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Neoliberalismo

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Neoliberalismo
Neoliberalismo é um termo que, especialmente a partir do final dos anos 1980, tem
sido empregado por uma ampla variedade de estudos acadêmicos, notadamente em
economia política e economia do desenvolvimento, em substituição a outros termos
anteriormente utilizados, tais como monetarismo, neoconservadorismo, Consenso de
Washington ou "reforma do mercado", por exemplo,[1] sobretudo numa perspectiva
crítica,[2] para descrever o ressurgimento de ideias derivadas do capitalismo laissez­faire
(apresentadas pelo liberalismo clássico) e que foram implementadas a partir do início
dos anos 1970 e 1980.[3] Seus defensores advogam em favor de políticas de liberalização
econômica extensas, como as privatizações, austeridade fiscal, desregulamentação, livre
comércio, e o corte de despesas governamentais a fim de reforçar o papel do setor
privado na economia.[4][5][6] [7][8][9][10][11][12][13]
Neoliberalismo é um conceito cujo uso e definição têm sofrido algumas alterações ao
longo do tempo.[7] Na década de 1930, neoliberalismo tratava­se de uma doutrina
econômica que emergiu entre académicos liberais europeus e que tentava definir uma
denominada "terceira via" capaz de resolver o conflito entre o liberalismo clássico e a
economia planificada coletivista.[14] Este desenvolvimento remontou ao desejo de evitar
a repetição das falhas econômicas que deram origem à crise de 1929, cuja causa era
atribuída principalmente à política económica do liberalismo clássico. Nas décadas
posteriores, a teoria neoliberal tendeu a divergir da doutrina mais laissez­faire do
liberalismo clássico, promovendo, em vez disso, uma economia de mercado sob a
orientação e regras de um estado forte ­ modelo que viria a ser denominado economia
social de mercado. O neoliberalismo é assemelhado ao neoconservadorismo quanto ao
expansionismo para espalhar os valores que os seus mentores consideram ocidentais no
mundo, principalmente nos anos 70.[15]
Na década de 1960, o uso do termo "neoliberal" entrou em acentuado declínio, mas,
quando foi reintroduzido, na década de 1980, o seu significado tinha se alterado e
passou a ser associado às reformas económicas implementadas no Chile, nos anos 1970,
durante a ditadura de Augusto Pinochet, que contou com a colaboração de Hayek, dos
Chicago Boys [16] e da CIA.[17] :40 [18] Neste período, a palavra não apenas adquiriu uma
conotação negativa diante dos críticos da reforma do mercado, como também havia
mudado de significação ­ deixando de ser considerado como uma forma moderada de
liberalismo, para ser entendido como um conjunto de ideias mais radicalmente
favoráveis ao capitalismo laissez­faire. Os académicos passaram, então, a associar o
neoliberalismo às teorias dos economistas Friedrich Hayek, da Escola Austríaca, e
Milton Friedman, da Escola de Chicago.[7] Nos anos 1980, o termo passa a ser usado por
acadêmicos ligados a diferentes ciências sociais, sobretudo na crítica a esse
ressurgimento das ideias derivadas do liberalismo econômico laissez faire do século
XIX[19][20] [9] [21] O emprego do termo expandiu­se rapidamente ao longo dos anos 1990,
consolidando­se nos anos 2000.[22]
Assim, uma vez estabelecido o novo significado da palavra entre os académicos de
língua espanhola, este difundiu­se para a literatura de economia política, em língua
inglesa,[7]associando­se ao conjunto de políticas económicas introduzidas por Augusto
Pinochet, no Chile, Margaret Thatcher, no Reino Unido, e Ronald Reagan, nos Estados
Unidos.[8] A mudança no consenso que ocorreu durante as décadas de 1970 e 1980 em
prol das teorias econômicas e políticas neoliberais, é considerada por alguns estudiosos
como sendo a raiz da financeirização da economia[23]que culminaria com a crise de
2008.[24][25] [26][27][28]
A produção acadêmica acerca do fenômeno do neoliberalismo tem crescido,[29] e o
impacto da crise global de 2008 na economia global tem suscitado novas críticas ao
modelo neoliberal, que buscam novas alternativas capazes de promover o
desenvolvimento econômico.[30] Em junho de 2016, um dos maiores defensores do
neoliberalismo, o Fundo Monetário Internacional, publicou um estudo de autoria de três
