dolosamente, responde pelo delito de contrabando e descaminho. Se culposamente, incide nas penas de receptação culposa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Conforme deixa claro o supracitado artigo, o tipo prevê duas figuras: • INUTILIZAÇÃO DE EDITAL; • INUTILIZAÇÃO DE SELO OU SINAL 6.1.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que exerce função que não lhe compete. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Rasgar; • Inutilizar; • Conspurcar. • Violar; • Inutilizar. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO EDITAL ��� GENERICAMENTE, EDITAL É UMA PUBLICAÇÃO PARA CONHECIMENTO DE TERCEIROS. A FINALIDADE É TORNAR PÚBLICO DETERMINADO FATO OU ATO, SEJA POR CAUTELA, SEJA POR PUBLICIDADE OU SEJA PARA CUMPRIR UM REQUISITO LEGAL. OS EDITAIS SÃO PUBLICADOS NA IMPRENSA E TAMBÉM SÃO AFIXADOS (EM PORTAS OU CORREDORES) NA REPARTIÇÃO OU SEÇÃO RELACIONADA AO TEMA DO EDITAL. SELO OU SINAL ��� É O MEIO UTILIZADO PARA IDENTIFICAR OU FECHAR QUALQUER COISA (MÓVEL OU IMÓVEL). SELO OU SINAL EDITAL CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com o ato de rasgar, inutilizar, conspurcar ou violar. 2. Trata-se de CRIME MATERIAL e admite a tentativa. 6.9.1 SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Vimos na aula passada o delito de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento, tipificado da seguinte forma: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. Do supra artigo fica óbvio, então, a preocupação do legislador em tutelar, frente à atuação funcional, a guarda de livros oficiais ou documentos públicos. No mesmo sentido, o Código Penal vem aumentar a tutela sobre livros e documentos, estendendo também aos particulares nos seguintes termos: Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 6.1.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Se cometido por funcionário público, conforme já vimos, incide o tipo especial do artigo 314; 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Subtrair; • Inutilizar. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a subtração ou efetivação da inutilização. 2. Trata-se de crime material e admite a tentativa. ***************************************************************** Parabéns! Aqui finalizamos mais um importante tópico! Passemos agora à análise dos crimes contra a administração da justiça. ***************************************************************** 6.2 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Futuro (a) Aprovado (a), a partir de agora passaremos a analisar os crimes contra a Administração da Justiça e, como você perceberá, é um tema bem amplo. LIVRO OFICIAL / PROCESSO / DOCUMENTO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Desta forma, abordarei aquilo que você precisa saber para sua PROVA sob a ótica do CESPE. Assim, concentre seus estudos ao que está sendo apresentado. Vamos começar a adquirir conhecimento! CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso. Trata-se de crime próprio, pois o tipo exige qualificação especial do sujeito ativo, qual seja: a de estrangeiro. O delito consuma-se no momento em que o estrangeiro expulso de nosso território, nele penetra. É admissível a tentativa. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando- lhe crime de que o sabe inocente. Este delito não se confunde com a calúnia. Na calúnia o sujeito somente atribui falsamente ao sujeito passivo a prática de um fato descrito como delito. Na denunciação caluniosa ele, além de atribuir à vítima, falsamente, a prática de um delito, leva tal fato ao conhecimento da autoridade e, com isso dá causa a instauração de inquérito policial ou de ação penal. O delito se consuma com a instauração da investigação policial, o processo penal etc. A tentativa é admissível como, por exemplo, no caso em que a autoridade policial não leva a sério a falsa comunicação. TIPOS QUALIFICADO E PRIVILEGIADO: A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Este delito não pode ser confundido com a denunciação caluniosa. Nesta, como vimos, o sujeito indica uma determinada pessoa como suposta autora. Diferentemente, na comunicação falsa, o indivíduo apenas noticia à autoridade um fato que não ocorreu, deixando de lhe apontar a autoria. Assim, para sua PROVA, pense: 1 - APONTOU AUTORIA ��� DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. 2 - SÓ COMUNICOU UM FATO ��� COMUNICAÇÃO FALSA. Consuma-se o delito com a ação da autoridade e a tentativa é possível. AUTO-ACUSAÇÃO FALSA Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. O objeto da auto-acusação deve ser crime. Se for contravenção, o fato será atípico. A conduta deve ocorrer perante autoridade (policial, judicial ou administrativa). Se ocorrer perante funcionário público, não há caracterização do delito A consumação ocorre quando a autoridade toma conhecimento da auto-acusação. A tentativa é possível na auto-acusação realizada por escrito. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por testemunha, perito, contador, tradutor e intérprete. Há uma grande divergência doutrinária quanto à possibilidade da existência de concurso de pessoas nesta espécie de delito. Entendem as bancas que é possível a participação no crime de falso testemunho. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO O falso testemunho se consuma com o encerramento do depoimento e a tentativa é admissível (Ex: O depoimento, por qualquer circunstância, não se encerra). A falsa perícia se consuma com a entrega do laudo à autoridade. É admissível a tentativa. FIGURAS TÍPICAS AGRAVADAS: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se: 1. O crime é praticado mediante suborno; 2. O crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal; 3. O crime ocorre em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. RETRATAÇÃO: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA, PERITO, CONTADOR, TRADUTOR OU INTÉRPRETE. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, Consuma-se no momento em que o sujeito dá, oferece ou promete o objeto material, independentemente de qualquer resultado. A forma tentada só é admitida nos casos em que o sujeito emprega a forma escrita para dar, oferecer ou prometer a vantagem. Exemplo: Carta com a promessa é interceptada pela autoridade policial. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO cálculos, tradução ou interpretação. FIGURA TÍPICA AGRAVADA: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a inter- vir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime de forma vinculada, ou seja, que só pode ser praticado mediante violência ou grave ameaça. O processo pode ser judicial, administrativo ou em curso em juízo arbitral. Também se inclui o inquérito policial. A consumação ocorre com o emprego da violência ou grave ameaça, não importando que o sujeito consiga o fim que objetiva. Admite-se a tentativa. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Exige-se, para a caracterização do delito, a legitimidade da pretensão ou, ao menos, que o sujeito suponha legítima a sua pretensão com base em razões convincentes. Assim, se o dono de imóvel alugado invade a casa, a fim de obter, através de objetos do inquilino, o aluguel devido, teremos o exercício arbitrário das próprias razões e não o furto. O delito consuma-se com o emprego dos meios executórios para a satisfação da pretensão. É admissível a tentativa. AÇÃO PENAL: Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa, ou seja, a ação será privada. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO SUBTRAÇÃO OU DANO DE COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido pelo proprietário do objeto material. Tem sua consumação no momento em que o sujeito subtrai, destrói, suprime, ou danifica o objeto material. Admite-se a tentativa. FRAUDE PROCESSUAL Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Este delito também é denominado de “estelionato processual”. A diferença entre a fraude processual e o estelionato reside no fato de que neste (estelionato) a fraude objetiva permitir que o sujeito venha a obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. Na fraude processual a intenção é enganar o Juiz ou Perito. Não havendo modificação no mundo externo, ou seja, não se inovando (alterando) um local (lugar), uma coisa (móvel ou imóvel) ou pessoa (fisicamente), sem transformar seu o estado original, real, não haverá crime. Neste sentido, vale transcrever o seguinte entendimento que versa sobre a inovação: “(...) inovar artificiosamente o estado de lugar, coisa ou pessoa, escreve Heleno Cláudio Fragoso, citando Manzini, significa provocar em lugar, coisa ou pessoa modificações materiais, extrínsecas ou intrínsecas, de forma a alterar o aspecto ou outra propriedade probatória que o lugar, coisa ou pessoa tinha precedentemente, e idôneas para induzir o juiz ou perito.” No mesmo sentido, importante se faz constar o entendimento abaixo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVOProfessor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO “Inova-se artificiosamente: o estado de lugar, quando, por exemplo, se abre um caminho, para inculcar uma servidão ‘itineris’; o estado de coisa, quando, ‘verbi gratia’, se eliminam os vestígios de sangue numa peça indiciária da autoria de um homicídio, ou se coloca um revólver junto a uma vítima de homicídio, para fazer crer em suicídio; o estado (físico) de pessoa, quando, ‘in exemplis’, se suprimem, mediante operação plástica, certos sinais característicos de um individuo procurado pela justiça’.” Cabe ressaltar