Buscar

Crimes Contra a Honra: Sujeitos e Imunidades

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
 
FACULDADE DE DIREITO 
 
Direito Penal III 
 
MATERIAL 09 
 
Prof.º Rone Miller Roma 
Caiapônia-GO 
 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA (Continuação) 
 
ARTS. 141 A 145 – APONTAMENTOS COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
Sujeito ativo 
Calúnia, difamação e injúria são crimes comuns ou gerais. Podem ser praticados por qualquer 
pessoa. 
Algumas pessoas, todavia, são imunes aos crimes contra a honra. Não os praticam, ainda que 
ofendam a honra alheia, pois o ordenamento jurídico afasta tais pessoas da incidência do Direito 
Penal. Essas imunidades são as seguintes: 
a) Imunidades parlamentares 
Nos termos do art. 53, caput, da Constituição Federal, com a redação determinada pela Emenda 
Constitucional 35/2001: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. É a chamada imunidade material. 
A imunidade material protege o parlamentar em suas opiniões, palavras e votos, desde 
que relacionadas às suas funções, não abrangendo manifestações desarrazoadas e desprovidas 
de conexão com seus deveres constitucionais. Não se faz necessário, contudo, que o parlamentar 
se manifeste no recinto do Congresso Nacional para incidência da inviolabilidade. 
A imunidade material abrange os deputados federais e senadores. E, de acordo com o art. 27, 
§ 1.º, da Constituição Federal, aos deputados estaduais serão aplicadas as mesmas regras sobre 
imunidades relativas aos deputados federais e senadores. Portanto, é assegurada a imunidade 
material dos deputados estaduais, que são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
No tocante ao Poder Legislativo Municipal, dispõe o art. 29, inciso VIII, da Constituição 
Federal que os municípios serão regidos por lei orgânica, que deverá obedecer, entre outras 
regras, a da inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, palavras e votos, no exercício do 
mandato e na circunscrição do Município. 
b) Advogados 
De acordo com o art. 7.º, § 2.º, da Lei 8.906/1994 – Estatuto da Ordem dos Advogados do 
Brasil, “o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou 
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo 
ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que 
cometer”. 
A imunidade, como se sabe, não autoriza excessos inoportunos e desnecessários, pelos quais 
responde o advogado, mas não seu cliente. Com efeito, a proclamação constitucional da 
inviolabilidade do advogado, por seus atos e manifestações no exercício da profissão, traduz 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
significativa garantia do exercício pleno dos relevantes encargos cometidos, pela ordem 
jurídica, a esse indispensável operador do direito. 
A garantia da intangibilidade profissional do advogado não se reveste de valor absoluto, eis que 
a cláusula assecuratória dessa especial prerrogativa jurídica encontra limites na lei, consoante 
dispõe o próprio art. 133 da Constituição da República. A invocação da imunidade 
constitucional pressupõe, necessariamente, o exercício regular e legítimo da advocacia. Essa 
prerrogativa jurídico-constitucional, no entanto, revela-se incompatível com práticas abusivas 
ou atentatórias à dignidade da profissão ou às normas ético-jurídicas que lhe regem o exercício. 
 
