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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Controle de Qualidade COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Prof. Marcos Moreira Toledo – PR 2016 SUMÁRIO 1. Comportamento Organizacional........................................................ 01 2. Textos a respeito de Comportamento Organizacional....................... 22 3. As Empresas na Prática - Relatos de casos reais............................... 28 BIBLIOGRAFIA................................................................................... 34 “Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.” (Albert Einstein) APRESENTAÇÃO Esta apostila foi elaborada com a finalidade de apresentar de forma resumida os vários aspectos do COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL a fim de propiciar a discussão em sala de aula da influência desse aspecto sobre toda a dinâmica da estrutura que envolve a Qualidade em uma empresa. No Capítulo 1 são apresentados de forma mais do que resumida os tópicos geralmente abordados nos livros sobre Comportamento Organizacional. No Capítulo 2 são apresentados alguns textos de reflexão sobre os diferentes aspectos do comportamento organizacional. Por fim, no Capítulo 3 são apresentados relatos de casos reais de diversas empresas no que se refere a comportamento organizacional. Prof. Marcos Moreira 6 1. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O comportamento organizacional é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia organizacional. O comportamento organizacional estuda três determinantes do comportamento nas organizações: indivíduos, grupos e estrutura. O comportamento organizacional aplica o conhecimento obtido sobre as pessoas, os grupos e o efeito da estrutura sobre o comportamento, para fazer que as organizações trabalhem mais eficazmente. O comportamento organizacional tem como objetivo: - aumentar a PRODUTIVIDADE - reduzir o ABSENTEÍSMO - diminuir a ROTATIVIDADE - aumentar a SATISFAÇÃO COM O TRABALHO - aumentar a CIDADANIA ORGANIZACIONAL (ir além das expectativas) Várias áreas do conhecimento dão suporte ao COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL, como Psicologia, Psicologia Social, Sociologia e Antropologia. Estudar Comportamento Organizacional é saber, dentre outras coisas, que a maioria dos estudantes universitários declara que o equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho é a sua principal meta na carreira profissional. Eles querem “ter uma vida” além de ter um emprego. As organizações que não conseguirem ajudar seu pessoal a atingir esse equilíbrio encontrarão dificuldades crescentes para atrair e reter os funcionários mais capazes e motivados. O quadro a seguir apresenta um detalhamento dos campos de estudo do Comportamento Organizacional com informações importantes já alcançadas e atualizadas até o momento segundo Robbins et al. Quadro 1. O campo de abordagem do Comportamento Organizacional. O INDIVÍDUO Diversidade nas Organizações Características Biográficas Idade (os trabalhadores mais idosos demoram um pouco mais a aprender, mas depois apresentam o mesmo rendimento dos trabalhadores mais novos) Sexo (as mães preferem o meio período, horários mais flexíveis e a telecomutação/ as mães costumam faltar mais ao trabalho por causa dos filhos) Estado Civil (os casados faltam menos, mudam menos de emprego e sentem-se mais satisfeitos com o trabalho do que os solteiros. Pode ser que os mais conscienciosos e satisfeitos sejam os casados) 7 Estabilidade no emprego (A estabilidade no emprego tem mostrado consistentemente uma relação negativa com a rotatividade, e tem sido indicada como o melhor previsor desta. O comportamento passado é o melhor previsor do comportamento futuro. O tempo no emprego é um bom previsor da satisfação com o trabalho. A estabilidade entendida como experiência no emprego parece ser uma boa indicador a da produtividade do funcionário.) Religião (Apesar da religião não ser uma das principais fontes de problemas interpessoais nas empresas brasileiras, os gestores precisam ter cuidado com o tema religião. Atualmente, os principais atos de discriminação religiosa que ocorrem no país envolvem evangélicos, que entram em conflito com fiéis das religiões afro-brasileiras e com católicos. Os evangélicos também são vítimas de preconceito principalmente em função de suas opiniões mais rigorosas com relação a temas do cotidiano.) Orientação Sexual ( A Constituição Federal Brasileira proíbe qualquer tipo de discriminação na contratação, exercício de funções e política de remuneração por motivo de orientação sexual. Muitos empregadores, no entanto, ignoram isso praticando uma política do tipo “não vi, não sei”. Alguns não empregam homossexuais, mas um número crescente de empregadores está implementando políticas e práticas de proteção aos direitosdos homossexuais no ambiente de trabalho.) Habilidades Intelectuais Aptidão para números (habilidade para fazer cálculos aritméticos rápidos e precisos Compreensão verbal (habilidade para entender o que é lido ou escutado, e a relação das palavras entre si) Rapidez de percepção (habilidade para identificar semelhanças e diferenças visuais, de maneira rápida e precisa) Raciocínio indutivo (habilidade para identificar uma seqüência lógica em um problema e depois resolvê-lo) Raciocínio dedutivo (habilidade para usar a lógica e avaliar as implicações de um argumento) Visualização espacial (habilidade para imaginar como um objeto ficaria se sua posição no espaço fosse modificada) Memória (habilidade para reter e se lembrar de experiências passadas) Habilidades Físicas Força Dinâmica (força muscular repetida e contínua por um certo tempo) No tronco Estática (habilidade de exercer força em relação a objetos externos) Explosiva (gastar um máximo de energia em ações explosivas) Flexibilidade Extensão Dinâmica (movimentos de flexão rápidos e repetidos) Outros fatores Coordenação motora Equilíbrio Resistência 8 Atitudes e Satisfação no Trabalho Atitudes As atitudes estudadas no comportamento organizacional são: - Satisfação com o trabalho - Envolvimento com o trabalho (grau em que uma pessoa se identifica com seu trabalho, participa ativamente dele e considera seu desempenho como uma coisa valiosa) - Comprometimento organizacional (o grau em que um empregado se identifica com uma determinada empresa e seus objetivos, desejando manter-se como parte da organização). Precisamos que nossas atitudes sejam consistentes, caso contrário teremos a dissonância cognitiva. A nossa tendência é de querer diminuir a dissonância cognitiva. Minha empresa está poluindo o rio. -Posso parar de poluir o rio. -Preciso sobreviver, e, como tomador de decisões empresariais, frequentemente tenhode colocar os interesses da minha organização acima dos interesses da sociedade ou do meio ambiente. -Não há nada de errado em poluir um rio. (mudança de atitude) -Os benefícios trazidos para a sociedade com a fabricação dos nossos produtos superam amplamente o custo causado pela poluição do rio. A atitude pode moldar o nosso comportamento. RELACIONAMENTO A-B, Atitude-Comportamento (Behavior) As atitudes podem prever significativamente o comportamento futuro de acordo com as variáveis moderadoras. - Importância da atitude (atitudes importantes são aquelas que refletem valores fundamentais, interesse próprio ou identificação com indivíduos ou grupos que são valorizados pela pessoa) - Especificidade (perguntar a um funcionário qual é, especificamente, sua intenção em continuar na empresa pelos próximos seis meses pode prever mais precisamente sue permanência ou não do que perguntar se ele está satisfeito com a sua remuneração) - Acessibilidade (atitudes que são lembradas mais facilmente têm mais probabilidade de prever o comportamento. Assim, quando falamos sobre nossa atitude em relação a um dado assunto, mais nos lembramos dessa atitude, e maior a probabilidade de que ela molde nosso comportamento) - Experiência direta (a previsão de comportamento que obtemos perguntando a um grupo de estudantes, sem qualquer experiência significativa de trabalho, como seria trabalhar para um supervisor autoritário, é muito menos confiável do que se fizéssemos a mesma pergunta para funcionários que trabalharam realmente para um chefe assim.) TEORIA DA AUTOPERCEPÇÃO Quando perguntadas sobre sua atitude em relação a um tema qualquer, as pessoas lembram-se dos comportamentos relevantes acerca do assunto e então inferem sua atitude a partir do seu comportamento. (Estou há mais de quatro anos no curso de Engenharia Química. Ninguém me obrigou a ficar, então devo gostar de Engenharia Química.) A mudança de comportamento dos funcionários pode ser obtida por: - Sorteios para redução do absenteísmo (2 vezes por ano a Continental realizava um sorteio de 8 carros, mas a loteria só estava disponível para quem não tivesse faltado nenhum dia nos 6 meses anteriores) - Substituição da ausência por doença remunerada por um plano de recompensa por freqüência (pagar bônus ao funcionário que não 9 tivesse faltado nenhuma vez num período de 4 semanas e