que, se for a fraude tida como grosseira, constatável à primeira vista, não se configurará o crime, pois o artigo 347 do CP trás em sua redação a palavra “artificiosamente” o que integra seu tipo. Por iguais razões, não incorrerá no crime aqui tratado o agente que, mesmo intencionalmente, corta ou deixa crescer seus cabelos, extrai seu bigode, passa a usar óculos ou pratica qualquer ato similar com o intuito de não ser reconhecido onde, portanto, tais condutas não configuram o tipo penal, ou seja, a inovação artificiosa. Quanto à consumação, apesar de haver divergências, para a sua PROVA entenda que ocorre com a inovação, não sendo necessário que o sujeito engane o Juiz ou Perito. A tentativa é admissível. FAVORECIMENTO PESSOAL Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Distingue-se a conduta do agente que presta auxílio ao criminoso daquele que exerce a co-autoria ou participação no crime. No crime aqui tratado o agente presta CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO auxílio desempenhando qualquer ação que vise a subtração do criminoso à ação da autoridade. É indispensável, para a existência do crime, que o auxílio não tenha sido prestado ou prometido antes ou durante o crime precedente, pois, de outro modo, o que haveria a reconhecer, como é claro, seria a co-participação. As ações mais comuns que levam o agente a incorrer no crime de favorecimento pessoal são, entre outras, ocultar o criminoso dando-lhe abrigo (esconderijo); auxiliá-lo a disfarçar-se, fornecer-lhe transporte para evasão. Em relação às condutas que levam o agente a incorrer no crime, cabe transcrever o seguinte entendimento jurisprudencial: “O favorecimento pessoal pode ser praticado por qualquer meio, desde que traduza uma ação positiva e direta, com referência ao escopo pretendido, podendo ser considerado como modalidade de auxilio o fato de subtrair o criminoso às diligências realizadas pela autoridade para encontrá-lo.” O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, excetuado o co-autor do delito precedente, ainda que sua participação no crime se tenha limitado à promessa de auxiliar, após a prática criminosa. A consumação opera-se no momento da prestação do auxílio que subtraiu o criminoso à autoridade. É admissível a tentativa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA: Quando imposta abstratamente ao crime antecedente pena de detenção. ESCUSA ABSOLUTÓRIA: Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. FAVORECIMENTO REAL Prestar a criminoso, fora dos casos de co- autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. FAVORECIMENTO REAL X PESSOAL: No real o agente objetiva tornar seguro o proveito do delito. Diferentemente, no pessoal, visa tornar seguro o autor do crime antecedente. Por “proveito do crime” devemos entender qualquer vantagem, material ou imaterial. A título de exemplo podemos citar como vantagem material a posse do objeto furtado anteriormente, e imaterial o valor pago pela pratica, ou seja, a coisa (dinheiro) que veio a substituir o objeto do material do crime. FAVORECIMENTO REAL X RECEPTAÇÃO: Na receptação o proveito deve ser econômico enquanto no favorecimento real pode ser econômico ou moral. Na receptação o agente age em proveito próprio ou de terceiro, que não o autor da conduta anterior. No favorecimento real age, exclusivamente, em favor do autor do crime antecedente. No favorecimento real a ação do sujeito visa ao autor do crime antecedente enquanto na receptação a conduta recai no objeto material do delito anterior. O crime de favorecimento real não CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO comporta a modalidade culposa, pois o agente uma vez exprimindo sua vontade em auxiliar o autor de crime, sabedor se tratar da ilicitude do objeto, exerce vontade consciente, dolosa. Consuma-se com a prestação do auxílio e a tentativa é admissível. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança; II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Há divergências quanto à revogação do art. 350 do CP pela lei de abuso de autoridade. O entendimento majoritário é o de que não houve revogação total, mas apenas do inciso III do citado dispositivo. De qualquer forma, devido a estas divergências, dificilmente este delito aparece em PROVAS e, para você, basta uma noção geral das condutas descritas nos incisos I, II e IV. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva. Para a caracterização do delito é necessário que a pessoa esteja legalmente presa ou submetida a medida de segurança. Caso a prisão ou medida de segurança seja ilegal, não haverá o delito por atipicidade do fato. TIPOS QUALIFICADOS: Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado.FORMA CULPOSA No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. A consumação ocorre no momento da fuga e a tentativa, salvo na modalidade culposa, é admissível. EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por preso ou indivíduo submetido à medida de segurança. A consumação ocorre com o emprego da violência física contra a pessoa. Observe que a tentativa é admissível, mas, como é tratada no próprio tipo penal CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO (“tentar evadir-se”), tem a mesma pena da forma consumada. ARREBATAMENTO DE PRESO Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. Este crime praticamente não aparece nas provas. Consuma-se com o arrebatamento do preso e a tentativa é admissível. Obs.: Arrebatar significa tirar, arrancar, tomar. MOTIM DE PRESOS Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Este crime, assim como o anterior, também não vem sendo muito exigido em provas. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido por presos. Atinge sua consumação com a efetiva perturbação da ordem ou disciplina e admite-se a forma tentada. PATROCÍNIO INFIEL Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por advogado regularmente inscrito na OAB ou por estagiário de advocacia nos termos do art. 3º do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Consuma-se com a produção do prejuízo e é admissível a tentativa na forma comissiva. PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Trata-se de crime praticado por advogado ou procurador judicial que defende, na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. O sujeito ativo só pode ser o advogado, regularmente inscrito na OAB ou procurador judicial (estagiário ou CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO provisionado inscrito na Ordem). A disposição não inclui os membros do Ministério Público e os Procuradores do Estado. O tipo penal prevê duas condutas: 1. Patrocínio simultâneo; e 2. Patrocínio sucessivo das partes contrárias (tergiversação). No primeiro caso, o advogado, ao mesmo tempo, defende interesses, na mesma causa, de partes contrárias. Não é necessário que seja no mesmo processo, uma vez que a figura penal fala “na mesma causa”, pois uma causa pode ter mais de um processo. Na segunda hipótese, o advogado, após defender um litigante, passa a defender o outro. As partes contrárias são as pessoas com interesses diversos na mesma causa (pessoas físicas ou jurídicas, autor, réu, ofendido etc.), não sendo suficiente que haja colisão de interesses, pois é necessário que as partes sejam contrárias. Como “mesma causa” deve-se entender a mesma pretensão jurídica, ainda que ela se estenda em processos diversos, como, por exemplo, a cobrança de alimentos por períodos sucessivos. A consumação ocorre com a efetiva prática de ato processual no interesse simultâneo de partes contrárias. O consentimento exclui a ilicitude da conduta. É admissível a tentativa na CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO modalidade de defesa simultânea, mas não na de patrocínio sucessivo. Exemplo: Em uma separação consensual, no qual o advogado defende interesses de ambos os cônjuges há inexistência de crime, podendo os cônjuges contratar o mesmo advogado, pois inexistem partes contrárias. Em uma separação litigiosa, o advogado que defende ambos os cônjuges pratica o crime de patrocínio simultâneo. SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador Este crime quase não é encontrado em provas, bastando o conhecimento da conduta típica. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Trata-se de delito bem parecido com o tráfico de influência que analisamos na aula passada. A diferença reside no fato de que aqui a lei expressamente cita as pessoas que servem à justiça (em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha). O rol é taxativo. A consumação ocorre com a solicitação ou recebimento e a tentativa é admissível no caso de solicitação por escrito e no recebimento. TIPO QUALIFICADO: As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO pessoas referidas no dispositivo legal. VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL Impedir, perturbar ou fraudar arrematação Judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem. Atenha-se apenas ao conhecimento da figura típica. DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por quem foi suspenso ou privado por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Consuma-se o delito no momento em que o sujeito desobedece à decisão judicial e passa a exercer atividade, direito, função etc. Admite-se a tentativa. 