Sujeito passivo 
Pode ser qualquer pessoa física. Vale ressaltar que os crimes contra a honra supõem, em sua 
configuração estrutural e típica, a existência de um sujeito passivo determinado e conhecido. 
Não é imprescindível, contudo, que a pessoa moralmente ofendida seja objeto de expressa 
referência nominal. Basta, para efeito de caracterização típica dos delitos contra a honra, que o 
ofendido seja designado de maneira tal que se torne possível a sua identificação, ainda que na 
limitada esfera de suas relações pessoais, profissionais ou sociais. 
Os desonrados também podem figurar como vítimas dos crimes contra a honra, pois, por pior 
que seja o indivíduo, sempre possui em sua integridade moral, ainda que ínfima, uma parcela 
ainda não afetada pela desonra e digna de proteção penal. 
Os doentes mentais e menores de 18 anos também podem ser vítimas de todos os crimes 
contra a honra. Nada impede serem ofendidos pela calúnia. Crime, em um conceito formal ou 
analítico, é o fato típico e ilícito. A culpabilidade não é seu elemento, pois funciona como 
pressuposto de aplicação da pena. Destarte, ainda que tais pessoas, inimputáveis, não sejam 
culpáveis, podem praticar crimes. Logo, é possível que um delito seja a eles falsamente 
imputado, tipificando a calúnia. 
Quanto à difamação, não há dúvida alguma. Doentes mentais e menores de 18 anos têm uma 
reputação a zelar perante a sociedade. Podem, portanto, ser difamados mediante a atribuição de 
um fato ofensivo à honra objetiva. 
Finalmente, os doentes mentais e os menores de 18 anos são suscetíveis de ser atacados 
pela injúria, desde que, evidentemente, tenham capacidade de assimilar a expressão ou atitude 
ofensiva. Nesse sentido, há crime impossível por impropriedade absoluta do objeto material 
quando alguém busca ofender uma criança recém-nascida, chamando-a de “desonesta” e 
“preguiçosa”. 
A pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia e difamação, mas nunca de injúria. 
Não há calúnia contra pessoa jurídica quando a ela se imputa falsamente a prática de crime 
comum. É risível falar-se neste crime contra a honra quando se atribui a uma empresa a 
responsabilidade por um homicídio, por um estupro etc. Nada obstante, admite-se atualmente a 
prática de crimes ambientais por pessoas jurídicas (CF, art. 225, § 3.º, e Lei 9.605/1998, arts. 
3.º e 21 a 24), e tais delitos podem, consequentemente, ser falsamente imputados a uma pessoa 
jurídica. Exemplo: É calúnia afirmar, ciente da falsidade da atribuição, que uma fábrica de papel 
poluiu, em data determinada, um riacho que passa em seus fundos. 
É fácil concluir, por outro lado, que a pessoa jurídica pode ser vítima de difamação. De fato, 
ela tem uma reputação a zelar, pois os demais integrantes da coletividade têm opinião formada 
sobre determinada empresa no que concerne aos seus atributos morais. Difama-se uma pessoa 
jurídica, exemplificativamente, quando a ela se imputa a má qualidade dos seus serviços, ou 
então o não pagamento de suas contas nos prazos estabelecidos com seus fornecedores. 
Os mortos, por não serem titulares de direitos, estão excluídos da proteção penal. Não podem 
ser sujeitos passivos dos crimes contra a honra. Recorde-se que, nada obstante estabeleça o art. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
138, § 2.º, do Código Penal a punibilidade da calúnia contra os mortos, a lei protege a honra 
dos falecidos relativamente à memória da boa reputação, bem como o interesse dos familiares 
em preservar sua dignidade. Vítimas do crime, portanto, são o cônjuge e os familiares do morto. 
Inexiste regra semelhante para os crimes de difamação e de injúria. 
 
Meios de execução 
Calúnia, difamação e injúria são crimes de forma livre. Admitem quaisquer meios de 
execução, tais como palavras, escritos, gestos ou meios simbólicos, desde que compreensíveis, 
e, inclusive, a veiculação da ofensa pela internet. 
Tais crimes encontram adequação típica nos arts. 138, 139 e 140 do Código Penal mesmo se 
praticados por intermédio da imprensa. Com efeito, a Lei 5.250/1967 – Lei de Imprensa, editada 
durante o regime militar e com nítido conteúdo ditatorial e impeditivo da liberdade de 
informação, foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, razão pela qual 
atualmente seaplicam os dispositivos inerentes aos crimes contra a honra definidos pelo Código 
Penal aos fatos cometidos mediante o uso de jornais, revistas, rádio, televisão e outros meios 
análogos. 
 