abonar a ausência por doença apenas depois das primeiras oito horas de ausência) - Disciplina do funcionário [responder imediatamente com uma ação disciplinar a uma ofensa, dar um aviso, definir o problema com precisão, permitir que o funcionário explique sua posição, manter a discussão em termos impessoais, ser coerente, empregar soluções progressivas (reprimenda oral, por escrito, suspensão e demissão), obter a concordância quanto à mudança] - Programas de treinamento - Programa de mentores - Autogestão SATISFAÇÃO COM O TRABALHO Satisfação e Produtividade Satisfação e Absenteísmo - Existe uma relação negativa entre satisfação e absenteísmo. Pessoas satisfeitas podem faltar ao trabalho devido à política de abono de faltas utilizada pelas empresas. Satisfação e Rotatividade - A satisfação está negativamente relacionada com a rotatividade. Aqui também existem outros fatores de influência, como as condições do mercado, as expectativas quanto às oportunidades no emprego e o tempo de casa, que são limitadores importantes na decisão de deixar o emprego. Como os funcionários podem expressar sua insatisfação Emoções e Humores Emoções – dirigidas a alguém (felicidade, surpresa, medo, tristeza, raiva e desgosto) Humores – sentimentos menos intensos sem estímulo contextual Esforço emocional (como exemplo, a vendedora que precisa manter o sorriso e a aparência de felicidade durante toda a jornada de trabalho a fim de conquistar seus clientes, mesmo que não seja exatamente o que está sentindo) Emoções e os Sexos As mulheres mostram maior expressão emocional do que os homens; elas experimentam as emoções mais intensamente e demonstram com mais freqüência tanto emoções positivas como negativas, com exceção da raiva. Ao contrário dos homens, as mulheres também se sentem mais confortáveis expressando suas emoções. Finalmente, elas se saem melhor na percepção de indícios não-verbais ou paralinguisticos. Três possíveis respostas podem explicar essas diferenças. a) a forma diferente de socialização de homens e mulheres Ativo Destrutivo Negligência Passivo Construtivo Saída Lealdade Comunicação 10 b) as mulheres têm uma capacidade inata maior para perceber as emoções alheias e expressar as suas próprias c) as mulheres precisam mais da aprovação social e, por isso, têm propensão maior para expressar emoções positivas como a felicidade. Personalidade e Valores PERSONALIDADE Fatores determinantes da personalidade - Hereditariedade - Ambiente - Situação Traços de personalidade Foram identificados 17.953 traços. Abaixo estão os 16 mais importantes. Reservado Expansivo Menos inteligente Mais inteligente Sentimental Estável Submisso Dominador Sério Alegre Expediente Consciencioso Tímido Ousado Turrão Sensível Confiante Desconfiado Prático Imaginativo Sincero Dissimulado Autoconfiante Inseguro Conservador Aberto Dependente do grupo Auto-suficiente Descontrolado Controlado Relaxado Tenso O indicador de tipos Myers-Briggs (MBTI) As pessoas são classificadas em extrovertidas ou introvertidas, bom- senso ou intuitivas, racionais ou emocionais, perceptivas ou julgadoras. O modelo big Five Os cinco fatores analisados são: - Extroversão (Os extrovertidos costumam ser gregários, afirmativos e sociáveis. Os introvertidos costumam ser reservados, tímidos e quietos) - Amabilidade (As pessoas muito amáveis são cooperativas, receptivas e confiantes. As pessoas que têm baixa pontuação nesta dimensão são frias, desagradáveis e confrontadoras) - Consciência (Uma pessoa altamente consciente é responsável, organizada, confiável e persistente. Aqueles que têm baixa pontuação nesta dimensão são facilmente distraídos, desorganizados e pouco confiáveis) - Estabilidade emocional (As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e seguras. Aqueles com pontuação negativa tendem a ser nervosos, ansiosos, deprimidos e inseguros) - Abertura para experiências (Pessoas abertas são criativas, curiosas e sensíveis artisticamente. Aquelas na outra ponta tendem a ser convencionais e se sentem melhor com coisas já familiares) Outras duas formas de analisar a personalidade são apresentadas nos Quadros 2 e 3. 11 A CONSCIÊNCIA é o único traço previsor de desempenho de todos os grupos ocupacionais. Pessoas altamente conscientes costumam apresentar um desempenho no trabalho superior na maioria das ocupações , se não em todas. Bill Gates recruta seus funcionários com base apenas na inteligência (segundo seus testes), ao contrário de outras empresas que levam em conta a experiência por exemplo. PRINCIPAIS ATRIBUTOS DE PERSONALIDADE QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Centro de controle interno e externo (os internos acreditamcontrolar o seu próprio destino e os externos acreditam que sua vida é controlada por fatores externos alheios à sua vontade). Estudos mostram que os externos são mais insatisfeitos com o trabalho provavelmente por acharem que têm pouco controle sobre os resultados organizacionais que são importantes para eles. Os internos acreditam ter um controle substancial sobre sua saúde através de hábitos saudáveis e se cuidam melhor, o que reduz o absenteísmo. Os internos acreditam em si e vão à luta. Maquiavelismo (grau em que um indivíduo é pragmático, mantém distância emocional e acredita que os fins justificam os meios). Os maquiavélicos manipulam mais, vencem mais e são menos persuadidos, mas persuadem mais do que aqueles indivíduos de baixo maquiavelismo. Mesmo os muito maquiavélicos têm seu comportamento moderado por fatores situacionais (1) quando interagem face a face com os outros, (2) quando a situação tem poucas regras e regulamentos (maior espaço para improvisação), (3) quando o envolvimento emocional com detalhes irrelevantes para o sucesso distraem os indivíduos pouco maquiavélicos. Auto-estima (pessoas que gostam de si mesmas) Os indivíduos de baixa estima tendem a necessitar da avaliação positiva dos outros. Pessoas com auto-estima elevada estão mais satisfeitas com seu trabalho do que aquelas com baixa auto-estima. Assumir riscos (Donald Trump assume riscos, já um contador que trabalha com auditoria não pode assumir riscos) Personalidade tipo A Tipo A: 1)está sempre em movimento, andando e comendo rapidamente 2)impacienta-se com a velocidade com que as coisas acontecem 3)tenta pensar ou fazer duas coisas ao mesmo tempo 4)não consegue suportar os momentos de ócio 5)é obcecado por números, medindo seu sucesso em termos de quantas coisas consegue acumular Tipo B: 1)nunca sofre de sentimento de urgência e da impaciência que isto causa 2)não sente necessidade de demonstrar suas realizações e conquistas, a menos que isto seja requerido pela situação 3)faz as coisas por prazer e relaxamento, sem se preocupar em provar sua superioridade a qualquer custo 4)consegue relaxar sem se sentir culpado. Os melhores vendedores são do tipo A e os altos executivos são do tipo B. 12 Valores Terminais (vida confortável, vida emocionante, sentido de realização, paz mundial, mundo de beleza, igualdade, segurança familiar, liberdade, felicidade, harmonia interior, amor maduro, segurança nacional, prazer, salvação, respeito próprio, reconhecimento social, amizade verdadeira, sabedoria) Instrumentais (ambição, visão ampla, capacidade, alegria, limpeza, coragem, perdão, ser prestativo, honestidade, imaginação, independência, intelectualidade, lógica, afetividade, obediência, polidez, responsabilidade, autocontrole) Os valores principais se modificam de época para época e de cultura para cultura. Os executivos e trabalhadores variam em cinco dimensões de valores quanto à cultura do país. São elas: Distância do poder [o grau em que as pessoas de um país aceitam que o poder nas instituições e nas organizações seja distribuído desigualmente. Varia do relativamente igual (pouca distância do poder) até o extremamente desigual (muita distância do poder).] Individualismo versus coletivismo Quantidade versus qualidade de vida Fuga de incertezas [o grau em que as pessoas de um país preferem situações estruturadas em vez das desestruturadas. Nas culturas em que prevalece um alto grau de fuga de incertezas, as pessoas têm níveis mais altos de ansiedade, que se manifesta em maior nervosismo, estresse e agressividade] Orientação para longo versus curto prazo Percepção e tomada de decisão individual Fatores que influenciam a percepção - O observador (A prefere classes pequenas porque gosta de fazer muitas perguntas aos professores e B prefere o anonimato das classes com muitos alunos. Em uma classe com muitos alunos a percepção dos dois será diferente). A percepção é influenciada por nossos interesses, pelas necessidades insatisfeitas (fome), por experiências passadas (uma novidade recebe mais atenção do que algo corriqueiro) e pelas expectativas (vemos aquilo que esperamos ver). - O Alvo (uma pessoa mais bonita ou uma pessoa mais inteligente ou mais importante). - A situação (uma jovem em trajes de noite e maquiagem pesada em uma boate e em uma sala de aula). O Julgamento sobre os outros A Teoria da Atribuição sugere que, quando observamos o comportamento de alguém, tentamos determinar se sua causa é interna ou