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APOSTILA DE ENTOMOLOGIA VETERINÁRIA

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI ÁRIDO 
 
 
 
 
 
ENTOMOLOGIA VETERINARIA 
 
 
APOSTILA DIDÁTICA 
 
 
Profa.Sílvia Maria Mendes Ahid 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mossoró - RN. 
2010 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 2 -
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da 
Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA. 
A285a Ahid, Sílvia Maria Mendes. 
Apostila Didática em Entomologia Veterinária/ Sílvia Maria 
Mendes Ahid. - Mossoró: UFERSA, 2010. 
80 f. 
 
Apostila, Universidade Federal Rural do Semi-Árido. 
 
 
1.Entomologia 2.Veterinária 3.Ectoparasitas. I. Titulo. 
CDD 595.7
Bibliotecária: Keina Cristina Santos Sousa 
CRB/4 1254 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 3 -
DADOS BIOGRÁFICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sílvia Maria Mendes Ahid, filha de Edimilson Santos Ahid e Astrogilda 
Mendes Ahid, nasceu em São Luis, Estado do Maranhão. Concluiu a graduação em Medicina 
Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) em 1984, o curso de 
especialização em Biologia Parasitária pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 
1986; o Mestrado em Medicina Veterinária, área de concentração em Acarologia Veterinária 
na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em 1990; o Doutorado em 
Biologia Parasitária, em 1999, área de concentração em Entomologia Médica pela Fundação 
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-RJ). Docente do ensino superior, especificamente, no Curso de 
Medicina Veterinária desde 1987. Atualmente, é docente adjunto dos cursos de graduação em 
Medicina Veterinária e Zootecnia e do Programa Pós-graduação em Ciências Animal da 
UFERSA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagens da Capa: Miíase bucal por larvas de Cochliomyia hominivorax em caprino; exemplar 
Calliphoridae macho. 
 
Em respeito à autora não faça a reprodução, por qualquer processo, sem a permissão expressa 
da mesma. 
4ª Edição – 2010. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 4 -
ÍNDICE 
PREFÁCIO 5 
FILO ARTHROPODA 6 
CLASSE INSECTA 6 
Morfologia externa 7 
Morfologia interna 9 
Ciclo biológico 11 
Classificação 12 
ORDEM DIPTERA 12 
Morfologia externa e sistemática 12 
Subordem Brachycera infraordem Muscomorpha 14 
Subordem Brachycera infraordem Tabanomorpha 23 
Subordem Nematocera 26 
ORDEM PHTHIRAPTERA 31 
Piolhos mastigadores 32 
Subordem Amblycera 33 
Subordem Ischnocera 36 
Subordem Anoplura 40 
ORDEM SIPHONAPTERA 44 
ORDEM HEMIPTERA 51 
CLASSE ARACHNIDA: SUBCLASSE ACARI 54 
Morfologia externa 54 
Morfologia interna e fisiologia 57 
Família Ixodidae 58 
Família Argasidae 64 
Subordem Astigmata. 66 
Subordem Prostigmata 69 
Chave simplificada para a identificação dos gêneros sarcoptiformes 71 
REFERÊNCIAS. 72 
 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 5 -
PREFÁCIO 
 
 
 
 
 
Este material didático compreende uma motivação inovadora à 
qualidade ao ensino e representa esforços diretos e indiretos do 
Grupo de Pesquisa em Parasitologia Animal e Biologia Parasitária e, 
todos que tem compartilhado no constante aprendizado da 
Parasitologia Animal. Essa edição é uma fonte de informação 
atualizada com objetivo complementar as atividades didáticas nos 
Cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia, incorporando conteúdo 
atualizado em Entomologia Veterinária, bem como a convivência 
profissional no estudo dos ectoparasitas, suas características quanto à 
morfologia, aspectos da biologia, patogenia e aspectos 
epidemiológicos pertinentes aos mesmos. 
 
 
 
 
 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 6 -
INTRODUÇÃO 
A entomologia veterinária tem como objetivo o estudo dos insetos de importância da 
medicina veterinária. Os ectoparasitas terão maior atenção nessa edição considerando que são 
organismos que habitam a pele (ou derivados desta), de um organismo (hospedeiro) por determinado 
período de tempo, sendo totalmente dependentes de seus hospedeiros para sua sobrevivência, podendo 
ter efeito prejudicial na saúde destes (HOPLA et al., 1994). São organismos semi-independentes, 
segundo Nelson et al. (1975), os ectoparasitas podem ser divididos em grupos conforme seu habitat: 
os ectoparasitos de campo apresentam vida livre em maior parte do seu desenvolvimento de vida (ex. 
Ixodídeos, os carrapatos duros); ectoparasitos de ninhos são mais frequentemente encontrados nos 
ninhos de seus hospedeiros do que sobre o mesmo (ex. Argasídeos, os carrapatos moles); 
ectoparasitos de hospedeiros são encontrados permanentes sobre o hospedeiro (ex. Phthiraptera, os 
piolhos). 
O estudo dos artrópodes constitui um capitulo importante na Parasitologia Animal, com 
ênfase na morfologia, fisiologia, aspectos biológicos, controle e prevenção dos parasitos que 
acometem os animais domésticos, sem esquecer a importância econômica e sanitária dos mesmos 
(GUIMARÃES et al., 2001). 
 
FIO ARTHROPODA 
Ao filo Artropoda pertencem mais de 80% de todas as espécies de animais invertebrados, 
estima-se que mais de um milhão. De simetria bilateral, corpo geralmente segmentado e articulado 
exteriormente. Cabeça, tórax e abdome diferenciados ou fusionados. Exoesqueleto endurecido, 
quitinoso, graças a um polissacarídeo - a quitina – secretado pela epiderme, com mudas periódicas. 
Tubo digestivo completo, peças bucais constituído por maxilas laterais, adaptadas a mastigação ou a 
sucção. Sistema circulatório aberto, “coração dorsal”, que não distribui “sangue” por artérias e veias 
aos tecidos; respiração do tipo traqueal, sacos pulmonares ou pelo tegumento. Excreção pelas 
glândulas coxais ou verdes mediante 2 ou vários tubos de Malpighi que se comunica com o tubo 
digestivo. Sistema nervoso do tipo ganglionar. Órgãos dos sentidos constituídos por antenas e pêlos 
sensitivos, olhos simples e compostos. Sexos ordinariamente separados; fecundação quase sempre 
interna; ovíparos ou ovovivíparos usualmente com uma a varias fases larvares e metamorfose graduais 
ou rápidas; em alguns insetos a partenogênese pode ocorrer. 
Nesse material didático estaremos tratando apenas dos artrópodes parasitos ou vetores de 
doenças relacionadas à vida dos animais domésticos e de interesse econômico, embora de igual 
importância à saúde pública. Neste contexto apenas duas Classes serão estudadas: a Insecta e a 
Arachnida. São características da classe Insecta, possuir três pares de patas, cabeça, tórax e abdome 
distintos e, da Classe Arachnida os adultos apresentarem o corpo fundido (cefalotórax e abdome) 
com quatro pares de patas e não possuem antenas. Da classe Arachnida trataremos apenas da ordem 
Acarina. 
 
CLASSE INSECTA 
Também conhecida por Hexapoda. São insetos metazoários de simetria bilateral cujo 
corpo é dividido em três metâmeros (regiões) distintos: a cabeça, o tórax e o abdome. Possuem três 
pares de patas, podem ou não apresentar asas membranosas. 
O corpo é formado pela justaposição de vários escleritos, formando anéis ou metâmeros: 
tergitos, esternitos e pleuritos. A cabeça, que está unida ao tórax pelo pescoço, tem considerável 
variação de forma, bem como um par de antenas. 
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Morfologia Externa 
O tegumento (Fig. 1) constitui o revestimento protetor e a base de sustentação para os 
órgãos, promove a forma do corpo e fornece base estrutural para os órgãos sensoriais. Tem sua 
estrutura formada por epitélio simples e membrana basal secretando a cutícula, na qual é formada por 
três camadas: a epicutícula, a exocutícula e a endocutícula.Figura 1 - Esquema do tegumento dos insetos: 
a- epicuticula; b- exocutícula; c- endocutícula; 
d- epitélio dérmico; e- membrana basal; f- 
acúleo; g- espinho; h- microtríquia; i- abertura 
de glândula dérmica; j- estruturas 
epicuticulares; k- seta ou pêlo sensitivo; l- 
neurônio sensorial; m- glândula dérmica 
unicelular. Tipos de apêndices cuticulares 
articulados: n- escama; o- cerda simples; p- 
cerda em tufo; q- tufo palmado. 
Na cabeça (Fig. 2) se encontram os órgãos dos sentidos (olhos e as antenas), os órgãos de 
ingestão de alimentos (mandíbulas e maxilas) e o sistema nervoso central (coordenação nervosa e 
memória). Geralmente 1 par de antenas. As estruturas se modificam conforme o hábito alimentar. Na 
descrição morfológica da cabeça chama-se atenção para a parte alta, o vértice, e a parte de trás, o 
occipício. Na região bucal o clípeo. Lateralmente e abaixo dos olhos compostos, a gena. Um pescoço 
curto une a cabeça ao tórax. 
Possuem 2 antenas (díceros) e apresentam formas e tamanhos variáveis. Têm funções 
sensoriais e implantadas junto e adiante dos olhos. Uma antena típica é formada por artículos: uma 
basal o escapo, na qual prende a antena na cabeça; o segundo articulo o pedicelo e o terceiro o 
flagelo, geralmente longo e constituído de sub-segmentos. São apêndices moveis que podem 
funcionar como órgão olfativo, auditivos, gustativos e tácteis. 
Figura 2 - Esquema da cabeça de um artropoda. 
É possível o reconhecimento dos sexos de alguns insetos através das antenas, visto que 
elas se apresentam diferentes nos machos e nas fêmeas. Para isso devem ser considerados: Tamanho 
- As antenas dos machos geralmente são mais desenvolvidas; Tipo - Há casos que os machos e as 
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fêmeas possuem antenas de tipo diferentes. Por exemplo: nos machos de pernilongos as antenas são 
plumosas, enquanto que nas fêmeas são filiformes. 
A maioria dos insetos possui um par de olhos compostos, nos quais são formados pela 
união de centenas de omatídeos, e dois ou três olhos simples ou ocelos. Estes estão localizados atrás 
de cada olho ou agrupados no vértice da cabeça. Em alguns dípteros, pode-se distinguir o sexo pelo 
formato dos olhos compostos: no macho são holópticos, onde os olhos se tocam dorsalmente, na 
fêmea são dicópticos, os olhos são separados, dorsalmente. 
Encontra-se variadas estruturas sensoriais, sob a forma de pêlos, placas e depressões 
inervadas. As peças bucais são muito variáveis em tamanho e forma, derivam de 3 pares de 
apêndices: 1 par de mandíbulas, dois pares de maxilas, esses podendo ter acessórios articulados que 
são os palpos maxilares e os palpos labiais. Geralmente estão apoiadas na ponta da cabeça, na área do 
clípeo. As peças bucais se modificam conforme o hábito alimentar e são classificados em: 
mastigador (ex. piolhos de aves), picador-sugador (ex. mosquitos e barbeiros), e os do tipo 
lambedor (ex. mosca). 
O tórax tem funções essenciais de locomoção, possui três metâmeros: protórax, 
mesotórax e metatórax, cada com um par de patas. Nas pulgas, por exemplo, esses segmentos são 
facilmente identificados, nos demais ou foram fundidos ou modificados. Freqüentemente, o 
mesotórax é o mais desenvolvido. 
1A
 