economistas da instituição reconhecendo que o receituário neoliberal, prescrito pelo
próprio FMI para nortear o crescimento econômico sustentável em países em
desenvolvimento, pode ter efeitos nocivos de longo prazo, dado que, em vez de gerar
crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em
risco uma expansão econômica duradoura, isto é, prejudicando o nível e a
sustentabilidade do crescimento. [31][32][33]
Etimologia
É possível que o termo "neoliberalismo" tenha várias origens. Primeiramente, aparece
em alguns escritos de Mises, de maneira assistemática, quando o autor se refere a
älteren Liberalismus ('velho liberalismo') e neuen Liberalismus (novo liberalismo, que
foi traduzido para o inglês como neoliberalism). [34]
Há também a possibilidade de que a palavra tenha sido uma criação coletiva, durante o
Colóquio Walter Lippman, realizado em Paris (1938 [35]) e do qual participaram Rueff,
Hayek, Mises, Rustow, Röpke, Condliffe, Polanyi, Lippman e Louis Baudin, entre
outros. Como não foram feitas atas nem publicações do colóquio, o único testemunho
de primeira fonte é o livro de Baudin, L'Aube d'un Nouveau Liberalisme, publicado em
1953. [36]
A palavra foi usada em épocas diferentes, com significados semelhantes, porém
distintos:
 na primeira metade do século XX, significou a doutrina proposta por
economistas franceses, alemães e norte­americanos voltada para a adaptação dos
princípios do liberalismo clássico às exigências de um Estado regulador e
assistencialista;
 a partir da década de 1980, passou a significar a doutrina econômica que defende
a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal na
economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e, ainda assim,
num grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que a palavra é mais
usada atualmente.[37] No entanto, autores da filosofia econômica[38] e
comentaristas de economia[39] que se alinham com as postulações liberais
rejeitam a classificação de "neoliberal", preferindo se declarar liberais. Nesse
sentido, pode­se afirmar que neoliberalismo é mais um termo elaborado pelos
críticos dos pressupostos do liberalismo do que uma reivindicação terminológica
por parte dos precursores de sua doutrina.
 a partir da década de 1930 o ordoliberalismo tornou­se a variante alemã do
neoliberalismo.
De acordo com Moraes (2001), o neoliberalismo é:
 uma corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma forma de ver e julgar o
mundo social;
 um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e
congressos, edita publicações e cria think tanks;
 um conjunto de políticas adotadas pelos governos neoconservadores, sobretudo
a partir da segunda metade dos anos 1970, e propagadas pelo mundo a partir das
organizações multilaterais criadas pelo acordo de Bretton Woods (1945), isto é,
o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).[40]
A publicação de O Caminho da Servidão, de Hayek, [41] em 1946, marca, segundo Perry
Anderson, o nascimento do neoliberalismo na Europa e na América do Norte. No livro,
Hayek afirma sua posição contrária ao planejamento econômico e ao coletivismo
predominantes, segundo ele, na Alemanha, na Itália e na "Rússia Soviética", a partir dos
anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. [42] A palavra neoliberalismo recobre
análises de diferentes escolas do pensamento econômico. Sua utilização para designar
este conjunto de análises não faz assim consenso. A palavra é geralmente empregada
pelas correntes críticas ao liberalismo contemporâneo, mas alguns daqueles designados
por este termo podem não se reconhecer como tal, geralmente considerando que a
palavra tenha uma carga depreciativa.
Recentemente, porém, o FundoMonetário Internacional ­ instituição que, por décadas,
foi um dos alvos preferenciais dessas críticas, por defender a aplicação de diretrizes de
política econômica ditas neoliberais ­ publicou, em seu site, o artigo intitulado
"Neoliberalism: Oversold?". Assinado por economistas da instituição,[43] o artigo não
apenas admite a palavra "neoliberalismo" no próprio título como também incorpora a
crítica ao receituário por décadas prescrito pelo próprio FMI aos países em
desenvolvimento, como a rota mais segura para o crescimento econômico sustentável.