Elemento subjetivo 
Em regra é o dolo, direto ou eventual. No subtipo de calúnia, definido pelo art. 138, § 1.º, do 
Código Penal, admite-se exclusivamente o dolo direto, pois consta a expressão “sabendo falsa 
a imputação”. 
Não há crime culposo contra a honra. 
É unânime a doutrina ao afirmar que não basta praticar a conduta descrita pelo tipo penal de 
cada um dos crimes contra a honra. É necessário, além do dolo, um especial fim de agir (teoria 
finalista = elemento subjetivo do tipo ou elemento subjetivo do injusto; teoria clássica = dolo 
específico), consistente na intenção de macular a honra alheia. É o que se convencionou chamar 
de animus diffamandi vel injuriandi. 
Deve haver seriedade na conduta do agente consistente em imputar a outrem falsamente a 
prática de um fato previsto como crime (calúnia) ou simplesmente ofensivo à reputação, 
verdadeiro ou falso (difamação), ou então de atribuir à vítima uma qualidade negativa (injúria). 
Por essa razão, a intenção de brincar (animus jocandi), desacompanhada da vontade de ofender, 
afasta os crimes contra a honra. 
Também não há crime contra a honra quando: 
a) a intenção do agente limita-se a narrar um fato (animus narrandi), descrevendo 
objetivamente aquilo que viu ou ouviu. É o que ocorre, por exemplo, com as testemunhas; 
b) a vontade do sujeito se dirige à crítica honesta e merecida, com o propósito de auxiliar o 
criticado (animus criticandi). Exemplo: crítica científica; 
c) o sujeito busca apenas se defender (animus defendendi). Não há crime, em face da legítima 
defesa; 
d) o agente deseja unicamente corrigir (animus corrigendi), tal como se dá na admoestação 
verbal de pais aos seus filhos. Inexiste crime, em decorrência do exercício regular de direito; e 
e) o indivíduo quer somente aconselhar a outra pessoa (animus consulendi). 
Anote-se, ainda, que a honra é bem jurídico disponível. Portanto, o consentimento do 
ofendido, se prévio, emanado de pessoa capaz e livre de qualquer tipo de coação ou fraude, 
exclui o crime. O consentimento posterior, por outro lado, pode ensejar a renúncia ou o perdão, 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
extinguindo a punibilidade, pois os crimes contra a honra, em regra, somente procedem-se 
mediante queixa. Mas o consentimento prestado pelo representante legal de um menor de idade 
ou incapaz não afasta o crime, pois a honra não lhe pertence, e a ninguém é dado dispor 
validamente de direito alheio. 
 
 
Classificação doutrinária 
Os crimes contra a honra são comuns (podem ser praticados por qualquer pessoa); de forma 
livre (admitem qualquer meio de execução); unissubsistentes ou 
plurissubsistentes; instantâneos (consumam-se no instante em que terceira pessoa toma 
conhecimento da ofensa, na calúnia e na difamação, ou quando a vítima fica ciente da atribuição 
contra si de qualidade negativa, na injúria); unissubjetivos, unilaterais ou de concurso 
eventual (cometidos em regra por uma única pessoa, mas admitem o 
concurso); comissivos (calúnia, difamação e injúria), ou omissivo (unicamente na injúria); de 
dano (o agente quer afetar negativamente a honra da vítima); e, finalmente, formais, de 
consumação antecipada ou de resultado cortado (a honra da vítima pode ser lesionada, mas 
não é fundamental, para fins de consumação, que isso realmente ocorra). 
 
 
DISPOSIÇÕES COMUNS: ART. 141 
O art. 141 do Código Penal contempla cinco causas de aumento da pena aplicáveis a todos os 
crimes contra a honra. Vejamos cada uma delas. 
 
a) contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro: inciso I 
A pena é aumentada de um terço, em razão da importância das funções desempenhadas pelo 
Presidente da República e pelo chefe de governo estrangeiro. A conduta criminosa, além de 
atentar contra a honra de uma pessoa, ofende também os interesses da nação. 
Tratando-se, porém, de calúnia ou de difamação contra o Presidente da República, e se 
presentes motivação e objetivos políticos e lesão real ou potencial aos bens jurídicos inerentes 
à Segurança Nacional, estará caracterizado crime contra a Segurança Nacional (Lei 7.170/1983, 
arts. 1.º, 2.º e 26). No tocante à injúria contra o Chefe do Poder Executivo Federal, com ou sem 
motivação política, o crime será sempre o previsto no Código Penal, com o aumento da pena. 
O ataque à honra de chefe de governo estrangeiro, com ou sem motivação política, caracteriza 
crime comum, com aumento da pena. 
 