6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 6.3.1 CONCURSO DE PESSOAS Imagine que Tício, funcionário público, pratica o delito de peculato junto com Mévio, que não faz parte do quadro da Administração. Poderá Mévio, sendo particular, responder pelo citado crime (PECULATO)? A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável, desde que cumprido um requisito essencial: É necessário que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que pratica o delito juntamente com um funcionário público. Observe o disposto sobre o tema no Código Penal: CURSO ON-LINE – DIREITO PENALPROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Tício, funcionário público, para cometer um furto. Sem saber da qualidade especial de Tício, Caio pratica o delito. Nesta situação, responderá Tício por peculato-furto e Caio por furto. É importante ressaltar que não há necessidade de que o terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário público faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que saiba que o “companheiro do delito”, também chamado executor primário, exerce serviço de natureza pública. ************************************************** FUTURO (A) APROVADO (A), Mais uma etapa completada. Aqui finalizamos os temas de nossa aula e, para complementar, nada mais importante do que muita prática. Sendo assim, seguem exercícios para você se divertir e consolidar de vez o aprendizado. Procure fazer primeiro a lista com as questões SEM O GABARITO apresentada no final da aula e depois confira suas respostas. Abraços e bons estudos, Pedro Ivo "A vitória pertence ao mais perseverante.” (Napoleão Bonaparte) CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO RESUMO DA MATÉRIA APRESENTADA CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA Usurpar o exercício de função pública. Se do fato o agente aufere vantagem � Tipo qualificado. O crime é consumado com a prática do primeiro ato de ofício, independente do resultado, ou seja, não importando se o exercício da função usurpada é gratuito ou oneroso. RESISTÊNCIA Opor-se à execução de ato legal mediante violência ou ameaça à funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Se o ato, em razão da resistência, não se executa � Tipo qualificado. É delito formal, consumando-se no momento da violência ou ameaça. DESOBEDIÊNCIA Desobedecer à ordem legal de funcionário público. O crime é consumado com a ação ou omissão (omissivo próprio) do desobediente. DESACATO Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. O crime é consumado com o ato ofensivo. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no No verbo obter, trata-se de CRIME MATERIAL e a consumação ocorre no momento em que o sujeito obtém a vantagem (ou a CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO exercício da função. A pena é aumentada da metade se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. promessa). Nos verbos solicitar, exigir e cobrar, temos o CRIME FORMAL e a consumação opera-se com a simples ação do sujeito. CORRUPÇÃO ATIVA Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. A pena é aumentada de um terço se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. O crime é FORMAL e consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou promessa. CONTRABANDO OU DESCAMINHO Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Se a mercadoria deu entrada ou saída pela alfândega, a consumação ocorre no momento em que a mercadoria é liberada. Se a conduta é interrompida e não ocorre a liberação, há tentativa. Se a mercadoria entra por outro local que não pela aduana, consuma-se o delito no momento da entrada em território nacional. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público para identificar ou cerrar qualquer objeto. Trata-se de CRIME MATERIAL. Consuma-se o delito com o ato de rasgar, inutilizar, conspurcar ou violar. SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário em razão de ofício ou de particular em serviço público. O crime é consumado com a subtração ou efetivação da inutilização. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO EXERCÍCIOS 1. (CESPE / Analista Judiciário - STM / 2011) Caso o indivíduo X, servidor público, aceite dinheiro oferecido pelo indivíduo Y para retardar o andamento de processo que tramita na vara onde X exerce suas funções, os dois deverão responder por corrupção passiva, em concurso de pessoas. Errado. O agente público, se solicita ou recebe vantagem indevida, responde por corrupção passiva. Diferentemente, a pessoa que oferece ou promete responde por corrupção ativa. 2. (CESPE / Analista Judiciário - STM / 2011) A pessoa que exige para si vantagem a pretexto de influir em ato praticado por servidor público no exercício da função comete crime de tráfico de influência. Caracteriza-se a exploração de prestígio quando a solicitação é feita a pretexto de influir, por exemplo, sobre juiz ou funcionário da justiça. Certo. A questão enuncia de forma correta o tráfico de influência (art. 332, do CP) e o delito de exploração de prestígio (art. 357, do CP). 