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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO UFC VIRTUAL CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS POLO: CAMOCIM INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA TUTOR: Prof. Ms. VICENTE NETO LINGUAGEM HINDUS – textos sagrados deveriam ser lidos sem prejuízo da pronúncia correta das palavras em sânscrito. PLATÃO – A língua tem algum vínculo direto e essencial com a realidade espiritual ou física ou é puramente arbitrária? APOLÔNIO – Ênfase no aspecto semântico. Tratado sobre a sintaxe grega. TRÁCIO 1ª. Gramática grega de que se tem notícia (séc. II a.C.) SEM FINS CIENTÍFICOS. Pautava-se propriamente regras do grego falado pela elite. Gregos são os precursores no que tange às reflexões sobre linguagem. ROMA Influência dos gregos sobre os romanos. Tanto a cultura quanto os métodos gregos de educação foram adotados em Roma. GRAMÁTICA PADRÃO GRAMÁTICAS ROMANAS CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA (TRAVAGLIA, 2006) Gramática normativa é o conjunto sistemático de regras estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos escritores clássicos para reger o falar e o escrever bem. Nessa concepção, a variedade dita padrão é tida como ideal e única a ser seguida por todos os falantes da língua, tudo que não se insere nesta variante é considerado agramatical. Esta gramática é totalmente prescritiva e se baseia em parâmetros equivocados como purismo, tradição, prestígio das classes dominantes, etc, que determinam seus argumentos a favor da estética, do elitismo, da força política, da clareza e precisão e da tradição histórica. Gramática descritiva se define como “um conjunto de regras que o cientista encontra nos dados que analisa, à luz de determinada teoria e método”. TRAVAGLIA (2006, p. 27) diz que “essas regras seriam utilizadas pelos falantes na construção real dos enunciados”. As gramáticas estruturalistas que dão ênfase à descrição da língua oral e as gramáticas que trabalham com enunciados ideais, como a gerativo-tranformacional, são representantes dessa concepção. Gramática internalizada ou implícita é aquela que considera a língua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade, no qual o usuário estabelece um acordo tácito. Falar correto significa aquilo que a comunidade lingüística espera e erro em linguagem equivale a desvios dessa norma. Nessa concepção de gramática não há erro lingüístico, mas inadequação da variedade lingüística usada em uma determinada situação de comunicação. Essa gramática, segundo TRAVAGLIA (op. cit), é o próprio objeto da descrição e não existe em livros, razão pela qual é chamada de gramática internalizada. SÉCULO XIX - COMPARATIVISMO No século XVIII, William Jones estudou as semelhanças entre o sânscrito, o latim e o grego. LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA EM 1786 Permite a reconstrução de uma língua antiga, ou de estágios de uma língua, com base na comparação das palavras e expressões aparentadas em diferentes línguas ou dialetos dela derivados. CIÊNCIA Conjunto de conhecimentos sistemáticos, decorrentes de estudos, observações, experimentos etc. (AURÉLIO, 2008) Saber informal que se adquire de uma forma natural (espontâneo). É um saber muito simples que não exige grandes esforços. Saber formal que requer um longo processo de aprendizagem escolar. Para que seja um estudo científico... 1) O estudo deve debruçar-se sobre um objeto reconhecível igualmente pelos outros; 2) O estudo deve dizer do objeto algo que ainda não foi dito ou rever sob uma óptica diferente o que já se disse; 3) O estudo deve ser útil aos demais; 4) O estudo deve fornecer elementos para a verificação e a contestação das hipóteses apresentadas e, portanto, para uma continuidade pública; A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA A Linguística é definida como o estudo científico da linguagem ou ainda como “o estudo científico e desinteressado dos fenômenos linguísticos” (Câmara Jr, 1985). A partir do século XIX a Lingüística adquiriu o status de ciência. Louis Ferdinand de Saussure: “Pai da Linguística”: utilizou método sistemático para explicar como funcionam as línguas humanas. Curso de Lingüística Geral: o livro fundador da Lingüística Moderna. Ele é resultado de anotações de dois alunos de Saussure: Charles Bally e Albert Sechehaye. A tarefa da Linguística é falar sobre a(s) língua(s), conhecer suas diferenças, semelhanças e funcionamento. OBJETO DA LINGUÍSTICA LÍNGUA Ferdinand de Saussure Para Saussure... Linguagem Língua “A língua não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela [...].” (p. 17) LÍNGUA / FALA LÍNGUA LÍNGUA Instituição Social Sistemática Homogênea Constante Duradoura Sistema Forma Individual Multifacetada Heterogênea Variável Momentânea Não-sistêmica Substância FALA Língua = Conjunto de signos “O signo linguístico é, pois, uma entidade