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PROVAS NO PROCESSO PENAL 
 
I - TEORIA GERAL DA PROVA 
1. Conceitos 
Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um 
fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. 
Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz 
(Tourinho). Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de 
documento. 
Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são 
introduzidos no processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia. 
Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova (Magalhães). 
Ex. denúncia. 
Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas 
materiais. Ex. busca e apreensão; interceptação telefônica. 
Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial 
e exijam uma comprovação (Tourinho). 
 
2. PRINCÍPIOS 
Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a 
atuação das partes; 
Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá 
julgar (identidade física do juiz); 
Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência; 
Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as 
partes; não há “dono” da prova. 
 
 
 
3. Fatos que independem de prova: 
Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de 
avião, encontra-se o corpo de uma das vítimas completamente carbonizado. 
Desnecessário provar que estava morta; 
Fatos notórios: são os de conhecimento geral em determinado meio. Exemplo: não é 
necessário provar que o Brasil foi um Império; 
Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de 
iure), que não admitem prova em contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova 
em contrário. Exemplo: menor de 18 anos é inimputável. 
* o fato incontroverso não dispensa a prova – busca da verdade real 
* não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, 
principalmente do juiz, aplicador da Lei. 
Como exceção à regra, será necessário provar: 
a) leis estaduais e municipais; 
b) leis estrangeiras; 
c) normas administrativas; 
d) costumes. 
 
4. Ônus da prova 
É o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam. Nos termos do art. 156 
do Código de Processo Penal, o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação. 
De acordo com a doutrina tradicional: cabe à acusação provar a existência do fato 
criminoso e de causas que implicar aumento de pena, a autoria e também a prova dos 
elementos subjetivos do crime (dolo ou culpa). Ao réu, por sua vez, cabe provar 
excludentes de ilicitude, de culpabilidade e circunstâncias que diminuam a pena. 
Os poderes instrutório do juiz também estão no art. 156 do CPP. O juiz pode, de ofício: 
 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas 
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências 
para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
5. Sistemas de apreciação da prova 
Prova legal ou tarifado: as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso 
ordenamento como exceção, no art. 158 do CPP. 
Convicção íntima do juiz ou certeza moral: juiz é livre para apreciar a prova e não 
precisa fundamentar sua decisão. Vigora em nosso ordenamento, como exceção, no 
julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Livre convencimento motivado do juiz ou persuasão racional: é o sistema adotado 
como regra pelo nosso Direito, conforme art. 155, caput, do Código de Processo Penal, 
conjugado com o art. 93, IX, da Constituição da República. 
Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação 
Art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
 
6. Prova emprestada 
A maior parte da doutrina aponta para a necessidade de essa prova, quando encartada 
nos autos, passar pelo crivo do contraditório, sob pena de perder sua validade. Aponta-
se ainda que ela não deve ser admitida em processo cujas partes não tenham figurado 
no processo do qual ela é oriunda. 
 
7. Liberdade de prova 
No processo penal, somente no que diz respeito ao estado de pessoa é que se 
observará a restrição à prova, imposta pela lei civil (art. 155, parágrafo único, do CPP); 
isso quer dizer que um casamento se prova, também na esfera penal, pela certidão de 
casamento extraída dos assentos do Registro Civil das Pessoas Naturais. 
No mais, o processo penal brasileiro admite todo e qualquer meio de prova, ainda que 
não expressamente previsto em nosso Código. 
 
