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FH - UFG Thales Fernandes Prof. Dr. David Maciel FICHAMENTO: PADRÓS, Enrique S. “Capitalismo, prosperidade e Estado do bem-estar social”. In: REIS FILHO, Daniel A.; FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste (orgs.). O século XX: o tempo das crises. Volume 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 227-266. Obs: fichamento feito a partir de um PDF sem numeração de páginas. ● 1. Período pós segunda guerra e prosperidade capitalista: IDADE DE OURO. “A espantosa recuperação do mundo capitalista, quanto ao crescimento econômico e avanços tecnológicos, revolucionou as pautas de consumo e comportamento até então existentes.” - Também: reconstrução européia e japonesa, Guerra Fria, descolonização e nacionalização da hegemonia americana. ● Impactos da segunda guerra: bombardeios das vias de comunicação e desmantelamento e mudanças de fábricas causaram um grande impacto na vida material das pessoas; grandes imigrações espontâneas e de soldados, causando um maior tensionamento geopolítico e demográfico. - Endividamento das economias europeias “Em 1945, por exemplo, a dívida britânica junto à Argentina (uns 126 milhões de libras) só foi zerada com a venda de empresas que a Grã-Bretanha possuía naquele país (ferrovias, companhias de construção elétrica, transporte urbano). A essa altura, parte desse material já era considerado obsoleto, mas a nacionalizações foram capitalizadas pelo projeto político peronista.”; queda da produção “Comparada aos anos 30, a produção de cereais diminuíra em 70%, a de carne 66% e outros produtos agrícolas 75%.”; mas os EUA tiveram um crescimento produtivo “triplicaram a produção industrial (em 1946 produziram metade da produção mundial) já a sua renda per capita aumentou mais de 100% (de 550 para 1.260 doláres).”. ● PERCA DOS IMPÉRIOS COLONIAIS: “a) a contradição no apelo das metrópoles ao esforço de guerra colonial contra as ditaduras fascistas em nome da democracia e liberdade; b) a falta de condições materiais para restabelecer a tradicional relação metrópole-colônia c) a penetração econômica americana nas colônias européias durante a guerra d) a pressão política e simultânea dos EUA e da URSS contra a manutenção da ordem colonial: a primeira, contrária aos mercados fechados; a segunda, identificando-se com os movimentos revolucionários e procurando novos espaços econômicos para relacionar-se. Independentemente de questões ideológicas, a descolonização enfraqueceu a Europa em benefício das superpotências.” ● “A experiência da pós-primeira guerra e a crise de 1929 serviram de referência para evitar situações posteriormente semelhantes.” ● Ajuda dos EUA à Europa, estratégica. Doação de alimentos comprados do setor agrícola pelo Estado, imposição do mercado norte-americano aos europeus. “As economias européias deviam seguir as recomendações americanas de flexibilizar seus mercados e suas políticas econômicas às novas tendências estruturadas a partir da lógica do sistema de acumulação dos EUA.” ● Acordo de Bretton Woods, julho de 1944, EUA: “a) aceitação do dólar como moeda internacional e conversível em ouro (a libra esterlina foi usada por pouco tempo); b) livre conversibilidade das moedas nacionais entre si, a partir de uma paridade fixada em ouro ou em dólares; c) criações de instituições que sustentassem os acordos como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, mais conhecido como Banco Mundial.” - EUA possuía a maioria das reservas de ouro e trocava seus produtos pelo mesmo. “A enorme transferência de ouro para os EUA foi um dos fatos mais importantes do início da reconstrução européia. Assim, podia-se garantir a conversão desse ouro em dólares mantendo-se o dinamismo do circuito comercial.” ● Países europeus sem a possibilidade de pagamento de suas reconstruções, mas “O medo de turbulências sociais e a possibilidade de avanços dos partidos de esquerda no velho continente levaram o tesouro americano a uma intervenção cirúrgica nas frágeis economias européias e japonesa do pós-guerra.” - Doutrina Truman e Plano Marshall: “a) reconstruir a sociedade capitalista global; b) recompor a economia européia; c) integrar o Ocidente europeu à economia americana; d) adequar a imensa defasagem entre os dólares e ouro existentes nos EUA e a falta deles entre os aliados ocidentais.” EMPRÉSTIMOS COM JUROS BAIXOS: “A Inglaterra o país mais beneficiado, recebeu 7,5 bilhões de dólares (seguido da França com 5 bilhões, Alemanha com 4 bilhões e Itália com 3,5 bilhões).” - Japão: Plano Dodge. ● Conferência de Bretton Woods e Plano Marshall: “americanização da economia do mundo ocidental”, hegemonia norte-americana. - 1948: OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico); Bélgica, Holanda e Luxemburgo (Benelux). 