Os autores do texto admitem que, de fato, tais prescrições poderiam, a longo prazo, ter
efeito contrário sobre essas economias, aumentando a desigualdade e, afinal,
compromentendo o almejado crescimento econômico sustentado. [44][45]
Histór ia
Or igem e a Escola Austr íaca
A denominação "neoliberal" assemelha­se ao termo 'neoclássico' na História da Arte.
Quando se afirma a existência de governos "neoliberais", a utilização do prefixo 'neo'
não se refere a uma nova corrente do liberalismo, mas à aplicação de alguns dos
preceitos liberais consagrados mas num contexto histórico (qual seja, o contemporâneo)
diverso daquele no qual foram formulados (no início do século XVII, na Inglaterra,
através de John Locke).
As origens do que hoje se chama neoliberalismo nos remetem à Escola Austríaca, nos
finais do século XIX, com o Prêmio de Ciências Econômicas Friedrich von Hayek,[46]
considerado o propositor da sua base filosófica e econômica, e Ludwig von Mises.[47]
A Escola Austríaca[48] adotava a Lei de Say e a teoria marginalista, que veio a ser
contestada, mais tarde, por Keynes, quando formulou suas ideias e defendeu as políticas
econômicas com vistas à construção, na década de 1930, de um Estado de bem­estar
social ou welfare state , também chamado, por alguns, Estado Escandinavo, por ter sido
o modelo adotado pelos países escandinavos (Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia).
[49][50]
Mais recentemente, em 1947, o liberalismo ressurge a partir do célebre encontro entre
um grupo de intelectuais liberais e conservadores realizado em Mont Pèlerin, vilarejo
suiço onde foi fundada uma sociedade de ativistas em oposição às políticas do estado
de bem­estar social, por eles consideradas "coletivistas" e, em última análise,
"cerceadoras das liberdades individuais"[47] A Sociedade Mont Pèlerin dedica­se a
difundir e propagar as ideias conservadoras e liberais da Escola Austríaca e a
combater ideologicamente todos os que delas divergem. Com esse objetivo promove
conferências, publica livros, mantém sites na Internet e conta para isso, em seus
quadros, com vários economistas com treinamento acadêmico, como Jesús Huerta de
Soto,[48] seu vice­presidente e professor da Universidade de Madrid.
Essas ideias atraíram mais adeptos depois da publicação, em 1942 na Inglaterra, do
Relatório Beveridge,[51] um plano de governo britânico segundo o qual — depois de
obtida a vitória na Segunda Guerra Mundial — a política econômica britânica deveria se
orientar no sentido de promover uma ampla distribuição de renda, baseando­se no tripé
da Lei da Educação, a Lei do Seguro Nacional e a Lei do Serviço Nacional de Saúde
(associadas aos nomes de Butler, Beveridge e Bevan).[51]A defesa desse programa
tornou­se a bandeira com a qual o Partido Trabalhista britânico venceu as eleições de
1945, colocando em prática os princípios do estado de bem­estar social.[51]Para Friedrich
August von Hayek, esse programa levaria "a civilização ao colapso".
