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CULTURA DO IMPERIALISMO NO SÉCULO XXI E A RUÍNA DA IDENTIDADE Thais Caroline Ramos Resumo O artigo analisa as forças de poder dos eixos mundiais, perante exploração e capitalismo. As transformações e implicações da globalização. Identifica a interferência econômica e cultural que ocorrem mascaradas nas relações internacionais, seja por moeda de troca e organizações de controle mundial. Como os países dominados se comportam e quais seus empecilhos para no cenário interno e externo, que resultam na perda de poder. As sociedades refletem as politicas que recaem sobre o meio onde vivem. O objetivo é identificar padrões de dominação para descolonizar os modos de vida de países que consomem o excedente do capitalismo. Palavras-chave: globalização; capitalismo; descolonização; translocalidade; identidade. Abstract The article analyzes the power forces of the world's axes, in the face of exploitation and capitalism. The transformations and implications of globalization. It identifies the economic and cultural interference that masquerades occur in international relations, be it by currency of exchange and organizations of world control. How the dominated countries behave and what their hindrances to the internal and external scenario, which result in the loss of power. Societies reflect the policies that fall on the environment in which they live. The aim is to identify patterns of domination to decolonize the ways of life of countries that consume the surplus of capitalism. Keywords: globalization; capitalism; decolonization; translocality; identity. INTRODUÇÃO O modo de imperar sobre sociedades começa desde o colonialismo, onde potências europeias causam o maior genocídio da historia com as populações nativas americanas. As formas de dominação se alteram ao longo do tempo e dos interesses das potências. Novas potências surgiram, outras declinaram. Países dominados surgem constantemente com revoltas a dominação direta, emerge então a dominação indireta, onde a exploração se transforma em cultura, portanto perdendo a própria identidade e assumindo uma cultura dependente. Sendo assim a questão colocada são quais os principais fatores que divide a sociedade internacional em poucas potencias que dominam grande parte do poder mundial e Estados que são explorados de alguma forma. O objetivo com a sinalização dos fatores é analisar o quadro de retomada da identidade dos países sob constantes tensões. Explorando os acordos, estabelecidos ao longo dos séculos, da sociedade internacional se coloca o seguinte ponto segundo Vigevani (1999) os acordos são práticos, que não envolvem nenhum fim comum, ou são objetos, com alguma finalidade. A finalidade seria a cooperação mútua, todavia os termos de troca para maioria é desigual. Conquanto, a cooperação não se baseia apenas na economia ou as relações seriam rapidamente deterioradas, de forma que a dominação cultural é essencial. Para Grosfoguel (2008) a universalização de pensamento hierarquizou o conhecimento, entre povos superiores em inferiores. O método utilizado nesse artigo busca fontes qualitativas históricas dos pontos de vista todo mundo, mas principalmente autores de países considerados subalternos. Matérias que analisam as relações entre países e globalização. Previamente identificam-se os conceitos sobre capitalismo, globalização e translocalidade, para formular o entendimento das relações de hegemonia e subordinação. Como acontecem as explorações e as consequências que isso gera. Em seguida a certificação dos problemas internos e regionais, que dificultam a luta contra a dominação cultural, territorial e econômica. A CONSTRUÇÃO DAS NOVAS FORMAS DE IMPERIALISMO Para caracterizar o imperialismo do século XXI é importante entender os seguintes pontos: Excedentes do capitalismo, globalização e translocalidade. O primeiro se refere a necessidade constante de conflitos para eliminar os excedentes do capitalismo, que usualmente entra em crises - uma evidencia disso é a capacidade de incluir/ abranger toda sociedade, sendo assim uma opção de eliminar excedente é a dominação econômica conectado ao próximo ponto, globalização. Desde que o progresso tecnológico virou a ferramenta principal de produção, a população se acostumou a consumir esse tipo de produto, que nem todos os países são capazes de oferecer, deste modo à cooperação tecnológica virou uma forma de dominar países sutilmente para suprir algumas demandas. O terceiro ponto se refere a mescla de culturas, as migrações, busca por novas/melhores oportunidades, turismo e regiões de fronteira, levam a uma intercultura, para Appadurai (1997) as concepções modernas de cultura homogênea tendem a desgastar as relações e imposição cultural pode ser mais violenta. E ainda existe um softpower pouco explorado no campo de estudo, sobre formas de dominação, que são as organizações transnacionais. Algumas se limitam a poucos países considerados com poder significativo na ordem mundial, que tem tomada de decisões definitivas para os ciclos dos movimentos mundiais e existem organizações que reúnem países com interesses em comum, ou seja, países signatários dos termos estabelecidos nessas organizações. A primeira é um pouco mais explicita nos termos gerais, controle de grandes forças para equilibrar as tensões de poder, entretanto os termos gerais mascaram que a real necessidade de equilibrar os poderes é sobre: o que esse poder controla. A segunda possui termos gerais de controlar as tensões implicadas em todo cenário internacional, como os Direitos Humanos. Contudo ainda há favorecimento de algumas nações. A difusão desses fatores econômicos e culturais elimina as politicas de controle territorial, modificando as formas de controle imperialista, ocupando territórios não só por questões politicas, mas também por sanções econômicas. No entanto sendo o capitalismo a principal arma do domínio, não pode se reduzir a apenas fatores políticos e econômicos, também as modificações que causa a vida social. A comercialização do avanço tecnológico monopolizou as necessidades, atualmente básicas, das dependências tecnológicas das populações dos países dominados. A partilha dos capitais desiguais entre o mundo faz crescente o desejo segundo Lander (--) por valores básicos como riqueza, natureza, história, ao progresso, ao conhecimento e à boa vida. Para garantir