1951: Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). - Plano Schuman (ministro de Relações Exteriores francês), de produção integrada franco-alemã, “visava esvaziar a competição industrial franco-alemã colocando sob uma autoridade supranacional uma política de produção conjunta para o carvão, aço e ferro.” ● “Finalmente, em 25 de março de 1957, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Luxemburgo e Itália, a Europa dos seis, acordavam o Tratado de Roma, criando a Comunidade Econômica Européia (CEE) [...] A Inglaterra, ponta-de-lança dos interesses dos EUA no continente não querendo abrir a sua zona internacional de influência (a Commonwealth), optou por não fazer parte da CEE assim como não fizera da CECA.” ● Os EUA portanto, para serem vitoriosos na Guerra Fria, precisaria de aliados fortes e bem reestruturados, além de consumidores para a sua indústria. “O acordo de Bretton Woods, complementado pelo Plano Marshall, garantiu um volume de moeda que viabilizou a relação demanda-produção. Isto foi fundamental. Garantiu um fantástico crescimento produtivo e acumulação de capitais nos EUA e impulsionou a recuperação européia e japonesa. Ainda estimulou a integração na Europa e possibilitou que essas economias fossem permeáveis aos interesses americanos. Era o resultado da supremacia indiscutível dos Estados Unidos no mundo capitalista.” ● 2. Grande crescimento econômico, surgimento da “economia mista”, “o Estado planejava, racionalizava e orientava a produção. Comprometia-se com previdência social e garantia o pleno emprego, afastando o clima de instabilidade. Era o Estado Regulador ou de Bem-Estar Social.” ● Fordismo no plano microeconômico: “Fixando o trabalhador ao longo da esteira, reduzia o gasto inútil de energia e controlava a velocidade do processo de trabalho [...] Também estava implícita no fordismo a visão de que se remunerasse melhor os trabalhadores, estes se tornariam consumidores.” Imposição deste sistema pelo mundo afora. “Além do próprio conceito, grande parte da maquinaria necessária para a linha de montagem também deveria ser comprada dos EUA.” - AUMENTO DO CONSUMO E ALIENAÇÃO DO POVO: “A transformação do trabalhador em um consumidor de produtos até então inacessíveis, através de aumento salarial, criava uma sensação de melhoria material e esvaziava pressões sociais gerais.” - Consumo em massa. ● John Maynard Keynes, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda , 1936. “A sua proposta fundamental defendia o estímulo da demanda e o aumento da produção, da renda e do emprego através da intervenção do Estado. Este devia corrigir os defeitos do mercado objetivando um capitalismo eficiente.” ● Baby Boom, aumento da taxa de natalidade permanente nos países do capitalismo periférico e retração nos países do capitalismo central por volta da década de 60. ● Segunda revolução agrícola: maquinaria e aumento da produção, a “tecnologia aumentou fantasticamente a capacidadede produção de alimentos.” - Grande aumento de inovações tecnológicas e pesquisas científicas. “A corrida espacial a energia nuclear, a eletrônica e a robótica foram alguns dos novos setores privilegiados por essa revolução tecnológica.” - Aumento no consumo de produtos com maior tecnologia como carros e eletrodomésticos, exportando o “american way of life”. ● “Os EUA propuseram uma reconstrução do espaço político, um modelo bipartidário e a estabilidade do bem-estar econômico e da paz social. Tal modelo, com algumas variáveis e carregado com o anticomunismo doinício do pós-guerra, espalhou-se pela Europa e Japão [...] Os EUA, fiadores da ordem ocidental, desenvolveram três orientações que pautaram a reconstrução: 