1B
Figura 3 - 1A- Tórax de diferentes tipos de insetos: A- mosquito (Culicídeo); B- Mosca 
(S. calcitrans);. C – Pulga (X. cheopis). 1.Protorax; 2- mesotorax; 3 – metatórax; 4 –noto.: 5- 
pleura; 6- esterno. Escleritos do Mesotórax: a- pré-escudo; b- escudo; c- escutelo; d- mesopleura; 
e- esternopleura; f- hipopleura; g, h,i – primerio, segundo e terceiro par de patas. 1B- Os 
apêndices articulados de todas as patas. 
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Quando o inseto é alado, o par de asas anterior (Fig. 4) se fixa no mesotórax e o posterior 
no metatórax. Cada segmento torácico é formado por um arco dorsal, o tergo ou noto, e outro ventral 
o esterno. As partes laterais são chamadas de placas laterais ou pleuras. 
 
Figura 4 – Esquema teórico de uma asa de um díptero, com nomenclatura das veias: C-costa, Sc- 
subcosta, R1 a R5, nervuras radiais; M1 a M4, nervuras medianas; Cba e Cbp, nervuras cubitais; An1 e 
An2, nervuras anais. 
As asas podem faltar em alguns insetos como pulgas e piolhos, reduzidas a um par nos 
dípteros. Nos demais insetos existem dois pares de asas, hemípteros e coleópteros, por exemplo. São 
formadas por nervuras ou veias de sustentação e células. O formato e posição das nervuras e células 
são extremamente importantes na classificação. Nos dípteros, o par posterior é atrofiado, chamado de 
balancin; e dar equilíbrio ao inseto durante o vôo. 
O abdome habitualmente é formado pela união de 10 a 12 anéis, sendo que os últimos 
adaptados para as funções reprodutoras; o ânus abre-se no último segmento. No macho, os anéis estão 
adaptados para apreensão da fêmea durante a cópula, formando uma genitália complexa; nas fêmeas, 
a genitália é mais simples, representada pelo ovipositor. 
Morfologia Interna (Fig. 5) 
Quase todos os materiais orgânicos são alimentos para os insetos. Cada um está adaptado 
a um tipo de alimento. O sistema digestivo pode ser divido em 3 partes, de acordo com sua origem 
embrionária: o Intestino anterior (estomodeu), o médio (mesêntero) ou estômago, relacionado com 
as funções de digestão e absorção dos nutrientes, e posterior (proctodeu). O primeiro é formado pela 
boca, faringe, esôfago, papo e proventrículo. As glândulas salivares abrem-se na boca. O intestino 
posterior é formado pelo intestino delgado, intestino grosso e pelo reto. Ao iniciar-se o intestino 
posterior, notamos os tubos de Malpighi, que são órgãos excretores. 
O sistema respiratório formado por de tubos e traquéias que se ramificam por todo o 
inseto. Esta ramificação é tão intensa de modo a permitir que as trocas gasosas sejam ao nível celular, 
sem auxílio da hemolinfa (sangue). As traquéias abrem-se para o exterior, ao nível da cutícula, em 
diversos orifícios (espiráculos). Estes apresentam um sistema de fechamento que regula a entrada de 
O2, a saída de CO2 e a perda de água. A respiração é controlada pelo sistema nervoso central. Em 
insetos ou larvas aquáticas ou que vivem em ambiente úmido, além da respiração traqueal existem 
trocas gasosas através da cutícula, que é permeável: Os espiráculos respiratórios abrem-se 
lateralmente no tórax e abdome podendo existir 2 a 10 pares. 
O sistema circulatório é aberto, constituído por hemolinfa ou sangue do inseto, que 
circula do abdome para o tórax, através do bombeamento cardíaco, banhando todos os órgãos da 
cavidade geral ou hemocele. A circulação da hemolinfa é feita por um tubo dorsal chamado coração, 
localizado no abdome, seguido por um tubo dirigido para o tórax denominado aorta. 
O sistema nervoso: próximo ao esôfago existe um gânglio supra-esofagiano (cérebro), do 
qual partem duas cadeias de gânglios ventrais e destes numerosos filamentos nervosos que se 
ramificam por todo o corpo do inseto. O sistema sensorial é representado pelos olhos (simples e 
compostos), cerdas e antenas tácteis; apresentam também órgãos auditivos e quimioreceptores. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 10 -
 
Figura 5 - Representação diagramática de anatomia interna de insetos: A- aparelho digestivo, B- 
sistemas nervoso e circulatório, B’- detalhes do gânglio supra-esofagiano, C- sistema circulatório, 
com as setas indicando a direção de deslocamento da hemolinfa, C’- detalhe da câmara do coração 
mostrando a direção da entrada da hemolinfa. a- anus, ao- aorta, CGV, cadeia ganglionar ventral, cm- 
ceco do mesêntero, co- coração, cop- comissura paraesofágica, cot- comissura do tritocérebro, CSal- 
canal salivar, d- deutocérebro, DSal, ducto salivar, Eo- esôfago, Fa- faringe, gs- gânglio supra-
esofagiano,GS- glândula salivar, gsb- gânglio subesofagiano, i- ílio, lo- lóbulo óptico, Lb- lábio, m- 
mesestero (estômago), o- boca, OC- olho composto, os- ostíolo, p-papo, pi-piloro, pr- proventrículo, 
pt- protocérebro, r- reto, t- tritocérebro, VD- vaso dorsal, tM- tubos de Malpighi. 
O sistema reprodutor, apesar de poder haver hemafroditismo e partenogênese, o método 
de reprodução usual é o cruzamento entre o macho e a fêmea. Tanto nos machos como nas fêmeas o 
conjunto de peças que forma o aparelho copulador recebe o nome de genitália (Fig. 6). 
Os machos possuem 1 par de testículos que se comunica pelos vasos deferentes com as 
vesículas seminais; e estas com o ducto ejaculatório que está ligado ao órgão copulador (edeago ou 
pênis). Nas fêmeas, os ovários se comunicam com a vagina por meio dos ovidutos; junto desta a 
espermateca (reservatório de espermatozóides), após a cópula. Na vagina se abrem os ductos das 
glândulas acessórias e do receptáculo seminal; inicia-se o ovipositor, terminando este na abertura 
genital. 
Dimorfismo Sexual (Dióicos): nos insetos os sexos são sempre separados, havendo em 
alguns casos dimorfismo sexual bastante acentuado. Assim, o tamanho menor, a coloração mais viva 
e variada, a abundância de pilosidade sobre o corpo, a presença de estruturas aberrantes na cabeça, no 
tórax e nas pernas são caracteres que muitas vezes permitem distinguir o macho da fêmea. A 
fecundação das fêmeas se processa com a cópula, sendo pouco freqüente a reprodução a partir de 
fêmeas virgens (partenogênese). Este fenômeno, no qual os machos não interferem se verifica com as 
abelhas, formigas, pulgões dos vegetais e alguns outros insetos. 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 11 -
 
Figura 6 - A – Aparelho reprodutor masculino de um inseto: a - testículo; b - canal deferente; c - 
vesícula seminal; d - canal ejaculador; e - pênis; f- glândula acessória. B - Aparelho reprodutor 
feminino: g- ovário; h- espermateca; i- vagina; j – ovaríolo; k – ovaríolo maduro; l- oviduto; m –
glândula acessória; n- pedicelo. 
Ciclo Biológico 
Entre os insetos, a reprodução é, na generalidade dos casos, bissexuada, caracterizando 
por extraordinária fertilidade. A maioria das fêmeas é ovípara. O formato dos ovos e o local 
escolhido para a ovipostura são tremendamente variáveis. 
Existem casos, entretanto, em que os ovos permanecem no interior do organismo materno 
até o embrião se achar bastante desenvolvido. Nestes casos são larvíparas, pois as fêmeas em vez de 
eliminarem ovos, eliminam a prole já em estado de larva e, às vezes, em fase bastante adiantada. 
Desde ovo até adulto, o inseto sofre várias modificações complexas, reguladas por hormônios. 
No desenvolvimento pós-embrionário (Fig. 7), o inseto sofre depois que sai do ovo, e se 
processa de duas maneiras: sem metamorfose (ametábolos) e com metamorfose (metábolos). Os 
insetos ametabólicos são aqueles que ao saírem do ovo já apresentam todos os caracteres da forma 
adulta, mudando de pele apenas para crescer, isto é, as formas jovens são semelhantes aos adultos. 
Os insetos que sofrem metamorfose, metabólicos, compreendem dois grandes grupos; 
aqueles que sofrem metamorfose chamada incompleta (hemimetábolos) e aqueles que sofrem 
metamorfose chamada completa (holometábolos). Há ainda aqueles que sofrem metamorfose gradual 
(paurometabolia) quando os insetos passam pelas formas de ovo, ninfa e adulto, porém as ninfas têm 
um desenvolvimento gradual, vivem no mesmo ambiente e têm o mesmo hábito alimentar do adulto 
(ex: Hemiptera - barbeiros). 
A existência, portanto, de um estado pupal entre a fase de larva e de adulto, caracteriza a 
metamorfose completa. Nos insetos de metamorfose incompleta não existe estado pupal porque as 
mudanças de pele conduzem diretamente em forma adulta, o que não se verifica no outro caso, em 
que as mudanças de pele conduzem a um estado pupal antes do adulto. Os besouros, as abelhas, as 
vespas, as formigas, as moscas, os mosquitos, as pulgas, as borboletas e as mariposas são insetos de 
metamorfose completa. 
As formas jovens dos insetos de metamorfose incompleta são chamadas de ninfas. Todas 
as formas jovens dos insetos de metamorfose completa são chamadas de larvas (no caso das 
borboletas e mariposas, costuma-se dar a estas a denominação de Lagartas). 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 12 -
Figura 7 - Tipos de ciclos evolutivos: Holometábolo e Hemimetábulo. 
Classificação simplificada das Classes e as Ordens de importância veterinária: 
Classe Insecta, conhecida como insetos. Classe Arachnida 
Ordem Diptera (moscas, mosquitos e mutucas) 
Phthiraptera (piolhos). 
Siphonaptera (pulgas). 
Hemiptera (barbeiros). 
Acarina (carrapatos e ácaros). 
ORDEM DIPTERA: 
Essa ordem de insetos contém todas as moscas, mosquitos e mutucas de importância 
veterinária, se caracterizam por possuírem um par de asas funcionais. Algumas são importantes por 
serem ectoparasitas, enquanto em outras, são as larvas que parasitam os tecidos do hospedeiro ou por 
serem vetores de doenças. Todas as espécies são holometabólicas. 
Morfologia externa e sistemática. 
Compreende uma variedade de insetos de tamanho pequeno ou grande, com cabeça, tórax 
e abdome bem definidos providos de aparelho bucal de acordo com o habito alimentar (pungitivo ou 
não) e um único par de asas. Os do tipo pungitivo são hematófagos ou entomófagos e classificados 
como sendo picador-sugador. O tipo não-pungitivo o aparelho bucal destina-se apenas a sugar, 
vivendo de nectar de plantas, líquidos vegetais extraviados, exsudatos e material orgânico em 
decomposição. Em alguns casos o aparelho bucal é atrofiado, no inseto adulto, é o caso do 
Dermatobia hominis (mosca do Berne), que vivem das reservas acumuladas durante a fase larvar. 
Adultos: corpo é dividido em três segmentos cabeça, tórax e abdome (Fig.8). Cabeça 
distinta do tórax, um par de antenas, um par de olhos compostos, um a três ocelos e o aparelho bucal. 
Mesotórax mais desenvolvido que o pró e metatórax. É onde estão situadas as patas e asas 
membranosas. As asas membranosas apresentam as estruturas chamadas veias, as primarias chamadas 
de Costal (C), subcostal (Sc), rádio (R), média (M), cúbito (Cu) e anal (A), cujas ramificações se 
conectam e formam áreas denominadas células. Às vezes apresenta junto à base da asa, na parte 
posterior, um lobo acessório e dobrado sobre si mesmo, a caliptra. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 13 -
 