3. (CESPE / Juiz - TRT 1ª Região / 2010) Quem der causa à instauração de mera investigação administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente, não responde pelo delito de denunciação caluniosa. Errado. A denunciação caluniosa está prevista no art. 339 do código Penal. É definida como a conduta de dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. 4. (CESPE / Juiz - TRT 1ª Região / 2010) Aquele que provoca a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de simples contravenção penal que sabe não se ter verificado, não comete crime contra a administração da justiça. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPUPROFESSOR PEDRO IVO Errado. Aquele que provoca a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de simples contravenção penal que sabe não se ter verificado, comete crime de comunicação falsa de crime ou de contravenção, delito previsto no art. 340 do Código Penal 5. (CESPE / Juiz - TRT 1ª Região / 2010) Aquele que facilita a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional comete crime contra a administração da justiça. Certo. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional, caracteriza modalidade de favorecimento real, prevista no art. 349-A do Código Penal. 6. (CESPE / Juiz - TRT 1ª Região / 2010) A respeito do delito de falso testemunho, o Código Penal adotou, em relação à falsidade, a teoria objetiva, segundo a qual o delito se consuma com a mera divergência entre o fato narrado e a realidade dos fatos. Errado. A doutrina menciona a existência de duas teorias: objetiva e subjetiva. A primeira diz que a falsidade corresponde aos fatos que não aconteceram, mas que foram narrados como se tivessem acontecido. Denota mera divergência entre o fato narrado e a realidade dos fatos. A segunda teoria relaciona-se diretamente à ciência do agente. Refere que a falsidade é o relato verdadeiro, amplamente em consonância com os fatos, mas que não foram presenciados pela testemunha. Ou seja, o agente falsamente afirma ter presenciado um fato verídico. O Código Penal, no que diz respeito ao falso testemunho, adota a teoria subjetiva. Assim, para fins de comprovação do crime de falso testemunho (art. 342 do CP), é necessário que reste demonstrada a dissensão entre o depoimento e a ciência da testemunha (teoria subjetiva), e não a mera existência de contraste entre o depoimento da testemunha e o que efetivamente sucedeu (teoria objetiva). 7. (CESPE / Juiz - TRT 1ª Região / 2010) A fraude processual é crime comum e material, exigindo-se, para a sua consumação, que o juiz ou o CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO perito tenham sido efetivamente induzidos a erro, não podendo ser cometido por pessoa que não tenha interesse no processo. Errado. O código penal brasileiro prevê em seu artigo 347 o crime de fraude processual. O referido dispositivo pressupõe que, na pendência da lide, o agente inove artificiosamente o estado do lugar, da coisa ou da pessoa, com o fito de induzir em erro o juiz ou o perito. A fraude processual é crime comum e formal, não se exigindo para a sua consumação, que o juiz ou o perito tenham sido efetivamente induzidos a erro, bastando que a inovação seja apta, num primeiro momento, a produzir tal resultado. O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum, podendo o agente ter ou não interesse na lide, ou seja, incorrerá em crime inclusive pessoa estranha a relação processual. O sujeito passivo é o Estado e a pessoa prejudicada pela ação do agente. 8. (CESPE / AGU-ADM / 2010) Um servidor público, nomeado para elaborar prova de concurso para a progressão de servidores para classe imediatamente superior, antecipou a alguns candidatos as questões e as respostas do exame, o que acarretou graves consequências de ordem administrativa e patrimonial devido à anulação do certame. Nessa situação, além das sanções administrativas correspondentes, o agente responderá pelo crime de violação de sigilo funcional. Certo. A conduta descrita caracteriza o delito de violação de sigilo funcional. Tal delito encontra-se definido no art. 325 do Código Penal como a conduta de Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação. 9. (CESPE / AGU-ADM / 2010) Um delegado de polícia, por desleixo e mera indolência, omitiu-se na apuração de diversas ocorrências policiais sob sua responsabilidade, não cumprindo, pelos mesmos motivos, o prazo de conclusão de vários procedimentos policiais em curso. Nessa situação, a conduta do policial constitui crime de prevaricação. Errado. A prevaricação está definida no artigo 319 do Código Penal como a conduta de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. O tipo penal exige com elemento subjetivo o dolo e a intenção de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Como na questão não há qualquer menção ao fato de à autoridade querer satisfazer interesse ou sentimento pessoal, não estará caracterizada a prevaricação. 