1) organizar a economia capitalista em volta de sua liderança e interesses; 2) abrir os impérios coloniais e as metrópoles européias aos seus investimentos e comércio; 3) derrotar a onda revolucionária anticapitalista (na Europa, no Extremo Oriente e depois, na América Latina e África).” ● “É visível na política externa americana a intrínseca vinculação entre interesses econômicos e militar-estratégicos. Neste sentido, a obtenção de mercados estava acompanhada pelas necessidades geradas pela Guerra Fria: controle sobre zonas energéticas, bases militares, enclaves geopolíticos etc. A administração Truman (1945-1953) orientou com êxito a reconversão econômica de tempos de guerra para tempos de paz.” ● Governos democratas em busca de maior bem-estar social mas com políticas externas bem agressivas (Kennedy e Johnson 1961-1968). - Vietnã e desequilíbrio orçamentário; Cuba (1961) e financiamento de ditaduras na América Latina. ● ILUSÃO CAPITALISTA: “A rápida deterioração das relações entre EUA e URSS, o receio do comunismo e a expectativa de melhoria do nível de vida dos trabalhadores acabaram isolando a esquerda em cada país. No parlamento ou mesmo em alguma coalizão de governo, a esquerda foi moderando suas propostas; grande parte dos socialistas abriu mão do marxismo adotando um reformismo negociador entre o capital e o trabalho.” ● 1949, divisão alemã em “uma área capitalista (República Federal da Alemanha) e outra socialista (República Democrática da Alemanha).” 1969, aliança social-democrata (SPD) e liberal (FDP) afastando os cristãos (União) do poder, reforçando-se assim o Estado de bem-estar social. ● França, “Até o fim dos anos 50, uma aliança entre socialistas e o Movimento Republicano dava à França destacado papel dentro dos esquemas internacionais de integração e cooperação, afiançando o ressurgimento europeu (OTAN, 1949; CECA, 1951; CEE, 1957).” Problemas coloniais com a Argélia e Vietnã e De Gaulle eleito em 1958, que buscará trazer mais autonomia pra França. “Em 1968, confluíram as reivindicações operárias com a intensa mobilização estudantil que produziu o “maio francês”. O governo conseguiu combatê-lo, mas pouco depois, um De Gaulle profundamente desgastado retirava-se da cena política.” ● Grã-Bretanha, 1945, derrota de Churchill e vitória do trabalhista Clement Attlee. Alternância entre conservadores e trabalhistas no poder nos anos seguintes devido à problemas internos monetários. - Conflito Irlandês; “Na Itália manifestava-se desde a guerra uma forte tendência revolucionária, antifascista e antimonarquista. Mas a pressão americana e uma recomendação soviética ao colaboracionismo da esquerda com os setores burgueses esvaziaram os setores radicais.” Depois da esquerda chegar a se aliar ao partido cristão, “no fim dos anos 60, os problemas avolumaram-se houve desaceleração econômica com inflação e desemprego, sobrevivência de práticas de nepotismo, clientelismo e corrupção das elites. O descontentamento social manifestou-se na forma de greves maciças (1969) por salário e fortalecimento dos conselhos de representantes sindicais nas negociações capital-trabalho-Estado.” ● A derrota militar do Japão abalou dois pressupostos da sociedade japonesa, o racismo e a divinização do imperador. General MacArthur administrou o país como território ocupado até 1951; “Os EUA tinham cinco eixos de interesse: 1) a destruição do poder militar e a responsabilização das suas ações; 2) a desmilitarização da sociedade e reconversão industrial; 3) a democratização do país e a limitação do poder do imperador (Constituição Parlamentar e Sufrágio Universal); 4) o desenvolvimento econômico que garantisse o retorno aos investimentos americanos e auto-sustentasse a reconstrução do país e; 5) a transformação do Japão em ponto de apoio do sistema defensivo dos EUA no Extremo Oriente.” - O Japão desenvolveu sua economia com a injeção de capital externo, com a Guerra da Coreia, reconheceu sindicatos e praticou uma reforma agrária. “A combinação de fatores conjunturais com a existência de uma mão-de-obra barata e relativamente dócil, a contenção do gasto público e da inflação, e a capacidade de poupança do Estado e da população garantiram o ‘milagre japonês’.” - O Japão era precioso