8. Prova proibida 
a) prova ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Exemplo: 
utilização de prova nova no plenário do júri, sem ter sido juntada aos autos com 
antecedência mínima de três dias, violando a regra contida no art. 479 do Código de 
Processo Penal. 
b) prova ilícita: obtida com violação a regras de direito material ou normas 
constitucionais. Notadamente, as garantias da pessoa, elencadas na Constituição da 
República, se violadas, gerarão prova ilícita, conforme preceitua o art. 5º, LVI, da 
própria Constituição. Exemplos: provas obtidas com violação do domicílio, mediante 
tortura, por meio de interceptação ilegal de comunicação. 
* Boa parte da doutrina admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência 
do acusado no processo, pois estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido 
pela norma, qual seja, a liberdade de um inocente. 
* Princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito alemão, que busca estabelecer o 
equilíbrio entre garantias em conflito por meio da verificação de como um deles pode 
ser limitado no caso concreto, tendo em vista, basicamente, a menor lesividade. 
* Prova ilícita por derivação: aquela que é lícita se tida isoladamente, mas que por se 
originar de uma prova ilícita, contamina-se também de ilicitude (art. 157, § 1º, do CPP). 
É a aplicação da teoria fruits of poisonous tree, do Direito norte-americano, ou, “frutos 
da árvore envenenada”, cuja imagem traduz com bastante propriedade a idéia da prova 
ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados. 
 
Exceções: se não evidenciado o nexo de causalidade entre ela e a tida como ilícita, 
bem como se ela puder ser obtida por fonte independente da ilícita (art. 157, § 1º, do 
CPP). Considera-se fonte independente aquela que por si só, segundos os trâmites 
típicos e de praxe, próprios da investigação ou da instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto de prova (art. 157, § 2º, do CPP). 
 