10. (CESPE / AGU-ADM / 2010) Um policial militar em serviço, ao abordar um cidadão, exigiu dele o pagamento de determinada soma em dinheiro, utilizando-se de violência e ameaçando-o de sequestrar o seu filho. A vítima, ante o temor da ameaça, cedeu às exigências formuladas e entregou ao policial a quantia exigida. Nessa situação, não obstante a prática de crime pelo agente, não há que se falar em delito de concussão, pois inexiste nexo causal entre a função pública desempenhada pelo policial e a ameaça proferida. Certo. Para que haja concussão é necessário que exista correlação ou nexo causal entre a ameaça e a função pública desempenhada pelo agente. No caso em análise não há correlação, não há nexo, pois qualquer pessoa e não apenas um policial poderia ameaçar sequestrar o filho da vítima a fim de obter a vantagem indevida. 11. (CESPE / AGU-ADM / 2010) Um funcionário que ocupa cargo em comissão de uma prefeitura foi exonerado, de ofício, pelo prefeito, tendo sido formalmente cientificado do ato mediante comunicação oficial devidamente publicada no diário oficial. A despeito disso, o servidor continuou a praticar atos próprios da função pública, sem preencher condições legais para tanto. Nessa situação, configurou-se o delito de usurpação de função pública. Errado. O crime de Usurpação de função pública, previsto no art. 328 do Código Penal, consiste em usurpar o exercício de função pública. Usurpar que é derivado do latim USURPARE, significa apossar-se sem ter direito. Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 43 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO A punição se dá quando alguém toma para si, indevidamente, uma função pública alheia, praticando algum ato ou vontade correspondente, entretanto, a função usurpada há de ser absolutamente estranha ao usurpador para a configuração do crime. 12. (CESPE / Procurador - BACEN / 2009) Não haverá o crime de condescendência criminosa quando faltar ao funcionário público competência para responsabilizar o subordinado que cometeu a infração no exercício do cargo. Errado. O crime de condescendência criminosa, previsto no art. 320 do Código Penal, pode ocorrer em duas situações: Quando o funcionário, por indulgência, deixar de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.Assim, não é correto afirmar que o delito em tela só ocorre quando há relação de subordinação. 13. (CESPE / Procurador - BACEN / 2009) No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal é mero exaurimento do crime, não sendo obrigatória a sua presença para a configuração do delito Errado. Consiste a prevaricação em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal não é mero exaurimento do crime, mas sim elemento subjetivo que deve coexistir com o dolo, a fim de caracterizar o crime. 14. (CESPE / Procurador - BACEN / 2009) A ocorrência de prejuízo público como resultado do fato não influencia a pena do crime de abandono de função. Errado. Conforme previsão do § 1º do art. 323 do Código Penal, se do abandono de função resulta prejuízo público, a pena é ampliada em relação ao tipo fundamental. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 44 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 15. (CESPE / Analista - IBRAM / 2009) O agente público que, descumprindo dever funcional, praticar ato de ofício apenas por ceder à influência de outrem comete o crime de prevaricação. Errado. Caracteriza o delito de corrupção passiva, previsto no § 2º do art. 317 do Código Penal o fato de o funcionário praticar, deixar de praticar ou retardar ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. 16. (CESPE / Analista - IBRAM / 2009) O agente público que, mediante ameaças e lesão corporal, exige vantagem pecuniária indevida comete o crime de concussão. Errado. O delito de concussão, previsto no art. 316 do Código Penal, se tipifica quando o funcionário público exige, impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. Em outros termos, o crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada pelo funcionário público, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou virá a ceder em face do metu publicae potestatis (medo do poder público). Neste delito a exigência não advém de ameaças e lesão corporal. 17. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) No delito de peculato, é desnecessário o elemento subjetivo do tipo denominado animus rem sibi habendi, sendo certo que o mero uso do bem público para satisfazer interesse particular, ainda que haja devolução posterior, configura o crime em tela. Errado. No crime de peculato, definido no art. 312 do Código Penal, o elemento subjetivo do tipo é o dolo, caracterizado pela vontade livre e consciente de apropriar-se ou desviar a coisa móvel pública ou particular, com o ânimo de apoderar-se dela de forma definitiva sem a intenção de restituí-la. O funcionário passa a agir como se fosse o dono ou desvia a coisa dando um fim diverso do previsto legalmente. É o denominado animus rem sibi habendi. 18. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) É inadmissível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados contra a administração pública. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 45 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO Errado. A questão acima é controvertida em nossos tribunais superiores. Existem decisões divergentes entre o STJ e o STF. O STF no HC 87.478-PA entendeu ser perfeitamente aplicável o principio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública. Já o STJ no REsp. 655.946-DF entendeu não ser aplicável. O CESPE segue o entendimento do STF segundo o qual é admissível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados contra a Administração Pública. 19. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) A formalidade do compromisso não integra o crime de falso testemunho, razão pela qual quem não é obrigado pela lei a testemunhar, mas que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo juiz, mesmo sem ter prestado compromisso, pode ficar sujeito às penas do crime de falso testemunho. Certo. Segundo o entendimento do STF, a formalidade do compromisso não mais integra o tipo do crime de falso testemunho, diversamente do que ocorria no primeiro Código Penal da Republica, Decreto 847, de 11/10/1890. Quem não e obrigado pela lei a depor como testemunha, mas que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo Juiz, mesmo sem ter prestado compromisso pode ficar sujeito as penas do crime de falso testemunho. 20. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) A autoridade administrativa que se nega a cumprir ordem judicial para satisfazer sentimento pessoal pratica o delito de desobediência. Errado. O crime de desobediência não pode ter por sujeito ativo o funcionário público, salvo atuando como particular, ou seja, descumprindo ordem não referente às suas funções. Se o servidor público, recebendo ordem judicial para cumprimento, retarda ou deixa de praticar, indevidamente, os respectivos atos de ofício, ou os pratica contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, resta passível de ser processado criminalmente, porém por prevaricação (art. 319 do CP). CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 46 DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS ANALISTA - MPU PROFESSOR PEDRO IVO 21. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Policial civil que ingressa no depósito de veículos e subtrai uma motocicleta apreendida comete o crime de peculato desvio. Errado. No caso em tela, há ocorrência do peculato furto. Segundo o STF, tal espécie de peculato ocorre quando o funcionário público não detém a posse da coisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, mas sua qualidade de funcionário público propicia facilidade para a ocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém no órgão público em que atua ou desempenha suas funções 22. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Comete o crime de concussão o médico de hospital público que exige de paciente, em razão de sua função, dinheiro para viabilizar o atendimento pelo SUS. Certo. O médico do SUS, nos termos do art. 327 do Código Penal, é considerado funcionário público para fins penais. Assim, como a conduta se enquadra na figura típica do art. 316, responderá o agente pelo crime de concussão. 23. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) Se um gerente do Banco do Brasil, entidade paraestatal, apropriar-se de dinheiro particular de que tem a posse em razão do cargo, o crime por ele cometido será o de apropriação indébita, uma vez que ele não pode ser considerado funcionário público para fins penais. Errado. Segundo o art. 327 do Código Penal, considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, integra a Administração Indireta e, portanto, o gerente será considerado funcionário público para fins penais. 24. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-MA / 2009) No crime de concussão, o ressarcimento do dano é causa de extinção da punibilidade. Errado. O Código Penal não prevê hipótese de extinção de punibilidade, no caso de ressarcimento do dano, para o delito de concussão. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR
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