Figura 8 - Morfologia externa de Diptera Cyclorrhapha; A- cabeça, quetotaxia, vista frontal; B- Tórax, 
quetotaxia, vista dorsal. C- Tórax, vista lateral (Adaptado de Pinto, 1938). 
Na maioria dos machos os olhos são holópticos e as fêmeas dicópticos, com três olhos 
simples, arranjados em triangulo, podendo estar ausente em algumas famílias. O tórax composto pelos 
segmentos protórax, mesotórax e metatórax. Quase toda a superfície do tórax formada pelo escudo do 
mesotórax e este dividido em parte em duas partes, uma anterior e outra posterior, com uma sutura 
transversal. Atrás do escutelo encontra-se o escudo formado por um lobo convexo bem desenvolvido. 
Possuem um par de espiráculos respiratórios mesotorácico (anterior) e um par posterior metatorácico. 
Biologia: são quase sempre ovíparos, depositando seus ovos em substratos diversos. O 
desenvolvimento embrionário ocorre dentro do ovo. Entretanto, algumas famílias como a 
Sarcophagidae, os ovos desenvolvem-se e eclodem no oviduto e a fêmea deposita larvas de primeiro 
estagio. As larvas são ápodas, cabeça bem definida nos Nematocera e reduzida na Brachycera. Em 
geral as larvas necessitam de ambientes úmidos e passam por 3 a 5 estádios antes de puparem. 
A maioria dos dípteros fêmea tem necessidade de receberem uma alimentação protéicaantes de iniciar produção de ovos (anautógenas). Aquelas fêmeas capazes de maturar os ovos sem 
uma alimentação inicial protéica são denominadas autógenas. 
Classificação: é baseada em estudos filogenéticos nos DIPTERA desenvolvidos por 
Hennig (1973) reconhecendo duas subordens: NEMATOCERA e BRACHYCERA. 
A subordem NEMATOCERA inclui os dípteros pequenos, mosquitos e borrachudos. Os 
adultos possuem antenas filiformes e longas (Fig. 9), com mais de seis artículos semelhantes exceto o 
escapo e o pedicelo. Asas geralmente longas e estreitas. As fêmeas com poucas cerdas nas antenas e 
machos com muitas cerdas. Larvas são ágeis, apresentam cabeças distintas (eucéfalas) e pupas 
moveis. Os adultos nascem como ortorrafos. Apenas as fêmeas são parasitas e possuem peças bucais 
do tipo picador-sugador. Os ovos são postos na água ou próximos a ela. Esta subordem contém sete 
infraordens, duas das quais são hematófagas: Psychomorpha e Culicomorpha. Na Psychomorpha 
estão os Psychodidae, que são mosquitos pequenos com apenas uma subfamilia de importância 
veterinária, Phlebotominae. A infraordem Culicomorpha inclui os mosquitos, borrachudos e vários 
outros nematoceras. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 14 -
 
Figura 9 - Características das antenas dos dípteros Nematocera. 
A subordem BRACHYCERA é enorme, apresentam dípteros de corpo robusto, tais como 
as mutucas, mosca-domestica e moscas-dos-estábulos. As antenas geralmente possuem três 
segmentos, palpos com um ou dois segmentos (Fig. 10, 11). A larva possui cabeça reduzida e retrátil. 
A pupa pode ser móvel ou dentro de pupário. As famílias de importância veterinária encontram-se na 
infraordem MUSCOMORPHA e da infraordem TABANOMORPHA. 
 
 
Figura 10 - Características das antenas dos dípteros Brachycera Muscomorpha. Suas partes 
constituintes: E- escapo; P- pedicelo; F- flagelo; A-arista; An- anelações; Es- estilo. 
 
Figura 11 - Características das antenas dos dípteros Brachycera Tabanomorpha. 
 
SUBORDEM BRACHYCERA MUSCOMORPHA (=Cyclorrhapha) 
A Muscomorpha inclui as moscas, na qual os adultos possuem no terceiro articulo 
antenal, uma estrutura chamada de arista. Nesta quando semelhante a uma pena é denominada de 
plumosa ou quando em forma de cerda é denominada de nua. As larvas acéfalas são moveis e 
vermiformes e desenvolvem o pupário (imóvel) de onde o adulto emerge. Os olhos compostos são 
grandes e nas fêmeas são dicópticos e dos machos holópticos. Os ocelos localizam-se entre os olhos 
compostos e servem para dar a sensação de claro e escuro. Existem 2 tipos básicos de aparelho bucal 
nos Muscomorpha: o tipo lambador (mosca domestica e varejeira) e do tipo picador (mosca-dos-
estábulos e mosca-dos-chifres). 
É dividida em duas seções, Aschiza e Schizophora. A primeira possui as famílias 
Phoridae e Syrphidae de pouca importância veterinária. Os adultos de Schizophora apresentam uma 
sutura ptilineal e são classificados em duas subseções: Calyptratae e Acalyptratae. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 15 -
A Calyptratae apresentam um sulco bem definido no segundo segmento antenal 
(pedicelo) e uma caliptra. A maioria das moscas de importância veterinária pertence a essa subseção. 
Os Acalyptratae não tem um sulco no pedicelo e a caliptra pouco desenvolvida, apresenta pouca 
importância veterinária. 
Os Calyptratae de importância medico-veterinário, são divididos em 3 superfamílias 
Muscoidea, Hippoboscoidea e Oestroidea. A Muscoidea contem 2 famílias Muscidae e Fannidae; 
os Hippoboscoidea duas famílias Glossinidae e Hippoboscidae; e os Oestroidea apresentam 
Calliphoridae, Oestridae, Cuterebridae e Gasterophilidae. 
CALYPTRATAE: MUSCIDAE 
Inclui moscas de tamanho médio, corpo cinza a amarelo escuro, algumas de cor azul a 
verde metálica. Compreendem os gêneros de aparelho bucal funcional, quatro faixas negras no 
mesonoto. Quarta nervura longitudinal da asa recurvada formando um cotovelo, em ângulo reto. M1 
geralmente curvada para a margem anterior da asa. Arista nua ou plumosa. Três estágios larvares, 
sendo que a larva é vermiforme e geralmente é esbranquiçada. Possui reflexos amarelados no abdome. 
A larva, na extremidade anterior possui ganchos (para captar alimentos) e na posterior possui estigmas 
respiratórios com 1, 2 ou 3 aberturas, de acordo com a fase larvar (L1, L2, L3). 
 
A família apresenta uma subfamília Muscinae com os gêneros de interesse a Musca 
domestica (mosca doméstica), Stomoxys calcitrans (mosca-dos-estábulos) e Haematobia irritans 
(mosca-dos-chifres). 
Musca domestica: Não são parasitos obrigatórios, mas se nutri de secreções e são atraídos 
por feridas. Os adultos têm cerca de 5 mm de comprimento e possuem cor cinza. Abdome com uma 
grande área amarelada lateralmente. Tórax com quatro listras longitudinais, escuras (Fig. 12). 
Abdome acinzentado. Aparelho bucal: com palpos médios, labela com pseudotraquéias (liquefaz o 
alimento sólido). Antenas pretas com arista plumosa (cerdas dos dois lados; Fig. 13). 
 
Figura 12 – Denominação de cerdas em tórax de mosca: A- Mesonoto, subdividido em pré-escudo, 
escudo e escutelo; B- Aspecto lateral do tórax: 1- grupo de cerdas umerais, 2- pós-umerais, 3- 
notopleuras, 4- pré-suturais, 5- supra-alares, 6- interalares, 7- pós-alares, 8- dorsocentrais, 9- 
acrosticais, 10- escutelares, 11- propleurais, 12- mesopleurais, 13- esternopleurais, 1q4- 
hipopleurais e 15- metapleurais. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 16 -
A postura é feita 4 dias após a cópula e são depositados 75 a 150 ovos por vez. A 
incubação é de 24 horas, sendo que em 25o a 35oC - 8 a 12 horas e 23o a 26oC - 3 a 4 dias. A postura é 
feita nas fezes ou em matéria orgânica em decomposição, quando de suínos leva 7 dias para ir de L1 a 
L3, em fezes humanas leva duas semanas e em lixo leva três semanas. 
Figura 13 – M. domestica: Peças bucais sugadoras. Asa, com a veia 4 formando um cotovelo. 
As larvas cilíndricas são segmentadas e esbranquiçadas, pontiagudas e possuem um par 
de ganchos (Fig. 14). Na extremidade posterior observam-se os espiráculos respiratórios, cuja forma e 
estrutura dos estigmas têm abertura em forma de m (Fig. 15). Os três instares larvais nutrem-se de 
matéria em decomposição. O período pupal é de 14 a 28 dias, mas no verão leva 4 a 5 dias. 
 