II - MEIOS DE PROVA 
1. Perícia (arts. 158 a 184 do CPP) 
É o exame realizado por profissional com conhecimentos técnicos, a fim de auxiliar o 
julgador na formação de sua convicção. O laudo pericial é o documento elaborado 
pelos peritos, resultante do que foi examinado na perícia. 
A perícia podeser realizada na fase de inquérito policial ou do processo, a qualquer dia 
e horário (art. 161 do CPP), observando os peritos o prazo de dez dias para a 
elaboração do laudo, prorrogável em casos excepcionais (art. 160, parágrafo único, do 
CPP). A autoridade que determinar a perícia e as partes poderão oferecer quesitos até 
o ato. 
Deve ser realizada a perícia por perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
Poderão ser designados dois peritos, contudo, se a perícia for complexa, abrangendo 
mais de uma área de conhecimento especializado, nos termos do art. 159, § 7º, do 
CPP. Nota-se que tal designação é excepcional; a regra é a realização do exame por 
apenas um perito. 
Se não houver perito oficial, será elaborada a perícia por duas pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior e, de preferência, com habilitação na área em 
que for realizado o exame (art. 159, § 1º, do CPP), as quais deverão prestar 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo (art. 159, § 2º, do CPP). 
É facultado ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao 
querelante e ao acusado de indicar assistente técnico, bem como oferecer quesitos 
(art. 159, § 4º, do CPP). Este deve ser admitido pelo juiz e atuará após a conclusão dos 
exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as partes intimadas desta 
decisão (art. 159, § 4º, do CPP). 
Prevê ainda o Código, quanto às perícias, que as partes podem, durante o curso do 
processo judicial, conforme art. 159, § 5º, I. do CPP, requerer a oitiva dos peritos para 
esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de 
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com 
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo 
complementar. 
Se houver requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia 
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e 
na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a 
sua conservação (art. 159, § 6º, do CPP). 
Em caso de divergência entre dois peritos, o juiz nomeará um terceiro. Se este divergir 
também de ambos, determinará a realização de nova perícia (art. 180 do CPP). Se 
houver omissão ou falha, o juiz poderá determinar a realização de exame 
complementar (art. 181 do CPP). Se for necessária a realização de perícia por carta 
precatória, quem nomeia os peritos é o Juízo deprecado. Se for crime de ação penal 
privada e houver acordo entre as partes, a nomeação pode ser feita pelo Juízo 
deprecante (art. 177 do CPP). 
O juiz não está vinculado ao laudo elaborado pelos peritos, podendo julgar 
contrariamente às suas conclusões, desde que o faça fundamentadamente (art. 182 do 
CPP). Nosso Direito adotou, portanto, o sistema liberatório quanto à apreciação do 
laudo, em oposição ao sistema vinculatório, existente em outras legislações. 
Exame de corpo de delito. Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo 
crime. 
O exame de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável nas infrações que 
deixam vestígios, não podendo supri-lo nem mesmo a confissão do acusado, nos 
termos do art. 158 do Código de Processo Penal. Se não for possível o exame direto, 
isto é, no próprio corpo do delito, admite-se a realização pela via indireta, por meio de 
elementos periféricos, como a análise de ficha clínica de paciente que foi atendido em 
hospital. 
Exceção: nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, se não for possível a 
realização do exame, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta. 
2. Interrogatório (arts. 185 a 196 do CPP) 
Ato em que o acusado é ouvido sobre a imputação a ele dirigida. Tem dupla natureza 
jurídica ao interrogatório: é meio de prova, pois assim inserido no Código de Processo 
Penal e porque leva elemento de convicção ao julgador; é também meio de defesa, 
pois o interrogatório é o momento primordial para que o acusado possa exercer sua 
autodefesa, dizendo o que quiser e o que entender que lhe seja favorável, em relação à 
imputação que lhe pesa. 
O interrogatório é ato não preclusivo, isto é, pode ser realizado a qualquer tempo. É 
permitida também a renovação do ato a todo tempo, de ofício pelo juiz ou a pedido das 
partes (art. 196 do CPP). 
O acusado será interrogado sempre na presença de seu defensor. Se não tiver um, 
deve ser-lhe nomeado um defensor público ou um defensor dativo, nem que seja 
apenas para acompanhar o ato (ad hoc). Antes do interrogatório, o juiz deve assegurar 
o direito de entrevista reservada com seu defensor. Antes ainda de se iniciar o ato, o 
acusado deve ser alertado do seu direito ao silêncio, podendo se recusar a responder 
às perguntas que lhe forem formuladas, sem que isso seja utilizado em seu prejuízo 
