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ECONOMIA POLÍTICA Aula 04 – RICARDO E MALTHUS 2º Semestre Direito 2013/2 Prof.ª Me.ª Natalia Scartezini DAVID RICARDO 1772-1823 Inglaterra Economia Clássica Herdeiro do pensamento liberal de Adam Smith Principal obra: “Princípios de economia política e tributação” de 1817. Principais pontos de seu pensamento: teoria do valor-trabalho, teoria da renda da terra, teoria do estado estacionário e teoria das vantagens comparativas. Ricardo possuía uma visão a-histórica do capitalismo, afirmando que suas relações sociais eram naturais e eternas. Entendia assim, a história e as formas sociais anteriores ao capitalismo como o próprio desenvolvimento das instituições capitalistas. Para Ricardo as transformações na estrutura social não seriam possíveis. Caberia à mão invisível do mercado harmonizar os conflitos de interesses nos âmbitos local, nacional e internacional. Assim, para David Ricardo, o capitalismo seria eterno e insuperável. TEORIA DO VALOR-TRABALHO Pressupostos Como determinar os salários? Mínimo necessário para a subsistência do trabalhador. Quanto menor é o preço dos gêneros de primeira necessidade, menores serão os salários. Quanto menores os salários, maiores serão os lucros. O aumento dos salários ocasiona a redução da taxa de lucro. Assim. Para aumentar os lucros do capitalistas, seria necessário diminuir o preço dos gêneros de primeira necessidade (papel da importação – teoria das vantagens comparativas). Valor de troca = preço Preço = trabalho direto + trabalho indireto + custo do lucro O preço (valor de troca) é determinado pelo trabalho empregado diretamente e indiretamente (maquinário, matéria-prima, etc.) na produção das mercadorias. Trabalho direto trabalho presente Trabalho indireto trabalho passado Para Ricardo “o valor de troca das mercadoria produzidas seria proporcional ao trabalho dedicado à sua produção – não somente imediata, mas também à fabricação de todos aqueles implementos ou máquinas necessários à realização do trabalho ao qual foram aplicados”. (RICARDO, 1982. p. 47. Apud: GENNARI; OLIVEIRA, 2009. p. 81). “É importante frisar que, para Ricardo, a quantidade de trabalho tem influência direta na determinação do valor de troca das mercadorias, mas uma alteração nos salários não afeta seu valor de troca, mas tem interferência direta e é inversamente proporcional no que tange aos lucros”. (GENNARI; OLIVEIRA, 2009. p. 81). Pontos da teoria do valor-trabalho de Smith que Ricardo vem refutar 1) tempos de trabalho iguais para a produção de mercadorias geram valores de troca (preços) idênticos. 2) Os aumentos de salários acarretam um aumento direto dos preços das mercadorias. A importância do trabalho INDIRETO para a determinação do preço das mercadorias SUPONDO QUE: 100 unidades das mercadorias X e Y demoraram 400 horas para serem elaboradas. Na mercadoria X há 100 horas de trabalho direto e 300 horas de trabalho indireto. Em Y há 300 horas de direto e 100 horas de trabalho indireto (X possui mais e melhor maquinário que Y, por exemplo). A taxa médica de lucro é de 50% e o valor pago pela mão de obra é $1,00 por unidades de trabalho, em um primeiro momento. Em um segundo momento, a taxa de lucro é de 10% e os salários são de $2,00. MERCADORIA X 100Hrs trab. direto 300 hrs trab. indireto 75hrs Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 capital A mercadoria X possui 100 hrs de trabalho direto (trabalho presente) e 300 hrs de trabalho indireto (trabalho passado) compondo o total de 400 hrs necessárias para sua produção. As 300 hrs de trabalho passado foram empregadas uniformemente ao longo de 4 anos de produção (+ 1 ano de trab. presente), compondo o montante do seu capital. 300 hrs de trab. direto 100 hrs trab. indireto 50 hrs capital Ano 01 Ano 02 Ano 03 MERCADORIA Y A mercadoria Y possui 300 hrs de trabalho direto (trabalho presente) e 100 hrs de trabalho indireto (trabalho passado) totalizando as 400 hrs necessárias para sua produção. As 100 hrs de trabalho indireto foram distribuídas uniformemente ao longo de 2 anos de produção (+ 1 ano de trab. presente) compondo o montante de seu capital. MOMENTO 01 SALÁRIOS: $1,00 e TAXA DE LUCRO: 50% A.Custo do trabalho (número de unidades vezes salário) B.Custo damaquinaria (custo do trabalho passado composto anualmente pela taxa de lucro) C.Custo do lucro (taxa de lucro vezesa soma de A e B) D.Custo total (A + B + C) E.Preço por unidade (D dividido por 100) Mercadoria X $ 100,00 $ 914,08 $ 507,04 $ 1521,12 $15,21 Mercadoria Y $300,00 $ 187,50 $ 243,75 $ 731,25 $7,31 A.Custo do trabalho (número de unidades vezes salário) B.Custo damaquinaria (custo do trabalho passado composto anualmente pela taxa de lucro) C.Custo do lucro (taxa de lucro vezesa soma de A e B) D.Custo total (A + B + C) E.Preço por unidade (D dividido por 100) Mercadoria X $200,00 $765,78 $96,58 $1062,36 $10,62 Mercadoria Y $600,00 $231,00 $83,10 $914,10 $9,14 MOMENTO 02 SALÁRIO: $2,00 e TAXA DE LUCRO: 10% Conclusões de Ricardo O tempo de trabalho indireto é fundamental para a composição dos preços. X e Y possuem a mesma quantidade de trabalho empregada para a sua produção (400hrs), porém o preço de X é sempre maior por conta do trabalho indireto acumulado (capital). Quando os salários