externa. Essa determinação, contudo, depende muito de três fatores: (1) diferenciação, (2) consenso e (3) coerência. -Diferenciação: o funcionário que chegou atrasado tem fama de entre os colegas de ser “folgado”. -Consenso: todos os colegas que fazem o mesmo caminho se atrasaram ou não se atrasaram. -Coerência: a pessoa costuma sempre chegar atrasada ou foi a primeira vez. 13 Existe o Erro Fundamental de Atribuição que é a tendência de subestimarmos a influência dos fatores externos (incontroláveis pelo indivíduo) e superestimarmos a influência dos fatores internos (controláveis pelo indivíduo). Há também a tendência do indivíduo a atribuir o próprio sucesso a fatores internos, como capacidade e esforço, e colocar a culpa dos fracassos em fatores externos, como falta de sorte. Isto é chamado de Viés de Autoconveniência. Existem as simplificações usadas no julgamento de outras pessoas, como: - Percepção seletiva (se baseia em experiências passadas e atitudes). Se existe um boato na empresa de que as vendas caíram muito e que cortes de pessoal estão para acontecer, uma visita rotineira de um alto executivo da matriz pode ser interpretada como o primeiro passo para a identificação dos demissíveis, quando, na realidade, isto nem passa pela cabeça dele. - Efeito Halo. Quando construímos uma impressão geral de alguém com base em uma única característica. Se um aluno dá mais evidência ao entusiasmo de um professor, um professor calmo, seguro, competente e altamente qualificado, mas que não passe entusiasmo, receberá uma nota baixa do aluno. - Efeitos de Contraste. Em uma entrevista de emprego você pode ser prejudicado se vier depois de um candidato brilhante ou beneficiado se o candidato anterior for medíocre. - Projeção. Projetamos o que somos sobre a pessoa. Dessa forma o mundo se torna homogêneo. - Estereotipagem (rotular). Julgamos alguém com base na nossa percepção do grupo do qual ele faz parte. Os julgamentos sobre as pessoas dentro da empresa aparecem em: - Entrevistas de Seleção - Expectativas sobre o desempenho (Profecia auto-realizada) - Avaliação do desempenho - Esforço do funcionário - Lealdade do funcionário Conceitos Básicos de Motivação Teorias clássicas de motivação -Teoria da hierarquia de necessidades -Teoria X e Teoria Y -Teoria dos dois fatores -Teoria das necessidades de McClelland Teorias contemporâneas de motivação -Teoria da avaliação cognitiva -Teoria do estabelecimento de objetivos -Teoria da autoeficácia -Teoria do reforço -Teoria da equidade/justiça organizacional -Teoria da expectativa O GRUPO Fundamentos do comportamento em grupo Um grupo são dois ou mais indivíduos, interdependentes e interativos, que se reúnem visando a obtenção de determinado objetivo. Definição e Classificação dos Grupos Grupos Formais – grupos de trabalho definidos pela estrutura da organização Grupos Informais – grupos nãoestruturados formalmente nem determinados por uma organização, mas que surgem em resposta à necessidade de interação social. Grupos de Comando – grupo composto de indivíduos que se reportam diretamente a um superior hierárquico. 14 Grupos de Tarefa – grupos de pessoas que se reúnem para executar determinada tarefa. Grupos de Interesse – grupos de pessoas que trabalham em conjunto para atingir um objetivo comum, relacionado com cada uma delas. Grupos de Amizades – grupos de pessoas que se uniram por compartilharem uma ou mais características. Estágios de Desenvolvimento dos Grupos Formação, Tormenta, Normatização, Desempenho e Interrupção Estruturas dos grupos Equipes de trabalho Equipes de trabalho são grupos em que os esforços individuasi resultam em um nível de desempenho maior do que a soma das contribuições individuais. Tipos de equipes -Autogerenciadas -Multifuncionais -Virtuais Comunicação O Processo de Comunicação “Eu não disse que não disse. Eu disse que não disse que eu disse. Quero deixar isso bem claro. - G. ROMNEY” Um piloto de avião informou a torre “ficando sem combustível”, quando deveria ter dito “emergência de combustível”. A torre não considerou o problema grave e o avião caiu e morreram 73 pessoas. Tire o rótulo da garrafa para mim. O processo de comunicação FonteCodificaçãoCanalDecodificaçãoReceptor O medo da comunicação Um outro grande obstáculo à comunicação eficaz é que algumas pessoas – estima-se entre 5% e 20% da população – sofrem de um debilitante medo da comunicação, ou ansiedade. As pessoas que sofrem disso sentem tensão ou ansiedade, sem motivo aparente, em relação à comunicação oral ou escrita. Direção da Comunicação (descendente, ascendente ou lateral) Comunicação Interpessoal (oral, escrita, não-verbal) Comunicaçào Organizacional -Redes formais em pequenos grupos (cadeia, roda, todos os canais) -Rede de rumores -Comunicação eletrônica (e-mail, mensagens instantâneas e mensagens de texto, software para networking, blogs e twitter, videoconferência) Barreiras para a comunicação eficaz -Filtragem -Percepção seletiva -Sobrecarga de informação -Emoções -Idioma -Silêncio 15 -Medo da comunicação -Diferenças de gênero -A comunicação “politicamente correta” Liderança Teoria dos traços Teorias comportamentais Teorias contingenciais Teoria de troca entre líder e liderados Liderança carismática e liderança transformacional Liderança autêntica Mentoring Poder e Política Conflito e Negociação O processo do conflito e seus estágios Estratégias e o processo de negociação O SISTEMA ORGANIZA- CIONAL Fundamentos da Estrutura Organizacional Modelos organizacionais mais comuns -A estrutura simples -A burocracia -A estrutura matricial Cultura Organizacional Como os funcionários aprendem uma cultura Criando uma cultura organizacional ética Criando uma cultura organizacional positiva Cultura organizacional e Espiritualidade Políticas e Práticas de recursos humanos Práticas de Seleção Formulários de admissão, entrevistas, testes para emprego, verificações de histórico e cartas pessoais de recomendação são instrumentos para a obtenção de informações sobre um candidato a emprego, que podem ajudar a organização a determinar se o indivíduo possui as habilidades, os conhecimentos e as capacidades apropriadas para o trabalho em questão. Entrevistas. Em países asiáticos as entrevistas não são tradicionalmente parte do processo de seleção. Nos países ocidentais a entrevista é um dos recursos mais utilizados. As entrevistas não são apenas largamente utilizadas, mas também parecem ter um grande peso nas decisões. Seus resultados tendem a ter uma influência desproporcional no processo de seleção. O candidato que se sai mal na entrevista geralmente é cortado da seleção, independentemente de sua experiência, seus resultados em testes ou suas cartas de recomendação. Por outro lado, “muito frequentemente, a pessoa mais tarimbada nas técnicas de busca de emprego, especialmente nas entrevistas, acaba sendo contratada, ainda que possa não ser o candidato mais adequado à posição”. Essas descobertas são importantes por causa da maneira não estruturada pela qual as entrevistas de seleção geralmente são conduzidas. As entrevistas não estruturadas – de curta duração, causais e compostas de perguntas aleatórias – provaram ser um instrumento ineficaz de seleção. Os dados coletados nesse tipo de entrevista costumam ser tendenciosos e frequentemente não têm relação com o desempenho futuro na função. Sem a estruturação, diversos vieses podem distorcer os resultados. Esses vieses podem incluir o favorecimento de candidatos que tenham perfil semelhante ao do entrevistador, um indevido peso a informações negativas e deixar que a ordem em que as entrevistas são realizadas influencie as avaliações. As evidências indicam que as entrevistas são mais indicadas para avaliação de inteligência, nível de motivação e habilidades interpessoais dos candidatos. Quando essas qualidades estão relacionadas com o desempenho do trabalho, a validade da entrevista 16 como instrumento de seleção é maior. Na prática, muitas organizações utilizam as entrevistas mais do que como um instrumento de “previsão de desempenho”. Empresas tão diferentes como Southwest Airlines, Disney, Microsoft e Procter & Gamble usam as entrevistas para avaliar a adequação entre o candidato e a organização. Testes escritos e questionários. Alguns testes escritos mais típicos incluem aqueles de inteligência, aptidão, habilidade, interesse e integridade. São processos utilizados para obter informações sobre pessoas. Constituem proposições a serem respondidas pelas pessoas que estão sendo estudadas, e têm grande vantagem de permitir a avaliação de um grande número de indivíduos, a custo relativamente baixo. Dependem muito da veracidade das respostas. Testes de Simulação de desempenho. Para descobrir se um candidato pode fazer com sucesso um trabalho, o melhor é colocá-lo para trabalhar. Amostragem do trabalho (indicado para trabalhos rotineiros) Centros de avaliação – Com base em uma lista descritiva das dimensões às quais o candidato precisa atender, as atividades podem incluir entrevistas, exercícios de solução de problemas, discussões de grupo sem liderança e jogos empresariais. Por exemplo, um candidato