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AULA+ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Prof. Edna Raquel Hogemann AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II Pág 166 a 172 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II CONTEÚDO DESTA AULA HERMENÊUTICA JURÍDICA II •Espécies de interpretação •Antinomias jurídicas •Antinomias solúveis (Aparentes) •Antinomias insolúveis (Reais) •Insuficiência de critérios de solução •Parâmetros aplicáveis na falta de critérios de solução da antinomia •Conflito de critérios de solução de antinomias • INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II 3 Distinguir: •as diversas formas de interpretação das leis . •os princípios possibilitadores da resolução dos conflitos a partir da utilização da hermenêutica jurídica, à luz dos princípios constitucionais. •os diversos critérios de solução das antinomias. Nossos objetivos nesse encontro INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II ANTINOMIAS JURÍDICAS É aquela situação indesejada, na qual são positivadas em um mesmo ordenamento duas normas conflitantes, das quais uma obriga e outra proíbe, ou uma obriga e outra permite, ou uma proíbe e outra permite o mesmo comportamento. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • O estudo das antinomias jurídicas relaciona-se à questão da consistência do ordenamento jurídico, à condição de um ordenamento jurídico não apresentar simultaneamente normas jurídicas que se excluam mutuamente, isto é, que sejam antinômicas entre si, a exemplo de duas normas, em que uma manda e a outra proíbe a mesma conduta. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Para que ocorra antinomia as duas normas devem incidir total ou parcialmente sobre o mesmo caso e naturalmente apresentar comandos incompatíveis entre si. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Antinomias Solúveis (Aparentes) A solução dos conflitos entre normas jurídicas de um mesmo ordenamento, comporta basicamente três critérios de natureza técnica, voltados a eleger um dos comandos como aplicável ao caso e afastar o outro, exatamente com a finalidade de preservar a coerência do ordenamento jurídico: CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS QUANTO AOS CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • a) Critério cronológico ou temporal - chamado também de Lex posterior, é aquele com base no qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior (Lex posterior derogat priori). Esse critério parte da premissa lógica de que a norma editada mais recentemente tende a expressar de maneira mais fiel a realidade social a que se destina, do que uma norma editada no passado. CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS QUANTO AOS CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Uma observação importante é no sentido de que obviamente não haverá antinomia, caso a lei nova tenha expressamente revogado uma lei anterior, pois neste caso está evidenciada a perda da vigência da legislação pretérita. A antinomia jurídica solúvel pelo critério temporal nada mais representa do que um critério técnico de revogação tácita de lei, previsto expressamente no art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • b) Critério hierárquico - derivação lógica da estrutura hierarquizada do ordenamento, é aquele pelo qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior, exatamente porque ela é norma de produção, não podendo ser contrariada por uma norma de execução. CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS QUANTO AOS CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Também chamado de Lex superior, porque inspirado na expressão latina lex superior derogat legi inferiori. Por esse critério, na existência de normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior. O contrário, uma norma inferior revogar uma superior é inadmissível. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • c) Critério de especialidade da lei - o terceiro critério é o mais complexo dos três, por apresentar um certo grau de subjetividade, inexistente nos demais, em que a norma entrou em vigor posteriormente ou se apresenta em uma posição hierárquica superior. Neste caso, trata-se de conflito entre normas de graus de especialidade distintos, o que vai ser aferido a partir do exame do conteúdo de cada uma das normas. A norma que trata da matéria do modo mais específico prepondera em relação à norma que disciplina o tema de modo mais genérico, CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS QUANTO AOS CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Também denominado Lex specialis, em função da expressão latina lex specialis derogat legi generali. Por esse critério, se as normas incompatíveis forem geral e especial, prevalece a segunda. O entendimento que norteia esse critério diz respeito à circunstância de a norma especial contemplar um processo natural de diferenciação das categorias, possibilitando, assim, a aplicação da lei especial aquele grupo que contempla as peculiaridades nela presentes, sem ferir a norma geral, ampla por demais. Além do mais, a aplicação da regra geral importaria no tratamento igual de pessoas que pertencem a categorias diferentes, e, portanto, numa injustiça. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II ANTINOMIAS INSOLÚVEIS (REAIS) São assim denominadas aquelas antinomias que não são de imediato equacionadas pelos critérios de solução anteriormente mencionados porque não comportam a aplicação de qualquer dos três parâmetros básicos para a solução de antinomias (insuficiência de critérios) ou então porque se pode solucionar a antinomias por dois ou mais dos critérios de solução. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II CONFLITO DE CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO DE ANTINOMIAS a) Conflito entre o critério hierárquico e o critério cronológico - O critério hierárquico prevalece sobre o cronológico, o que tem por consequência o afastamento da norma inferior antinômica, mesmo que posteriormente editada. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II b) Conflito entre o critério de especialidade e o critério cronológico - Com base nessa regra, o conflito entre critério de especialidade e critério cronológico deve ser resolvido em favor da norma que disciplina de modo específico a matéria, ainda que editada anteriormente: a lei geral sucessiva não prepondera sobre a lei especial precedente (art. 2º, § 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Em realidade, o que se constata é que o aspecto temporal cede em relação à hierarquia e à especificidade normativa, que são critérios mais “fortes” de solução de antinomia. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II c) Conflito entre o critério hierárquico e o critério de especialidade - Não existe uma regra geral consolidada neste caso. A solução da antinomia dependerá do exame das peculiaridades de cada caso,pois ainda que a questão hierárquica seja um dos postulados fundamentais do ordenamento jurídico, as normas situadas ao topo da pirâmide do ordenamento jurídico tendem a ter um conteúdo mais aberto e de menor densidade normativa, o que pode fazer ver ao intérprete uma aparente contradição com normas inferiores, que disciplinam de forma mais detalhada certas questões jurídicas, sendo de fato a antinomia muitas vezes apenas aparente. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II Conflito entre critério hierárquico e o cronológico – Norma anterior-superior é antinômica em relação a uma norma posterior-inferior. A norma anterior- superior prevalece. Conflito entre critério de especialidade e o cronológico – Norma anterior especial é incompatível com uma norma posterior geral. A norma anterior especial prevalece. Conflito entre o critério hierárquico e o da especial – Norma superior geral incompatível com norma inferior especial. Dependerá de cada caso. QUADRO GERAL DOS CONFLITOS ENTRE CRITÉRIOS INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II EXEMPLO PRÁTICO DE ANTINOMIA REAL Exemplo clássico, é o encontrado no Direito das sucessões, senão vejamos: Código Civil brasileiro, artigo 1.865: ” Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias ” INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II Aplicando-se a hermenêutica sistemática jurídica ao dispositivo legal em mote, resta evidente que: a) O dispositivo trata de um requisito jurídico do testamento, a assinatura do testador; b) Pode acontecer que, um determinado testador não saiba ou não possa escrever; e c) Havendo no caso concreto tal eventualidade, imperativamente o referido documento será assinado pelo tabelião ou por quem lhe faça as vezes. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II Daí, encontramos no mesmo diploma legal, no artigo 1872, verbis: "Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler". Igualmente usando a hermenêutica sistemática no dispositivo jurídico, fica claro que: a) A lei veda a disposição de bens em testamento cerrado em determinadas eventualidades; b) Uma destas eventualidades impeditivas, reside no caso do testador ser analfabeto. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • Ora, a contradição enfocada é muito clara, pois, uma norma veda totalmente aos analfabetos testarem da forma cerrada enquanto outra norma contradiz aquela, permitindo aos analfabetos a forma cerrada de testar, sob a condição do redator do documento assiná-lo. • OBS: o testamento cerrado é: "aquele escrito com caráter sigiloso, feito e assinado pelo testador ou por alguém em seu rogo, e completado por instrumento de aprovação lavrado por oficial público em presença de cinco testemunhas idôneas". (MH Diniz, 1998) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II • O tratamento jurídico das antinomias acabará efetivamente recaindo sob a competência dos magistrados, ao decidir o conflito aplicando o que lhe parece melhor ao caso concreto.. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II AGORA VAMOS CORRIGIR OS EXERCÍCIOS DO LIVRO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II 4. De acordo com a Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio, pode-se afirmar o seguinte sobre os critérios de solução de antinomias jurídicas: a) o critério temporal prevalece sobre o critério hierárquico. b) a impossibilidade de aplicação dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. c) a possibilidade de aplicação simultânea dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. d) não há critérios de solução de antinomias jurídicas, simplesmente porque elas nunca ocorrem no ordenamento jurídico. e) o critério da especialidade da norma prevalece sobre o critério temporal. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II 4. De acordo com a Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio, pode-se afirmar o seguinte sobre os critérios de solução de antinomias jurídicas: a) o critério temporal prevalece sobre o critério hierárquico. b) a impossibilidade de aplicação dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. c) a possibilidade de aplicação simultânea dos critérios temporal, hierárquico e de especialidade da norma inviabiliza a solução da antinomia. d) não há critérios de solução de antinomias jurídicas, simplesmente porque elas nunca ocorrem no ordenamento jurídico. e) o critério da especialidade da norma prevalece sobre o critério temporal. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AULA 12: HERMENÊUTICA JURÍDICA II GALERA, POR HOJE É SÓ! Façam a leitura da próxima aula , os exercícios do livro e da webaula
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