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A DISCIPLINA DE BOTÂNICA NO CURSO DE AGRONOMIA: POSSIBILIDADES DE UM ENSINO NA PERSPECTIVA DA REALIDADE CONCRETA Lenir Maristela Silva1 - UFPR Valdo José Cavallet2 RESUMO: Proporcionar um ensino na perspectiva da realidade concreta não é uma prática comum nas disciplinas de Botânica. Geralmente o ensino é tratado como transmissão e reprodução. Muitas vezes o vínculo com a realidade é aquele relacionado à serventia antrópica das plantas no sentido econômico, como se o conhecimento de Botânica não tivesse outras relações com a prática social. Com o objetivo de possibilitar uma reflexão sobre a significação da realidade concreta no âmbito do ensino de Botânica na Agronomia é que surgiu este estudo. Entende-se como “realidade concreta” a realidade de cada ambiente que considera a sociedade dos homens de todas as regiões, portanto, de dimensão econômica, política, social, cultural e de desenvolvimento técnico e científico. Ao proporcionar a construção do conhecimento, na perspectiva da realidade concreta o professor pode possibilitar aos alunos a percepção das contradições inerentes à prática social. Nesse sentido, a educação pode contribuir como mediadora às transformações sociais. O estudo contempla aspectos da produção da ciência e das políticas públicas para a agricultura. Finalizamos com uma discussão da relevância do método de ensino estar vinculado ao conteúdo. Entendemos que para ensinar Botânica numa perspectiva de concretude o aluno precisa ser sujeito de sua própria aprendizagem. INTRODUÇÃO É menção de muitos estudiosos em educação que o processo ensino- aprendizagem deve partir da realidade concreta dos alunos. Freqüentemente, quando se menciona entre professores que é preciso “trabalhar os conteúdos a partir da realidade” esta é freqüentemente entendida como o que é apenas aparente, “palpável”, empírico, ocultando-se a essência, as determinações da prática social. No ensino de Botânica, é muito comum o professor estabelecer uma relação de serventia antrópica das plantas (vínculo econômico). Nesse contexto, a relação com a realidade é muito limitada voltada a apenas um aspecto desta. A realidade de cada ambiente corresponde a realidade que considera a sociedade dos homens de todas as regiões, portanto, uma realidade de dimensão econômica, política, social, cultural e de desenvolvimento técnico e científico. A realidade do sujeito é aquela que considera as determinações sociais e históricas. Para KOSIK (1969) “a realidade é totalidade concreta – que se transforma em estrutura significativa para cada fato ou conjunto de fatos” (pág. 36). Porém, esse mesmo autor alerta que “o concreto, a totalidade, não são, por conseguinte, todos os fatos, o conjunto dos fatos, o agrupamento de todos os aspectos, coisas e relações, pois é possível acrescentar, a cada fenômeno, ulteriores facetas e aspectos esquecidos ou ainda não descobertos” (pág. 35). Portanto, nosso estudo se ampara no conceito de realidade concreta entendendo que precisamos proporcionar um ensino que possibilite a (re)construção do conhecimento de maneira a compreendê-lo na sua complexidade e dinamicidade buscando o máximo que se pode obter do real, idealizando sempre a totalidade concreta. 1 Doutoranda do Curso de Pós-graduação em Produção Vegetal da UFPR/Curitiba. Professora Assistente do Curso de Agronomia do CEFET/PR – Unidade de Pato Branco. 2 Professor Adjunto do Curso de Agronomia da UFPR. Professor dos Programas de Pós-graduação em Produção Vegetal e de Educação da UFPR. Doutor em Educação pela USP/São Paulo. 2 Ao proporcionar a construção do conhecimento, na perspectiva da realidade concreta o professor pode possibilitar aos alunos a percepção das contradições inerentes à prática social. Nesse sentido, a educação pode contribuir como mediadora às transformações sociais. Quando a população é bastante esclarecida e crítica, qualquer que seja o sistema de governo terá uma opinião pública que exige satisfações. Com o objetivo de ampliar as reflexões sobre essa temática que perpassam as discussões pedagógicas e, principalmente, contribuir com a compreensão do significado de “realidade concreta” na perspectiva do ensino de Botânica na Agronomia, sem a intenção de esgotar o tema, é que nos propomos a este estudo. A discussão contempla aspectos da produção da ciência e das políticas públicas para a agricultura. O ENSINO DE BOTÂNICA NA AGRONOMIA A Botânica abrange conhecimentos indispensáveis para a Agronomia e em outros cursos de graduação. Nos Cursos de Agronomia, a Botânica, freqüentemente, é responsabilidade dos professores da área de Ciências Biológicas, especificamente do Departamento de Botânica. Esses