aumentam as mercadoria que possuem maior quantidade de trabalho direto têm seus preços aumentados. Em contrapartida, aquelas que possuem maior quantidade de trabalho indireto empregado na produção, têm seus preço reduzidos. Só pode haver aumento de salários com a redução da taxa de lucros. Assim, o aumento dos salários não leva necessariamente (como acreditava Smith) a um aumento do preço final dos produtos, isto porque a taxa de lucro empregada ao longo da cadeia produtiva será reduzida. Ou seja, os lucros são determinado na razão inversa dos salários. Thomas Malthus 1766-1834 (Inglaterra) Economia Clássica Tema principal: a relação entre o aumento populacional e os níveis de satisfação social; e crise de superprodução. Principais obras: “Crescimento demográfico e produção de alimentos: primeiras proposições” de 1798; e “Sobre as leis de amparo aos pobres” de 1803. Contexto social: expansão da industrialização e da exploração dos trabalhadores ingleses nas fábricas das cidades. Teoria populacional malthusiana Dois postulados: O alimento é necessário à existência do homem; A paixão entre os sexos é necessária e nunca deixará de existir. Sendo assim, Malthus chega à seguinte conclusão: “(...) a população, quando não obstaculizada, aumenta a uma razão geométrica. Os meios de subsistência aumentam apenas a uma razão aritmética. Uma ligeira familiaridade com números mostrará a imensidade da primeira capacidade comparativamente à segunda”. (MALTHUS, 1798. Apud: GENNARI; OLIVEIRA, 2009. p. 72). Ou seja: “Malthus supôs que a capacidade de crescimento da população é indefinidamente superior à capacidade da terra de produzir os meios de subsistência necessários”. (GENNARI; OLIVEIRA, 2009. p. 72). Assim, o bem estar da população estaria intimamente relacionada às suas taxas de crescimento. Um crescimento desordenado poderia provocar a fome, já que a produção de alimentos não conseguiria acompanhar o crescimento populacional. alimentos população FOME Desta forma, era imprescindível controlar o aumento da população, através de: Abstinência sexual até o casamento; Controle do número de casamentos; Ter apenas os filhos que a renda da família permita sustentar; Controle da natalidade através do aumento da mortalidade (fome, pragas e doenças). Sobre as leis de amparo aos pobres Malthus era veementemente contra quaisquer tipos de políticas de amparo aos pobres (políticas distributivas, por exemplo). Para ele, os pobres padecem de uma deficiência moral que não pode ser sanada e lhes entregar parte do produto líquido nacional seria descabido pois eles poderiam gastá-lo em futilidades, como festas, vícios e orgias. Assim, seria melhor manter a renda concentrada nas mãos daqueles que sabem poupar, pois estes conseguiriam reinvestir este montante e estimular o ciclo da economia e da produção de riquezas. A ideia seria: deixar o bolo (a riqueza econômica) crescer para só depois reparti-lo. E ainda: o repasse de verba aos pobres seria extremamente maléfico à sociedade, pois acarretaria um aumento na procura por víveres e, assim, determinaria um aumento no preço destes produtos. O aumento da renda dos pobres estimularia seu aumento populacional. Algo que poderia provocar a fome, pois não haveria alimentos para todos. “Desse modo, toda a ajuda aos pobres não passaria de uma ilusão, pois sua consequência inevitável seria o aumento da fome, uma vez que, além da elevação dos preços em razão do aumento da demanda, ainda teríamos, com a aceleração do consumo, a eliminação dos estoques e de toda a produção de víveres antes mesmo que pudessem ser repostos no tempo, e, assim, teríamos a piora para o conjunto da população”. (GENNARI; OLIVEIRA, 2009. p. 75). As crises de superprodução Malthus discordava de Smith em relação às leis da oferta e da demanda. Desacreditava na função da mão invisível do mercado em regular esta lei. Para Malthus, a ambição dos capitalistas de acumular faz com que eles sempre produzam mais mercadorias do que o sistema pode consumir. Estas mercadorias vão se acumulando no mercado e, de tempos em tempos, o sistema não consegue mais escoar novas mercadorias por conta das antigas ainda sobressalientes. Assim, as mercadorias velhas precisam ser dizimadas para dar espaço às novas, ou fazer girar o novo ciclo do sistema produtivo. Exercícios para fixação Segundo David Ricardo, como devem ser determinados os salários dos trabalhadores? E como é possível aumentar os lucros dos capitalistas? Explique o papel que o trabalho indireto possui para a composição do valor de troca das mercadorias, segundo David Ricardo. De acordo com Ricardo, por que nem sempre o aumento dos salários vai ocasionar o aumento do preço das mercadorias? Explique a teoria da população de Malthus. Explique por que Malthus era contra às leis de amparo aos pobres (políticas distributivas). Dê um exemplo histórico de uma crise de superprodução. Bibliografia utilizada nesta aula HUNT, E. K. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1981. GENNARI, ADILSON MARQUES; OLIVEIRA, ROBERSON de. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 71-88. RICARDO, DAVID. Princípios de economia política e tributação. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
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