pode fazer o papel de um executivo que precisa decidir como responder a dez memorandos em um período de duas horas. “Sites de relacionamento” Programas de Treinamento e Desenvolvimento Avaliação de Desempenho Mudança organizacional e administração do estresse Resistência à mudança Criando uma cultura de mudança O estresse no trabalho e sua administraçào 17 Quadro 2. Os nove tipos de personalidade no Eneagrama. Tipo Características Foco de atenção E1-O perfeccionista ou empreendedor Este tipo tem um grande objetivo de vida: não errar. De preferência, nunca. É fixado na ordem e na perfeição, mas, geralmente, sente-se preso na imperfeição. Acumula inúmeros projetos ao mesmo tempo e, quando finaliza um deles com uma qualidade desejável, acaba não se perdoando. Dificilmente o perfeccionista vai relaxar. Ao contrário, seu alto grau de exigência com relaçãoa ele mesmo e aos outros o faz permanecer em constante estado de alerta. Este tipo tem um caráter inabalável: é norteado pelo pensamento correto e pela ética. Por outro lado, é comum sentir-se moralmente superior e no direito de censurar os outros. Os verbos preferidos de pessoas com este tipo de personalidade são “dever”, “precisar” e “ter de”. a) Na busca da perfeição, esquiva-se do erro e do mal. b) É impulsivo e seu impulso tem pouca duração. c) Enfatiza virtudes práticas como trabalho, economia, honestidade e esforço. d) Por ser empreendedor, pode chegar a ser um workaholic contumaz, tendo dificuldade de harmonizar família com o trabalho, o que o leva a bloquear sentimentos inaceitáveis. e) Quando suas necessidades não são satisfeitas, pode, inconscientemente, sentir raiva e ressentimento. f) Não raro, o perfeccionista pode assumir pensamentos maniqueístas, levando-o a uma postura intransigente, em que não há meio- termo. Deixa de ser professor, que é uma de suas características, e passa a ser pregador, por vezes irritando o ouvinte. g) Quando criticado, por mais que assuma uma nova postura, pode ficar ressentido por anos. E2-O dador ou prestimoso/prestativo Pessoas com este tipo de personalidade concentram-se nas necessidades dos outros – o que não quer dizer que toda essa disposição em ajudar seja totalmente desinteressada. Ainda que seja sob a forma de afeição e aprovação. Serem amadas e apreciadas é uma questão fundamental para pessoas com essa personalidade. Para isso, dão apoio, agradam, são conselheiras e prestativas. Obviamente, têm facilidade extrema para atrair pessoas para próximo de si, possuindo um excelente poder de relacionamento. Dessa forma, seu empenho acaba por torná-las presença indispensável em vários círculos de relacionamentos. Têm uma coleção de “eus”, que vai mostrando conforme a pessoa com quem se relaciona. Possuem dificuldades no processo de tomada de decisão e não gostam de assumir lideranças, por isso apóiam as pessoas que as têm. a) Para agradar aos outros, muitas vezes, abre mão de suas próprias necessidades. Aliás, nem sempre as vê. b) Ao mesmo tempo, sente-se confinado pelo apoio que dá aos outros. c) Vê como única forma de ganhar ou reter o amor de alguém adaptar-se aos seus desejos. d) Não raro, manipula através da empatia que cria por sua postura solícita. e) Como “recompensa”, por satisfazer as necessidades alheias, exige sua afeição e aprovação e, caso não as tenha, pode entrar em processo de hostilidade e de mártir. E3-O “desempenhador” ou bem-sucedido Não há outro tipo de pessoa mais dedicada ao trabalho do que esta. De acordo com HURLEY e DOBSON (1995) pessoas com este tipo de personalidade “(...) reprimem o seu a) Empreendimento: produtividade e desempenho. Objetivos: tarefas e resultados. b) Buscam a eficiência com fator de vida e temem o fracasso, pensando que 18 desejo por relacionamentos de maneira que possam sustentar uma relação harmoniosa com o mundo.” Para elas, o amor vem através de suas realizações e da imagem. Vêem o mundo como desafio, por isso, destacam-se em tudo o que fazem e não há obstáculo que as impeça de seguir adiante em seus objetivos. O espírito competitivo faz do “desempenhador” um líder eficiente – o que vem a coincidir com seus anseios, pois quer ser o primeiro, liderar, aparecer. É organizado e eficiente. Esse verdadeiro mestre em aparência confunde o “eu real” com a identidade profissional e pode perder de vista seus sentimentos, já que o trabalho se torna um subterfúgio para tudo. este fará com que percam o respeito e a reputação. c) Pouco contato com a vida emocional. O coração dos “desempenhadores” está no trabalho; d) São mestres na arte de disfarçar, mudando de postura, imagem ou papel tão rápida e perfeitamente como um camaleão. e) O bem-sucedido corre o risco permanente de iludir-se sobre si mesmo, acreditando passar uma boa imagem. E4-O romântico ou individualista ou original O individualista é emotivo e focaliza a sensibilidade nas próprias necessidades e sentimentos. Tudo que se refere ao romântico remete à introspecção, ao mundo interior. O sentimento de utopia acompanha sua trajetória, que almeja sempre o inatingível. Fica espremido em sentimentos superalimentados e mal- podados, o que dá, então, para entender porque sua vida se torna monótona, quando as coisas acontecem conforme o previsto num script. No lugar do convencional, prefere o criativo. Nessa busca, encontra-se, freqüentemente, com o sofrimento – sentimento que exerce fascínio sobre esse tipo romântico, mas também trágico. Quando em grupos, age como sugador de energia. a) Desprezo pelo lugar-comum e pela superficialidade de sentimentos. b) A forma que encontra para enaltecer o lado comum da vida é por meio da perda, da fantasia, dos vínculos com a arte e dos atos dramáticos. c) Os relacionamentos dos românticos seguem o ritmo instável do “ata-desata- reata”, já que quer sempre o melhor daquilo que está ausente. d) Esse tipo extremamente sensível é também um grande apoio para pessoas em processo de dor ou crise. E5-O observador O observador é um tipo que se protege das emoções fortes, principalmente quando envolvem outras pessoas. Ele tem como meta a objetividade, possui facilidade em produzir análises mentalmente claras e confiáveis e, diante de novas situações, capta as informações necessárias, compilando-as de forma isolada e reconstruindo a situação de acordo com a sua ótica. Pessoas com este tipo de personalidade, decididamente, são individualistas e preocupadas em manter intacta a sua privacidade e evitar o contato mais estreito. Ao se verem em público, sentem-se afastados das pessoas, permitindo-se às emoções somente quando está sozinho. Sua postura distanciada faz dele o próprio a) Valoriza o domínio emocional. Prefere eventos estruturados, nos quais sabe, antecipadamente, todos os passos e a direção a seguir, evitando expor-se. b) Organiza os vários aspectos da vida em compartimentos separados, pois, na sua visão, não há ligação entre eles. c) Assiste à vida do ponto de vista do espectador. Além da noção dos acontecimentos, essa postura pode trazer-lhe uma sensação de isolamento. d) Minimiza o contato para evitar o medo e a paixão. 19 observador. E6-O patrulheiro ou protetor ou legista As dúvidas são a sombra deste tipo, que passa a vida questionando se o amor e a felicidade existem. Um medo de acreditar e ser traído coloca o patrulheiro sempre em estado de alerta, razão pela qual a entrega não encontra espaço em nenhuma circunstância. Suas ações estão sempre dentro das leis, normas e regulamentos, o que faz com que, muitas vezes, seja moroso no processo decisório. Além disso, ao invés de agir, pensa e, por vezes, perde oportunidades. Isso explica o fato de ter seu crescimento pessoal truncado. O lado positivo é que, quando bem empregada, a mente questionadora produz clareza de propósitos. Também identifica-se com as injustiças sociais e coloca-se com disposição para trabalhar por uma causa em que acredita. Quando erra, passa todo o tempo seguinte tentando justificar o erro. a) Mentalmente, o legista funciona com um “Sim, mas...” ou “Isso pode não dar certo”. b) Ele tem medo de admitir a própriaraiva e tem medo de enfrentar a raiva dos outros. c) O patrulheiro não convive bem com a autoridade, podendo, algumas vezes, rebelar-se contra ela. d) Para o protetor, o mundo é repleto de ameaças. e) Sua natureza questionadora leva-o a ver adiante do que normalmente as pessoas vêem: ele é capaz de identificar as verdadeiras motivações e as intenções ocultas que influenciam os relacionamentos. E7-O epicurista ou sonhador ou generalista Esse verdadeiro gourmet da vida tem o poder de reunir em torno de si o lado volátil das coisas. Ele quer ser um eterno jovem, possui elevado grau de energia e motivação e é intuitivo. É um amante volúvel que evita responsabilidades. Sua grande dificuldade está em finalizar coisas que, por sinal, inicia com a maior desenvoltura e entusiasmo. Compromissos também representam um problema para o epicurista, assim procura neutralizá-lo deixando à sua disposição várias opções em aberto. A atração ao prazer é uma forma de escapar ao sofrimento. a) Sempre aberto a coisas novas, busca projetos interessantes para se envolver, porém tem