professores, normalmente, trabalham com vários cursos diferentes, porém, exceto por uma ou outra modificação, geralmente, o tratamento do conteúdo é o mesmo, o que pode ser confirmado via observação da bibliografia recomendada ou até mesmo do material didático utilizado (slydes, lâminas de microscopia, dentre outros). Infelizmente, temos constatado um limite para uma ação interdisciplinar, em virtude do distanciamento entre a Botânica, os conhecimentos de Agronomia e os conhecimentos que proporcionam o desenvolvimento integral do sujeito. É evidente a necessidade de superação desse modelo. VASCONCELLOS (1992) comenta que se queremos efetivamente buscar a significação dos conteúdos, precisamos resgatar a realidade concreta do sujeito (aluno), tanto do ponto de vista filogenético (história de sua espécie), como do ponto de vista ontogenético (história pessoal inserida no contexto social de sua época).Tal consideração, demonstra que atuar com a realidade concreta do sujeito implica numa análise do conhecimento que se pretende construir num contexto bastante amplo. MASETTO (1998) discute a importância do professor compreender como se pratica e como se vive a cidadania nos tempos atuais, buscando formas de inserir esses aspectos em suas aulas. UMA POSSIBILIDADE DE MELHOR COMPREENSÃO DA SIGNIFICAÇÃO DE “REALIDADE CONCRETA” PARA O ENSINO DE BOTÂNICA NA AGRONOMIA Os conteúdos de Botânica são oriundos da pesquisa científica. É importante considerar a forma e os motivos pelos quais a pesquisa científica é realizada. MORIN (1999) comenta que a produção da ciência está muito fragmentada e atribui isso principalmente, a reclusão disciplinar. Para esse autor, a separação entre as ciências naturais e ciências humanas fazem com que não possamos compreender a nós mesmos (seres culturais, psicológicos, biológicos e físicos). Um problema bastante comum no meio escolar/acadêmico é a consideração do conhecimento como algo definitivo, uma verdade absoluta. Diante disso, é preciso que o professor oportunize a reflexão em diferentes enfoques, pois como MORAIS (2000) 3 muito bem se expressa " um texto é sempre uma proposta cognitiva, é sempre um convite para ver o mundo de determinada maneira" (pág. 70). É preciso considerar que os cientistas são homens que, como qualquer um tem propensão ao erro. Além disso, na elaboração das teorias entram em jogo pressupostos individuais e/ou coletivos de caráter ideológico, político, religioso ou outro. Por outro lado, a vitalidade da ciência se encontra justamente no conflito entre pontos de vistas (MORIN, 1999). Portanto, questionar a ciência é garantir sua própria existência. As pesquisas que envolvem os conhecimentos sobre os vegetais se encontram no âmago das ciências naturais, sendo de caráter especificamente botânico ou no interior de outras áreas como agronomia, farmácia/bioquímica, além de outras. Infelizmente, estas pesquisas acontecem exatamente como menciona Morin, cada uma compartimentalizada em seu território, resultado da especialização e do poucointeresse dos pesquisadores por pesquisas interdisciplinares ou até transdisciplinares. De maneira geral a pesquisa básica que proporciona o conhecimento fundamental sobre as plantas atende a uma necessidade de identificação e caracterização dos recursos genéticos vegetais, além da compreensão de fenômenos, processos e eventos do ecossistema. Por outro lado, o caráter experimental desse tipo de pesquisa apresenta limitações, gerando muitas vezes um conhecimento equivocado. MORIN (1999) comenta que a disjunção do objeto do seu ambiente, que é muito comum nesse tipo de pesquisa, não permite revelar a complexidade. Diante disso, os conhecimentos básicos apresentados nos livros clássicos de Botânica devem ser vistos com criticidade pois certamente não retratam a realidade na sua complexidade. Todo ser vivo é dinâmico assim como todo o ecossistema. Por exemplo, a característica de um determinado tecido vegetal ou substância produzida pelo vegetal pode variar muito de acordo com o habitat e as interferências bióticas, abióticas ou ainda antrópicas. Já a pesquisa aplicada apresenta, além da especialização e da limitação experimental outras nuances. Uma dessas nuances é: ao interesse de quem e para quem é que atendem essas pesquisas? O interesse pode ser de um país, de um estado, de uma empresa, de um indivíduo ou de outro. Por outro lado, os benefícios ou malefícios da ciência podem atingir muitas pessoas ou uma pequena minoria. Como exemplo podemos mencionar a pesquisa aplicada na produção de plantas para a alimentação humana. Embora se constituindo no país de maior biodiversidade do mundo, o Brasil, tem a metade de sua energia alimentar baseada em três espécies exóticas: arroz, trigo e milho. A mandioca, que é originária do Brasil, contribui apenas com 7% para a alimentação dos brasileiros (WOOD, 1988). Para a pesquisa aplicada na produção vegetal investe-se muitos recursos na adaptação de plantas exóticas ao nosso ecossistema e poucos na domesticação de plantas nativas. KAGEYAMA, (1987) comenta que há pouco esforço na domesticação de novas espécies para a alimentação humana. O trigo (Triticum vulgare L.) é uma espécie exótica e o Brasil não tem um ambiente propício para seu cultivo. Mesmo assim, se investe muito mais em pesquisa com o trigo do que por exemplo, com a mandioca (Manihot esculenta Crantz) que é nativa, depende pouco ou nada de agrotóxicos e insumos e tem um enorme potencial agroindustrial. Os grandes produtores de trigo são: China, Rússia, Estados Unidos, Índia, Canadá, França, Turquia, Austrália, Argentina e Reino Unido. Um dos motivos deste descompasso são as interferências internacionais sobre nosso governo, gerando políticas agrícolas incongruentes com a nossa necessidade. Necessidade no sentido humanista, de possibilitar acesso da população aos alimentos. Essas interferências estão relacionadas atualmente ao sistema de governo fundamentado no neoliberalismo e se resumem em poucas palavras: o mercado é bom e eficiente, o 4 Estado é negativo e ineficiente. “Na maioria dos países, pretende-se hoje impedir a intervenção do Estado não apenas na economia como também no social. Deve-se privatizar e entregar ao jogo do mercado o crescimento econômico e o desenvolvimento da sociedade, a saúde, a educação, a informação”.3 Algumas manifestações contrapondo as políticas agrícolas atuais acontecem, a exemplo disso o seminário: "A Importância Social e Econômica da Mandioca para o Brasil”, ocorrido em 18 de outubro de 2001 na Câmara dos Deputados em Brasília4. O objetivo principal deste evento foi fundamentar um projeto de Lei (n.º 467/01) que prevê a introdução de 10% de fécula de mandioca para a fabricação de pães. Neste seminário foram apresentados os problemas na política agrícola para a mandioca, além de muitos argumentos de incentivo ao cultivo dessa planta genuínamente brasileira. Interessante é olhar a história do país e observar que esse tipo de projeto já existiu (Decreto Lei nº 26 de 1937) e provou sua eficácia, porém não foi adiante devido as interferências internacionais. Em 1942 o Itamarati assinou, de forma unilateral, sem nenhuma vantagem brasileira, um convênio com a Argentina, para a importação de trigo e proibiu o uso do pão misto no Brasil durante dez anos. Muitas fábricas de farinha de mandioca fecharam e os prejuízos foram vultuosos, tendo o preço do trigo subido imediatamente. CARMO (1998) ao estudar a produção familiar como locus ideal da agricultura sustentável, comenta que uma das tendências emergentes do padrão de consumo e que abre perspectivas para a agricultura familiar são os produtos com sabor e qualidade, de caráter regional e especiais, em atendimento aos mercados diversificados e sofisticados. Se por um lado o homem prescinde da domesticação para a produção de alimentos, por outro, precisa conservar a biodiversidade para a própria sobrevivência da agricultura. Se desaparecem as espécies selvagens que originaram determinada espécie agrícola a espécie corre o risco de extinção. Sobre a relevância disso, RAVEN, EVERT e EICHHORN (2001) mencionam a importante descoberta de uma espécie selvagem de milho por um estudante no México em 1977. Essa espécie é resistente a sete dos nove vírus que atacam o milho domesticado, que hoje depende exclusivamente do homem para sobreviver. Segundo KAGEYAMA (1987) poucos estudos compreensivos de inventário dos recursos genéticos selvagens tem sido efetuados no mundo. Ao apresentarmos a nossa visão e de outros pesquisadores demonstramos o quanto é possível questionar, apontar contradições, enfim ser crítico de um conhecimento técnico-científico no interior de uma realidade dinâmica e complexa. Nesses termos, entendemos que o aluno também deva ter acesso e oportunidades de formar sua própria opinião, de produzir sua própria emancipação e nessa direção o professor tem em suas mãos enorme responsabilidade. O “CAMINHO” ATÉ A REALIDADE CONCRETA DEPENDE DO MÉTODO DE ENSINO Na limitada exposição que fizemos é perceptível a complexidade da realidade a que estamos submetidos. A identificação das limitações, incongruências, contradições, benefícios e malefícios da realidade da grande sociedade humana é sempre parcial por 3 Baseado no prefácio de Jacques Chonchol na obra “Para pensar outra agricultura”, Curitiba: Editora UFPR, 1998. 4 As menções deste seminário se encontram disponíveis na íntegra em http// www.camara.gov.br/aldorebelo/bonifacio/agricultura/Seminario/Mandioca.html. capturado em 10/04/2002. 