Figura 14 – larva de Musca domestica. a- papila cefálica, b- espiráculo anterior, c- área espinhosa 
ventral, d- espiráculo posterior, e- tubérculos anais, f- placa espiracular. 
 
Figura 15 - Placas estigmáticas e respectivos estigmas respiratórios das larvas maduras de alguns 
muscoides importantes. Para observar tais estruturas, deve-se: cortar com tesoura o último segmento 
larvar, colocar esse fragmento sobre uma lâmina (pode ou não colocar lamínula) 
Importância: 1) Transporte forético de microorganismos que levam à febre tifóide, 
disenteria, cólera e mastite bovina, e de protozoários como Entamoeba, Giardia e helmintos como 
Taenia sp e Dipylidium. É também veiculadora de ovos da Dermatobia hominis; 2) Hospedeiro 
intermediário de endoparasitos como Habronema em cavalos e Raillietina em aves. 
Stomoxys calcitrans: “mosca-dos-estábulos”. Os adultos são hematófagos, de picadas 
dolorosas, medem de 4 a 7 mm de comprimento, são vetores de protozoários e helmintoses dos 
animais (Fig. 16). Com 4 faixas longitudinais no tórax. De distribuição mundial. Abdome mais curto e 
mais largo que a mosca domestica, com três manchas escuras no segundo e no terceiro segmentos 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 17 -
abdominais. O aparelho bucal projetada para frente é suficiente para distinguir da M. domestica. As 
larvas de Musca e Stomoxys são distinguidas pelos espiráculos respiratórios. 
 
 
Figura 16 - Peças bucais picador-sugadorda mosca dos estábulos S. calcitrans. Asa membranosa. 
Ciclo: ambos os sexos são hematófagos e ingerem sangue varias vezes durante o dia. Os 
adultos vivem cerca de um mês, preferem ambientes ensolarados e picam ao ar livre, mas também em 
ambientes fechados onde se encontram os animais estabulados. Cada fêmea pode depositar de 60 a 
800 ovos, com postura media de 20 a 50 ovos cada, nos quais são depositados, em matéria orgânica 
em decomposição e eclodem em quatro dias. Possuem três estágios larvais, são saprófagas, 
espiráculos escuros, com 3 aberturas em S, circundando um botão central. As formas adultas emergem 
do pupário em torno de 30 dias (Fig. 17). 
 
Figura 17 – Ciclo biológico da S. calcitrans 
Importância: Durante a alimentação produzem ação irritativa devido aos pequenos 
dentes existentes na extremidade das peças bucais. São necessários em torno de 3 minutos para 
completar sua alimentação. A interrupção da alimentação facilita a transmissão mecânica de 
tripanossomos e outros patógenos, inclusive funciona como hospedeiro intermediário do helminto 
Habronema. Estima-se que as perdas de produção de leite e carne chegam de até 20% pela ação direta 
do parasitismo por Stomoxys. 
Haematobia irritans: são os menores mucideos hematófagos, têm cerca de 4 mm de 
comprimento (Fig. 18). De cor cinza com diversas listras escuras no tórax. A probóscida mantém-se 
para frente e os palpos são muito mais grossos do que da S. calcitrans e alargados apicalmente. As 
moscas do chifre são de distribuição mundial e temos bovinos e bubalinos como principais 
hospedeiros. No hospedeiro fica na posição da cabeça para baixo. 
Foi registrada no Brasil pela primeira vez em Roraima entre os anos de 1877 e 1978 
(VALÉRIO & GUIMARAES, 1983). O transporte rodoviário de animais infestados foi o fator que 
mais contribuiu para a disseminação desta praga pelo território nacional. A perda de sangue devido ao 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 18 -
ataque dessas moscas é considerável. Causam irritação e a ferida causada durante a sucção de sangue 
atrai outras moscas causadoras de miíases. Podem transmitir o filarídeo cutâneo dos bovinos 
(Stenofilaria stilesi). 
 
Figura 18 - Vista lateral da cabeça de fêmeas de S. calcitrans (A) e da H. irritans (B) 
A H. irritans permanece sobre o hospedeiro dia e noite, de preferência pelo dorso, lado do 
tórax, abdome e ao redor da cabeça. Abandona brevemente o hospedeiro para acasalar e realizar 
ovipostura. Ovos são castanhos avermelhados e postos quase que exclusivamente em fezes frescas de 
bovinos, eclodem em 20 a 24 horas e em 4 dias já podem iniciar a pupar (fora ou dentro do bolo 
fecal). Seis a 8 dias inicia a emergência dos adultos e ficam sob os hospedeiros alimentando-se. Cada 
fêmea pode produzir de 100 a 200 ovos (Fig. 19). 
 
Figura 19 – Ciclo da Haematobia irritans. 
CALLIPHORIDAE 
Morfologia: dípteros de medio a pequeno porte, de modo geral azulados, violáceos, 
esverdeados ou cúpreos, com reflexos metálicos. Arista plumosa (principalmente nos 2/3 basais). 
Duas cerdas notopleurais (Fig. 12). Quarta veia longitudinal (M) fortemente curvada distalmente; 
celula apical (R5) estreita, porém raramente fechada distalmente. Caliptra bem desenvolvida. Escudo 
podendo apresentar tres faixas pretas longitudinais; pós-escutelo ausente ou pouco desenvolvido. 
Diferem dos Muscidae por apresentarem uma fila de cerdas merais e dos Sarcophagidae pela 
coloração metálica e por apresentarem 2 cerdas notopleurais, raramente três. Esta familia é conhecida 
pelas moscas varejeiras. Os gêneros Cochliomyia, Lucilia, Chrysomya e Calliphora são de 
importância veterinária por serem produtoras de miíases. 
Cochliomyia spp, este gênero inclui a “moscas da bicheira”, “vareja” ou “mosca 
varejeira”. Califorídeos de tamanho médio, cor verde-metálico ou azul esverdeado. Cabeça, com 
palpos e antenas amarela ou alaranjada. palpos filiformes. Asas hialinas, nervura basicosta de cor 
preta e sem pêlos na base (Fig.20). Escudo com três faixas pretas longitudinais bem visiveis. Existem 
5 espécies, duas das quais são causadoras de miíases no homem e animais: C. macellaria e 
C. hominivorax, que devem ser diferenciadas por chaves dicotômicas segundo Guimaraes & 
Papavero, 1999 ( GUIMARÃES et al, 2001). 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 19 -
 
Figura 20 – Asa de C. hominivorax. 
C. hominivorax possuem a coloração azulada ou azul-esverdeada e se distingue das 
demais do genêro por possuirem pêlos pretos na extremidade inferior da parafrontalia e esclerito 
subcostal preto. Occipício das fêmeas geralmente vermelho, alaranjado ou castanho. Abdome sem 
manchas laterais quando observada dorsalmente. 
As fêmeas depositam de 200 a 300 ovos em massas compactas (a cada 3 dias) sobre a 
pele ao redor de feridas ou qualquer lesão, instalando uma miíase primária, geralmente cutânea, mas 
poderá invadir orificios naturais e produzir miíases cavitárias (Fig. 21). 
As larvas se desenvolvem por 4 a 10 dias, abandona a ferida e vão pulpar no solo. A 
duração do periodo pulpar varia de 7 dias no verão e 3 semanas no inverno. As fêmeas copulam uma 
única vez e depositam seus ovos em torno de 5 a 10 dias após sua emergência. 
Figura 21- ciclo biologicos de algumas moscas verejeiras. 
As larvas poderão ser identificadas através de uma combinação de características. A 
maior parte destas características pode ser observada e terceiro estádios. Os troncos traqueais 
principais pigmentados de negro atingindo a distância de 3 a 4 segmentos; margem posterior do 
segmento 11 com um anel completo de espinhos; espiráculos posteriores maiores; espiráculos 
anteriores geralmente com 7 a 9 digitos e parede ventral da faringe lisa. As larvas são biontófagas, isto 
é parasitam obrigatoriamente tecidos vivos. 
Semelhante a C. hominivorax, coloração verde-brilhante, cabeça amarelo-alaranjada; 
quarto tergito abdominal com áreas laterais apresentando pilosidade clara, formando duas manchas 
visiveis sob a incidência de luz. C. macellaria: troncos traqueais principais claros, não pigmentados; 
margem posterior do segmento 11 apresentando espinho ventralmente; espiráculos posteriores 
pequenos; espiráculos anteriores geralmente com 8 a 11 digitos e parede ventral da faringe com estrias 
longitudinais. 
Suas larvas são semelhantes as da C. hominivorax, são invasoras secundarias de 
ferimentos, separando-se destas por apresentarem os troncos traqueais com pigmentação intensa 
somente na proximidade dos espiráculos posteriores. As fêmeas depositam seus ovos (40 a 250), em 
tecidos necrosados dos ferimentos (necrobiontófagas), lixo, cadáveres e outros tipos de materia 
orgânica em decomposição. As moscas são ativas, voando grandes distâncias a procura da materia 
orgânica animal em putrefação (Fig. 22). 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 20 -
 
Figura 22 - Vista dorsal dos segmentos posteriores da Larva III. A- C. macellaria, mostrando 
troncos traqueais não pigmentados, B- C. hominivorax, mostrando troncos traqueais pigmentados. 
Segundo esquema, vista lateral: B – larva de C. hominivorax, com o pseudocéfalo à esquerda; os 
espiráculos anteriores (ea), no segundo segmento e os espinhos (es) estão em destaques. C- larva de 
C. macellaria, com as caracteristicas que a diferenciem da espécie anterior. 
Lucilia (Phaenicia), responsaveis pelas miíaes nas ovelhas em todo o mundo. Apresenta 
cor bronze ou azul, com reflexos metálicos, olhos nus, tubérculo ocelar alcançando quase 1/3 da 
distância entre o vértice e a lúnula, arista com plumosidade longa, palpo clavado, escudo com 3 cerdas 
dorsocentrais pós-suturais, 2 a 3 acrostais pós-suturais, proepisterno e prosterno pilosos, esclerito 
subcostal sem pêlos. Abdome sem cerdas dorsais e segmentos 4 e 5 com longas cerdas marginais.As 
larvas se alimentam de tecido necrosado: L. eximia, L. cuprina e L. sericata. A especie L. eximia, foi 
registrada causando miíases em cães e gato doméstico no Brasil. 
Chrysomya (Fig. 23a), escudo sem faixas transversais distintas. Caliptras inferiores 
pilosas em toda sua extensão, com pêlos curtos. Possuem espiráculos protorácico de cor branca 
(C. albiceps) (23b) ou castanho (C. megacephala). São moscas sinantrópicas, as larvas são 
saprófagas, algumas vezes causadoras de miíases primárias e secudárias. A taxonomia desse gênero 
inclui chaves para adultos e larvas. 
 