dificuldade de levá-los adiante. b) O prazer é o seu refúgio contra o lado da vida que considera “negro” (responsabilidades, sofrimento, compromissos, envolvimentos mais profundos...). c) Usa seu charme e talento para criar um clima amistoso com as pessoas. Mas, no fundo, é um medroso. d) O sonhador dá o seu reino para evitar confrontos, mas, quando eles acontecem, dá um jeito de sair pela tangente. e) O epicurista tem uma capacidade incrível de achar conexões, paralelismos e ajustes que ninguém vê e um talento para a síntese não-linear das informações. E8-O patrão ou confrontador Aquele tipo “paizão”, superprotetor e controlador é o retrato do confrontador, não por acaso, também denominado “o patrão”. Ao contrário do patrulheiro, esse tipo adora uma briga. No ambiente de trabalho, certamente será aquele que luta pelos companheiros. Aproxima-se do líder de um grupo com facilidade e, caso deseja estar nessa posição, inicia o combate. Se não a quer, respeita a pessoa que a tem. É comum ver confrontadores em postos de comando e, em geral, revelam-se a) Os confrontadores se preocupam com a justiça, mas desprezam a fraqueza, nem conseguem encarar as próprias. b) O patrão é um exagerado no estilo pessoal. c) Para ele, é tudo ou nada. Isso leva-o a perceber as situações em pontos extremos. d) Como tem dificuldade de controlar os impulsos, necessita estabelecer limites. 20 líderes capazes de usar o próprio poder com sabedoria. No amor, porém, usa o argumento da proteção para manter o poder e o controle da situação. E9-O mediador ou “preservacionista” ou pacificador Os dois lados de uma mesma questão estão sempre presentes na vida de pessoas com este tipo de personalidade. Deseja possuir uma relação harmônica com o mundo, sendo, dessa forma, grandes pacifistas. Sua capacidade de ver sob um ângulo de 360 graus, torna-o precioso, um sábio na arte de apontar soluções. Uma forte necessidade de agradar as outras pessoas leva o mediador, muitas vezes, a esquecer seus próprios desejos. Não é exagero dizer que este tipo conhece melhor desejos e necessidades dos outros do que os próprios. Se é solicitado para ajudar, está ali presente prontamente – desde que não exijam dele uma postura. Equilibra-se em cima do muro. “Sim”, “talvez”, “muito pelo contrário”’ são expressões que fazem parte do seu repertório. a) Facilmente substitui necessidades essenciais por coisas desnecessárias. b) A pessoa com esta personalidade enfrenta dificuldades nas mudanças. Para ela, é mais fácil saber o que não quer do que o que quer. c) O “preservacionista” não consegue dizer não. Tomar iniciativas quanto à separação também é motivo de angústia para ele. d) Perde o senso com facilidade e, para amortecer a energia física e a raiva, desvia-se para trivialidades. e) A dificuldade de assumir uma posição pessoal também desenvolve a capacidade de identificar o que é essencial para a vida de outras pessoas, podendo, assim, ajudá-las. http://www.enneagraminstitute.com/dis_sample_36.asp 21 Quadro 3. Ocupações Congruentes de Holland Tipo Característica Ocupação Realista – prefere atividades físicas que exijam habilidade, força e coordenação Tímido, genuíno, persistente, estável, afável, prático Mecânico, operário, fazendeiro Intelectual – prefere atividades que envolvam raciocínio, organização e entendimento Analítico, original, curioso, independente Biólogo, economista, matemático, jornalista Social – prefere atividades que envolvam o auxílio e o desenvolvimento de outras pessoas Sociável, amigável, cooperativo, compreensivo Professor, assistente social, psicólogo, conselheiro Convencional – prefere atividades com regulamentos, ordenadas e sem ambigüidade Afável, eficiente, prático, sem imaginação, inflexível Contador, caixa de banco, funcionário administrativo Empreendedor – prefere atividades verbais que ofereçam oportunidade de influencias outras pessoas e conquistar poder Autoconfiante, ambicioso, enérgico, dominador Advogado, corretor imobiliário, relações públicas Artístico – prefere atividades não sistemáticas e ambiguas que permitam a expressão criativa Imaginativo, desordenado, idealista, emocional, pouco prático Pintor, músico, escritor, decorador de interiores Realista - o protótipo é masculino, pouco sociável, agressivo. Tem boa coordenação motora e é hábil, carece de capacidade verbal e interpessoal. Prefere os problemas concretos aos abstratos. Vê-se a si mesmo como agressivo e varonil, com valores políticos e econômicos convencionais. Intelectual – concentra-se no seu trabalho, é introvertido e pouco sociável, prefere meditar sobre os problemas e resolve-los ativamente. Necessita compreender as coisas. Gosta de tarefas ambíguas e possui valores e atitudes pouco convencionais. Social – responsável, sensível, humanista, religioso. Necessita chamar a atenção, possui capacidade verbal e interpessoal. Evita resolver problemas intelectualmente; a atividade física e as atividades são muito ordenadas; prefere resolver os problemas mediante os sentimentos e meditação pessoal dos demais. Convencional – Prefere as atividades organizadas verbais e nominativas e postos subordinados. É adaptável, extrovertido. Evita as situações ambíguas e os problemas que implicam relações interpessoais e capacidade física. Valoriza os bens materiais e a posição. É eficiente em tarefas bem organizadas. Empreendedor – tem capacidade verbal para vender, dominar, liderar. Vê-se a si mesmo como um líder forte e masculino. Evita a linguagem concreta e as situações laboriais que exijam largos períodos de esforço intelectual. É extrovertido. Diferencia-se do tipo convencional por preferir as tarefas sociais ambíguas e mostrar grande preocupação pelo poder, pela posição social e pela liderança. Artístico – é insociável. Evita os problemas sumamente complicados que exigem grande capacidade física. Parece-se com o tipo intelectual por ser introvertido e pouco sociável, mas diferencia-se dele por sua necessidade de expressão individual, por ser menos egocêntrico e mais sensível. Prefere enfrentar os problemas ambientais mediantea auto- expressão crítica. 22 2. TEXTOS A RESPEITO DE COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O Caso Intel - A decisão foi tomada há mais de dez anos, mas continua sendo um exemplo clássico de como até o mais brilhante executivo pode tomar a pior decisão possível. Era outono de 1994. A empresa Intel era a maior fabricante do mundo de chips para computadores. E o executivo em questão era o seu co-fundador e então presidente Andrew Grove. Um ano antes, a Intel havia lançado o poderoso chip Pentium. Ele rapidamente tornou-se o cérebro de mais de 4 milhões de computadores pessoais. No final de outubro daquele ano, um professor da Virgínia descobriu uma falha no chip. Nos cálculos de divisão, quando os números eram muito grandes, a solução tinha erros. Quando um veículo especializado publicou uma matéria sobre a falha, no dia 7 de novembro, a Intel admitiu que havia descoberto o problema quatro meses antes e que já o havia solucionado. Um pequeno – mas barulhento – grupo de clientes e o setor de informática demonstraram não estar satisfeitos com essa resposta. Eles queriam que a Intel substituísse todos os chips defeituosos. Grove e seus executivos trataram o assunto da mesma forma que faziam como todos os grandes desafios – como se fosse um problema de engenharia. Eles o subdividiram em partes menores, analisaram-nas racionalmente e chegaram a uma conclusão. A empresa declarou, no dia 14 de novembro, que não iria substituir os chips de todos os clientes. A Intel substituiria os chips apenas dos clientes que provassem ter necessidade daquela margem extra de precisão de cálculo. O argumento da empresa era de que a maioria dos usuários só se depararia com uma resposta errada depois de 27.000 anos de uso. Grove considerou o assunto encerrado. Os consumidores, no entanto, estavam bravos. Eles não queriam ter um produto com defeito. Dezenas de milhares de consumidores que haviam comprado computadores com chips Pentium queriam a substituição, independentemente do nível de precisão dos cálculos que faziam no computador. Sob pressão, Grove reuniu-se novamente com seus executivos para analisar o problema. Depois de muita conversa, decidiram manter pé firme em sua posição. Descreviam o defeito como “insignificante”. Grove insistia em que a probabilidade era de 9 bilhões contra 1 de que o Pentium causasse um erro matemático. Essa posição firme da Intel só fez aumentar as críticas. Finalmente, depois de um diretor de marketing da empresa passar boa parte de seu domingo tentando convencer Grove de que a decisão estava errada, este acabou mudando de opinião. No dia 21 de dezembro de 1994, a Intel repentinamente anunciou que iria trocar todos os chips com defeito, gratuitamente e sem discussões. A empresa gastou 475 milhões de dólares com as trocas. Mas o prejuízo para a imagem da Intel foi, seguramente, muito maior do que esse valor. Olhando para o passado, Grove descreve sua decisão de não trocar os chips imediatamente como um “enorme erro”. Como Grove pôde cometer um engano desses A resposta é que ele reagiu ao problema como o engenheiro que é. Lidou com a questão com se fosse um problema técnico, e não um problema com os consumidores. Do ponto de vista técnico, a razão e a lógica indicavam que não havia necessidade de trocar todos os chips, já que o defeito afetaria apenas uns poucos usuários. O que Grove não conseguia perceber era que as pessoas que haviam comprado os computadores com aquele chip se sentiam logradas. Haviam pago por um produto perfeito, mas não o receberam nesse estado. A posição assumida por Grove foi vista como condescendente e arrogante. Neste caso, a mentalidade de engenheiro, que Grove usou sempre tão bem para solucionar problemas técnicos, acabou se tornando o seu ponto fraco. 