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AULA+ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Prof. Edna Raquel Hogemann Aula 11: HERMENÊUTICA JURÍDICA Pág 159 a 172 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA CONTEÚDO DESTA AULA HERMENÊUTICA JURÍDICA I Hermenêutica e interpretação A Hermenêutica jurídica A Interpretação Sentido da norma jurídica Teoria subjetiva Teoria objetiva Crítica à busca da vontade do legislador Métodos e processos de interpretação do Direito Processos com base na escola da exegese Processo gramatical, literal ou filológico Processo lógico Processo sistemático Interpretação lógico-sistemática Processos com base na escola histórica Processo histórico-evolutivo Concepção atual INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 3 Compreender: - os conceitos de hermenêutica e interpretação da norma. - a necessidade do operador promover a devida interpretação da norma na solução do caso concreto. - o fenômeno jurídico da antinomia . - a concepção sistêmica do Direito Distinguir: - as diversas formas de interpretação das leis . - os princípios possibilitadores da resolução dos conflitos a partir da utilização da hermenêutica jurídica, à luz dos princípios constitucionais. os diversos critérios de solução das antinomias. Nossos objetivos nesse encontro INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA Representa o estudo dos processos de interpretação das normas. A expressão hermenêutica remonta à mitologia grega, na qual o deus Hermes era tido como aquele incumbido de traduzir para os mortais a linguagem dos deuses. HERMENÊUTICA JURÍDICA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA A hermenêutica tem os seus fundamentos no debate teológico da Baixa Idade Média, no qual os membros da Igreja desenvolveram técnicas de interpretação do Evangelho inspiradas no pensamento dialético de Aristóteles, voltadas a permitir o alcance da verdadeira palavra de Deus, a partir da discussão de pontos-de- vista opostos. Mais tarde, formou-se a chamada hermenêutica filosófica, que tem como alvo a interpretação dos textos dos pensadores da Antiguidade Grega INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • A hermenêutica jurídica representa uma espécie de direcionamento desta preocupação interpretativa textual para o desenvolvimento de técnicas próprias, aplicáveis à busca do significado de comandos normativos. • Ela constitui a dimensão científica do processo interpretativo do direito, na qual são concebidos os parâmetros que serão seguidos na prática no direito. HERMENÊUTICA JURÍDICA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • A hermenêutica jurídica se aproxima de uma dimensão científica do fenômeno jurídico, ao fornecer as bases teóricas para o desenvolvimento dos processos de interpretação do direito, que seriam basicamente técnicas de aplicação do direito, utilizadas rotineiramente por advogados e demais profissionais da área jurídica. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • É formada pelos procedimentos técnicos, de que lança mão o profissional de direito na busca do sentido e alcance das regras jurídicas. A lei representa uma expressão linguística dotada de imperatividade, apresentando o que se chama de uma linguagem prescritiva, que determina a ação a ser seguida pelo seu destinatário. Como mecanismo de linguagem, a lei não tem um significado imediato, devendo ser construída semanticamente a partir de uma técnica determinada. INTERPRETAÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • "Interpretar" é fixar o verdadeiro sentido e o alcance, de uma norma jurídica. “É indagar a vontade atual da norma e determinar seu campo de incidência” (JOÃO BAPTISTA HERKENHOFF); "interpretar a lei é revelar o pensamento que anima as suas palavras"(CLÓVIS BEVILAQUA). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA Três elementos que integram o conceito de interpretação: a) Revelar o seu sentido: isso não significa somente conhecer o significado das palavras, mas, sobretudo descobrir a finalidade da norma jurídica. Com outras palavras, interpretar é "compreender"; as normas jurídicas são parte do universo cultural e a cultura, como vimos, não se explica, se compreende em função do sentido que os objetos culturais encerram. E compreender é justamente conhecer o sentido, entender os fenômenos em razão dos fins para os quais foram produzidos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA b) Fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação. Por exemplo, as normas trabalhistas contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se aplicam apenas aos trabalhadores assalariados, isto é, que participam em uma relação de emprego; as normas contidas no Estatuto dos Funcionários Públicos da União têm o seu campo de incidência limitado a estes funcionários. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA c) Norma jurídica: falamos em "norma jurídica" como gênero, uma vez que não são apenas as leis, ou normas jurídicas legais que precisam ser interpretadas, embora sejam elas o objeto principal da interpretação. Assim, todas as normas jurídicas podem ser objeto de interpretação: as legais, as jurisdicionais (sentenças judiciais), as costumeiras e os negócios jurídicos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA Usos da interpretação A interpretação serve de referência para a formação da convicção do juiz, que na fundamentação de sua sentença deverá fazer as conexões lógicas necessárias entre fato e norma e, para isso, deverá lançar mão de procedimentos hermenêuticos na determinação do sentido e do alcance fático do direito aplicável ao caso. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA HERMENÊUTICA X INTERPRETAÇÃO • A hermenêutica terá, então, um horizonte de conteúdo mais amplo do que da interpretação, ao englobar também a ideia de construção, que seria um resultado exatamente do acréscimo de significado que a hermenêutica jurídica propicia às normas jurídicas. • A tendência do indivíduo não iniciado no direito é a de enxergá-lo pela sua literalidade, o que não ocorre com aquele que tem conhecimento dos fundamentos da hermenêutica jurídica, que se mostra capaz de agregar conteúdo ao texto jurídico, contribuindo para a plena construção da norma jurídica: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA HERMENÊUTICA CONSTR UÇÃO INTER PRET AÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA SENTIDO DA NORMA JURÍDICA • A construção do significado das normas jurídicas segue basicamente duas concepções teóricas, historicamente falando, que demonstram a preocupação surgida com as escolas de pensamento jurídico do Século XIX, de criação de critérios técnicos específicos para a interpretação das leis INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA TEORIA SUBJETIVA A concepção subjetivista da interpretação ou teoria subjetiva tem como preocupação central a busca a vontade do legislador (mens legislatoris) e representaa primeira teoria sobre a interpretação das normas, que hoje inclusive não é a predominante no direito. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • Crítica à busca da vontade do legislador O sentido objetivo da norma é dado pelo presente, e não pelo passado, devendo o processo de interpretação de o direito ser orientado pelas necessidades sociais da época em que a lei é aplicada e não pelas da época em que ela foi criada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA TEORIA OBJETIVA Representa a tendência predominante do direito contemporâneo, que vê o ponto de referência principal do processo hermenêutico na vontade da lei (mens legis), como ente dotado de vida própria, cabendo ao intérprete buscar a adaptação da lei à dinâmica social. Há um claro deslocamento do centro gravitacional do processo de interpretação do sujeito criador da norma (legislador), para a norma em si, cujo sentido será dado pelo contexto do momento da sua aplicação e não pelo da sua criação. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA MÉTODOS E PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO DO DIREITO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA DA EXEGESE Contexto histórico Na visão da Escola da Exegese, trata-se de uma lógica puramente formal, orientada pela interdependência entre as regras do código, que interagem a partir de parâmetros lógicos gerais de inclusão, exclusão, pertinência, continência, dedução etc., sem uma dependência maior do campo dos fatos. No direito contemporâneo, a concepção lógica aplicável à hermenêutica jurídica segue o perfil culturalista, que predomina no pensamento jurídico da atualidade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA DA EXEGESE Processo gramatical, literal ou filológico Representa o primeiro ponto de contato entre o intérprete e a norma. Muito embora seja apenas a etapa inicial do processo hermenêutico, o processo gramatical é de grande importância, pois a primeira tarefa do intérprete é compreender o texto jurídico em sua literalidade. Processo lógico Relacionado ao plano lógico do conhecimento jurídico, recebe os seus fundamentos da lógica jurídica e trata das operações mentais do intérprete na correlação entre as normas no ordenamento jurídico e entre a norma e o fato. