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JUSTA CAUSA COMO CONDIÇÃO DA AÇÃO PENAL FLAUSINO, T.O

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1 INTRODUÇÃO 
No Estado Democrático de Direito a aplicação ao caso concreto do ordenamento 
penal, jus puniendi¸ emerge como última ratio, o derradeiro instrumento estatal protetor dos 
bens jurídicos de elevado interesse social. Diante disso, o Estado deve adotar todas as 
medidas necessárias para conter o aumento desproporcional e desarrazoado das demandas 
penais. 
A justa causa como condição da ação penal aparece como um dos instrumentos 
imprescindíveis ao Estado para evitar o adensamento das lides penais viciadas por falta de 
provas ou indícios. 
A doutrina clássica ensina que são condições genéricas da ação penal: a) 
legitimidade, b) possibilidade jurídica do pedido, e c) interesse de agir. Cabe salientar que tais 
condições não dizem respeito apenas às ações penais, pois, as mesmas também podem ser 
verificadas na ação civil. 
O Código de Processo Penal, por sua vez, não traz expressamente previsto como 
condição da ação penal a justa causa, bem não o faz com a possibilidade jurídica e o interesse 
de agir. 
A doutrina tende a reconhecer a necessidade da justa causa, todavia, divergem 
quanto sua autonomia como condição da ação ou como mero sentido amplo dado ao 
imprescindível atendimento de todas as condições da ação consagradas pela doutrina clássica. 
2. JUSTA CAUSA COMO CONDIÇÃO DO EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL 
A priori, torna-se imperioso fixar o conceito acerca do termo justa causa. Afrânio 
Silva Jardim (2001, p.37) afirma que a justa causa é “um lastro mínimo de prova que deve 
fornecer arrimo à acusação”, visto que a mera instauração da ação penal já fere o status 
dignitatis do imputado. 
A respeito das condições da ação grande parte da doutrina processual civil, com 
alicerce na lição de Liberman, aponta o trinômio: legitimidade, interesse de agir e 
possibilidade jurídica do pedido como as condições para o exercício da ação. 
Parte dos doutrinadores da seara penal, espelhados nos ensinamentos de Liberman, 
afirmam, em sentido idêntico, que as condições da ação penal são as mesmas presentes no 
exercício da ação civil. Todavia, outros segmentos de professores, suplantam esse pensamento 
e destacam que as três condições clássicas da ação deve ser acrescentada a quarta condição, a 
justa causa. 
Maria Thereza Rocha de Assis Moura (apud Moura, 2001, p.221), filiada à corrente 
clássica, entende que a justa causa não se consubstancia como uma condição autônoma para a 
propositura da ação penal. Para a ilustre autora a justa causa constitui uma espécie de 
consequência, erige-se da falta de quaisquer das condições elencadas pela doutrina clássica 
(legitimidade, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir), in verbis: 
[...] a justa causa não constitui condição da ação, mas a falta de qualquer umas das 
apontadas condições implica falta de justa causa: se o fato narrado na acusação não se 
enquadrar no tipo legal; se a acusação não tiver sido formulada por quem tenha legitimidade 
para fazê-lo e em face de quem deva o pedido ser feito; e, finalmente, se inexistir o interesse 
de agir, faltará justa causa para a ação penal. 
Guilherme de Souza Nucci (2007, p.176), com veemência, concorda com os 
argumentos ventilados pela autora, sob o fundamento que a justa causa se apresenta como 
uma síntese das demais condições da ação: 
Embora grande parte da doutrina venha confundindo a justa causa simplesmente com 
o interesse de agir, parece-nos correta a lição de Maria Thereza Rocha de Assis Moura, 
sustentando que a justa causa, em verdade, espelha uma síntese das condições da ação. 
Inexistindo uma delas, não há justa causa para a ação penal. 
Doutro lado, pertencente a corrente que traça a justa causa como a quarta condição 
da ação penal, localiza-se Afrânio Silva Jardim (apud Moura, 2011, p.218). Segundo este 
doutrinador a justa causa é requisito legítimo para o exercício da ação penal, a propositura 
desta está sujeita à existência de provas ou indícios que ao menos sugiram a materialidade e 
autoria do delito: 
[...] torna-se necessária ao regular exercício da ação penal a demonstração, prima 
facie, de que a acusação não é temerária ou leviana, por isso que lastreada em um mínimo de 
prova. Este suporte probatório mínimo se relaciona com os indícios da autoria, existência 
material de uma conduta típica e alguma prova de sua antijuridicidade e culpabilidade. 