23 “As diferenças individuais explicam o comportamento organizacional” PONTO O conceito de “organização” é uma noção artificial. As propriedades físicas das organizações – como instalações e equipamentos – tendem a obscurecer o fato de que elas nada mais são, na realidade, do que uma agregação de indivíduos. Assim sendo, para compreender o comportamento organizacional, é preciso dirigir o foco sobre os indivíduos. A observação casual nos leva à conclusão óbvia de que duas pessoas em uma mesma função não se comportam exatamente da mesma maneira. Mesmo nas tarefas altamente programadas, como a linha de montagem de uma indústria automobilística, ou o gerenciamento dos processos em uma empresa seguradora, o comportamento dos funcionários varia. Por quê? Por causa das diferenças individuais. Os estudantes universitários certamente compreendem e reagem a essa realidade quando vão escolher as aulas. Se três professores diferentes estão dando aulas de Contabilidade, no mesmo horário, a maioria dos alunos irá buscar informações sobre esses instrutores para descobrir as diferenças entre eles. Embora as aulas sigam todas a mesma estrutura curricular imposta pela escola, os professores têm suficiente liberdade na forma como buscam atingir os objetivos do curso. Os alunos sabem disso e procuram se informar detalhadamente para escolher entre os três. Isto é, buscam informações sobre as diferenças individuais. As pessoas realizam seu trabalho de maneiras diferentes. Elas diferem na maneira como lidam com seus chefes e colegas. Variam também quanto aos seus hábitos no trabalho – agilidade na realização de tarefas, consciência de realizar um trabalho de qualidade, cooperação com os colegas e assim por diante. Também é diferente o grau de esforço que cada um está disposto a despender no trabalho. Existem ainda diferenças quanto á importância dada a aspectos como estabilidade no emprego, reconhecimento ou apoio social. O que explica tais variações? As variáveis de diferenças individuais, tais como os valores, as atitudes, as percepções, as motivações e a personalidade de cada um. Se você pretende compreender e explicar o comportamento dos funcionários, precisa reconhecer a imensa influência das diferenças individuais entre cada um deles. CONTRAPONTO Se você quer entender o comportamento das pessoas no trabalho, precisa enfocar a estrutura social – e não as diferenças individuais. Por quê? Porque os seres humanos são animais sociais. É dada muita ênfase às diferenças individuais dentro do estudo do comportamento organizacional. Não que valores, atitudes, personalidades ou outras características pessoais sejam irrelevantes para a sua compreensão. Na verdade, as organizações possuem mecanismos de controle formais e informais responsáveis por boa parte da modelagem, direção e limitações do comportamento de seus membros. Ou seja, a estrutura se sobrepõe às diferenças individuais. Vamos examinar alguns exemplos. Praticamente todas as organizações possuem políticas, procedimentos, regras ou outra documentação formal que restringe e modela o comportamento. Essa documentação estabelece padrões de comportamento aceitáveis e inaceitáveis, permitindo que se possa prever razoavelmente o comportamento das pessoas no trabalho. Quase todas as organizações diferenciam os papéis horizontalmente, criando cargos e departamentos específicos. A estrutura desses cargos permite que os outros prevejam o comportamento de cada papel. Da mesma forma, a organização também diferencia os 24 papéis verticalmente, criando níveis de gerência. Com isso, cria-se a relação chefe- subordinado, que limita o comportamento do funcionário. Quando você entra para uma empresa, espera-se que você se adapte às suas normas de comportamentos aceitáveis. Essas normas não são regras escritas, mas são poderosas e controladoras.Uma organização, por exemplo, pode não ter um código formal para as roupas dos funcionários, mas espera-se que estes “se vistam adequadamente” – o que significa adotar as regras implícitas de vestuário. Queremos aqui ressaltar que não se pode esquecer a parte organizacional do comportamento na organização. Pode não soar muito bem, mas as organizações são instrumentos de dominação. Elas colocam as pessoas em “caixas funcionais”, que restringem o que elas podem fazer e com quem podem interagir. O grau em que os funcionários aceitam as regras, papéis e normas da organização é que vai definir as limitações de suas escolhas comportamentais. “No fundo todo mundo é igual.” Essa afirmação é essencialmente falsa. Apenas em um sentido muito amplo poderíamos dizer que “todas as pessoas são iguais”. Por exemplo, podemos afirmar que todo mundo possui valores, atitudes, gostos e aversões, sentimentos, metas e outros atributos genéricos similares. Mas as diferenças individuais são muito mais visíveis. As pessoas diferem entre si na inteligência, na personalidade, nas habilidades, na ambição, nas motivações, na expressão emocional, nos valores, nas prioridades, nas expectativas, e assim por diante. Para que possamos compreender, explicar e prever o comportamento humano com alguma precisão, precisamos focar as diferenças individuais. Sua capacidade de predizer o comportamento ficará seriamente limitada se você constantemente assumir que as pessoas são todas iguais, ou são iguais a você. Tomemos a tarefa de seleção de candidatos. Os executivos costumam utilizar informações sobre a personalidade de cada candidato (além de sua experiência, conhecimento, nível de capacitação e habilidades intelectuais) para ajudá-los a decidir na contratação. Sabendo que os cargos diferem quanto às suas demandas e exigências, os executivos entrevistam os candidatos para (1) categoriza-los por traços específicos, (2) avaliar o cargo quanto ao tipo de personalidade ideal para o melhor desempenho e (3) ajustar os candidatos e os cargos até encontrar a combinação apropriada. Dessa forma, utilizando uma variável de diferença individual, – neste caso, a personalidade - os executivos aumentam a probabilidade de conseguir identificar e contratar funcionários de alto desempenho. “Funcionários felizes são funcionários produtivos.” Essa afirmação é falsa. O mito de que “funcionários felizes são funcionários produtivos” criado nas décadas de 30 e 40, principalmente como resultado dos estudos de Hawthorne, conduzidos por pesquisadores na Western Electric. Com base nessas conclusões, as empresas começaram a se esforçar para tornar seus funcionários mais felizes, com práticas como a adoção de liderança laissez-faire, melhoria das condições de trabalho, expansão dos benefícios à saúde e à família, como seguro de vida e bolsas de estudo, programas sociais como piqueniques e outras reuniões informais, além de oferecer serviços de aconselhamento. Mas essas práticas paternalistas baseavam-se em descobertas questionáveis. Uma análise cuidadosa dos resultados das pesquisas revela que, se é que existe um 25 relacionamento positivo entre felicidade (ou seja, satisfação) e produtividade, essa correlação é baixa – próximo de +0,14. Isso significa que não mais que 2% da variância do resultado pode ser atribuída à satisfação do funcionário. Tomando-se por base as evidências, uma conclusão mais acurada é, na verdade, que ocorre o inverso – funcionários produtivos tendem a ser funcionários felizes. Ou seja, a produtividade leva à satisfação, e não o contrário. Quando você realiza um bom trabalho, você se sente intrinsecamente bem. Além disso, assumindo que a empresa recompensa a produtividade, seu melhor desempenho pode significar o reconhecimento verbal, um aumento de remuneração e a probabilidade de uma promoção. Essas recompensas, por seu lado, aumentam seu nível de satisfação com seu trabalho. “Os traços são poderosos previsores do comportamento.” PONTO A essência da abordagem sobre os traços, dentro do estudo do comportamento organizacional, é que os trabalhadores possuem características estáveis de personalidade que influenciam significativamente suas atitudes e comportamentos em relação à organização. Indivíduos com determinados traços costumam ser relativamente coerentes em suas atitudes e comportamentos em diferentes situações e no decorrer do tempo. Evidentemente, estudiosos admitem que nem todos os traços têm a mesma força. Eles costumam dividi-los em três categorias. Os traços cardeais são aqueles tão fortes e generalizados que influenciam todas as ações de uma