b) contra funcionário público, em razão de suas funções: inciso II 
Fundamenta-se o aumento da pena em um terço no interesse supremo da Administração 
Pública, ofendida pelo ataque à honra dos seus agentes. 
É imprescindível a relação de causalidade entre a ofensa e o exercício da função pública. 
Pouco importa seja o crime cometido quando o funcionário público estava em serviço ou não: 
incide o aumento desde que o fato se relacione ao exercício de suas funções. 
Não se aplica o aumento da pena quando a conduta se refere à vida privada do funcionário 
público. De igual modo, a pena também não pode ser elevada na hipótese em que a ofensa é 
lançada em época na qual a vítima não é mais funcionário público, nada obstante se relacione 
à função anteriormente exercida. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
c) na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da 
difamação ou da injúria: inciso III 
Essas causas de aumento da pena em um terço baseiam-se no meio de execução do crime, capaz 
de provocar maior prejuízo à honra da vítima. 
Na primeira parte do inciso III (“na presença de várias pessoas”), devem existir no mínimo três 
pessoas. Com efeito, sempre que o Código Penal fala em “várias pessoas”, exige ao menos três, 
porque quando se contenta com duas pessoas, ou então precisa de quatro pessoas, ele o faz 
expressamente, tal como no furto qualificado (CP, art. 155, § 4.º, inc. IV) e no constrangimento 
ilegal (art. 146, § 1.º). 
Não se incluem nesse número a vítima, o autor da conduta criminosa, nem eventuais coautores 
ou partícipes. Também não são computadas as pessoas que por qualquer motivo não tenham 
capacidade de compreender a ofensa à honra do sujeito passivo, tais como crianças de pouca 
idade, doentes mentais, surdos (quando o crime é cometido verbalmente e não desfrutam da 
técnica de leitura labial), cegos (na hipótese de crime praticado mediante gestos ou símbolos) 
etc. 
A parte final do dispositivo legal em estudo (“ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, 
da difamação ou da injúria”) diz respeito a instrumentos e objetos que facilitem a propagação 
da ofensa, ainda que não se esteja na presença de várias pessoas. Exemplos: alto-
falante, outdoors, panfletos, pichação de palavras ofensivas na frente da casa da vítima, 
imprensa (rádio, televisão, jornais e revistas), etc. 
Perceba-se que, com o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 130-7/DF, decidindo pela não recepção 
da Lei 5.250/1967 – Lei de Imprensa, pela Constituição Federal de 1988, aos crimes contra a 
honra praticados por meio da imprensa (oral ou escrita) incidirão as disposições previstas nos 
arts. 138 a 145 do Código Penal. 
Consequentemente, se a calúnia, difamação ou injúria for cometida com a utilização da 
imprensa, incidirá, obrigatoriamente, a causa de aumento de pena prevista no art. 141, inciso 
III, in fine, do Código Penal, pois não há dúvida de que o meio de execução escolhido pelo 
agente éapto a facilitar a divulgação da ofensa, ensejando maiores prejuízos à honra da vítima. 
 
d) contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso 
de injúria: inciso IV 
Esse inciso foi inserido no Código Penal pela Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso, e somente 
se aplica quando o sujeito tinha conhecimento da idade ou da peculiar condição da vítima. O 
aumento também é de um terço. 
A ressalva final – “exceto no caso de injúria” – visa evitar o bis in idem. De fato, a utilização 
na injúria de elementos referentes à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência 
qualifica o delito (CP, art. 140, § 3.º), razão pela qual a qualidade da vítima não pode também 
aumentar a pena. 
 
e) crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa: parágrafo único 
No parágrafo único do art. 141 do Código Penal a pena é aplicada em dobro para qualquer 
crime contra a honra praticado mediante paga ou promessa de recompensa. 
Paga e promessa de recompensa caracterizam o crime mercenário ou crime por mandato 
remunerado, motivado pela cupidez, isto é, pela ambição desmedida, pelo desejo imoderado 
de riquezas. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o crime contra 
a honra. Incide a causa de aumento de pena se o sujeito recebe somente parte do valor acertado 
com o mandante. Já na promessa de recompensa o pagamento é convencionado para momento 
posterior à execução do delito. Nesse caso, não é necessário que o sujeito efetivamente receba 
a recompensa. É suficiente a sua promessa. E também não se exige tenha sido a recompensa 
previamente definida, podendo ficar à escolha do mandante. 
O pagamento, em ambos os casos, pode ser em dinheiro ou qualquer outra espécie de bem, tal 
como uma joia ou um automóvel. E, por se tratar de crime contra a honra, e não contra o 
patrimônio, a vantagem não precisa obrigatoriamente ser econômica, como é o caso da 
prestação de favores sexuais, promessa de casamento etc. 
Cuida-se de crime plurissubjetivo ou de concurso necessário. Devem existir pelo menos 
duas pessoas: o mandante (quem paga ou promete a recompensa) e o executor. 
Aplica-se a causa de aumento de pena, imediatamente, ao executor, pois é ele quem atua movido 
pela paga ou pela promessa de recompensa. Mas não incide a majorante ao mandante. Por se 
tratar de circunstância manifestamente subjetiva, não se comunica ao partícipe (como o 
mandante) nem a eventual coautor. É o que se extrai do art. 30 do Código Penal. 
 