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA HISTÓRICA Tinha grande preocupação em aplicar ao estudo do direito um método histórico de investigação. Justamente daí deriva este processo de interpretação, que parte da premissa de que a lei surge em função de determinadas circunstâncias, mutáveis com o tempo, que devem ser levadas em consideração no momento de sua interpretação. O processo histórico-evolutivo valoriza o estudo das bases históricas do direito positivo e das motivações para a edição da lei, mas não segue a linha da teoria subjetiva da interpretação,de absoluta submissão do intérprete ao legislador histórico. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA HISTÓRICA · Processo histórico-evolutivo A Escola Histórica alemã tinha grande preocupação em aplicar ao estudo do direito um método histórico de investigação. Justamente daí deriva este processo de interpretação, que parte da premissa de que a lei surge em função de determinadas circunstâncias, mutáveis com o tempo, que devem ser levadas em consideração no momento de sua interpretação · Processo sistemático Parte da premissa de que o ordenamento jurídico é um sistema integrado de normas e que elas não podem ser interpretadas isoladamente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA CONCEPÇÃO ATUAL Processo teleológico ou finalístico Enxerga o significado da lei em sua finalidade social, sendo esta obviamente a do presente e não a da época em que a lei entrou em vigor, havendo uma clara convergência entre este procedimento técnico- interpretativo e a teoria objetiva da interpretação, uma vez que no processo teleológico a norma será interpretada em função de sua capacidade de alcançar os resultados esperados a seu respeito pela sociedade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA ATENÇÃO!!! Se por um lado, norma jurídica é vista como um resultado de um conjunto de valores consolidados na vida social, por outro lado, o sentido da norma aplicada é dado pela concretização de determinados fins sociais (convergência entre aspectos morais e fatos). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO 1 - Quanto à origem ou fonte de que emana: a) Autêntica: quando emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela declara. Há certos textos legais que, pela confusão que provocam no mundo jurídico, levam o próprio legislador a determinar melhor o seu conteúdo. Assim, p. ex., a Lei nº 5334/67 interpretou dispositivos da Lei nº 4484/64, no seu artigo 1º . INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA b) Judicial ou jurisprudencial: é a resultante das decisões prolatadas pela Justiça; vem a ser aquela que realizam os juízes ao sentenciar, encontrando- se nas Sentenças, nos Acórdãos e Súmulas dos Tribunais (formando a sua jurisprudência). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA c) Administrativa: aquela cuja fonte elaboradora é a própria Administração Pública, através de seus órgãos e mediante pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias etc. Essa interpretação vincula as autoridades administrativas que estiverem no âmbito das regras interpretadas, mas não impede que os particulares adotem interpretações diversas. d) Doutrinária: vem a ser a realizada cientificamente pelos doutrinadores e juristas em suas obras e pareceres. Há livros especializados de Direito, que comentam artigo por artigo de uma lei, código ou consolidação, dando o sentido do texto comentado, com base em critérios científicos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 2 –“Quanto à sua natureza”: a) Literal ou gramatical: toma como ponto de partida o exame do significado e alcance de cada uma das palavras da norma jurídica; ela se baseia na letra da norma jurídica. b) Racional: Feita com a utilização de sistemas lógicos tradicionais, que priorizam o formalismo. c) Lógico-sistemática: busca descobrir o sentido e alcance da norma, situando-a no conjunto do sistema jurídico; busca compreendê-la como parte integrante de um todo, em conexão com as demais normas jurídicas que com ela se articulam logicamente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • d) Sociológica: a interpretação sociológica discute o Direito a partir das relações entre sociedade e poder: influência da estrutura da sociedade na estrutura do Direito; discutirá a efetividade e a função social do Direito, sua influência na transformação social e suas novas tendências com o desenvolvimento da sociedade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA e) Histórica: indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma jurídica, bem como das causas pretéritas da solução dada pelo legislador ("origo legis" e "occasio legis").f)Teleológica: busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou tutelar. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 3 - Quanto a seus efeitos ou resultados: a) Extensiva: quando o intérprete conclui que o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos. Nesse caso, diz-se que o legislador escreveu menos do que queria dizer e o intérprete, alargando o campo de incidência da norma, aplica- la-á a determinadas situações não previstas expressamente em sua letra, mas que nela se encontram, virtualmente, incluídas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • Por exemplo, a lei diz "filho", quando na realidade queria dizer "descendente". Ou ainda, a Lei do Inquilinato dispõe que: "o proprietário tem direito de pedir o prédio para seu uso"; a interpretação que conclui por incluir o "usufrutuário" entre os que podem pedir o prédio para uso próprio, por entender que a intenção da lei é a de abranger também aquele que tem sobre o prédio um direito real de usufruto, é uma interpretação extensiva. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA b) Restritiva: quando o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua incidência, concluindo que o legislador escreveu mais do que realmente pretendia e assim o intérprete elimina a amplitude das palavras. Por exemplo, a lei diz "descendente", quando na realidade queria dizer "filho". A mesma norma da Lei do Inquilinato, acima mencionada, serve também para modelo de uma interpretação restritiva, no caso do "nu-proprietário", isto é, daquele que tem apenas a nua-propriedade, mas não o direito de uso e gozo do prédio; este não poderia pedir o mesmo para seu uso. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA ANTINOMIAS JURÍDICAS É aquela situação indesejada, na qual são positivadas em um mesmo ordenamento duas normas conflitantes, das quais uma obriga e outra proíbe, ou uma obriga e outra permite, ou uma proíbe e outra permite o mesmo comportamento. Para que ocorra antinomia as duas normas devem incidir total ou parcialmente sobre o mesmo caso e naturalmente apresentar comandos incompatíveis entre si. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • Antinomias Solúveis (Aparentes) A solução dos conflitos entre normas jurídicas de um mesmo ordenamento, comporta basicamente três critérios de natureza técnica, voltados a eleger um dos comandos como aplicável ao caso e afastar o outro, exatamente com a finalidade de preservar a coerência do ordenamento jurídico: Classificação das antinomias quanto aos critérios de solução INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • a) Critério cronológico ou temporal - chamado também de Lex posterior, é aquele com base no qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior (Lex posterior derogat priori). Esse critério parte da premissa lógica de que a norma editada mais recentemente tende a expressar de maneira mais fiel a realidade social a que se destina, do que uma norma editada no passado. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • b) Critério hierárquico - derivação lógica da estrutura hierarquizada do ordenamento, é aquele pelo qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior, exatamente porque ela é norma de produção, não podendo ser contrariada por uma norma de execução. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • c) Critério de especialidade da lei - o terceiro critério é o mais complexo dos três, por apresentar um certo grau de subjetividade, inexistente nos demais, em que a norma entrou em vigor posteriormente ou se apresenta em uma posição hierárquica superior. Neste caso, trata-se de conflito entre normas de graus de especialidade distintos, o que vai ser aferido a partir do exame do conteúdo de cada uma das normas. A norma que trata da matéria do modo mais específico prepondera em relação à norma que disciplina o tema de modo mais genérico, INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA • Antinomias Insolúveis (Reais) São assim denominadas aquelas antinomias que não são de imediato equacionadas pelos critérios de solução anteriormente mencionados porque não comportam a aplicação de qualquer dos três parâmetros básicos para a solução de antinomias (insuficiência de critérios) ou então porque se pode solucionar a antinomias por dois ou mais dos critérios de solução. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA CONFLITO DE CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO DE ANTINOMIAS a) Conflito entre o critério hierárquico e o critério cronológico - O critério hierárquico prevalece sobre o cronológico, o que tem por consequência o afastamento da norma inferior antinômica, mesmo que posteriormente editada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA b) Conflito entre o critério de especialidade e o critério cronológico - Com base nessa regra, o conflito entre critério de especialidade e critério cronológico deve ser resolvido em favor da norma que disciplina de modo específico a matéria, ainda que editada anteriormente: a lei geral sucessiva não prepondera sobre a lei especial precedente (art. 2º, § 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Em realidade, o que se constata é que o aspecto temporal cede em relação à hierarquia e à especificidade normativa, que são critérios mais “fortes” de solução de antinomia. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA c) Conflito entre o critério hierárquico e o critério de especialidade - Não existe uma regra geral consolidada neste caso. A solução da antinomia dependerá do exame das peculiaridades de cada caso, pois ainda que a questão hierárquica seja um dos postulados fundamentais do ordenamento jurídico, as normas situadas ao topo da pirâmide do ordenamento jurídico tendem a ter um conteúdo mais aberto e de menor densidade normativa, o que pode fazer ver ao intérprete uma aparente contradição com normas inferiores, que disciplinam de forma mais detalhada certas questões jurídicas, sendo de fato a antinomia muitas vezes apenas aparente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 1 - Com frequência o termo hermenêutica jurídica é usado como sinônimo de interpretação da norma jurídica. MIGUEL REALE, por exemplo, fala em "hermenêutica ou interpretação do Direito", em suas Lições Preliminares de Direito. CARLOS MAXIMILIANO, por sua vez, distingue "hermenêutica" e "interpretação"; aquela seria a teoria científica da arte de interpretar; esta seria a aplicação da hermenêutica; em suma, a hermenêutica seria teórica e a interpretação seria de cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica. Outros autores dão ao vocábulo um sentido mais amplo, que abrange a interpretação, a aplicação e a integração do Direito. Com base nessas informações, conclui-se que: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA (A) Não há necessidade de interpretação quando a norma é "clara, ou seja, "in claris cessat interpretatio" (dispensa-se a interpretação quanto o texto é claro). (B) Um dos elementos que encerra o conceito de interpretação da norma é fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica temaplicação. (C) Quando se fala em interpretação da norma está-se referindo tão somente às leis, na medida em que somente as leis são utilizadas como fundamentos das decisões judiciais que precisam dessa interpretação jurídica. (D) O trabalho do intérprete apenas é necessário quando as leis são obscuras. A interpretação nem sempre é necessária, a não ser que sejam obscuras ou pouco claras as palavras da lei ou de qualquer outra norma jurídica. (E) A hermenêutica jurídica leva em conta o estado de espírito do intérprete da norma que pode influir nesta interpretação, razão pela qual a hermenêutica não pode ser considerada uma ciência. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA (A) Não há necessidade de interpretação quando a norma é "clara, ou seja, "in claris cessat interpretatio" (dispensa-se a interpretação quanto o texto é claro). (B) Um dos elementos que encerra o conceito de interpretação da norma é fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação. (C) Quando se fala em interpretação da norma está-se referindo tão somente às leis, na medida em que somente as leis são utilizadas como fundamentos das decisões judiciais que precisam dessa interpretação jurídica. (D) O trabalho do intérprete apenas é necessário quando as leis são obscuras. A interpretação nem sempre é necessária, a não ser que sejam obscuras ou pouco claras as palavras da lei ou de qualquer outra norma jurídica. (E) A hermenêutica jurídica leva em conta o estado de espírito do intérprete da norma que pode influir nesta interpretação, razão pela qual a hermenêutica não pode ser considerada uma ciência. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA AGORA VAMOS CORRIGIR OS EXERCÍCIOS DO LIVRO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 1. A interpretação da lei pode ser classificada em: a) doutrinária, jurisprudencial e restritiva b) restritiva, costumeira e jusnaturalista c) analógica, extensiva e jurisprudencial d) analógica, costumeira e extensiva e) jurisprudencial, doutrinária e jusnaturalista. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 1. A interpretação da lei pode ser classificada em: a) doutrinária, jurisprudencial e restritiva b) restritiva, costumeira e jusnaturalista c) analógica, extensiva e jurisprudencial d) analógica, costumeira e extensiva e) jurisprudencial, doutrinária e jusnaturalista. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 2. Sobre a interpretação autêntica da lei, pode-se afirmar que é aquela que decorre da atuação: a) do Poder Judiciário b) do Poder Executivo c) do Poder Legislativo. d) do Ministério Público e) da Ordem dos Advogados do Brasil. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 2. Sobre a interpretação autêntica da lei, pode-se afirmar que é aquela que decorre da atuação: a) do Poder Judiciário b) do Poder Executivo c) do Poder Legislativo. d) do Ministério Público e) da Ordem dos Advogados do Brasil. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 3. Em se tratando do conflito de leis no tempo, pode-se dizer que: a) a lei revogada recupera sua eficácia quando a lei revogadora é revogada. b) a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo determinação expressa. c) a lei revogada pode ser aplicada em caso de lacuna na lei revogadora. d) o fato, uma vez tratado em lei, não pode mais deixar de ser disciplinado pela legislação. e) a lei revogadora pode alterar a coisa julgada fundada na lei revogada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 3. Em se tratando do conflito de leis no tempo, pode-se dizer que: a) a lei revogada recupera sua eficácia quando a lei revogadora é revogada. b) a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo determinação expressa. c) a lei revogada pode ser aplicada em caso de lacuna na lei revogadora. d) o fato, uma vez tratado em lei, não pode mais deixar de ser disciplinado pela legislação. e) a lei revogadora pode alterar a coisa julgada fundada na lei revogada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 4. De acordo com a Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio, pode-se afirmar o seguinte sobre os critérios de solução de antinomias jurídicas: a) o critério temporal prevalece sobre o critério hierárquico. b) a impossibilidade de aplicação dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. c) a possibilidade de aplicação simultânea dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. d) não há critérios de solução de antinomias jurídicas, simplesmente porque elas nunca ocorrem no ordenamento jurídico. e) o critério da especialidade da norma prevalece sobre o critério temporal. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA 4. De acordo com a Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio, pode-se afirmar o seguinte sobre os critérios de solução de antinomias jurídicas: a) o critério temporal prevalece sobre o critério hierárquico. b) a impossibilidade de aplicação dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. c) a possibilidade de aplicação simultânea dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. d) não há critérios de solução de antinomias jurídicas, simplesmente porque elas nunca ocorrem no ordenamento jurídico. e) o critério da especialidade da norma prevalece sobre o critério temporal. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA Examine as situações em que o direito brasileiro admite a aplicação retroativa da lei e os seus limites: a) A norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da lei revogada é retroativa, tem eficácia pretérita; a que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída anteriormente é irretroativa, hipótese em que a norma revogada permanece vinculante para os casos anteriores à sua revogação. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA b) Em princípio, as leis não devem retroagir; em face do seu caráter prospectivo, devem disciplinar situações futuras. O fundamento maior do princípio da irretroatividade, consagrado na doutrina, e pela generalidade das legislações, é a proteção do indivíduo contra possível arbitrariedade do legislador. Se fosse admitida a retroatividade como princípio absoluto, a segurança do indivíduo não ficaria preservada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA c) A eficácia retroativa das leis é, portanto, excepcional; não se presume, devendo provir de texto expresso. Temos ainda que a Constituição Federal, na verdade, não proíbe a retroatividade da lei, a não ser da lei penal que não beneficia o réu (art. 5º, XL, CF), e resguardados sempre o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO HERMENÊUTICA JURÍDICA GALERA, POR HOJE É SÓ! Façam a leitura da próxima aula , os exercícios do livro e da webaula
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