pessoa. Os traços primários são influências geralmente coerentes sobre o comportamento, mas que não se mostram em todas as situações. Finalmente, os traços secundários são os atributos que não formam uma parte essencial da personalidade, mas que vêm à tona apenas em determinadas situações. Em geral, as teorias sobre os traços têm se voltado mais para o poder dos traços primários como meio de prever o comportamento dos funcionários. Os autores que tratam disso dão valiosa contribuição ao procurarem estabelecer a validação dos testes para a média das pessoas. Pense em amigos, parentes ou conhecidos, com quem você tenha convivido por alguns anos. Eles possuem traços que têm permanecido estáveis em sua essência no decorrer do tempo? A maioria de nós daria uma resposta afirmativa à questão. Se a prima Anne era tímida e nervosa quando a vimos pela última vez, há dez anos, seria surpreendente encontrá-la extrovertida e relaxada agora. Os administradores parecem dar bastante crédito ao poder dos traços como previsores do comportamento. Se acreditassem que são as situações que determinam o comportamento, eles contratariam as pessoas de maneira quase aleatória, e estruturariam as situações apropriadamente. Mas os processos de seleção de funcionários, na maioria das organizações, dão grande ênfase ao desempenho dos candidatos em testes e entrevistas. Coloque-se na posição de um entrevistador e pergunte a si mesmo: o que estou procurando nos candidatos a este emprego? Se sua resposta for consciência, dedicação ao trabalho, persistência, competência e confiabilidade, você é um desses teóricos! CONTRAPONTO Poucas pessoas seriam capazes de negar que existem alguns atributos individuais estáveis que influenciam as reações das pessoas no ambiente de trabalho. Mas os estudiosos dos traços vão muito além dessa generalização e argumentam que a 26 coerência do comportamento individual é mais abrangente, sendo a responsável pela maior parte das diferenças de comportamento entre as pessoas. Há dois problemas importantes na utilização dos traços como forma de explicação da maior parte dos comportamentos nas organizações. Primeiro, as estruturas organizacionais são situações fortes, que têm um grande impacto sobre o comportamento dos funcionários. Segundo, as pessoas são bastante adaptáveis, e os traços de personalidade podem mudar em função das situações organizacionais. Sabemos, já há algum tempo, que os efeitos dos traços no comportamento tendem a ser forte sem situações relativamente fracas, e fracos em situações relativamente fortes. As estruturas organizacionais costumam ser situações fortes, pois possuem regras e outras regulamentações formais que definem os comportamentos aceitáveis e punem aqueles desviantes; além disso, possuem também regras informais que ditam os comportamentos desejáveis. Estas limitações formais e informais minimizam os efeitos dos traços de personalidade. Argumentando que os funcionários possuem traços estáveis que mantêm uma coerênciamultissituacional, os estudiosos dos traços estão afirmando que os indivíduos realmente não se adaptam às diferentes situações. Existem, no entanto, crescentes evidências de que os traços de personalidade individuais são modificados pelas organizações das quais a pessoa participa. Se a personalidade de uma pessoa se modifica em função de sua exposição às estruturas organizacionais, como podemos afirmar que os indivíduos possuem traços que afetam coerente e pesistentemente suas reações a estas mesmas estruturas? Além disso, as pessoas geralmente participam de organizações múltiplas que incluem tipos muito diferentes de membros, e elas se adaptam a estas situações diferentes. Em vez de serem prisioneiras de uma estrutura rígida e imutável de personalidade – como propõem os teóricos -, as pessoas regularmente ajustam seu comportamento para atender às exigências típicas de diversas situações. “Pessoas éticas não fazem coisas antiéticas” Essa afirmação é quase verdadeira. As pessoas que têm altos padrões éticos estão menos propensas a se envolver em práticas antiéticas, mesmo em organizações ou situações em que haja uma grande pressão para isso. A questão essencial nessa afirmação é determinar se o comportamento ético é uma função mais do indivíduo ou do contexto situacional. As evidências sugerem que as pessoas com altos princípios éticos vão ser fiéis a eles, apesar das atitudes dos outros ou da orientação das normas da organização em sentido contrário. Mas, quando o desenvolvimento moral e ético de um indivíduo não possui um padrão muito elevado, ele pode ser mais facilmente influenciado por uma cultura forte. Isto é verdade, mesmo quando essa cultura estimula práticas questionáveis. Como as pessoas éticas evitam basicamente as práticas antiéticas, os executivos devem ser encorajados a identificar os padrões éticos dos candidatos a empregos (por meio de testes e exame do histórico de vida). Buscando contratar pessoas íntegras e com fortes princípios éticos, a organização aumenta a probabilidade de que seus funcionários ajam sempre dessa forma. Evidentemente, as práticas antiéticas também podem ser desencorajadas por um clima de trabalho propício. Este deve incluir uma descrição clara das tarefas, um código de ética formalmente redigido, modelos positivos de gerenciamento, avaliação e recompensa tanto dos meios como dos fins e uma cultura que estimule as pessoas a desafiar abertamente quaisquer práticas questionáveis. 27 “Não é o que você diz, mas o que você faz” Essa afirmação é quase verdadeira. As ações realmente falam mais alto que as palavras. Quando percebem inconsistências entre as palavras e os atos, as pessoas tendem a dar maior crédito aos últimos. É o comportamento que conta! A implicação disso é que os executivos e os líderes se tornam modelos de papéis. Os funcionários vão imitar seus comportamentos e suas atitudes. Vão observar o que seus chefes fazem e imitar ou adaptar essas atitudes. Essa conclusão não significa que as palavras caem no vazio. As palavras também podem influenciar os outros. Mas quando as palavras e as ações são divergentes, as pessoas preferem acreditar no que vêem em termos de comportamento. Existe uma exceção óbvia a essa conclusão. Um número crescente de líderes (e seus parceiros) tem desenvolvido a habilidade de moldar as palavras e manipular os fatos, para que as pessoas prestem mais atenção ao seu discurso do que a seu comportamento. Os políticos bem-sucedidos parecem ser adeptos dessa modalidade. Por que as pessoas acreditam nesses discursos, mesmo quando percebem um comportamento conflitante, não está muito claro. Será que preferimos acreditar que nossos líderes não mentiriam para nós? Preferimos acreditar no que dizem os políticos, especialmente aqueles que admiramos? Ou será que damos a essas pessoas, em quem votamos, o benefício da dúvida quando em confronto com seu mau comportamento? Pesquisas adicionais são necessárias para o esclarecimento dessas questões. “A primeira Impressão é que Conta” Essa afirmação é verdadeira. Quando nos encontramos pela primeira vez com alguém, reparamos em diversas coisas na pessoa – características físicas, roupas, firmeza do aperto de mãos, gestos, tom de voz, etc. Usamos essas impressões para classificar a pessoa em categorias pré-estabelecidas. Essa categorização preliminar (“ROTULAR alguém”), feita rapidamente e com base em informações mínimas, tende a ter um peso maior do que as impressões e informações recebidas posteriormente. A melhor evidência sobre a primeira impressão vem das pesquisas sobre entrevistas de emprego. As descobertas demonstram claramente que a primeira impressão conta. Por exemplo, o efeito da primazia é poderoso: a primeira informação apresentada afeta mais o julgamento posterior do que as informações apresentadas depois. As pesquisas sobre a aparência dos candidatos confirmam o poder da primeira impressão. Os estudos examinaram as avaliações dos candidatos feitas antes da entrevista – aquele breve período em que o candidato entra na sala do entrevistador, cumprimenta-o, senta-se e inicia uma conversa superficial. As evidências indicam que a forma de andar, falar, vestir-se e apresentar-se têm um grande impacto sobre a avaliação que o entrevistador faz das qualificações do candidato. A atração física parece ser particularmente influente. Os candidatos mais atraentes são avaliados como mais qualificados do que os demais. Um outro grupo de estudos confirmativos mostra que as avaliações feitas após a entrevista estão, significativamente, em conformidade com as primeiras impressões dos entrevistadores. Aquelas primeiras impressões têm um peso considerável na avaliação final do entrevistador, independentemente do que tenha realmente transpirado na entrevista em si. Essa conclusão assume que a entrevista não traz à tona nenhuma informação altamente negativa. 28 3. AS EMPRESAS NA PRÁTICA -RELATOS DE CASOS REAIS (extraídos do livro “Empresa Feliz” de Francisco Gomes Matos) 1.2.1 Havia um presidente de empresa que, embora chegando ao trabalho bem cedo e saindo bem tarde, fechava-se em seu gabinete e só era visto por três ou quatro pessoas que lhe tinham acesso. Isso por muitos anos. Um dia resolveu introduzir a “política de portas abertas”. Nada mudou. Era a jaula aberta com o tigre dentro. 