(art. 5º, LXIII, da CF e art. 186 do CPP). 
A regra para o interrogatório do réu preso é ser ele realizado no estabelecimento 
prisional onde o acusado estiver recolhido, em sala própria, desde que seja garantida a 
segurança para os profissionais que ali estarão presentes e a publicidade do ato. 
Excepcionalmente, poderá o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou por 
requerimento das partes, realizar o interrogatório do réu preso por videoconferência ou 
sistema similar, desde que seja necessário para atender a uma das seguintes 
finalidades: a) prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de 
que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir 
durante o deslocamento; b) viabilizar a participação do réu no referido ato processual, 
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade 
ou outra circunstância pessoal; c) impedir a influência do réu no ânimo de testemunha 
ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por 
videoconferência, nos termos do art. 217 do mesmo CPP; d) responder à gravíssima 
questão de ordem pública. 
As partes devem ser intimadas da decisão que determina a realização do ato por 
videoconferência com antecedência de 10 dias. O acusado poderá assistir a todos os 
atos da audiência que antecedem seu interrogatório, devendo o juiz assegurar a 
comunicação entre ele e seu defensor através de canais telefônicos reservados. É 
prevista a participação de defensor dentro do presídio, ao lado do acusado, para zelar 
por seus interesses, estando assegurada, também, a comunicação entre este e o 
defensor do acusado que esteja na sala de audiências. 
Se não for possível a realização do interrogatório nas hipóteses anteriores, o réu preso 
será requisitado para ser interrogado em juízo. 
A participação do réu preso em outros atos processuais, como acareações, 
reconhecimento de pessoas e coisas, inquirição de testemunhas e oitiva da vítima dar-
se-á com a observância das mesmas regras expostas para a realização do 
interrogatório por videoconferência. 
O interrogatório será dividido em duas partes. Na primeira, o juiz deverá inquirir o 
acusado a respeito de sua vida pessoal. Na segunda parte, o acusado será indagado 
sobre: 
a) ser verdadeira a acusação; 
b) não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se 
conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais 
sejam, e se esteve com elas antes da prática da infração ou depois dela; 
c) onde estava quando foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
d) as provas já apuradas; 
e) se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas, ou por inquirir, desde quando e 
se tem o que alegar contra elas; 
f) se conhece o instrumento com que a infraçãofoi praticada ou qualquer objeto que 
com esta se relacione e tenha sido apreendido; 
g) todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes 
e circunstâncias da infração; 
h) se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
Se o acusado negar a acusação, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas (art. 
188 do CPP). Se, por outro lado, confessar a prática do crime, será indagado sobre os 
motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração e 
quem são elas (art. 189 do CPP). 
As partes poderão, após a inquirição do juiz, pedir esclarecimentos. Se houver mais de 
um acusado, eles serão interrogados separadamente. 
Quanto ao interrogatório dos surdos-mudos, deve-se observar a seguinte forma (art. 
192 do CPP): 
a) ao surdo serão apresentadas perguntas por escrito e as respostas serão orais; 
b) ao mudo, serão feitas perguntas orais e as respostas serão oferecidas por escrito; 
c) ao surdo-mudo as perguntas e respostas serão por escrito. 
Se o interrogando não souber ler ou escrever, bem como se não falar a língua 
portuguesa, o interrogatório contará com a presença de intérprete. 
3. Confissão (arts. 197 a 200 do CPP) 
“Em termos genéricos, no campo do direito processual, a confissão é o reconhecimento 
realizado em Juízo, por uma das partes, a respeito da veracidade dos fatos que lhe são 
atribuídos e capazes de ocasionar-lhe consequências jurídicas desfavoráveis. No 
processo penal, pode ser conceituada, sinteticamente, como a expressão designativa 
da aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da imputação que lhe é 
feita” (MIRABETE). 
A confissão não é tida como prova de valor absoluto, de acordo com o art. 197 do 
Código de Processo Penal, a confissão deve ser avaliada em conjunto com os demais 
elementos de prova do processo, verificando-se sua compatibilidade ou concordância 
com eles. 
A confissão ocorre costumeiramente no ato do interrogatório, mas nada impede que 
seja realizada em outro momento no curso do processo. Neste caso, deverá ser 
tomada por termo nos autos, conforme dispõe o art. 198 do Código de Processo Penal. 
Não existe confissão ficta no processo penal, ou seja, mesmo que o acusado não 