para os EUA no contexto da Guerra Fria, portanto não precisou de gastar seu capital com a segurança nacional e gastos militares. - Lá o Partido Liberal-Democrático assumiu o poder depois do General MacArthur. - Sobre a economia japonesa que, já nos anos 60, ganhava espaço internacional: “Adquirindo e produzindo tecnologia avançada, adaptando patentes importadas e desenvolvendo a capacidade de concentração da mão-de-obra no trabalho, estruturou uma sofisticada indústria siderúrgica, naval, automobilística e eletrônica. Não só ocupava mercados externos como o aumento da renda nacional criara um grande mercado interno.” ● “A reestruturação teve sérias implicações sociais. As profundas alterações no sistema produtivo, o perfil do emprego e o aburguesamento de segmentos operários provocaram desdobramentos. Em breve linhas, pode-se destacar: 1) A extensão da mecanização da agricultura e sua intensificação tecnológica produziu constante diminuição do campesinato e estímulo à urbanização da sociedade.” A biotecnologia aumentava a produção e reduzia o trabalho no campo. As consequências foram drásticas nos países periféricos capitalistas, onde, diferente dos países do capitalismo central que possuem outras fontes de trabalho nas cidades, na periferia “produziu êxodo rural e os cinturões urbanos de miséria. Tal situação combinou-se com a explosão demográfica, resultando em falta de espaço, poluição, insuficiência de redes sanitárias, ausência de áreas verdes e excesso de automóveis.” 2) O crescimento do proletariado europeu, no imediato pós-guerra, acompanhou a incorporação do fordismo, assim como a exploração extensiva de setores econômicos cujas potencialidades, antes daguerra, não haviam sido utilizadas.” A robotização e automação promoveram problemas que se agravaram a partir da década de 70. A proteção do Estado de bem-estar social nos países centrais forçaram as empresas a irem aos países periféricos: “Constata-se, entre os operários com capacidade de consumo nos países desenvolvidos, uma gradual acomodação social, perda de solidariedade e combatividade. O acesso ao consumo de certos bens de massa, o pleno emprego, assim como o entorno protetor do Estado de bem-estar, moderaram as reivindicações e fragilizaram o poder sindical. Parte desse bem-estar de setores do operariado europeu e americano foi financiado pelos trabalhadores do Terceiro Mundo, que, com o seu trabalho, geraram a riqueza dos Estados periféricos, canalizada e transferida, através do comércio desigual e do pagamento de juros e dívidas, aos países desenvolvidos.” 3) “A ascensão da mulher, como protagonista produtiva e política, concretizou-se rapidamente [...] O papel desempenhado na retaguarda da guerra, tanto no setor produtivo, quando na estrutura familiar,permitiu acesso maciço ao ensino e ao mundo do trabalho.” Junto com a desigualdade salarial. Salários e pílulas anticoncepcionais traziam uma aceleração na conscientização social feminina na década de 60, transformando o inclusive o conceito de família. 4) Necessidade de mão-de-obra mais qualificada e popularização das escolas e aumento do número de universidades. A educação popular influenciou no Maio de 68. “Gerações mais conscientes, críticas, exigentes e mais bem instrumentalizadas surgiram deste processo. Por isso 1968 foi o ano da explosão estudantil. Exigia-se o arejamento geral do mundo acadêmico. Mas criticavam-se também as contradições de uma sociedade que começava a ter problemas sociais crescentes, além da burocratização, massificação, despersonalização e alienação. Secundaristas e universitários clamaram como uma geração que buscasse seu espaço; mas muito mais gritaram contra o legado que estavam recebendo das gerações anteriores: o imperialismo, o napalm e bomba atômica, a mercantilização de tudo e os valores consumistas da sociedade burguesa, que pausterizava e massificava qualquer postura autônoma e solidária. O paradoxo é que a radicalização era de setores que, em tese, viviam muito melhor que a geração anterior mas que exigiam, além da qualidade material, mais qualidade de vida. Já no Terceiro Mundo, 1968 foi muito mais do que isso; foi também denúncia da opressão econômica externa, do subdesenvolvimento crônico e de muitos autoritarismos.” 