Figura 23a - Cabeça de C. megacephala, vista frontal: A- macho, B- fêmea (DE JAMES, 1948); 23b – 
Vista lateral de C. Albiceps (imagem de Ahid) 
HIPPOBOSCIDAE 
São moscas hematófagas de aves e alguns mamíferos. Apresentam corpo largo, achatado 
dorsalmente, cabeça pequena e justaposta ao tórax, antenas com 3 segmentos alojada me uma fosseta 
antenal. Olhos vestigiais ou ausentes. Pernas desenvolvidas, com fortes garras adaptadas para se fixar 
em pêlos ou penas dos hospedeiros. 
Melophagus ovinus, são moscas picadoras, conhecidas com “falso carrapato dos ovinos”, 
corpo peludo, cabeça encaixada no torax, olhos pequenos e ocelos ausentes, antenas nua e não 
possuem arista, são ápteros e também não possuem balancins. De cor ferruginosa. Os adultos são 
ectoparasitas permanentes e alimentam-se de sangue de ovinos e caprinos, são larvíparas. As larvas 
eclodem dentro da fêmea e desenvolvem-se até a larva III e só a libera proxima a pupação. A fêmea 
deposita os ovos nos pêlos dos animais e o adulto emerge após 22 dias (Fig. 24). 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 21 -
 
Figura 24 – ciclo biologico e exemplares da mosca dos ovinos. 
Pseudolynchia canariensis, cabeça mais ou menos esféricas (Fig. 25). Fronte e vértice 
largos. Olhos compostos pequenos e ocelos ausentes. Asas bem desenvolvidas. Pernas anteriores e 
médias mais curtas que as posteriores. Cria-se principalmente em pombos novos. As fêmeas são 
larvíparas. As larvas desenvolvem-se no interior de fêmeas, alimentando-se de secreções das 
glândulas acessórias do útero. Logo após a larviposição e pupam em terra seca. Os adultos vivem em 
média 45 dias e sugam sangue 2 vezes em 24 horas. São importantes por transmitirem o 
hemoprotozoário de pombos Haemoproteus columbae. 
A B 
Figura 25 – A - M. ovinus, macho, vista dorsal; B- P. canariensis, (A) face dorsal do macho, (B) 
asa. 
GASTEROPHILIDAE. 
Gasterophilus nasalis (Fig. 26). Ocorre em todo o Brasil; possuem olhos pequenos 
separados nos dois sexos; cor escura e pilosa; tórax castanho-escuro, com reflexos dourados dorsais; 
asas pequenas, claras e transparentes; abdome castanho anterior, preto mediano, preto com pilosidade. 
Causa Gasterofilose, uma miíase cavitária. Tem como hospedeiros os eqüinos, asininos, elefantes, 
rinocerontes, ocasionalmente humanos (L1 penetra na pele, mas não evolui). 
Ciclo: Ovipostura (400 ovos durante a vida) nos dias mais quentes e feitas nos pêlos. Os 
ovos são operculados, de coloração amarelo-castanha, ficam presos em pêlos de 3 a 4 dias até eclodir. 
A L1 migra para a boca, onde ficam 3 a 4 semanas em galerias entre dentes molares, sofre ecdise para 
L2 que migram para faringe e são deglutidas, em seguida para L3 e ficam por 10 a 12 meses. A L3 
abandona hospedeiro espontaneamente junto às fezes. Pupa no solo, que evolui em 20 a 35 dias. Os 
adultos vivem de 14 a 20 dias. Forma adulta não se alimenta e são abundantes durante o verão. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 22 -
 
Figura 26 – G. nasalis: A-fêmea; B-ovo aderido a um pêlo de eqüino; C-larva; D-placas estigmáticas. 
As larvas de aspecto cilíndrico, amarelo-cera, com região posterior avermelhada. Com 
uma ou duas séries de espinhos por segmento (dep. espécie), de 20 mm, espiráculos posteriores com 
diferenciação pelos espinhos. Tem as seguintes localizações habituais: G. intestinalis no cárdia; G. 
nasalis no piloro e duodeno; e o G. haemorrhoidalis pode fixar no reto. Permanecem na forma pupar 
por 20 a 35 dias e tem aspecto semelhante à larva. 
Patogenia: No início da miíase não há sinal evidente. Em infestação maciça pode cursar 
com alterações digestivas: apetite caprichoso e inconstante, emagrecimento, cólica, palidez de 
mucosa, prostração. As moscas ao se aproximarem provocam correria e pânico – pode levar a 
fraturas. Há migração subepitelial assintomática. Migração pela faringe, esôfago e estômago pode 
causar irritação local. Larvas no piloro podem obstruir ou dificultar passagem alimentar 
Profilaxia: Água aquecida (50ºC) provoca eclosão de larvas. Esfregar com escova ou 
pano com água a 50ºC as partes do corpo onde são depositados ovos a cada 4 dias. Eliminar ovos 
aderidos aos pêlos através de raspado ou tosquia (longe do ambiente onde eles ficam). Paredes 
lavadas de 4 em 4 dias com água aquecida. Estabular animais nas horas quentes. Inseticidas em 
pulverizações 
OESTRIDAE 
Oestrus ovis: mosca de tamanho médio (Fig.27), cabeça larga, possui peças bucais 
atrofiadas. Antenas curtas, arista nua. Célula apical fechada. Abdome apresentando pêlos finos e 
longos na face ventral e extremidade distal. Larva III, com face dorsal convexa, extremidade anterior 
atenuada e a posterior truncada; apresenta espinhos somente na face ventral e com faixa transversais 
escuras cada uma com várias séries de espinhos. No último segmento estão as placas estigmáticas em 
forma de D. Causam a oestrose nos ovinos e caprinos. 
 
Figura 27 – Oestrus ovis. A- adulto; B – larva; C – placas estigmáticas. As larvas, permanecem no 
hospedeiro por 1 mês ou ao longo do periodo do inverno. 
A mosca adulta não se alimenta e não vive mais que 30 dias. São larvíparas, e depositam 
suas larvas em vôos rápidos próximos as narinas. Cada fêmea pode pôr até 500 larvas. As larvas são 
parasitos obrigatórios de seios nasais de seus hospedeiros e se alimentam de secreção da mucosa 
inflamada; possuem cor esbranquiçada e abandonar em forma de L3 para pupar no solo. Das pupas 
emergem os adultos em um período de 3 a 8 semanas. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 23 -
SARCOPHAGIDAE 
Moscas grandes, de cor cinza, tórax com três faixas longitudinais pretas e abdome xadrez 
preto e branco. Célula apical da asa fechada, caliptras bem desenvolvidas. Abdome xadrezado. Larvas 
carnívoras vivem em material de origem animal em decomposição. 
As fêmeas são larviparas e podem pôr até 50 ovos de cada vez, em locais que tenham 
material animal em composição, cadáveres (necrófagas), e em feridas (necrobiontófagas) ocasionado 
miíases secundarias. 
CUTEREBRIDAE 
Dermatobia hominis: O berne é um parasito de animais domésticos e silvestres e em 
alguns casos o próprio homem. É provocado pela larva dessa mosca. A fêmea oviposita em outras 
moscas ou mosquitos que carregam seus ovos até o hospedeiro, por exemplo, a mosca doméstica que 
pode carregar mais de 30 ovos aderidos ao seu abdome. 
O inseto vetor ao pousar em um animal acaba deixando alguns ovos da mosca do berne, 
cujas larvas ao eclodirem penetram no tecido subcutâneo permanecendo por um período como miíase 
furuncular, sendo os bovinos e caninos os hospedeiros preferenciais. 
Ocasionalmente, podem ocorrer infiltração bacteriana e formação de abcessos 
subcutâneos, além de postura de ovos pela C. hominivorax, o que determinar o estabelecimento de 
miíase primária. A infestação dos animais por estes parasitos acarreta a perda de peso, stress, 
depreciação da pele e, em casos de alta infestação, pode levar a morte do animal. 
 
SUBORDEM BRACHYCERA INFRAORDEM TABANOMORPHA 
São adultos dípteros com antenas mais curtas que o tórax, de forma muito variável, 
trisegmentadas, com 3º segmento alongado freqüentemente constituído de anéis não articuladosentre 
si. Palpos com 1 ou 2 segmentos. Célula discal quase sempre presente, célula anal fechada ou 
contraindo-se antes da margem da asa. Na subordem Brachycera, apenas a família Tabanidae, 
conhecidas como mutucas apresentam interesse veterinário. 
TABANIDAE 
São chamados de mutucas ou mosca do cavalo, são moscas robustas medindo de 0,6 a 3 
cm. Somente as fêmeas são hematófagas e os machos (holópticos) desprovidos de mandíbulas se 
alimentam de néctar. De cabeça semi-esférica, aparelho bucal do tipo lambedor e sugador (Fig. 28a). 
Olhos desenvolvidos. Presença ou não de ocelos afuncionais. Antenas com 3 segmentos e o flagelo 
apresenta anelações que são projetadas para frente, geralmente com a porção basal alargada. Palpos 
com dois segmentos. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 24 -
 
Figura 28a - Cabeça, mostrando a morfologia geral 
 
Tórax grande, mesonoto desenvolvido. Corpo sem cerdas, coloração variando de 
castanho-cinza até preto-escuro, algumas podem ser amareladas, verde ou azul metálicas, pode 
apresentar padrões de faixas ou manchas. Escutelo sem espinhos. Asa com terceira nervura 
longitudinal bifurcada (R4 +5), com espinhos na nervura costal da asa. Caliptra grande. Abdome largo 
com sete segmentos visíveis (Fig. 28b). 
 