5 mais que empreendamos esforços devido a sua complexidade e dinamicidade. Portanto, não há como ter disponível para o ensino textos suficientes que retratem fielmente a prática social relacionada às áreas específicas de conhecimentos. Eis aí uma das dificuldades que muitos professores encontram para trabalhar a partir da realidade. Outra dificuldade é a disponibilidade para leituras em outras áreas que não seja a específica. Porém, mesmo com estas dificuldades e diante da responsabilidade que assume para com a formação humana, o professor, deve procurar se manter atualizado e informado com mais diversidade. Ficar recluso somente em sua área de conhecimento é cômodo e limitante diante de uma realidade tão complexa. Por outro lado, a disponibilização de um amplo e diversificado conhecimento pelo professor, não necessariamente garante uma formação emancipatória do aluno. Primeiramente, porque essa não é somente uma tarefa de uma única disciplina, mas de um curso, de uma escola, de uma universidade. Em segundo lugar, porque como menciona KOSIK (1969, pág. 35) “[...] Acumular todos os fatos não significa ainda conhecer a realidade; e todos os fatos (reunidos em seu conjunto) não constituem, ainda, a totalidade. Os fatossão conhecimento da realidade se são compreendidos como fatos de um todo dialético”. Por último, porque é o aluno que deve ser sujeito de sua emancipação e portanto do seu próprio aprendizado, ou seja, não é somente o conhecimento do professor que faz a diferença, mas o método de ensino que ele utiliza é que vai indicar se o aluno é sujeito ou não da aprendizagem. Nos termos a que estamos nos referindo o método de ensino precisa estar fundamentado numa abordagem crítica, histórica e social. Para finalizarmos, a título de exemplicação, uma atividade metodológica indispensável são os projetos realizados por alunos com a orientação de professores de diversas áreas, pois podem possibilitar discussões amplas na perspectiva do desenvolvimento integral do ser humano, além de proporcionar o estudo de conhecimentos específicos como morfologia, fisiologia, sistemática e ecologia. Mais especificamente, os projetos de pesquisa etnobotânicas5 são exemplos riquíssimos. Porém, é preciso considerar que as pesquisas etnobotânicas não podem ter apenas objetivo econômico, de simplesmente visitar uma cultura, copiar sua sabedoria e esquecê-la. Marcos Terena incansável militante pela cidadania dos índios brasileiros na obra de MORIN (2000) comenta que “a ciência do homem branco precisa conversar com a ciência indígena” (pág. 21). Aqui fica evidente a necessidade de comunicação entre os domínios científicos sem operar a redução, além da necessidade de enraizar os conhecimentos numa cultura, numa sociedade, numa história, numa humanidade (MORIN, 1999). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARMO, M. S. do A produção familiar como locus ideal da agricultura sustentável. In: FERREIRA, A. D. D. ; BRANDENBURG, A. (org.) Para pensar outra agricultura. Curitiba: Editora da UFPR, 1998. p. 215-238. 5 A etnobotânica é a ciência que estuda as relações recíprocas entre o homem e a vegetação e também está vinculada ao estudo do uso das plantas nas sociedades tradicionais (OCAMPO, 1994). 6 KAGEYAMA, Paulo Y. Conservação “in situ” de recursos genéticos de plantas. IPEF, Piracicaba, n. 35, p. 7-37, abril/1987. KOSIK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969.230 p. MASETTO, M. T. Professor universitário: um profissional da educação na atividade docente. In: MASETTO, Marcos T. (org.) Docência na universidade. São Paulo: Papirus, 1998. p. 9-27. MORAIS, J. F. R. de A criticidade como fundamento do humano. In: VEIGA, I. P. A.; CASTANHO, M. E. L. M. (orgs.) Pedagogia universitária: a aula em foco. Campinas: Papirus, 2000. p. 51-74. MORIN, E. Ciência com consciência. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. 341 p. MORIN, Edgar. Saberes globais e saberes locais: o olhar transdisciplinar. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. 75p. OCAMPO, R. A. Etnobotânica: disciplina de valor en la domesticación In: OCAMPO, R. A. (Ed.) A Domesticación de plantas medicinales en Centroamérica. Série técnica, Inf.245. Costa Rica: Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanaza Turrialba, 1994. p. 75-83 RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 2001. 906 p. VASCONCELLOS, C. Metodologia dialética em sala de aula. Revista da Educação – AEC. n. 83, p. 28-52, abril-junho, 1992. WOOD D. Introduced crops in developing countries: a sustainable agriculture? Food Policy, v. 13, p 167-177, May 1988.
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