 
EXCLUSÃO DO CRIME: ART. 142 
O art. 142 do Código Penal contém causas especiais de exclusão da ilicitude, incidentes no 
tocante à injúria e à difamação. Não se caracterizam tais crimes contra a honra por ausência 
de ilicitude, nada obstante o fato seja típico. 
Esse dispositivo não se aplica ao crime de calúnia por dois motivos: 
1) ausência de amparo legal, uma vez que diz expressamente: “não constituem injúria ou 
difamação punível”; e 
2) há, nesse delito, o interesse do Estado e da sociedade em apurar a prática de crimes, 
identificando e punindo seus responsáveis. 
 
Hipóteses de exclusão da ilicitude 
 
a) a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador: 
inciso I 
Trata-se da imunidade judiciária, que alcança tanto a ofensa oral (exemplos: alegações em 
audiência, debates no plenário do júri etc.) como também a ofensa escrita (exemplos: petições 
em geral, memoriais, razões e contrarrazões de recursos etc.). 
A expressão “ofensa irrogada em juízo” reclama uma relação processual instaurada, ligada ao 
exercício da jurisdição, inerente ao Poder Judiciário, afastando-se as demais espécies de 
processos e procedimentos, tais como os policiais e administrativos. Há, todavia, opiniões em 
contrário, no sentido de que a expressão “discussão da causa” abrange qualquer tipo de “causa”, 
inclusive as notificações. 
Deve existir, ainda, relação de causalidade entre a ofensa proferida e o exercício da defesa de 
um direito em juízo. Há crime na hipótese de ofensa gratuita. 
Partes são o autor e o réu, bem como seus assistentes e as demais pessoas admitidas de qualquer 
modo na relação processual, tais como o chamado à autoria e o terceiro prejudicado que 
recorre. Procuradores, por sua vez, são os advogados, constituídos ou dativos. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Subsiste a excludente da ilicitude, contudo, quando a ofensa for proferida contra terceiro 
(exemplo: uma testemunha), e não necessariamente contra uma das partes ou seus procuradores, 
desde que relacionada à discussão da causa. 
Prevalece o entendimento de que não se aplica a excludente da ilicitude àquele que ofende 
o magistrado. O julgador não é parte, e sua imparcialidade exclui qualquer interesse no 
resultado da demanda. Qualquer ato contra sua honra, portanto, deve ser punido. 
 
b) a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando 
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar: inciso II 
Esse dispositivo tem em vista defender o elevado interesse da cultura, que é resguardar a 
liberdade de crítica em relação às ciências, artes e letras, indispensável ao aperfeiçoamento 
dessas manifestações superiores do espírito e à segurança do julgamento histórico sobre elas. 
O Código Penal tolera a análise crítica, por mais rígida que seja, não só de determinada obra, 
mas da produção em geral e da capacidade do seu autor, com o emprego dos termos e expressões 
necessários para exteriorizar o pensamento de quem julga. 
A crítica honesta e moderada de cunho literário, artístico ou científico é lícita, pois se coaduna 
com a liberdade de expressão, direito fundamental assegurado pelo art. 5.º, inciso IV, da 
Constituição Federal. Caracteriza, todavia, o crime de injúria ou de difamação quando evidente 
a intenção de ofender a honra alheia. 
 
c) o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação 
que preste no cumprimento do dever de ofício: inciso III 
Cuida-se de modalidade especial de estrito cumprimento de dever legal. O conceito legal de 
funcionário público é fornecido pelo art. 327 do Código Penal: “Considera-se funcionário 
público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública”. E seu § 1.º apresenta o funcionário público por equiparação: 
“Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para 
a execução de atividade típica da Administração Pública”. 
Essa causa de exclusão da ilicitude é necessária para assegurar a independência e tranquilidade 
dos servidores públicos, para o perfeito desempenho das suas funções, no interesse da coisa 
pública. Com efeito, os funcionários públicos, em suas manifestações, muitas vezes podem ser 
conduzidos ao emprego de termos ou expressões de sentido ofensivo, mas que são 
imprescindíveis para a fiel exposição dos fatos ou argumentos.171 Exemplo: Delegado de Polícia 
que, ao relatar o inquérito, refere-se ao indiciado como sujeito “perigoso, covarde e impiedoso”. 
Nada obstante, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade (CP, art. 142, 
p. único). 
 