5) A guerra abalou o sentimento religioso, somado ao grande consumismo. “A eleição de João XXIII para o papado em 1958, iniciou um fase de abertura aos problemas sociais. As encíclicas Mater et Magistra (1961) sobre aspectos sócio-econômicos, e Pacem in Terris (1962) envolvendo a paz e as relações internacionais, confirmaram essa preocupação. Finalmente, o Concílio Vaticano II (1962-1965) estabelecia as bases para uma orientação mais sensível à situação dos setores pobres e terceiromundistas.” ● O caráter destrutivo da guerra fez as pessoas repensarem os limites no uso da ciência e da tecnologia; a produção científica aumentou, “Keynes, Galbraith, Samuelson e os ultraliberais Hayeck e Friedman apontaram caminhos diferentes para a nova ordem econômica.” Na filosofia, o existencialismo e o marxismo. “Sartre, Althusser e Marcusse estiveram entre os principais inspiradores da efervescência político-cultural do fim dos anos 60.” - Artes e literatura: “O experimentalismo, a existência de um público muito maior e de mediana formação e as diversas percepções sobre os fatos produziram uma explosão de manifestações artísticas extremamente variadas. Na pintura, entre outras correntes, destacavam-se a permanência do surrealismo, presente no mundo dos sonhos, das alucinações e do subconsciente (Miró, Dalí) e a ausência de elementos figurativos na explosão colorida das formas no abstracionismo (Kandinski, Mondrian, Poliakoff). Fortemente marcada pela sociedade individualista e de consumo de fins dos anos 50, a Pop Art foi a grande representação plástica dos anos gloriosos, mostrando o efeito da massificação e a mercantilização de tudo através da transformação de ícones em produtos de consumo.” - Avanços técnicos na arquitetura, utilização de mais materiais e prédios maiores; prédio da ONU em NY e Oscar Niemeyer para Brasília. - Popularização da música associada à evolução da mobilidade social de jovens e adolescentes, “O fenômeno musical marcante dos anos gloriosos foi o Rock; de Elvis Presley a Jimi Hendrix, passando pelos Beatles, o rock pautou musicalmente as mudanças sociais do seu tempo.” - “Na literatura ecoaram profundamente os problemas do período. As questões sociais, a guerra e o pós-guerra, as infindáveis feridas abertas, individuais ou coletivas, o maquinismo e a massificação, o autoritarismo, o papel da ciência, a burocracia, a contestação etc. Orwel, Greene, Camus, Malraux, Brecht, Weiss, Pasternak, Kerouac, Hemingway e Neruda são alguns dos tantos nomes que refletiram a realidade do pós-guerra no romance e na poesia.” - O cinema foi perdendo a qualidade por causa da busca por resultados comerciais imediatos. “Se é verdade que se criou um mercado para o entretenimento (aproveitando a demanda da massa por opções de lazer), também é verdade que alguns diretores produziram grandes obras reflexivas. Rossellini, De Sica, Capra, Weles, Truffaut, Gordad, Tati, Buñuel, Wilder e Bergman estão entre eles.” Hollywood ganhou grande projeção, com sua indústria diversificando temas e investindo em grandes produções, além de divulgar o “american way of life”, junto com a TV. “Produtos típicos da industria cultural massificada de baixa qualidade para públicos pouco exigentes, a TV e o cinema (assim como as histórias em quadrinhos) desempenharam destacado papel na padronização cultural em curso nos anos 50 e 60.” ● O Estado de Bem-estar social vêm da concepção social-democrata de passar reformas de cunho social por dentro da máquina do Estado capitalista, para reduzir as contradições do sistema, amenizar as tensões. “As participações malsucedidas de partidos políticos de orientação social-democrata no poder, durante o entre guerra, e a vontade de marcar distância do socialismo soviético, levaram essa corrente, em diversas partes da Europa, a priorizar a participação dentro dos limites da legitimidade do Estado burguês.” ● “O cruzamento das propostas de Keynes com o gradual afastamento da social-democracia de propostas revolucionárias levou-os ao objetivo de gerenciar a economia capitalista, limitando-se a combater seus efeitos sociais negativos [...] Assim, o Estado intervinha nos seguintes setores: estratégicos ou que exigiam um enorme volume de capital privado. Fora