Em O Caminho da Servidão (1944)[41], Hayek expôs os princípios básicos de sua teoria,
segundo a qual o crescente controle do Estado é o caminho que leva à completa perda
da liberdade, e indicava que os trabalhistas, se continuassem no poder, levariam a Grã­
Bretanha ao mesmo caminho dirigista que os nazistas haviam imposto à Alemanha.[51]
Essas posições de Hayek não são baseadas exclusivamente em leis econômicas ou na
ciência pura da economia, mas evidenciam um significativo componente político­
ideológico. Isso explica por que o economista socialista Gunnar Myrdal, o teórico sueco
inspirador do Estado do bem­estar social, ironicamente, dividiu o Prêmio de Ciências
Econômicas (Prêmio Nobel), em 1974, com seu maior rival ideológico, von Hayek, cujo
livro O Caminho da Servidão tornou­se referência para os defensores do capitalismo
laissez­faire.[50][52]
Essa discussão, que se iniciou no campo da teoria econômica, transbordou, na
Inglaterra, para o campo da discussão político­partidária e serviu de mote à campanha
que elegeu, pelo Partido Conservador, Winston Churchill, que chegou a dizer que "os
trabalhistas eram iguais aos nazistas".[51]
Escola de Chicago
Uma outra vertente do liberalismo surgiu nos Estados Unidos e concentrou­se na
chamada Escola de Chicago, defendida por outro laureado com o chamado "Prêmio
Nobel" de Ciências Econômicas, o professor Milton Friedman. Friedman criticou as
políticas econômicas inauguradas por Roosevelt com o NewDeal, que respaldaram, na
década de 1930, a intervenção do Estado na economia com o objetivo de reverter a
depressão econômica e a crise social daqueles anos . Essas políticas, adotadas quase
simultaneamente por Roosevelt, nos Estados Unidos, e por Hjalmar Horace Greeley
Schacht,[53][54] na Alemanha nazista, foram, três anos mais tarde, defendidas por Keynes,
que lhes deu arcabouço teórico em sua obra clássica The General Theory of
Employment, Interest and Money (1936),[55] cuja publicação marcou o início do
keynesianismo. Ao fenômeno de ressurgência dos princípios liberais do início do século
XX, muitos chamam de neoliberalismo.
Friedman, assim como Hayek, Mises e outros economistas defensores do capitalismo
laissez­faire, argumentou que a política do NewDeal, do Presidente Roosevelt, ao invés
de recuperar a economia e o bem­estar social, teria prolongado a depressão econômica e
a crise social. Segundo Friedman, isto teria ocorrido principalmente, porque o Estado
redirecionara os escassos recursos disponíveis na época para investimentos não viáveis
economicamente, ou seja, o Estado havia desperdiçado recursos, o que, afinal, teria
diminuído a eficiência, a produtividade e a riqueza da sociedade. Em resumo, os
investimentos não estariam sendo realizados tomando como parâmetro principal a
eficiência econômica, e sim a eficiência política. Os recursos destinavam­se aos setores
mais influentes politicamente, aqueles que traziam maior popularidade ao governante,
independentemente de seu valor produtivo para a sociedade.
Friedman era contra qualquer regulamentação que inibisse a ação das empresas. Era
contra, por exemplo, o salário mínimo que, segundo acreditava, além de não conseguir
aumentar o valor real da renda, excluiria a mão de obra pouco qualificada do mercado
de trabalho. Opunha­se, consequentemente, ao salário mínimo e à fixação de qualquer
tipo de piso salarial pelos sindicatos ou outros órgãos de interesse social, pois acreditava
que esses pisos distorceriam os custos de produção, resultando em aumento do
desemprego, queda na produção e redução da riqueza da sociedade ­ aumentando,
consequentemente, a pobreza. Friedman defendeu a teoria econômica que ficou
conhecida como "monetarista" ou da "escola de Chicago"[51]
Declínio do liber alismo clássico
O declínio do liberalismo clássico remonta ao final do século XIX, de início lento. Já no
século XX, após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e a Grande
Depressão que se seguiu, a queda foi vertiginosa. Enquanto o liberalismo era objeto de
descrédito, ganhavam força as teorias que preconizavam a necessidade de intervenção
do Estado na economia, notadamente as ideias de Keynes, aplicadas, quase
simultaneamente, pelo NewDeal de Franklin Roosevelt e pelo governo Nacional
Socialista da Alemanha, onde o ministro da economia Horace Greely Hjalmar
Schacht[56], em três anos (1934–37), conseguiu acabar com o desempregona Alemanha,
sem provocar inflação, adotando um déficit orçamentário de 5% do PIB ­ enquanto o
resto do mundo se afundava cada vez mais na recessão. Essas políticas já tinham sido
incorporadas à legislação alemã no final de 1932 pelo governo de Kurt von Schleicher[57]
e tiveram influência nas políticas do NewDeal de Roosevelt. Em 1936, Keynes
publicou sua obra magna The General Theory of Employment, Interest and Money[58]
que deu o suporte teórico a esse tipo de intervenção governamental na economia que já
vinha sendo adotado, intuitivamente, alguns anos antes da publicação do livro de
Keynes.