exerça a sua autodefesa, não se presumem verdadeiros os fatos a ele imputados. 
Estipula ainda o Código que a confissão será divisível, ou seja, o juiz pode aceitá-la 
apenas em parte, e será também retratável, isto é, o acusado pode voltar atrás na sua 
admissão de culpa. 
Costuma-se apontar duas espécies de confissão: 
a) simples, na qual o réu apenas reconhece a prática delituosa, sem qualquer elemento 
novo; 
b) qualificada, em que o réu reconhece que praticou o crime, mas alega algo em seu 
favor, como alguma causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade. 
4. Declarações do ofendido (art. 201 do CPP) 
Sempre que possível o juiz deverá proceder à oitiva do ofendido, por ser ele pessoa 
apta, em muitos casos, a fornecer informações essenciais em relação ao fato 
criminoso. Regularmente intimado, se não comparecer poderá ser conduzido 
coercitivamente. 
Será ele indagado sobre as circunstâncias da infração, se sabe quem é o autor e quais 
as provas que pode indicar. 
Nos termos do Código, o ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao 
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à 
sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem (art. 201, § 2º, do 
CPP). Referida comunicação será feita no endereço por ele indicado, ou, se for sua 
opção, por meio eletrônico (art. 201, § 3º, do CPP). 
Cuida também o Código da proteção do ofendido, dispondo que antes do início da 
audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para ele (art. 
201, § 4º, do CPP), determinando, ainda, que o juiz tome as providências necessárias 
à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, 
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras 
informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios 
de comunicação (art. 201, § 6º, do CPP). 
Caso o juiz entenda necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento 
multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de 
saúde, às custas do ofensor ou do Estado (art. 201, § 5º, do CPP). 
5. Testemunhas (arts. 202 a 225 do CPP) 
São as pessoas estranhas à relação jurídica processual, que narram fatos de que 
tenham conhecimento, acerca do objeto da causa. 
São características da prova testemunhal: 
a) oralidade: o depoimento é oral, não pode ser trazido por escrito, muito embora a lei 
permita a consulta a apontamentos, conforme o art. 204 do CPP; 
b) objetividade: a testemunha deve responder o que sabe a respeito dos fatos, sendo-
lhe vedado emitir sua opinião a respeito da causa; 
c) retrospectividade: a testemunha depõe sobre fatos já ocorridos e não faz previsões. 
Estabelece o art. 202 do Código de Processo Penal que toda pessoa poderá ser 
testemunha. A essa regra geral, porém, correspondem algumas exceções. 
Estão dispensados de depor, o cônjuge, o ascendente, o descendente e os afins em 
linha reta do réu. Eles só serão obrigados a depor caso não seja possível, por outro 
modo, obter-se a prova (art. 206 do CPP). Neste caso, não se tomará deles o 
compromisso de dizer a verdade; eles serão ouvidos como informantes do Juízo. 
Também não se tomará o compromisso dos doentes mentais e das pessoas menores 
de 14 anos, conforme disposto no art. 208 do Código de Processo Penal. 
Estão proibidas de depor as pessoas que devam guardar sigilo em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pelo interessado, quiserem dar 
seu depoimento (art. 207 do CPP). 
Tecnicamente, testemunha é aquela pessoa que faz a promessa, sob o comando do 
juiz, de dizer a verdade sobre aquilo que lhe for perguntado, ou seja, a que assume o 
compromisso de dizer a verdade, sob pena de ser processada pelo crime de falso 
testemunho. As demais pessoas que venham a depor, sem prestar referido 
compromisso, conforme já adiantado anteriormente, são denominadas informantes do 
Juízo ou ainda declarantes. 
Na audiência, As testemunhas deverão ser ouvidas de per si, de modo que uma não 
ouça o depoimento da outra, para que não exista a possibilidade de influência. Fará ela 
a promessa de dizer a verdade sobre o que lhe for perguntado, sob pena de ser 
processada por crime de falso testemunho. Se o juiz verificar que a presença do réu 
poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao 
ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por 
videoconferência e, somente se não for possível, determinará a retirada do réu da sala 
de audiências, permanecendo seu defensor. Tudo deverá constar do termo. 
A testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé poderá ser contraditada, 
devendo o juiz, se for o caso, dispensar a testemunha ou ouvi-la como informante. As 
testemunhas que por doença ou idade não puderem locomover-se serão ouvidas onde 
estiverem (art. 220, do CPP). 
É permitida a oitiva de testemunha por carta precatória, de cuja expedição devem as 
partes ser intimadas. Tal expedição não suspende o andamento do processo, mesmo 
que ela seja devolvida depois do julgamento será juntada aos autos (art. 222 do CPP). 