os pontos de garantias básicas as hegemonias oferecem seu apoio a outras culturas. Ao analisar mais profundamente essa é a milícia das hegemonias, oferecer proteção aos danos e riscos que elas mesmas causaram e causam aos outros países. Durante as tensões existentes entre países imperialistas que disputam o controle, de inúmeras formas, dos territórios explorados, há uma guerra que afeta muito mais aqueles que estão à margem do centro e sofrem imediatas intervenções culturais. O que é contido pelo discurso da globalização, que realçam pontos fortes e um tanto quanto utópicos como: união de um mundo sempre dividido e a integração que poderia aos poucos diminuir a desigualdade. Dessa premissa destaca-se o seguinte ponto, a globalização não é um fenômeno totalmente novo. Primeiro há uma resistência colonial, então com algumas mudanças surge o imperialismo, que também logo encontra empecilhos e se transfigura na globalização, que representa a intercultura, mas significa a comercialização de excedentes e a acumulação de capital mundial. A consolidação da globalização se da devido a necessidade de Estado e população de conversarem entre si, nada mais que umahierarquização de interesses. A hierarquização dos interesses passa do Estado que almeja o controle, das elites comerciais que controlam o operário e do operário que deseja garantir o bem familiar. A cultural patriarcal que vem de um processo longo, mas não contido apenas no domínio hegemônico, cooperou para a massificação do novo processo global. De contra ponto ao imperialismo, capitalismo e globalização existe o socialismo, que não induz ao acumulo de capital e pretende suprir as necessidades populacionais básicas, com a partilha de bens. Dessa forma a escolha pareceria obvia a qualquer povo que quer seus bens garantidos, mas as lutas empregadas durante a Guerra Fria criou um medo diante da pobreza, o poder econômico de uns e a necessidade material de outros superou e definiu o modo de vida empregado na maioria dos Estados atualmente. O socialismo não mascarou sua queda, os que adotaram esse modo de vida perderam o apoio central, mas logo se reergueram diante do mundo e seus avanços. O capitalismo apoia sua decadência nos subordinados do seu sistema, as consequências para esses que sofreram e ainda sofrem algum tipo de exploração e consomem os excedentes do sistema capitalista, é sem precedentes. DETERIORAÇÃO DA IDENTIDADE O disfarce cultural, resultado das constantes intervenções culturais de um Estado em outro torna difícil à retomada de raízes, fator determinante para a população e Estado encontrarem um objetivo comum. A maioria dos países dominados conta a sua história através da natureza e não de escritos, a identificação de pensamentos nativos e culturais antes do eurocentrismo são menos massificados, pois a natureza e o povo foram destruídos, expropriados e aculturados. Impedindo que muito da história fosse contada e os conhecimentos que há muito já existia fosse reconhecido e valorizado. Para ARENDT (1993) a politica sempre é tratada com profundidades diferentes, o que sinaliza na verdade a ausência de profundidade. A troca de poderes e de eixos de pensamentos traz a dificuldade de politicas de nacionalidade, os projetos de aproximação com a população sempre são rompidos. Muitas vezes os rompimentos bruscos dos direitos levou a distanciação do interesse nacional. Falta de nacionalidade implica em internacionalizar, em outras palavras valorizar outras culturas mais do que a própria. Em outros aspectos a constante troca de eixos também interfere nas relações internacionais, que diz respeito aos países próximos e o fortalecimento de blocos. Apoios sólidos nunca são selados, perdem e ganham força frequentemente. Alguns blocos até disputam forças, tensões criadas para inserção de países que não fazem parte do centro criam para se inserir no jogo internacional. Além do não fortalecimento de blocos, alguns blocos se consolidam para garantir a exploração em troca de algumas garantias, muitos países ainda vivem e movimentam a economia a partir das exportações e do investimento estrangeiro. Devido a todos esse fatores os países vão perdendo a identidade aos poucos, para sobreviver em meio ao mundo globalizado, apenas pelo anseio de assegurar garantias básicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A de fato a necessidade de reconhecimento de estudos sul-globais, para valorização cultural e descolonização do pensamento, que em maioria valoriza o conhecimento eurocêntrico. O questionamento de correntes massificadas de países centrais pode esclarecer como a cultura é usada de forma a dominar e interferir nos Estados. A translocalidade se manifesta de muitas maneiras, no entanto não é identificada durante seu processo, e sim nos resultados. A luta entre países do eixo sua para competir no fornecimento e troca de benefícios os afasta, quando poderiam para suprir sua necessidade. A dificuldade de formar alianças se da devido aos atrativos oferecidos pelas elites, que suprem mais rapidamente as necessidades, o meio tomado é sempre o mais fácil. Para formar blocos novos de cooperação e para se desvincular da exploração é mais trabalhoso e exige maior dedicação dos governantes, tendo que muitas vezes deixar outros processos de lado. Arriscar uma mudança de negócios dos países pode desagradar a população que anseia pelo que é internacional e descredibilizar a liderança do país. Perder a confiança da população é uns dos maiores medos dos chefes políticos, mas a identidade do povo foi destruída pelo capitalismo, sendo fundamental a reconstrução de bases nacionais de cultura. A construção de bases nacionais de tecnologia, investigação da excelência da produção e exploração dos meios de troca. REFERENCIAS ARENDT, Hannah. O que é Política? Rio de Janeiro: Bertrand, 1993. APPADURAI, Arjun. Soberania sem territorialidade: notas para uma geografia pós- nacional. Novos Estudos CEBRAP, p. 33-46, nov. 1997. GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n.80, p.115-147, 2008. LANDER, Edgar. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, Edgar (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sócias. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires VIGEVANI, Tullo. Ciclos longos e cenários contemporâneos da sociedade internacional. Lua Nova, n.46, p.5-53, 1999.
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