estas situações, a orientação reformista era a de que esquecer posturas radicais anteriores e não mais ameaçar o capital e a prosperidade privada. Isto interessava muito a burguesia.” ● “Keynes já havia dado o sinal, cabia ao Estado intermediar tal relação (Estado regulador). Os Social-democratas preencheram esse Estado com preocupações sociais progressistas e até humanistas (se comparadas às outras propostas da direita). O consumo passava pelo compromisso dos capitalistas em direcionar parte dos seus lucros às atividades produtivas (criando mais empregos) e em concordar com uma distribuição de riqueza (sem colocar em risco, em momento algum, a propriedade privada ou a hierarquia social existente). Já os trabalhadores aceitavam as regras do funcionamento do sistema, inseriam-se nele e reconheciam a propriedade privada do capital.” ● “Portanto, o Estado foi instrumento de diversas ações encadeadas: 1) assumiu as atividades que não interessavam ao setor privado, mas que eram globalmente importantes; 2) regulou, mediante mecanismos políticos, as relações econômicas entre o capital e o trabalho e compensou os efeitos distributivos do mercado; 3) desempenhou papel econômico, fornecendo serviços e insumos a baixo custo, financiando a atividade privada, realizando obras públicas e capacitando a mão-de-obra; 4) incorporou múltiplos programas sociais (assistência familiar, habitacional, auxílio financeiro, saúde).” ● Acabando com a falácia da social-democracia, de que era possível se fiscalizar racionalmente o capitalismo, assim que a burguesia não se viu mais ameaçada, as multinacionais dirigiram seus capitais para o terceiro mundo. A inserção de novas tecnologias também se inserem nesse contexto, pois ambas causaram “iniciou-se um processo de desemprego que tomaria um viés profundamente agudo a partir dos anos 80. São dois exemplos que mostram como o compromisso do capital com a proposta social-democrata funcionou enquanto aquele não encontrou melhores condições de reprodução.” ● “Quando, em meados dos anos 70,os investimentos públicos ficaram obsoletos e sucateados, por falta de reinvestimento e de cobrança de preços de mercado, foram alvo de críticas pelos defensores das privatizações e dos quais exigiam “menos Estado”. O argumento usado seria o da incompetência do setor público e da incapacidade reguladora do Estado (Przeworski, 1989. P.58).” A social-democracia também fortalece o Mercado e o capitalismo pois descredibiliza a revolução, pois, “defendendo uma economia de mercado com crescente produtividade para manter o pacto social, a social-democracia fortaleceu o capital e ajudou-o a combater suas contradições (desequilíbrio na distribuição de riqueza, eficiência pela redução salarial, tendências ao desemprego etc.)”. Sem contar que o Estado de bem-estar social na Europa Ocidental se deu em cima da exploração dos países periféricos. A social-democracia se baseia no consumismo. ● O Estado de bem-estar social investiu em indústrias de consumo durável, indústrias relacionadas ao bem-estar e outras. Investiu em infraestrutura; investiu no capital privado e se tornou um consumidor, principalmente de materiais militares. “Finalmente, desenvolveu-se uma política externa agressiva, em termos econômicos, dando sustentação aos investimentos e empresas que agiam no mercado mundial. De forma geral, estas foram tendências que caracterizaram a intervenção econômica do Estado do pós-guerra.” ● Exemplos de governos keynesianos e suas estatizações: França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Japão e EUA, mesmo menores do que na época do New Deal. ● “A corrida armamentista estreitou a colaboração entre o setor público e privado. A pesquisa e a produção no setor bélico e afins exigiram financiamento público. A corrida espacial e as novas demandas industriais de alta tecnologia reforçaram um planejamento eficiente.” ● O salário mínimo: “Sendo uma iniciativa de origem inglesa, foi na França, porém, vigente desde 1947, que ele recebeu a complementação da indexação às variações de preços (1953), evitando a defasagem entre salário e variação do custo dos produtos básicos.” ● “Em relação ao ensino, a intervenção também foi forte. As necessidades eram diversas: renovação dos