Admite-se a inquirição de testemunhas que residam fora da área do juízo processante 
por videoconferência ou sistema similar, permitida a presença de defensor, podendo 
ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento. 
O sistema anteriormente adotado pela lei processual parainquirição de testemunhas 
era o denominado presidencialista, onde a parte não pergunta diretamente à 
testemunha, mas formula a indagação ao magistrado, que repete a quem estiver 
depondo. Com a alteração promovida pela Lei n. 11.690/2008, a inquirição passou a 
ser feita de forma direta pelas partes, devendo o juiz interferir e não admitir as 
indagações que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou 
importarem na repetição de outra já respondida. O juiz poderá complementar a 
inquirição se verificar que existem pontos não esclarecidos (art. 212 do CPP). 
6. Reconhecimento de pessoas e coisas (arts. 226 a 228) 
“É o ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a identidade de outra ou a 
qualidade de uma coisa” (NUCCI). 
Procedimento: primeiro, a pessoa que vai fazer o reconhecimento deve descrever a 
pessoa que será reconhecida. Esta será, então, se possível, colocada ao lado de 
outras que, com ela, tenham semelhança, para que o reconhecedor possa apontá-la, 
tomando-se cuidado, se houver receio, para que uma não veja a outra. Entende-se que 
a semelhança deve ser física, não exatamente de fisionomia, o que poderia tornar 
impossível a realização do ato. Se forem várias as pessoas que irão fazer o 
reconhecimento, cada uma o fará em separado. Dispõe ainda a lei processual que, em 
Juízo ou em plenário de julgamento, não se aplica a providência de impedir que uma 
pessoa veja a outra no ato do reconhecimento. 
De tudo o que se passou, lavrar-se-á termo, assinado pela autoridade, pela pessoa 
chamada para efetuar o reconhecimento e por duas testemunhas. O mesmo 
procedimento deve ser observado no que diz respeito e no que couber ao 
reconhecimento de coisas que tiverem relação com o delito. 
7. Acareação (arts. 229 e 230 do CPP) 
É o ato processual em que se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que 
fizeram declarações divergentes sobre o mesmo fato. Pode ser realizada entre 
acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou 
testemunha e vítima, ou entre vítimas. 
É pressuposto essencial que as declarações já tenham sido prestadas, caso contrário 
não haveria possibilidade de se verificar ponto conflitante entre elas. O art. 230 do 
Código de Processo Penal dispõe sobre a acareação por carta precatória, na hipótese 
de um dos acareados residir fora da Comarca processante. 
8. Documentos (arts. 231 a 238 do CPP) 
Nos termos do Código de Processo Penal, consideram-se documentos quaisquer 
escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares (art. 232). Instrumento é o 
documento constituído especificamente para servir de prova para o ato ali 
representado, por exemplo, a procuração, que tem a finalidade de demonstrar a 
outorga de poderes. 
O Código adotou o conceito de documento em sentido estrito. No sentido amplo, 
podemos dizer que “é toda base materialmente disposta a concentrar e expressar um 
pensamento, uma ideia ou qualquer manifestação de vontade do ser humano, que sirva 
para demonstrar e provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante” (NUCCI). 
De acordo com essa interpretação, então, são considerados documentos: vídeos, fotos, 
CDs etc. 
Os documentos podem ser: 
a) públicos: aqueles formados por agente público no exercício da função. Possuem 
presunção juris tantum (relativa) de autenticidade e veracidade; 
b) particulares: aqueles formados por particular. 
Em regra, os documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo (art. 231 
do CPP). Dispõe a lei processual, contudo, que não será permitida a juntada de 
documentos no Plenário do Júri, sem comunicar à outra parte com antecedência 
mínima de três dias (art. 479 do CPP). Se o juiz tiver notícia da existência de 
documento referente a ponto relevante do processo, providenciará a sua juntada aos 
autos, independentemente de requerimento das partes. Os documentos em língua 
estrangeira deverão ser traduzidos por tradutor público. 
A cópia autenticada de documento terá o mesmo valor que o documento original (art. 
232, parágrafo único, do CPP). Os documentos juntados aos autos poderão ser 
desentranhados a pedido da parte, se não houver motivo que justifique sua 
permanência nos autos (art. 238 do CPP). 
9. Indícios (art. 239 do CPP) 
Indício, na definição legal, é toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, 
mediante raciocínio lógico, chega-se à conclusão da existência de outro fato. 
Em nosso Direito, a prova indiciária tem o mesmo valor que qualquer outra. Há quem 
sustente que um conjunto de fortes indícios pode levar à condenação do acusado, 
tendo em vista o sistema do livre convencimento motivado do juiz.

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