Em 1944, os países ricos criaram os acordos de Bretton Woods e estabeleceram regras
intervencionistas para a economia mundial. Entre outras medidas, foi criado o FMI.
Com a adoção das metas dos acordos de Bretton Woods e a adoção de políticas
keynesianas, os 30 anos seguintes foram de rápido crescimento nos países europeus e no
Japão, que viveram sua "Era de Ouro". A Europa renascia, com os financiamentos
concedidos por meio do Plano Marshall, e o Japão teve o período de maior progresso de
sua história. O período de pós­guerra, até o início da década de 1960 foram os "anos
dourados" das economias capitalistas.
Governos neoliber ais
O primeiro país a adotar o receituário neoliberal foi o Chile de Pinochet, com seus
Chicago Boys, no início da década de 1970.
O primeiro governo democrático a se inspirar nos princípios neoliberais foi o de
Margaret Thatcher, na Inglaterra, a partir de 1980. Depois de persuadir o Parlamento
Britânico da eficácia do programa neoliberal, Thatcher fez aprovar leis que revogavam
direitos dos trabalhadores, privatizou empresas estatais e estabilizou a moeda. Tal era o
seu entusiasmo pelo discurso neoliberal, então em voga, que seu governo acabou por
recriar a capitação, um tributo altamente regressivo, aplicado pela última vez no século
XVII. Oficialmente denominado Community Charge e mais conhecido como "Poll tax"
ou head tax tratava­se de um imposto de valor fixo a ser pago por todo e qualquer
cidadão, independentemente da renda ou capacidade de pagamento.
Os neoliberais e a cr ise de 2008
Os neoliberais apontam o modelo keynesiano como sendo o responsável pela crise.
Liderados por economistas adeptos do laissez­faire, como Milton Friedman,
denunciaram a inflação como sendo o resultado do aumento da oferta de moeda pelos
bancos centrais. Responsabilizaram os tributos elevados, juntamente com a regulação
das atividades econômicas, pela queda da produção e pelo aumento da inflação.[51]
A solução que propunham para a crise seria a redução gradativa do poder do Estado,
com a diminuição generalizada de tributos, a privatização[59] das empresas estatais e
redução do poder do Estado de fixar ou autorizar preços.
O período Reagan foi de redução de impostos e de um mais elevado crescimento
econômico, mas também de significativa elevação da dívida pública, o que os
"neoliberais" apontam como sendo um de seus principais problemas.
O neoliber alismo como herdeir o do liber alismo neoclássico
Ver artigo principal: escola neoclássica
Pierre Bourdieu, num artigo publicado em Le Monde diplomatique, datado de março de
1998, vê "a essência do neoliberalismo" naquilo que ele chama de "o mito walrasiano da
"teoria pura". Segundo Bourdieu, o programa neoliberal "tende globalmente a favorecer
a ruptura entre a economia e as realidades sociais". Seria "um programa de destruição
metódica do coletivo", isto é, de "todas as estruturas coletivas capazes de interpor
obstáculo à lógica do mercado puro", tais como as nações, cuja margem de manobra
não para de diminuir; os grupos de trabalho (mediante, por exemplo, a individualização
de salários e carreiras em função de competências individuais, com a consequente
atomização dos trabalhadores); os coletivos de defesa dos direitos dos trabalhadores,
sindicatos, associações, cooperativas; a própria família, que, através da constituição de
mercados por classes de idade, perde uma parte do seu controle sobre o consumo.[60].
Teor ias econômicas
Ver artigo principal: Economia neoclássica
As teorias econômicas tidas como neoliberais geralmente são agregadas no termo
economia neoclássica. As teorias neoclássicas foram influenciadas ou interagem com as
seguintes escolas de pensamento:
 Liberalismo econômico
 Economia clássica
 Escola keynesiana
 Monetarismo
Governos neoliberais
Alemanha Ocidental
As ideias neoliberais foram inicialmente implementadas na Alemanha Ocidental. Os
economistas neoliberais que cercavam Ludwig Erhard inspiravam­se em teorias que eles
tinham desenvolvido na década de 1930 e 1940, contribuindo para a reconstrução da
Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.[61] Erhard era um membro da
Sociedade Mont Pèlerin e estava em contato constante com outros liberais de sua época.