quadros dirigentes, formação qualificada de quadros técnicos e científicos numerosos para enfrentar as novas necessidades e responder ao enorme afluxo em todos os graus provocados pela pressão demográfica e pela adequação dos futuros trabalhadores às novas tecnologia em desenvolvimento.” Multiplicação de escolas públicas e bolsas. ● “Estes investimentos e subvenções estatais foram financiados por recursos próprios do Estado e pelo mecanismo de tributação progressiva sobre salários e lucros das empresas.” ● Crise nos EUA a partir da década de 60. Recuperação europeia (milagre japonês e alemão). “Com matrizes industriais mais modernas, aquisição e reprodução de tecnologia avançada, e especializando-se em setores produtivos específicos (eletrônico, automobilístico, siderúrgico e químico), aquelas economias contavam com a vantagem de não ter maiores ônus com a segurança militar, o que, paradoxalmente, pesava cada vez mais para os EUA.” - Toyotismo: mais funções exercidas por um só trabalhador, perseguição por meio dos sindicatos, vinculação da estabilidade do emprego e salário à situação financeira da empresa. ● FIM DA HEGEMONIA DO KEYNESIANISMO E INÍCIO DA HEGEMONIA NEOLIBERAL; FIM DA FALÁCIA DA SOCIAL-DEMOCRACIA: “As demandas internas da população dos países desenvolvidos saturaram-se. A reconstrução das suas economias, acrescidas de injeções de capital e de novas tecnologias, atingia todo o conjunto de demandas reprimidas desde a guerra. Por outro lado, tendências decrescentes na produção e na margem de lucros começavam a pesar mais sobre as concessões que tinham sido feitas ao movimento operário para evitar a sua radicalização. O alto custo dessa mão-de-obra levou a expansão de empresas multinacionais ao Terceiro Mundo. O Estado de bem-estar social passava a ser questionado abertamente. A saída de capitais e empresas dos espaços metropolitanos seria, futuramente, pesada carta de barganha contra os sindicatos e partidos de esquerda.” ● Cuba, desgaste dos EUA. “Novos projetos nacionalistas e populistas, combinados com a expansão de guerrilhas e a radicalização de alguns setores vinculados à Igreja e ao exército, provocaram uma escalada inédita na região.” - Vietnã: No Vietnã caiu, definitivamente, a máscara de nação pacifista e anticolonial dos EUA mostrando ao mundo a lógica do “grande porrete”, conhecida há muito tempo por mexicanos e centro-americanos.” - Movimentos internos de igualdade racial e contrários à desigualdade social. - BLACK POWER: “A mecanização agrícola aumentara a pobreza. Nos centros urbanos mesclava-se a ostensiva concentração de riqueza e a visibilidade do racismo. 1968 foi o ano do esgotamento da capacidade de diálogo e espera. A questão racial intensificou-se com o assassinato de Martin Luther King. A violência racista, permanente e impune durante os anos 60, varreu as expectativas da não-violência negra. A belíssima frase de Luther King, “Eu tenho um sonho [...] que todos os homens foram criados iguais”, pronunciada ante 250 mil pessoas na histórica Marcha sobre Washington (1963), surtiu efeito, mas nas mãos de estratégias de luta mais radicais: os Black Muslins (muçulmanos negros) de Malcom X (assassinado em 1965); o movimento Black Power (Poder Negro), de Stokley Carmichael; e a estrutura guerrilheira dos Black Panthers (Panteras Negras), fundada por Huey Newton e Bobby Seale em 1966. A cassação e prisão do campeão mundial de boxe Cassius Clay (futuro Mohammed Ali) por negar-se a lutar no Vietnã, e o punho levantado dos atletas negros Thomas Smith e John Carlos na Olimpíada do México (1968), ao melhor estilo Black Power, foram marca registrada dessa época. Mas a insatisfação contra o sistema não se restringia à comunidade negra. - Movimento estudantil, Universidade de Berkley (hippies, yippies, gays, feministas). 