psíquica de duas faces [...] que é a combinação do conceito e da imagem acústica [...]” (p. 80-81) Imagem acústica Conceito Signo linguístico Animal mamífero da espécie Equus”, da mesma família dos asnos, zebras... IMAGEM ACÚSTICA (Significante) CONCEITO (SIGNIFICADO) Características do Signo Linguístico O signo possui dois planos: Um que se refere a idéia que se forma em nossa mente: PLANO DO CONTEÚDO; Outro que se refere aos sons que formam a palavra: PLANO DA EXPRESSÃO. SIGNIFICADO PC SIGNIFICANTE PE PRINCÍPIOS DO SIGNO LINGUÍSTICO SIGNO Arbitrariedade Linearidade Arbitrariedade Mar Arbitrário mesmo? linearidade bicicleta bi ci cle ta b i c i c l e t a DICOTOMIAS SAUSSUREANAS A linguística estática e a evolutiva tempo Eixo das Simultaneidades Eixo das Sucessões Sincronia Diacronia SINCRONIA DIACRONIA Tudo aquilo que se relaciona com o aspecto estático da nossa ciência. Tudo que diz respeito às evoluções. Vossa Mercê Vosmecê Você Ocê Psiu TER = POSSE Tem dias que não o vejo... Eu tenho de fazer isso... RAMOS OU CORRENTES DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA Estruturalismo Gerativismo Funcionalismo Linguística de Texto Psicolinguística Sociolingüística Neurolinguística, etc. O ESTRUTURALISMO Saussure: define que a língua possui uma organização interna, a que ele chama de sistema. Este sistema representa uma estrutura. A língua é considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, em que cada elemento tem um valor funcional determinado. Procurou-se valorizar a ideia de que cada elemento da língua só adquire um valor na medida em que se relaciona com o todo de que faz parte. A língua é, assim, um “sistema de valores”, sendo os fonemas, os morfemas, as palavras, as frases, o texto, enfim, todas as formas linguísticas são valores que se opõem entre si, formando as mais variadas estruturas da língua. ESTRUTURALISMO NORTE-AMERICANO EXPOENTES SAPIR / WHORF Sociedade determina a aquisição da linguagem pelo indivíduo. A linguagem, então, é uma função adquirida pela cultura. LINGUAGEM SE RELACIONA COM PENSAMENTO: este é determinado por aquela. “A ESTRUTURA DE UMA LÍNGUA PARTICULAR INCIDE NO MODO DE PENSAMENTO DE SEUS FALANTES.” BLOOMFIELD Comunidade de fala determina o processo de aquisição da linguagem pelo indivíduo. Pela imitação, pelos estímulos recebidos, a fala vai se aperfeiçoando e, com base neste esquema de estímulo-resposta, no fortalecimento da repetição correta se efetiva a aquisição da linguagem. Gerativismo Ao final da década de 50, a “escola” estruturalista já demonstrava alguns sinais de esgotamento. Noam Chomsky lançou as bases da Gramática Gerativo Transformacional . “Mais importante do que prover descrições detalhadas de frases já produzidas, era procurar entender a natureza do sistema que o falante deve ter internalizado para ser capaz de produzir um número infinito de frases da língua”. Gramática gerativo-transformacional Chomsky usa o termo gramática tanto para se referir ao conjunto de regras internalizadas pelo falante de uma dada língua quanto para se referir às suposições que o linguista faz quanto a quais são estas regras. Gramática gerativa consiste no conjunto de regras que especificam quais as sequências possíveis e as impossíveis numa dada língua. Competência e desempenho para Chomsky Competência de um falante é aquela porção do seu conhecimento – seu conhecimento do sistema linguístico – por intermédio da qual ele é capaz de produzir o conjunto infinitamente grande de sentenças que constitui a sua língua . Desempenho é comportamento linguístico; e é determinado não apenas pela competência linguística do falante, mas também por uma variedade de fatores não linguísticos que incluem, por um lado, convenções sociais, crenças acerca do mundo, as atitudes emocionais do falante em relação ao que está dizendo, seus pressupostos sobre as atitudes de seu interlocutor, etc., e, por outro lado, o funcionamento dos mecanismos psicológicos e fisiológicos envolvidos na produção dos enunciados. O Funcionalismo e os círculos linguísticos O Funcionalismo é uma teoria das expressões linguísticas EM USO. No uso efetivo da linguagem, as expressões não garantem por si mesmas a eficácia da interação entre os indivíduos. Ele se caracteriza por considerar a competência comunicativa no uso da língua. O usuário, nesta perspectiva, assume o papel central numa abordagem funcional. FUNCIONALISMO EXPOENTES Círculo Linguístico de Moscou Sua criação deve-se a Roman Jakobson e data de 1915. Reuniu os formalistas russos. Preconizou-se o estudo da língua e das leis da produção poética com base na análise de contos, da narrativa, dos poemas populares. Orlandi (1986) afirma que: “O endurecimento de posições políticas dessa época na Rússia teve conseqüências nos planos ideológico e literário que resultaram na condenação do formalismo (1923) e na extinção do círculo”. Círculo Linguístico de Praga