 Figura 28b – Chrysops laetus: fêmea, vista dorsal. 
Biologia: são consideradas pragas para os animais domésticos e homem (Fig. 29). Em 
clima quente o ciclo dura 4 meses. Após o repasto a fêmea põe lotes de várias centenas de ovos sobre 
plantas aquáticas, sobre o musgo que recobre as pedras marginais dos rios, córregos e lagoas em 
troncos de árvores cheios de detritos vegetais. A oviposição ocorre tanto em ambiente aquático como 
úmido (pantanoso e troncos podres). O número de ovos e período de incubação variável (PI = 10 dias 
a 8 meses). 
As larvas dos tabanídeos são acinzentadas e cilíndricas, apresentam o corpo com sete 
segmentos e oito pernas falsas. Apresentam um sifão posterior. As pupas são moveis de cor castanha 
segmentos torácicos e abdominais visíveis. 
As larvas ao eclodirem, caem na água e completam o seu desenvolvimento no lodo do fundo 
d'água (se enterram); são carnívoras alimentando-se de pequenos animais ou de larvas de outros 
insetos (aparelho bucal mastigador), não encontrando alimentação suficiente tornam-se canibais. Na 
falta de alimento podem atacar animais e humanos. Passam por 8 estágios larvares, sendo que o 
desenvolvimento é bem variável, em função da espécie, clima e quantidade de alimento (L1 a L8 
varia de 30 dias a 1 ano). O período pupal é curto, de alguns dias ou semanas. As pupas (Fig. 31) são 
parecidas com a crisálida (pupário) das borboletas. A pupação se dá no mesmo lugar das larvas, 
porém procuram locais menos encharcados. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 25 -
 
Figura 29 – Larva de Tabanus: Ca - cabeça; 1º, 2º e 3º segmentos torácicos; Ab - segmentos 
abdominais (Fig. 30). 
Figura 30 – Ciclo Biológico de Tabanídeo. Figura 31 – Pupa móvel de Brachycera. 
As fêmeas também sobrevivem com néctar, porém precisam de sangue para a maturação 
dos ovos. As fêmeas localizam sua presa pela visão e suas picadas são profundas e dolorosas. As 
fêmeas muitas vezes não conseguem terminar o repasto sangüíneo já que o animal ou pessoa se sente 
bastante incomodado e a retira do local onde estava sugando. São silvestres e raramente são 
encontrados nos domicílios. São de hábito diurno e sua picada é bastante dolorida. Surgem nos meses 
quentes. 
 
Subfamilia PANGONINAE (com ocelos; esporão tibial) 
 Tribo Chrysopsini (asas manchadas) 
 Tribo Scionini (olhos pilosos) 
Subfamilia TABANINAE (sem ocelos) 
Tribo Tabanini (basicostas com cerdas) 
Tribo Diachlorini (basicostas nua) 
 
Figura 32 – Esquema geral de um tabanídeo. 
 
 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 26 -
Subfamília PANGONINAE. 
Presença de ocelos funcionais, com esporão tibial na pata III. Terceiro artículo das 
antenas formado de anéis justapostos sempre em número superior a cinco; probóscida alongada. Asa 
manchada (Fig. 33) e de tamanho pequeno (CHRYSOPSINI). Olhos pilosos e probóscida longa 
(SCIONINI) 
Tribo CHRYSOPSINI 
Chrysops raramente maiores que 10 mm; a asas apresentam faixa preta transverso-
mediana, e uma mancha apical, nos machos as manchas são mais extensas. Antena longa, terceiro 
artículo com o primeiro anel tão longo quanto os quatro seguintes reunidos. Olhos com padrão 
cromático complicado. 
Tribo SCIONINI 
Fidena: gênero numeroso, com cerca de 86 espécies, nunca maiores que 15 mm, corpo 
coberto por curta pilosidade, superfície dos olhos recoberta de fina pubescência, probóscida 
estiletiforme, longas, sempre maior que a altura da cabeça. Calo frontal às vezes indistinto. 
 
Figura 33 - Diferenças das asas das mutucas: Chrysops, contém um ou mais manchas 
transversais; Tabanus sp, sem manchas. 
Subfamília TABANINAE 
A basicosta (projeção próxima à base da nervura costal) com cerdas (TABANINI) ou 
sem cerdas (DIACHLORINI). Sem esporão tibial na pata III. Ausência de ocelos funcionais, 
probóscida raramente mais longa que altura da cabeça. Geralmente curta e robusta. 
Tribo TABANINI: A basicosta densamente revestidas de setas e labelas densamente 
pilosas. Gênero Tabanus. 
Tribo DIACHLORINI: A basicosta de um modo geral sem setas. Labelas esclerosadas, 
presença de vestígios de ocelos. Gênero: Diachlorus, Chlototabanus, etc. 
A forma de transmissão dos agentes patogênicos é mecânica, onde o inseto leva 
ativamente o patógeno e inocula num outro, sem que nesse tempo haja seu desenvolvimento. São 
capazes de transmitir a anemia infecciosa eqüina; peste suína, viroses; bacterioses, protozoários 
(T. equinum, causa o mal das cadeiras em eqüinos, com incoordenação motora dos membros 
posteriores e T. evansi em suínos). Efeito direto pela picada (dor). 
Controle: 1) Deve-se eliminar o habitat de criação de larvas, como terrenos mal drenados, 
pois os adultos são encontrados nas regiões próximas ao desenvolvimento das larvas; 2) O controle 
químico é quase inviável porque os tabanídeos quase não se alimentam, por isso necessita inseticida 
de contato, com efeito, residual nos estábulos e nos animais; 3) Fitas escuras adesivas colocadas nos 
estábulos funcionam como armadilhas para capturar esses insetos. 
SUBORDEM NEMATOCERA 
Os dípteros Nematocera, geralmente são pequenos de corpo delgado e delicado, com 
antena longa, por possuir vários segmentos articulados. Asas geralmente longas e estreitas. Palpos 
com 4 a 5 segmentos. Os mosquitos podem ser divididos em domésticos, semidomésticos e 
silvestres. Entre os domésticos, encontram-se os do gênero Aedes e Anopheles que vivem nas 
residências urbanas, e suas larvas crescem nas águas paradas como vasos de flores e pneus velhos. Os 
semidomésticos entram nas habitações para alimentar-se de sangue, abriga-se em ocos de pau, sob 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 27 -
folhas, nas frestas das paredes, etc. Só atacam o homem quando este invade as matas (Anopheles - 
febre amarela silvestre). 
Os adultos dos mosquitos têm os hábitos mais variáveis. Alimentam-se, em geral, de 
sangue. Este hematofagismo obrigatório diz respeito apenas às fêmeas, visto que os machos se 
alimentam de suco de frutas e néctar das flores. A necessidade de sugar sangue é que resulta na 
transmissão de diversas moléstias. 
A estrutura do aparelho bucal é essencialmente semelhante em todas as famílias de 
nematóceros hematógagos (Ceratopogonidae, Simulidae, Culicidae e Psychodidae), sendo mais 
alongada nos mosquitos. 
Quando a fêmea escolhe o local na pele que vai se alimentar, o labro, mandíbula, maxilas 
e hipofaringe penetram dentro da pele, enquanto a labela repousa na superfíciedobrada no lábio parta 
trás. A saliva é bombeada para baixo no meio da hipofaringe, causando vasodilatação local, sendo o 
sangue sugado por meio de bombas musculares. A maioria dos nematoceras machos não se alimenta 
de sangue e apresentam o aparelho bucal pouco desenvolvido. 
CULICIDAE 
Morfologia (Fig 34): Os verdadeiros mosquitos pertencem a esta família. São delgados e 
pequenos, com pernas longas, somente as fêmeas são hematófagas, com probóscida longa, maior do 
que a cabeça. Os machos apresentam o aparelho bucal reduzido, não podendo perfurar a pele, 
possuem antenas plumosas, enquanto que as fêmeas possuem antenas com poucos pêlos. Os 
segmentos dos palpos diferem com os sexos e entre os culicíneos e anofelinos. Os palpos e probóscida 
das fêmeas dos anofelinos são longos e retos, enquanto nas fêmeas de culicíneos, os palpos medem 
cerca de ¼ de comprimento da probóscida. 
1 2
Figura 34 – 1: Peças bucais picador-sugador de mosquitos. 2: Mesonoto e asa de Culicidae: A- 
mesonoto de Culicini e Aedini, com escutelo trilobado; B - asa de Culinini e Aedini, com 
escamas sem manchas; C - mesonoto de Anophelini, com escutelo simples; D - asa de 
Anophelini com escamas escuras formando manchas; es- escutelo. 
Há três subfamílias Toxorhynchitinae, que não se alimenta de sangue; Anophelinae, 
com o gênero Anopheles e Culicinae que compõem quase todos os demais gêneros. Nas duas últimas 
subfamílias estão incluídos os mosquitos que transmitem patógenos. 
Para identificar um culicíneo (Culex) de um anofelino (Anopheles) (Fig. 35) deve-se 
observar a maneira como os adultos pousam no substrato. Os anofelinos ao pousarem em superfície 
plana, a probóscida fica em linha reta com o ângulo da superfície, enquanto os culicíneos pousam com 
o corpo quase paralelamente a este. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 28 -
Dentre os anofelinos estão os mosquitos Anopheles, transmissores da malaria, e nos 
culicíneos estão os Aedes transmissores do dengue, febre amarela e a Dirofilaria immitis, os Culex, 
responsável pela filariose humana e secundariamente pela transmissão do filarídeo canino. 
 
 
Figura 35 - Cabeças de Nematocera Culicídeos, macho e fêmea: Culicini e Anopheli: an- antena, pr- 
probóscida, pa- palpos. 
Biologia (Fig. 36): os mosquitos anofelinos depositam os ovos em pencas com cerca de 
200 ovos por oviposição, na superfície da água, geralmente à noite. Os ovos têm formato de botes 
flutuadores laterais característicos, que os impede de afundar, formando jangadas. Quando chegam à 
maturidade eclodem independentemente da presença de água. No caso dos Aedes, a maioria deposita 
seus ovos de modo isolado em meios úmidos, não necessariamente sob água; porém ao alcançarem à 
maturidade, esperam por uma quantidade de água para estimular a eclosão. Há casos que os ovos 
permanecem viáveis por mais de três anos. 
 
Figura 36 – Ciclo biológico dos Culicídeos. 
As larvas (Fig. 37) eclodem 30 a 40 horas após a postura dos ovos, em condições 
adequadas. As larvas dos mosquitos são sempre encontradas na água e não possuem pernas nem asas. 
Em todas as espécies de mosquitos as larvas passam por 4 estágios. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 29 -
A 
B 
Figura 37 – A: larva de um anofelino, em destaque (tp) tufos palmados, contribuírem para a 
flutuação das larvas. B- Pupa de um anofelino, olhos, antenas, patas, asas, pernas do futuro inseto 
adulto já podem ser observados pelo tegumento transparente. 
Apesar de serem aquáticas, as larvas respiram o oxigênio do ar, necessitando chegar à 
superfície da água. As larvas pequenas respiram através da cutícula e em algumas quando nas ultimas 
fases apresentam uma estrutura denominada sifão respiratório. As que apresentam sifão situam-se 
quase que perpendiculares à superfície da água, enquanto aquelas desprovidas deste órgão dispõem-se 
horizontalmente à superfície. Esta característica permite uma rápida identificação do mosquito (Fig. 
38) As larvas dos anofelinos não apresentam sifão respiratório enquanto as larvas dos culicíneos 
apresentam. O aparelho bucal das larvas é do tipo mastigador-raspador e alimentam-se filtrando 
microplâncton, que é constituído de bactérias, algas, rotíferos, esporos de fungos, entre outros 
materiais orgânicos, usando um par de escovas orais ou palatais. 
A pupa (Fig. 37), fase intermediária entre as larvas e o adulto, apresenta aspecto de 
vírgula. São bastante moveis, a cabeça e o tórax são fusionados, no qual se prende um par de trombas 
respiratórias, onde se abrem os únicos espiráculos da pupa. Nesta fase o mosquito não se alimenta e 
fica a maior parte do tempo parado em contato com a superfície da água (Fig. 38). Quando a água é 
perturbada as pupas se mexem. Duram de 1 a 7 dias. 
 