O próprio Erhard admitia que comumente era classificado como um "neoliberal" entre
seus pares, uma classificação que ele mesmo aceitava.[62]
O ordoliberalismo da Escola de Friburgo era mais pragmático. Os neoliberais alemães
aceitavam o conceito do liberal clássico de que a concorrência tem o condão de
impulsionar a prosperidade econômica, mas eles argumentavam que uma política de
estado laissez­faire sufocaria a competição quando os fortes (mais competitivos)
devorassem os fracos (menos competitivos), uma vez que a instituição de monopólios e
cartéis poderia representar uma ameaça à livre concorrência. Eles apoiaram a criação de
um sistema jurídico bem desenvolvido e de um aparato regulatório capaz e, embora
ainda se opusessem às políticas trabalhistas keynesianas em grande escala ou mesmo
uma extensa rede de segurança social (welfare state), a teoria dos neoliberais alemães
era marcada pela iniciativa de colocar valores humanísticos e sociais em igualdade com
a eficiência econômica. Alfred Müller­Armack cunhou a expressão "economia social de
mercado" para enfatizar a tendência igualitária e humanista desta corrente. Walter
Eucken, considerado o pai do ordoliberalismo, frequentemente defendia que "a
segurança social e justiça social são o maiores preocupações do nosso tempo".[7] Tal
posicionamento não ficou imune às críticas dentre os próprios economistas liberais,
entretanto. Na opinião de alguns liberais como Hayek, a economia social de mercado
apresentava metas inconsistentes, enquanto outros como Ludwig von Mises
acreditavam que os neoliberais alemães não eram diferentes dos socialistas.[63]
Na Alemanha, o neoliberalismo era inicialmente sinônimo de ambos, ordoliberalismo e
economia social de mercado. Mas com o tempo o termo original 'neoliberalismo'
desapareceu, uma vez que o termo economia social de mercado era considerado mais
positivo e melhor equipado para adequar­se à mentalidade resultante do
Wirtschaftswunder (milagre econômico) ocorrido nos anos 1950 e 1960.[61]
Chile
Ver artigo principal: Neoliberalismo chileno
O Chile foi um dos primeiros países do mundo a adotar o neoliberalismo. As
privatizações no Chile durante o governo de Augusto Pinochet antecederam as da Grã­
Bretanha de Margaret Thatcher. Em 1973, quando um golpe militar derrubou o
presidente socialista Salvador Allende, o novo governo já assumiu com um plano
econômico debaixo do braço.[64] Esse documento era conhecido como "El ladrillo" e
fora elaborado, secretamente, pelos economistas opositores do governo da Unidade
Popular poucos meses antes do golpe militar de 11 de setembro e estava nos gabinetes
dos generais golpistas vitoriosos, já no dia 12 de setembro.[65]
O general Augusto Pinochet se baseou em "El ladrillo" e na estreita colaboração de
economistas chilenos, principalmente os graduados na Universidade de Chicago, os
chamados Chicago Boys, para levar adiante sua reforma da economia.[64][66][67]
Os outros principais governos que adotaram as políticas neoliberais foram os de
Margaret Thatcher (Grã­Bretanha) e Ronald Reagan(Estados Unidos), políticas essas
que ficaram conhecidas como thatcherismo e reaganomics . A política de Reagan, nos
Estados Unidos, também ficou conhecida como Supply­side economics ou Economia do
lado da oferta.[68]
O governo Thatcher
Thatcher obteve grande sucesso na estabilização da libra esterlina, na dinamização da
economia britânica e na redução drástica da carga tributária, levando, por conseguinte, o
Partido Conservador a obter larga margem de vantagem nas eleições parlamentares de
1983 e 1987 — tornando­se assim ícone mundial dos defensores das políticas
econômicas neoliberais. Entretanto, a pobreza infantil no Reino Unido quase duplicou
entre 1979 e 1990 — um dos maiores aumentos jamais visto no mundo industrializado.