Fundação: 1926. Os dois nomes russos de grande importância são Roman Jakobson e Nikolaj Trubetzkoy. Outros nomes: Mathesius (tcheco) e Karcevsky (russo), Havranek, Trnka, Skalicka. Centraram suas análises no domínio da Fonologia e da Poética. O Círculo começou em Haia, com um manifesto, cujo título era: “Travaux du Cercle Linguistique de Prague”. Suas análises focaram interesses em temas específicos da Linguística Geral e não centraram em uma concepção metodológica. Para eles “não se pode considerar nenhum elemento da língua fora do sistema” (Helbig, 1974), por outro lado destaca-se também o “point de vue de la fonction”, o ponto de vista funcional. Por isto a Lingüística do Círculo de Praga foi mais tarde denominada por como Lingüística funcional. A Escola de Praga parte da observação direta da língua, sem a separação radical entre sincronia e diacronia e da concepção de língua sempre como correlato da realidade extralinguística. Para um aprofundamento das leituras sobre Círculo Lingüístico de Praga é necessário uma atenção à Fonologia (Trubetzkoy), funções da linguagem (Karl Bühler), oposições em Morfologia (Jakobson), a noção tema/rema – perspectiva funcional da frase (Mathesius). Círculo Linguístico de Copenhagen Tem início em 1931. Uma teoria lingüística universal, considerando a Lógica–Matemática, é a preocupação deste Círculo, em detrimento da Literatura. Orlandi (1986) diz que “As aplicações práticas são raras, pois o que interessa aos membros desse círculo é produzir uma radicalização abstrata e logicista do pensamento de F. de Saussure”. A maior contribuição da Escola de Copenhagen vem a ser o método fonológico para a descrição dos fonemas em relação ao conteúdo da língua. Após o reconhecimento da estrutura exata do sistema de fonemas, há uma estrutura análoga a ser pesquisada no âmbito do conteúdo. É o que acontece no Círculo de Copenhagen, a concepção de dois níveis: um plano do conteúdo (content plane) e um plano da expressão (expression plane). A essência da língua como objeto da lingüística estrutural é compreendida em Copenhagen como um esqueleto, que é representado pelas relações entre sons e significados, mas não entre sons e significados por si só, mas entre forma de sons e forma de significados. O princípio fundamental é a determinação da substância através da forma. A álgebra glossemática imanente é um sistema de dependências (funções) entre conceitos, os quais somente se caracterizam pela sua dependência entre um e outro. (HELBIG, 1974). Círculo Linguístico de Viena No século XVII as gramáticas gerais e racionais, fundadas na razão, impulsionam os estudos a uma concepção de língua universal. [...] instaura-se uma política da razão, que implicará a divisão entre enunciados com ou sem sentido. Esta divisão faz a Linguística se ressentir de estudos acerca, justamente, de enunciados com sentido não claramente definido (ambigüidade), e a coloca em um patamar do qual só se vislumbra uma linguagem racional, sem interferências da afetividade. Este o primeiro passo para um distanciamento do Estruturalismo de Saussure e os primeiros passos do Gerativismo de Chomsky. Paradigmas Formalista e Funcionalista (duas grandes correntes do pensamento linguístico) Formalismo: A análise da forma linguística é primária. Funcionalismo: A função das formas linguísticas parece desempenhar um papel predominante. Interesses de cada corrente: Formalismo: Fonemas; morfemas; palavras- lexemas; sintagmas-sintagnemas. Funcionalismo: Entonação-prosódia; gramática; discurso. PARADIGMA FORMAL PARADIGMA FUNCIONAL Como definir a língua Conjunto de orações Instrumento de interação social Principal função da língua Expressão dos pensamentos Comunicação Correlato psicológico Competência: capacidade de produzir, interpretar e julgar orações. Competência comunicativa: habilidade de interagir socialmente com a língua. PARADIGMA FORMAL PARADIGMA FUNCIONAL O sistema e seu uso O estudo da competência tem prioridade sobre o da atuação. O estudo do sistema deve fazer-se dentro do quadro do uso. Língua e contexto/situação As orações da língua devem descrever-se independentemente do contexto/situação. A descrição das expressões deve fornecer dados para a descrição de seu funcionamento num dado contexto. PARADIGMA FORMAL PARADIGMA FUNCIONAL Aquisição da linguagem Faz-se com uso de propriedades inatas, com base em um input restrito e não-estruturado de dados. Faz-se com a ajuda de um input extenso e estruturado de dados apresentado no contexto natural. Relação entre a sintaxe, a semântica e a pragmática. A sintaxe é autônoma em relação à semântica; as duas são autônomas em relação à pragmática; as prioridades vão da sintaxe via pragmática, via semântica. A pragmática é o quadro dentro do qual a semântica e a sintaxe devem ser estudadas; as prioridades vão da pragmática à sintaxe, via semântica.
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