Plínio de Oliveira Corrêa (apud Moura, 2001, p.219), a seu entendimento, delineia a 
justa causa em destaque as demais condições da ação, aduz ainda que não só consiste em 
condição da ação como deve ser a primeira condição a ser verificada. 
Em que pese os posicionamentos contrários à aceitação da justa causa como 
condição autônoma do exercício da ação penal, tem-se à luz das sustentações de Afrânio Silva 
Jardim e Plínio de Oliveira Corrêa que a justa causa manifesta-se, sim, como condição para 
propositura da ação penal. 
Pois, o juiz antes de receber a denúncia deve analisar a existência, ou não, de lastro 
probatório mínimo para o prosseguimento do feito. Caso não seja verificado esse lastro, a 
denúncia, não só poderá, como deverá ser rejeitada pelo juízo de plano consoante estabelece o 
art. 395 do Código de Processo Penal. 
Conforme o argumento já citado neste trabalho de autoria do Professor Afrânio Silva 
Jardim, a mera instauração do processo penal ofende o status dignitatus do indivíduo ao qual a 
conduta é imputada. Destarte, a deflagração de tal procedimento somente se dá quando há 
provas ou indícios que justifiquem a medida. 
Às três condições que classicamente se apresentam no processo civil, acrescentamos 
uma quarta: a justa causa, ou seja, um lastro mínimo de prova que deve fornecer arrimo à 
acusação, tendo em vista que a simples instauração do processo penal já atinge o chamado 
status dignitatis do imputado. Tal arrimo de prova nos é fornecido pelo inquérito policial ou 
pelas peças de informação, que devem acompanhar a acusação penal. (BRASIL, STJ, Apn 
395 / AM, Ação Penal, 2003/0213542-0, Rel. Min. Luiz Fux, CE - Corte Especial, Data do 
Julgamento 05/12/2007, Data da Publicação/Fonte DJe 06/03/2008). 
Observa-se que há precedentes no Superior Tribunal de Justiça, eis que já se 
pronunciou favoravelmente quanto à autonomia da justa causa, ainda informando que tal 
ânimo de prova é formado pelo conjunto de diligências constantes do inquérito policial ou de 
peças de informação que devem acompanhar a acusação penal. 
Assim, chega-se à conclusão que a justa causa constitui, inegavelmente, uma das 
condições da propositura da ação penal, segundo o qual o juiz não poderá receber a denúncia 
por falta de lastro probatório mínimo para o seu suporte. 
3. CONCLUSÃO 
À inteligência da dignidade da pessoa humana e posto a ofensa ao status dignitatis do 
indivíduo pela instauração do processo penal, pode-se concluir que a justa causa emerge como 
a quarta condição de propositura da ação penal, além de se consubstanciar em alicerce para a 
proteção do cidadão contra o abuso do Estado de observância obrigatória no exercício do jus 
puniendi. 
Embora grande parte da doutrina doutrina venha confundindo a justa causa 
simplesmente como interesse de agir parece nos correta a lição de que a justa causa em 
verdade espelha uma síntese das condições da ação, caso venha a inexistir uma delas não há 
justa causa para ação penal, de acordo com o artigo 395 e incisos do CPP. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
BRASIL, Código de Processo Penal. Decreto-Lei 3.689, de 3 de outubro de 
1943. Diário Oficial, Brasília, 03 nov. 1941. 
BRASIL, STJ, Apn 395 / AM, Ação Penal, 2003/0213542-0, Rel. Min. Luiz 
Fux, CE - Corte Especial, Data do Julgamento 05/12/2007, Data da Publicação/Fonte DJe 
06/03/2008CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. – 12. ed. Ver. E atual. – São Paulo 
: Saraiva, 2005. 
JARDIM, Afrânio Silva. Ação Penal Publica: princípio da obrigatoriedade. 4 
edição. Revista atualizada segundo a Lei 9.099 de 1995. Editora forense. RJ. 2001 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Comentado. 11° ed. 
Editora: Altas, São Paulo, 2007. 
MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis. Justa causa para a ação penal – 
Doutrina e jurisprudência / Maria Thereza Rocha de Assis Moura. – São Paulo : Editora 
Revista dos Tribunais, 2001. (Coleção de estudos de processo penal Prof. Joaquim 
Canuto Mendes de Almeida; v.5). 
 
 
 
UniRV- UNIVERSIDADE DE RIO VERDE 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
JUSTA CAUSA CODIGO PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
 
Acadêmico: Tallysson Oliveira Flausino 
Professor Dr.: João Porto Silverio Júnior 
 
 
 
Trabalho apresentado a UniRV, como Parte 
das atividades avaliativas de Processo Penal I 
 
 
 
 
 
 
RIO VERDE-GO 
MAIO DE 2016

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