Figura 38 – Ciclos evolutivos comparativos da anofelídeos e culicídeos. 
Habitat: Forma adulta é terrestre, vive em ambiente diferente daquele onde se 
desenvolveram as larvas. Encontra-se com freqüência em descampados, folhagens, florestas, alguns se 
adaptaram a regiões inóspitas como mangues, desertos, cerrados, cavernas. As larvas de nematocera 
desenvolvem-se em água corrente ou estagnada, matéria orgânica em decomposição ou no interior de 
vegetais. Nessa fase de adulto ele é bastante vulnerável, pois acaba de sair do pupário e sua quitina 
ainda não endureceu. Quando isso ocorre, sai e procura os abrigos, e no horário característico começa 
a cópula. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 30 -
Nos mosquitos de hábitos crepusculares (anofelinos) a cópula se dá momentos antes de se 
dirigirem para as casa. Há mesmo a chamada "dança nupcial" em que os mosquitos ficam voando em 
largos círculos, aí se efetuando a cópula. Os machos e as fêmeas saem dos criadouros e em geral 
copulam no ar e essa cópula ocorre de duas maneiras: No Ae. aegypti, o macho fica sob a fêmea 
fixando-a por meio de duas pinças laterais, o ato dura 4 a 5 segundos; no Anopheles, macho e fêmea 
se prendem pela extremidade posterior, ficando em linha. Um macho pode copular várias fêmeas e 
uma fêmea pode ser copulada por vários machos. 
CERATOPOGONIDAE: mosquito pólvora e maruins 
Culicoides: têm picada semelhante à de um fósforo aceso no braço. Ovos postos em água 
doce ou salgada (Fig. 39). Vive nos mangues e terrenos pantanosos, pois se desenvolvem em certo 
grau de salinidade. Só as fêmeas são hematófagas. As fêmeas fazem a postura em pedras e pedaços de 
pau. Hábitos diurnos. 
A Picada produz lesões eczematosas urticarianas. Transmite filária, vírus da língua azul 
para bovinos e ovinos. Causa dermatite em eqüinos, com perda de pele. 
Bem pequeno. Com pigmentos nas asas que se distribuem de maneira variada (asa 
enfuscada). Antenas longas, com 14 segmentos com formato de contas de rosário, os 1s segmentos 
antenais parecem bolas. Peças bucais curtas. Asas manchadas. 
 
 
Figura 39 – Ciclo biológico de Culicoides sp. 
PSYCHODIDAE : Mosquito palha (Fig. 40). 
Características da família: as fêmeas são hematófagas. Palpos maiores que a probóscida. 
Cerdas longas pelo corpo. Possuem asa com formato lanceolar e com nervuras longitudinais e 
paralelas. Quatro estágios larvais e com fase de pupa no mesmo local. 
Figura 40 – Esquema de um flebotomíneo, 
fêmea, mostrando a organização externa e a 
venação típica da asa. 
O mosquito palha é transmissor do agente causal da leishmaniose (ex. Lutzomyia 
longipalpis transmite a leishmaniose visceral). Pouca capacidade de vôo, hábitos noturno (algumas 
espécies podem ter hábito diurno, manhã e/ou tarde), preferindo locais sombreados e ricos em matéria 
orgânica para fazer postura como tocas de animais. Tem atração por luz das casas. Durante o dia 
ficam escondidos. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 31 -
SubfamíliaPHLEBOTOMINAE: mosquito palha: Gêneros: Phlebotomus (Europa) e 
Lutzomyia (Américas). 
Subfamília PSYCODINAE: Gênero: Psycoda - mosca dos banheiros 
SIMULIDAE: Mosquito borrachudo 
Gênero Simulium: fêmeas hematófagas. Parece uma pequena mosca com antenas de com 
11 segmentos, sem cerdas e curtas (Fig. 41). Habitam áreas de cachoeiras e rios, pois só se 
desenvolvem em águas correntes, hábitos diurnos (crepuscular), picadas não doem na hora, passado 
algum tempo dói bastante e ocorre prurido, atacam em bandos. 
Larvas e pupas ficam abaixo do nível das águas e as larvas apresentam ventosa posterior 
(para fixação), escova oral (para captar nutrientes rapidamente), pseudópodes (por isso é chamada de 
semifixa) e glândulas salivares que produzem um fio pegajoso do qual são tecidas as pupas. As pupas 
são em forma de cones com filamentos traqueais (para absorção de O2). 
O adulto apresenta asa com nervuras em apenas uma parte dela e a antena parece um 
chifre e tem segmentos de flagelos achatados. Transmitem doenças de filarídeos (elefantíase, 
onchocercose). Transmite também o Leucocytozoon em aves. O controle pode ser feito povoando os 
rios com peixes que se alimentem deles e com o controle biológico com Bacillus thuringiensis. 
 
Figura 41 – Ciclo biológico de Simulidae. 
ORDEM PHTHIRAPTERA 
A ordem compreende insetos nos quais são conhecidos como piolhos. É altamente 
específico e permanentemente ectoparasita, a maioria sendo incapaz de sobreviver fora do hospedeiro 
por mais de um ou dois dias. 
A infestação por esse ectoparasita se chama pediculose. A falta de higiene e a 
superlotação têm sido os responsáveis pela presença de piolhos nos hospedeiros. A maioria das 
espécies de hospedeiros é parasitada pelo menos por uma espécie de piolho. Presente nos pêlos e pele, 
detectável a olho nu, transmissão direta, embora sejam hospedeiro-específico. Tendem a parasitar 
áreas especificas do corpo do hospedeiro. As fêmeas geralmente são maiores que os machos e em 
maior número. 
Morfologia: são insetos pequenos, medindo de 0,3 a 11 mm de comprimento, ápteros, 
altamente adaptados para viverem como ectoparasitas permanentes de aves e mamíferos. Possuem 
tegumento de coloração variando de amarelo esbranquiçado a castanho, alguns podem tornar-se quase 
pretos após alimentação. 
São caracterizados por possuírem corpo achatado dorsoventralmente. Patas robustas e 
garras adaptadas para fixar-se fortemente ao pêlo ou penas (Fig. 42). Apresentam pelos menos seis 
pares de estigmas respiratórios abdominais e um par torácico. As patas dos piolhos terminam em 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 32 -
garras, tendo os dos mamíferos apenas, cada uma delas, uma garra, ao passo que as dos piolhos das 
aves têm duas garras. 
 
Figura 42 – Garras dos piolhos sugadores dos mamíferos e mastigadores de aves e mamíferos. 
Biologia: são insetos hemimetábolos (Fig. 43). A fêmea dos piolhos chega a depositar de 
50 a 100 ovos (lêndeas) por dia. Os ovos são fortemente ornamentados, com projeções que ajudam a 
fixação ou respiração, facilmente detectada por serem encontrados cimentados, isoladamente ou em 
grupos, nos pêlos ou penas por uma substância produzida pelas glândulas coletéricas. 
A ninfa eclode do ovo entre 1 a 2 semanas. São muito semelhantes aos adultos, são mais 
claros e menores e alimentam-se de 1 a 3 semanas, passando por 3 estádios ninfais (N1, N2 e N3) até 
alcançarem a fase adulta. A duração dos diferentes estágios do ciclo de vida varia de espécie para 
espécie e de acordo com a temperatura. 
Alimentam-se de descamação do tecido epitelial, partes das penas, secreções sebáceas e 
sangue. Todo o ciclo dura em media de 4 a 6 semanas. Os adultos vivem cerca de 30 dias, durante o 
qual produzem uma pequena quantidade de ovos. Os piolhos chegam a sobreviver por mais de 1 a 2 
dias fora do hospedeiro e tende a permanecer sobre o mesmo hospedeiro por toda a sua vida. A 
transferência entre hospedeiros se dar pelo contato direto entre os mesmos. 
 