1.2.2 Duas empresas fundiram-se sem nenhuma estratégia prévia de integração. Os conflitos tornaram-se a realidade crítica onde autoridades e responsabilidades confundiam-se. Embora a empresa tivesse se tornado juridicamente uma só, vários departamentos continuavam funcionando em dualidade, com gerências distintas, num verdadeiro caos. Numa sexta-feira, ao final do expediente, o diretor-superintendente, sem nenhum estudo preliminar, sem pelo menos ouvir as partes envolvidas, demitiu as chefias que julgava “dispensáveis”, substituindo ou confirmando as outras. E, no caso de algumas, confinou todos os funcionários numa única sala para “integrá-los à força”. Isso aconteceu, o diretor-superintendente continuou firme, perdeu-se muito dinheiro, muitos talentos e competências profissionais, houve muito desgaste com a clientela, desmotivação, mas o diretor considerava-se um “vencedor”, insensível às perdas. 1.2.3 Há em muitas empresas uma situação curiosa e maquiavélica: o presidente, para poupar-se e manter sua imagem preservada, adota um diretor como “lobo mau”. Sua atitude diante das postulações é invariável: “Por mim, tudo bem. Mas o diretor X (geralmente da área de finanças) não aprova”. Como se esse diretor fosse mais forte do que ele. Todavia, em geral, essa situação torna-se normalmenteaceita. É verdade que, para salvar as aparências, o presidente vez por outra contraria frontalmente o diretor, para que não haja dúvidas sobre quem manda efetivamente. Esses momentos são seguidos de ampla divulgação e o pessoal experimenta certa felicidade por ver o diretor “castigado”. No fundo, não passa de mais uma encenação. Mas ocorre um fenômeno imprevisto: de tanto interpretar o papel de carrasco empedernido, frio e calculista, o diretor acaba acreditando-se “guardião da empresa”. Como todo temido, acaba sendo também “amado”, por uma estranha reversão dos que, para obter vantagens ou se protegerem, lhe são subservientes e aduladores. E, como ninguém agüenta ser odiado o tempo todo, o diretor assume o papel de líder de um grupinho fechado, que exercita a cultura do medo. São respeitados pelo poder opressivo. Cria-se uma espécie de elogio à covardia. É um grupo reverenciado pela frente e dissecado por trás. Mas detém um poder expressivo. Aí acontece o inesperado. O diretor insurge-se contra medidas presidenciais. Há o confronto. Com a continuidade das crises, ou acontece a demissão do diretor ou – e não são poucas vezes – o recuo do presidente. O diretor passa a ser o “antideus”. Dois poderes. Pode-se imaginar o que isso significa no clima conflituoso e infeliz nas organizações. Com dois comandantes, a embarcação acaba afundando. 1.2.4 Como surgiu esse maldito boato? Através do diálogo seguinte, autêntico, reproduzimos uma situação que causou sérios constrangimentos à empresa, que não zelava pela transparência em suas atividades: 29 A para B – Há quanto tempo não vejo C! Como terá resistido à não-realização do contrato com a empresa Z? Ele depositava tanta esperança nesse projeto! B para D – Estive com A. Ele estava preocupado com C, que parece estar enfrentando dificuldades em sua empresa. D para E – Sabe que C está na pior? Soube que ele investiu tudo numa operação e o negócio “estourou”. E para F – C vai pedir concordata. F para C – Leu a “Coluna Econômica” do jornal Y? Dizem que você está indo para a Europa para evitar as dificuldades comerciais de uma possível falência. Fiquei preocupado. É verdade? C para F – Como verdade? Eu nunca estive tão bem! Nos negócios, na política, na família! Depois de anos de trabalho, estou tirando vinte míseros dias de férias! Como surgiu esse maldito boato? Alguém procurou, aflito, Sócrates para lhe dar uma notícia que lhe dizia respeito. O filósofo interrompeu-o: “Primeiro responda-me se a informação passou pelas três provas: Verdade (está apoiada em fatos concretos?), Bondade (é para o meu bem?) e Utilidade (poderá ser-me útil para alguma coisa?). Senão, não quero ouvi-la!” 1.2.5 Uma organização de âmbito nacional promoveu uma drástica redução de quadros. Entre os vários casos posteriormente descobertos, constava da lista de demitidos um chefe de seção que, cinco anos antes, havia recebido uma expressiva homenagem no aniversário da empresa, inclusive com uma placa onde estava escrito: “pelo exemplo de dedicação, competência e produtividade”. Tentou-se corrigir o vexame, mas a “emenda foi pior do que o soneto”. Convocaram sua mulher e filhos para uma recepção social na empresa onde foram entregues presentes e mais uma medalha para o ex-chefe. A “homenagem humilhante” foi comentada por toda a empresa. “O bom senso é a coisa mais bem repartida deste mundo, porque cada um de nós pensa ser dele tão bem provido, que mesmo aqueles que são mais difíceis de se contentar com qualquer outra coisa, não costumam desejar mais do que o que têm.” (R. Descartes) 1.2.6 Um executivo ligado diretamente à presidência questionou, numa reunião de diretoria, posicionamentos da empresa que julgava danosos à sua imagem institucional. No ardor da discussão, afirmou para o presidente: “Quando houver divergências graves entre você e sua empresa, fico com a empresa”. Três meses depois, o diretor foi demitido. 1.2.7 A empresa criou um clube de empregados com grande estardalhaço, estimulando programações esportivas e sociais. Um campeonato de futebol mobilizou funcionários de várias áreas da empresa que passaram a se empenhar obsessivamente em competições aguerridas, reproduzindo visivelmente o clima reinante no ambiente de trabalho. Só que, no campo esportivo, a violência era explícita. As disputas chegaram a tal nível de agressividade que, após um incidente grave envolvendo socorro médico de 30 emergência e risco de vida, o clube foi desativado. Mas não se extraiu das ocorrências nenhuma reflexão objetiva sobre o clima organizacional, que continuou tenso. 1.2.8 A diretoria de uma grande empresa reúne-se semanalmente durante toda uma manhã. Na porta, uma luz vermelha indica que não quer ser incomodada por estranhos. Só uma secretária tem acesso ao recinto e isso lhe dá sensação de prestígio, fazendo-a intermediária privilegiada em qualquer situação de emergência. No ambiente da empresa, as reuniões ganham certo ar de mistério e expectativa para tantos que dependem de decisões. “O assunto será colocado na reunião de diretoria”: é o que mais se ouve como manifestação do emperrado processo burocrático vigente. Um dia fui convidado para participar da reunião como observador. Foi decepcionante: as reuniões eram uma imensa perda de tempo, sem planejamento nem coordenação. Falava-se de tudo: fatos rotineiros, comentários sobre pessoas e algumas decisões que, a rigor, estariam na alçada específica dos diretores. De estratégico, praticamente nada! Aconselhei algumas medidas simples: estabelecimento de pauta prévia, delegação de compromissos para os assuntos relevantes, memória da reunião para efeito de registro das decisões e acompanhamento das providências e designação de um secretário- executivo. Além de propiciar maior racionalidade ao processo, visava-se dar visibilidade, acabando com a atmosfera de “mistério”, fator de ansiedade por parte dos que dependiam das decisões. O presidente resolveu colocar em votação as sugestões. Foram unanimemente rejeitadas, sob a alegação de que “era importante manter o suspense”. O paradoxal é que, individualmente, cada diretor criticava duramente o “processo decisório atravancado” e a atitude do presidente, que adorava a dramaturgia do poder. Com isso, todos racionalizavam suas omissões e ninguém se responsabilizava pelo clima de desmotivação e infelicidade reinante. 1.2.9 O diretor convoca todos os seus auxiliares para o balanço do mês, que, como era de hábito, duravam a noite inteira. À meia-noite, um dos funcionários antigos pediu licença para ausentar-se, soa a alegação de que sua esposa está na maternidade. No dia seguinte, o diretor convoca-o ao seu escritório, com ânimo punitivo. O funcionário alega que seu filho nasceu às duas horas da madrugada, em parto cesariano. E o diretor, irritado: “Mais um motivo para você dar um bom exemplo de dedicação”. O funcionário sai arrasado: com oito anos de serviço, teve de engolir tudo, pois, mais do que nunca, necessitava do emprego. Toda a empresa fica sabendo incidente, mas, anestesiados pela cultura repressiva, ninguém se manifesta em solidariedade. Um episódio revelador de um ambiente de morte. 1.2.10 Durante três anos, a área de recursos humanos de uma grande organização realizava “pesquisa de clima” entre todo o funcionalismo da empresa para detectar indicadores de satisfação e insatisfação. Os resultados, altamente negativos e preocupantes, eram recebidos com indiferença pela diretoria que, por falta de motivação, mandou sustá-los. Um ano depois, a empresa empreendeu, em meio a uma crise séria, um amplo processo de reengenharia, reduzindo o quadro em um terço do
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