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Ana Carolina Zanchet Dobner, Mateus Saes Barros, Natália Radtke Bergman, Tatiane Solari Pinto, Renam Borges da Silva AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 1. Introdução A ação de consignação em pagamento é procedimento especial, previsto nos Arts. 539 e seguintes do Novo Código de Processo Civil. É o instituto que possibilita que o autor obtenha, se julgados procedentes os pedidos, uma sentença declaratória da extinção da obrigação cumprida. Como é possível vislumbrar no caput no artigo que abre este capítulo, nota-se que o Código trouxe duas formas de consignação possíveis, a de quantia ou coisa. 2. Formas Sua ocorrência se dá de modo judicial ou extrajudicial, no segundo caso, ocorrerá em estabelecimento bancário situado no local do pagamento. Feito o depósito, da quantia principal e seus acréscimos, o credor deverá ser cientificado por carta com aviso de recebimento, para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de 10 dias. Caso não ocorra a manifestação do credor, não é dispensada a propositura de ação judicial para que seja declarada a extinção do débito. Havendo manifestação no prazo legal por parte do credor, poderá o devedor propor ação judicial competente dentro de um mês. Não sendo proposta a ação, o depósito perde a eficácia e poderá o devedor retomá-lo. Nos casos em que haja relação de trato sucessivo, isto é, prestações sucessivas, em decorrência do princípio da economia processual, o artigo 541 do CPC permite que uma vez iniciada a ação, que o devedor consigne as prestações que forem vencendo ao longo do processo. O referido artigo dá ao devedor, um prazo de 5 dias para efetuar o pagamento das parcelas vincendas ao decorrer do processo, porém em decorrência do princípio mencionado acima, é possível que o devedor efetue o depósito da quantia devida, porém, obviamente, deverá depositar de forma conjunta os juros decorrentes do vencimento obrigação. Nesse sentido temos: Processo civil. Recurso especial. Consignação em pagamento. Depósito extemporâneo. Extinção do processo sem julgamento do mérito. Princípios da instrumentalidade das formas e aproveitamento dos atos. - O ato processual praticado de maneira irregular deve ser aproveitado quando tiver alcançado seu objetivo e se a inobservância da forma não trouxer prejuízo a outra parte. - Deve ser aproveitado o depósito efetuado extemporaneamente pelo devedor-consignante, não sendo, portanto, causa de extinção do processo sem julgamento do mérito a consignação da prestação fora do prazo legal. - O descumprimento do prazo para o depósito, na ação de consignação em pagamento, só acarreta prejuízo ao devedor-consignante, porque, enquanto não depositada a prestação, persiste a mora com todas as conseqüências a ela inerentes. Recurso especial não conhecido. (REsp 617.323/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/05/2005, DJ 20/06/2005, p. 274) Conforme previsão do artigo 545, se alegada a insuficiência do depósito, é concedido um prazo de 10 dias ao autor para complementação. 3. Competência Regra geral, a competência para propositura da ação é o lugar do pagamento, ou seja, o do recebimento da quantia ou coisa devida. Poderão as partes, no contrato que originou a obrigação, designar foro diverso daquele do local de recebimento. Se, a princípio, o pagamento ocorria em conta bancária, o local competente para julgar a ação de consignação em pagamento é o local onde estiver a agência destino. 4. Requisitos da Exordial Ocorrendo o depósito de forma extrajudicial, a peça ovo conterá, além dos requisitos elencados no artigo 319 CPC, o comprovante de depósito realizado e a recusa expressa do credor. No caso da consignação em pagamento de coisa, que será de forma judicial desde o início, e no caso do artigo 539, §3º, o depósito ocorrerá em 5 dias a contar do deferimento da petição inicial. Como bem descrito no artigo 542 da Lei 13.105/15, será requerido o depósito da quantia ou coisa devida; a citação do réu para levantamento da quantia bem como para contestar a demanda. Um prática não impede a outra, uma vez que é possível o réu requer o levantamento da quantia depositada, bem como contestar a demanda por insuficiência de pagamento (art. 544, IV, CPC). 5. Do Objeto Tratando-se de objeto indeterminado, o artigo 543 diz que o credor será citado para exercer seu direito de escolha em 5 dias, salvo se houver disposição em contrário, ou para aceitar que o devedor a faça, fazendo jus ao artigo 244. No despacho de recebimento da inicial, o juiz fixará lugar, dia e hora na qual ocorrerá a entrega do bem, sob pena de depósito. 6. Da Contestação O artigo 544 do atual dispositivo processual civil, repete o teor de seu Código antecessor. Seu rol é exemplificativo. O argumento contigo no inciso I irá depender de qual motivo originou a demanda. Conforme previsão do inciso III, poderá ocorrer alegação de depósito feito fora do prazo, o que poderá acarretar uma pronta extinção do feito. É possível dizer que o inciso IV estaria englobado no inciso II do mesmo artigo, uma vez que a recusa do devedor em receber deu-se por insuficiência da quantia. 7. Legitimidade Passiva Essa dúvida é do autor da demanda, em relação a quem deve receber legitimamente o pagamento devido. Neste caso, serão citados os possíveis credores, para que comprovem seu direito. Em caso de ocorrência do inciso III do artigo 548, e não havendo qualquer contestação em face do valor consignado, o juiz sentenciará procedente a demanda da consignação em pagamento, e julgará extinta a obrigação do devedor. A discussão continuará, sob o rito comum, em relação aos dois possíveis credores. No caso do inciso II do mesmo artigo, poderá ocorrer procedência do pedido ou não. Poderão ser acolhidos ou não os pedidos do réu que compareceu, podendo ser declarado legitimado ou então atribuir a legitimação ao outro integrante do polo passivo da demanda. Neste caso, fala-se em revelia parcial. Com relação ao inciso I, fala-se em revelia completa. Seria incoerente falar em improcedência ou procedência do pedido, vez que depósito seria convertido em arrecadação de coisas vagas. 10. Conclusão Diante dos tópicos acima mencionados, conclui-se que a ação de consignação em pagamento será proposta nos casos que haja recusa do credor, ou incerteza de legitimidade. Poderá ocorrer de forma extrajudicial, em seguida na forma judicial. Ou na maneira judicial ab initio, exemplificado nos casos de coisa devida. credor Referências: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial nº 617.323/RJ. 3ª Turma. Processo civil. Recurso especial. Consignação em pagamento. Depósito extemporâneo. Extinção do processo sem julgamento do mérito. Princípios da instrumentalidade das formas e aproveitamento dos atos. Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI. DJU, Brasília, 20 jun. 2005, p. 274. BRASIL. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1045. Acessado em: 13 de maio de 2017. DE CASTRO, Danilo Monteiro. Novo Código de Processo Civil Comentado Por Artigo. Disponível em: http://www.direitocom.com/novo-cpc-comentado. Acessado em: 13 de maio de 2017. Perguntas obrigatórias: 1) Como proceder quando há dúvida em relação a legitimidade passiva? 2) Qual a competência para julgar a ação de consignação em pagamento? 3) Tratando-se de quantia em dinheiro, de quais formas poderá ocorrer? Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
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