O custo social das políticas adotadas por seu governo foi considerado demasiadamente
grande pelos críticos ao neoliberalismo.[69]
Durante o governo Thatcher a renda dos que estavam no decil superior cresceu pelo
menos cinco vezes mais do que a renda dos que estavam no decil inferior; a
desigualdade cresceu em um terço[70] Refletindo isso, o Coeficiente de Gini da Grã­
Bretanha deteriorou­se substancial e continuamente durante todo o governo Thatcher,
passando de 0,25 em 1979 para 0,34 em 1990. Esta significativa piora no Coeficiente de
Gini não pôde ainda ser corrigida pelos governos que a sucederam.[71] Por outro lado,
durante seu governo, milhares de britânicos conseguiram comprar casas populares e
ações de empresas recém­privatizadas nas áreas de energia e telecomunicação[72].
Quando Thatcher foi derrotada, em 1990, 18% das crianças inglesas eram consideradas
pobres — o pior desempenho dentre os países desenvolvidos — índice que continuou
subindo (até atingir um pico de 24%, em 1995­96, quando iniciou sua trajetória
descendente).[73][74]
"Ao mesmo tempo em que é considerada a responsável por reavivar a economia
britânica, Margaret Thatcher é acusada de ter dobrado seus índices de pobreza.
O índice de pobreza das crianças britânicas, em 1997, era o pior da Europa."[74]
O governo Tony Blair (trabalhista) adotou, para corrigir essa distorção, a partir de 1997,
medidas de inspiração keynesiana, tais como o restabelecimento de um salário mínimo,
a criação de um programa pré­escolar e aumento dos créditos fiscais (isenções) para a
classe trabalhadora (uma medida de "transferência indireta de renda"). A proporção de
crianças britânicas que vivem na pobreza caiu do pico de cerca de 24% em 1996­97,
atingindo 11% no ano fiscal de 2005.[73][74]
"Nosso objetivo histórico será tornar nossa geração a primeira a erradicar a
pobreza infantil para sempre, e isso vai levar uma geração. É uma missão para
20 anos, mas acredito que possa ser cumprida. Tony Blair.[75]
Os partidos de oposição a Blair, e seus críticos, o acusam de estar sendo
"assistencialista", de estar desequilibrando o orçamento, e de estar aumentando a
dependência da população no Estado. Os adversários políticos dos trabalhistas fazem
vistas grossas aos estudos que demonstram, por exemplo, que o custo — em prejuízos
indiretos causados ao agregado da economia britânica — provocado pela existência de
crianças abaixo da linha de pobreza onera a sociedade britânica em cerca de 600 libras
por habitante; ou cerca de 40 bilhões de libras por ano no total (2005).[76] Todavia, o
próprio Partido Trabalhista do Reino Unido aceitou, em termos macroeconômicos,
certos princípios enfatizados por Thatcher. Peter Mandelson, político trabalhista
próximo a Blair declarou, em 2002:
"Aglobalização pune com força qualquer país que tente administrar sua
economia ignorando as realidades do mercado ou a prudência nas finanças
públicas. Nesse estrito sentido específico, e devido à necessidade urgente de
remover rigidezas e incorporar flexibilidade ao mercados de capitais, bens e
trabalho, somos hoje todos tatcheristas."[77]
Críticas
Ver artigo principal: Críticas ao neoliberalismo
A mais recente onda liberalizante, que ficou conhecida como neoliberalismo, teve seu
início com a queda do muro de Berlim. Foi promovida pelo FMI, por economistas
liberais como Milton Friedman, por seguidores da Escola de Chicago, entre outros,
sendo por eles apregoada como a solução que resolveria parte dos problemas
econômicos mundiais, reduzindo a pobreza e acelerando o desenvolvimento global.[78]
Depois de 28 anos em que as "receitas neoliberais" foram aplicadas, em maior ou menor
grau, por um grande número de países ­ entre eles o Brasil ­ a ONU resolveu analisar os
resultados obtidos por esses fortes ventos liberalizantes e medir seus efeitos nas
populações dos países em que as práticas neoliberais foram adotadas.

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