68, movimentação no México, na Alemanha, França, Tchecoslováquia. ● Luta contra ditaduras na América Latina. “A perda de competitividade econômica internacional e o custo altíssimo do “guarda-chuva nuclear” e do conflito vietnamita fragilizaram profundamente a hegemonia americana. No fim dos anos 60, os EUA exauriram os saldos positivos acumulados durante o boom dos anos gloriosos. Enquanto Europa e Japão passavam a ter saldos comerciais positivos e a acumular dólares, os EUA careciam deles.” “O medo de que os dólares dos bancos centrais europeus – eurodólares – fossem usados para comprar o ouro estocado pelo tesouro dos EUA (dentro das diretrizes de convertibilidade negociada em Bretton Woods) assustou o governo Nixon. A ameaça de uma corrida ao ouro e do colapso do sistema econômico americano assumiu enormes proporções, pois afetaria todo o sistema mundial.” - Livre conversibilidade: o dólar passou a flutuar de acordo com as leis do mercado. - Neoliberalismo: “A espiral inflacionária instalava-se nos centros capitalistas desenvolvidos e medidas de contenção com evidente custo social (congelamento salarial e não-concessão ou renovação de conquistas sociais), somaram-se neste processo de esgotamento do crescimento econômico do pós-guerra.” - RETALIAÇÃO DOS ÁRABES: “Em outubro de 1973, os membros da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP), em represália à reação israelense na Guerra do Yong Kippur, contra a Síria e o Egito, e cansados de esperar o cumprimento da Resolução 242 das Nações Unidas (devolução dos territórios ocupados por Israel desde a Guerra dos Seis Dias: Faixa de Gaza, Sinai, Colinas do Golan e a Cisjordânia), assumiram importante solidariedade com o Egito.As medidas tomadas constituíram significativa agravante conjuntural à crise estrutural que se gestava havia quase uma década: a redução de 5% do fornecimento do produto energético (essencial para o desenvolvimento do mundo industrial contemporâneo), era acompanhada do aumento de 70% no preço do barril, e a imposição do embargo total aos países que apoiavam Israel (principalmente os EUA).” ● Crise do petróleo, barril à 34 dólares (1,75 em 1950 e 2,18 em 1973). “Uma das imagens mais fortes da necessária reestruturação tecnológica e de padrões de consumo foi a difícil substituição dos obsoletos “carrões” americanos por uma nova geração de automóveis menores e mais econômicos de origem européia e japonesa.” Mas os EUA possuíam alternativas (jazidas). Conseguiram uma nova valorização do dólar atraindo petrodólares mediante juros atrativos. “Sem dúvida, as economias afetadas a médio e longo prazo foram as periféricas, pois tiveram sua produção primária desvalorizada (salvo exceções), viram um crescimento acelerado e asfixiante da dívida externa e sofreram maior taxação nas relações econômicas e financeiras estabelecidas com os países desenvolvidos.” ● “A ciência transformou-se em objeto de produção e as empresas e universidades uniram-se na pesquisa científica de ponta.” Multinacionais e conexão capitalista. Exportação pro terceiro mundo de indústrias com tecnologia obsoleta. GLOBALIZAÇÃO. - “As guerra mundiais, a Guerra da Coréia, a Guerra Fria e a descolonização acompanharam os progressos dos meios de comunicação e o impacto da propaganda. A transmissão das palavras e das imagens chegou ao âmbito econômico e o controle dos fluxos de informação tornou-se, também, fator, criador de riquezas e poder”. - Expansão tecnológica (computadores); influência nas culturas. ● 1973, ano da crise. Esgotamento do Keynesianismo, fim de Bretton Woods. “A internacionalização da economia e o aumento da competição, junto com o problema do petróleo, produziram inflação de custos, crise de oferta e recessão. O ônus deste processo foi passado à periferia. Os países do Terceiro Mundo, não conseguindo saldas seus compromissos, viram sua dívida externa crescer extraordinariamente.” ● “Porém, a combinação entre o custo social interno, a ascensão de economias competitivas e o custo da parafernália militar da Guerra Fria provocou o esgotamento do sistema na passagem dos anos 60 para os 70.” “O fim da convertibilidade do dólar em ouro, acompanhado pela sua desvalorização (para recuperar competitividade no exterior), produziu uma inflação que se espalhou mundo afora. O aumento do preço do petróleo aprofundou essa situação.” Aumento do desemprego, movimentos sociais mais acuados. “As finanças públicas tiveram que socorrer o capital privado e rompeu-se a política de consenso e compromisso que a social-democracia ajudara a consolidar como mecanismo de construção do Estado de bem-estar social.”
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