 
Figura 43 - Ciclo incompleto: Anoplura, à esquerda; dos mastigadores, a direita. 
Classificação: considerada complexa e incerta, tradicionalmente os Phthiraptera são 
divididos em três subordens, de acordo com seus hábitos alimentares: os piolhos hematófagos ou 
Anoplura, nos quais ocorrem somente em mamíferos e os mastigadores: Amblycera e Ischnocera 
(descritos anteriormente como Mallophaga), nos quais ocorrem em mamíferos e aves. 
SUBORDENS DOS PIOLHOS MASTIGADORES 
Os piolhos mastigadores (Malófagos) podem pertencer à subordem Amblycera ou 
Ischnocera, possuem a cabeça arredondada e grande, mais larga do que o tórax; olhos reduzidos ou 
ausentes (Fig. 44). Aparelho bucal mastigador, possui mandíbula. Antenas diferentes nas duas 
subordens: Amblycera são clavadas, com 4 segmentos, semelhantes, nos 2 sexos e escondidas em 
fossetas antenais; Ischnocera são cilíndricas, de 3 a 5 segmentos, em muitas espécies são diferentes 
nos 2 sexos, sempre visíveis e possuem palpos. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 33 -
Pelo menos dois segmentos torácicos são visíveis; único par de estigmas torácico é 
encontrado ao lado ventral do mesotórax. Cerdas pelo corpo. Apresentam seis pares de espiráculos 
abdominais, podendo esse número ser reduzido. Apresentam três pares de pernas, são fracos e 
delgados e terminam com uma ou duas garras, dependendo da espécie. 
Parasita de aves e mamíferos. Há certa especificidade para cada espécie, mas o mesmo 
animal pode ser parasitado por várias espécies. Maior quantidade de mastigadores no inverno e em 
aglomerações de indivíduos. 
Anatomia interna: esclerito esofagiano ou faringe e hipofaringe bem desenvolvidos. 
Tubo digestivo apresentando um papo representado por uma simples expansão esofagiana 
(Amblycera) ou constituída por um divertículo mais ou menos desenvolvido (Ischnocera); 
mesentério grande com um par de cecos gástricos, geralmente curtos e largos; proctodeo curto, com 
quatro tubos de Malpighi. Há dois pares de glândulas salivares ou somente um par com os respectivos 
reservatórios. O sistema traqueal representado por 2 principais troncos e comunica-se com o exterior 
por 7 pares de estigmas (1 torácico e 6 abdominais). 
. 
Figura 44 - A – Piolho do frango, Menopon gallinae (Menoponidae), vista ventral da fêmea; B – 
o piolho mastigador do gado, Damalinia bovis (Trichodectidae), vista ventral da fêmea: ant – 
antena; mxp - palpo maxilar; tcl - garras tarsais. 
Biologia: As espécies que infectam aves são mais daninhas que aquelas ectoparasitas de 
mamíferos. Quando a infestação é muito grande, o animal torna-se irritadiço, espoja-se na terra, coça-
se muito, não descansa normalmente, adquire péssima aparência e pouco se reproduz. Os ovos são 
postos nos animais, nas regiões onde habitualmente se encontram os adultos, nos pêlos ou nas penas. 
O desenvolvimento embrionário dura de 4 a 7 dias, geralmente após 3 ecdises (N1,N2,N3), de 15 a 20 
dias, pouco mais ou menos. Ninfas são parecidas com os adultos, exceto pela ausência de genitália no 
macho e gonopódios nas fêmeas. 
Alimentação: Os piolhos mastigadores se alimentam de fragmentos de pele, pêlos e 
penas. Entretanto podem sugar sangue de ferimentos na pele. Algumas espécies, eventualmente 
ingerem o sangue que aflora no tegumento ferido do hospedeiro. O Menacanthus stramineus, por 
exemplo, irrita a pele provocando descamação epitelial e afloramento de sangue do qual se 
alimentam. 
Possuem alta especificidade. Um mesmo hospedeiro pode ser parasitado por várias 
espécies de mastigadores. São mais ou menos adaptados a determinadas regiões do corpo. Deslocam-
se rapidamente sobre as penas ou sobre os pêlos, sendo mais ativos os Amblycera. Os piolhos 
mastigadores normalmente nascem e morrem no mesmo hospedeiro, às vezes porém quando doisanimais ficam muito próximos passam de um animal para outro. Não raro os piolhos das aves, 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 34 -
somente os Ischnocera, são transportados por moscas Hippoboscidae à outra ave. Não se conhece 
nenhum malófagos que tenha parasitado o homem. 
Após a morte do hospedeiro os piolhos mastigadores não se conservam vivos por muito 
tempo, morrendo no fim de horas ou alguns dias (6 a 7 dias). A morte do parasito é principalmente 
pela falta do calor que irradia o animal parasitado. 
SUBORDEM AMBLYCERA (antena escondida). 
São ectoparasitas de aves, marsupiais, carnívoros e roedores (Fig. 45). Os Amblycera 
mostram-se adaptados para mover-se em superfície lisa. Os adultos são de tamanho médio a grande de 
2 a 3 mm de comprimento. Possuem a cabeça geralmente grande e arredondada, livre e horizontal. 
Olhos pequenos ou ausentes. Existe 1 par de palpos maxilares, com 2 a 5 segmentos. As mandíbulas 
são paralelas à superfície ventral da cabeça e cortam no sentido horizontal. Antenas clavadas, com 4 a 
5 segmentos semelhantes nos 2 sexos e escondidas em fosseta antenal. 
Mesonoto separados por uma sutura visível. Abdome com nove segmentos, com os dois 
primeiros em destaque dos demais. Os três pares de patas são fracos e delgados e terminam com uma 
(parasita de mamíferos) ou duas garras (a maioria parasita aves), dependendo da espécie. 
Alimentam-se de partículas encontradas na superfície da pele. Algumas espécies cortam a 
com as mandíbulas a base de penas novas ou áreas finas da pele provocando hemorragia localizada, 
ingerindo o sangue que daí aflora. Os Amblycera compreendem seis famílias, nas quais a 
MENOPONIDAE, contém os piolhos ectoparasitas mais importantes das aves Menacanthus e 
Menopon. A família BOOPIDAE contém a espécie Heterodoxus spiniger. Espécies dos gêneros 
Gyropus e Gliricola, da família Gyropidae, que parasitam cobaias. 
 
Figura 45 - Malófagos de aves. A- Goniodes gigas, aspecto dorsal da fêmea; B- M. gallinae, aspecto 
dorsal da fêmea; C- Chelopistes meleagridis, fêmea vista dorsal. 
MENOPONIDAE: 
É a maior família Amblycera, de ocorrência mundial; todas as espécies parasitam aves. 
No Brasil algumas espécies foram identificadas parasitando galinhas: Menacanthus stramineus, M. 
cornutus, M. pallidulus e Menopon gallinae; Colpocephalum turbinatum, Gallus gallus e Columba 
lívia. São piolhos com duas garras. Abdome largo e sempre com reentrâncias laterais nas articulações 
dos diferentes segmentos. Seis pares de estigmas abdominais. Protórax e mesotórax fundidos. 
Menopon gallinae: 
Chamado de “piolho da base das patas” (Fig. 46). Espécie pequena de cor amarelo-
palida, medindo 2 mm de comprimento. Encontrada, principalmente, ao longo das hastes das penas do 
peito e coxas das galinhas. Fêmeas adultas depositam seus ovos em pencas na base da pena. As ninfas 
eclodem dos ovos, passando por 3 estádios antes de atingirem a fase adulta. Movem-se rapidamente e, 
na presença de luz, abandonam as penas e caminham sobre a pele do hospedeiro. Muito encontradas 
em galinhas, mas pode parasitar perus, patos, pombos e galinha-de-angola. 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 35 -
Palpos pequenos e antenas clavadas com quatro segmentos. Processos puntiformes, no 
lado ventral da cabeça, ausentes. Abdome fusiforme, com uma fileira de cerdas dorsalmente, 
pequenas ou de tamanho médio, em cada segmento. Não possui processos espinhosos na fronte. Tufos 
de cerdas no 3º segmento abdominal. Espinhos gástricos visíveis. 
Colpocephalum turbinatum 
É uma das 4 espécies piolhos mastigadores que parasitam pombos domésticos. Mas pode 
parasitar galinhas. Distingui-se do Menopon por apresentar atrás das antenas de cada lado, simus 
orbital profundo. Faixa occipital fortemente castanho escuro ou preta. Lóbulos temporais grandes e às 
vezes sub-retangulares. Espinhos gástricos presentes ao abdome. 
 
Figura 46 – M. gallinae, macho: à esquerda, aspecto dorsal; à direita, ventral; A – fêmea; B –
antena; bp - placa basal; C - genitália do macho; D - margem lateral da cabeça, aspecto dorsal; 
E- idem, aspecto ventral; par – paramero (De Ferris, 1924). 
Menacanthus stramineus 
Piolho do corpo das aves domésticas (Fig. 47). Adultos macho e fêmea com mais de 2 
mm de comprimento, cor amarelo-pálida, com numerosas cerdas curtas na superfície dorsal do 
Pterotorax (mesotórax e metatórax). Fronte provida de processos espiniformes recurvados para trás e 
para baixo, no lado ventral da cabeça. Antenas com 4 segmentos. Tórax mais largo que abdome. 
Abdome alargado na extremidade posterior. Tergitos abdominais III e IV, ambos os sexos, com duas 
fileiras de setas nas faces dorsal e ventral; abdome genital da fêmea circundada por densa coroa de 
cerdas longas. Cada segmento abdominal apresenta duas fileiras de cerdas dirigidas para trás. 
 
 
Figura 47 – M. stramineus: piolho comum de aves. 
Parasita de galinhas, perus, faisões e excepcionalmente pombos. E um dos piolhos mais 
destrutivos na avicultura. As infestações causam irritações severas, produzindo inflamação na pele e 
Ahid, S.M.M., 2009, Apostila Didática em Entomologia Veterinária. - 36 -
formação de crostas escamosas. Produz redução do peso da ave, atraso no desenvolvimento até morte 
das mais jovens. 
Os ovos são depositados na base das penas, particularmente ao redor do ventre; eclodem 
com 4 a 7 dias, passam por 3 estádios ninfas (cada um dura em torno de 3 dias). A fêmea produz de 1 
a 2 ovos por dia, durante 13 a 14 dias, tempo de vida do adulto. Alimentam-se de barbas e bárbulas da 
pena sendo encontrados preferencialmente sobre a pele do que sobre as penas. Têm preferência pelas 
áreas de poucas penas, como na região ventral. 
BOOPIDAE 
Forma um grupo relativamente de piolhos pequenos, originalmente parasitam marsupiais 
australianos. A cabeça desse piolho apresenta dois longos e robustos espinhos dirigidos para trás. O 
tergo I esta fusionado com metanoto. Apresentam a extremidade do tarso com duas garras, enquanto 
o Trichodectidae apresentam apenas uma garra. 
Heterodoxus spiniger. 
Piolhos grandes, delgado e amarelado. 
Conhecidos como parasito do cão 
doméstico (Canis familiaris). É um dos 
ectoparasitas que serve de hospedeiro 
intermediário para o D. caninum e do 
nematoda Dipetalonema reconditum. 
 
Apresentam densa cobertura de setas longas ou médias. Facilmente distinguido dos 
demais que parasitam mamíferos por possuírem duas garras nos tarsos. Cabeça subtriangular. 
Têmporas estreitas, não salientes Parte inferior da cabeça com dois ganchos voltados para trás e 
implantados junto à base dos palpos maxilares. Palpos maxilares com 4 artículos. Protórax livre. Face 
superior do mesotórax visível, com dois espinhos fortes. Abdome com tergitos e pleuritos bem 
quitinizados. Tem somente uma fileira de cerdas longas e fortes em cada segmento abdominal. Seis 
pares de estigmas nas placas tergais. 
SUBORDEM ISCHNOCERA (antena livre). 
Os Ischnocera apresentam mandíbulas formando mais ou menos um ângulo reto em 
relação à cabeça, e cortando no sentido vertical. Palpos maxilares ausentes. As antenas são filiformes 
e cilíndricas, com 3 a 5 segmentos, expostas e visíveis, em algumas espécies são dimorfismo sexual 
acentuado, podendo ser utilizadas como órgão de apoio no momento da apreensão da fêmea para a 
copula. Geralmente possuem o mesotórax e metatórax fundidos (pterotórax). Em contraste, os 
Ischnocera são adaptados para caminharem em pêlos ou penas, são mais específicos em relação ao seu 
hospedeiro que o Amblycera. 
Os malófagos da família Gyropidae são comuns nos cobaias. Laemobothriidae 
constituem pequeno grupo que parasita aves aquáticas e de rapina. Os Rinicidae parasitam aves 
passariformes e beija-flor, alguns gêneros parasitam mamíferos, em particular os marsupiais.

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