 
RETRATAÇÃO 
Trata-se de causa de extinção da punibilidade. Como se extrai do art. 107, inciso VI, do 
Código Penal: “Extingue-se a punibilidade: (...) pela retratação do agente, nos casos em que a 
lei a admite”. O art. 143 do Código Penal é um desses casos admitidos em lei. 
É cabível unicamente na calúnia e na difamação, pois nesses delitos há, pelo ofensor, a 
imputaçãode um fato ao ofendido, que pode ser definido como crime (calúnia) ou ofensivo à 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
sua reputação (difamação). Consequentemente, interessa à vítima que o sujeito se retrate, 
negando ter ela praticado o fato imputado. 
Na injúria, por sua vez, a retratação do agente não leva à extinção da punibilidade, por dois 
motivos: 
1) a lei não a admite; e 
2) não há imputação de fato, mas atribuição de qualidade negativa e atentatória à honra subjetiva 
da vítima, razão pela qual pouco importa dizer que errou, pois tal conduta pode denegrir ainda 
mais a honra do ofendido. 
Observe-se, também, que a retratação somente é possível nos crimes de calúnia e de 
difamação de ação penal privada. Diz o art. 143 do Código Penal: “O querelado que...”. Não 
extingue a punibilidade nos crimes de calúnia e de difamação de ação penal pública (exemplo: 
contra funcionário público). 
Trata-se, finalmente, de causa extintiva da punibilidade de natureza subjetiva. Não se 
comunica aos demais querelados que não se retrataram. E, na hipótese de concurso de crimes 
de calúnia e de difamação, a retração somente aproveita ao delito a que expressamente se refere. 
 
Observações 
Retratar-se significa retirar o que foi dito, desdizer-se, assumir que errou. Não se confunde com 
a confissão do crime. A retratação deve ser total e incondicional, ou, como prefere o art. 143 
do Código Penal, cabal, em decorrência de funcionar como condição restritiva da pena. 
Precisa abranger tudo o que foi dito pelo criminoso. É ato unilateral, razão pela qual prescinde 
de aceitação do ofendido. 
Por último, a retratação há de ser anterior à sentença de primeira instância na ação penal 
(“antes da sentença”). Ainda que tal sentença não tenha transitado em julgado, a retratação 
posterior é ineficaz. Nos crimes de competência originária dos Tribunais, a retratação deve 
preceder o acórdão. 
 
 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES: ART. 144 
Inferência é o processo lógico de raciocínio baseado em uma dedução. Parte-se de um 
argumento para se chegar a uma conclusão. No campo dos crimes contra a honra, tem lugar 
quando uma pessoa se vale de uma frase equívoca, pela qual, mediante uma dedução, pode-se 
concluir que se trata de uma ofensa a alguém. 
Mas não há certeza sobre o ânimo de atacar a honra alheia, ou, ainda que, presente essa certeza, 
não se sabe exatamente qual pessoa foi atacada. Exemplo: No horário de café, um funcionário 
de uma empresa em recuperação judicial diz: “o maior ladrão desse estabelecimento tem lugar 
de destaque na diretoria”. 
Para afastar a dúvida sobre eventual ofensa, o art. 144 do Código Penal permite, àquele que se 
sentir prejudicado, pedir explicações em juízo, previamente ao oferecimento da ação penal. 
Mas não é cabível o pedido de explicações em juízo: 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
1) quando o fato imputado à vítima, ou então a qualidade negativa a ela atribuída, encontrar-se 
acobertado por causa de exclusão da ilicitude (CP, art. 142) ou de extinção da punibilidade 
(exemplos: prescrição e decadência, entre outros); 
2) quando manifestamente não há ofensa; e 
3) quando a frase proferida pelo sujeito é clara e de fácil compreensão, não ensejando dúvida 
acerca do seu caráter ofensivo. 
O pedido de explicações em juízo é dotado das seguintes características: 
a) É medida facultativa, pois a pessoa ofendida não precisa dele se valer para o oferecimento 
da ação penal; 
b) Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da ação penal; 
c) Não há procedimento específico. Obedece, portanto, ao rito das notificações avulsas: o 
ofendido formula o pedido em juízo, em seguida o magistrado determina a notificação do autor 
do suposto crime contra a honra para se manifestar sobre a imputação de fato (calúnia ou 
difamação) ou atribuição de qualidade negativa (injúria), e, finalmente, com ou sem resposta, 
os autos são entregues ao requerente. 
O requerido não pode ser compelido a prestar as informações solicitadas, razão pela qual à sua 
omissão veda-se a imposição de qualquer espécie de sanção. 
d) O magistrado não julga o pedido de explicações. De fato, se posteriormente a vítima ajuizar 
a ação penal, o juiz levará em conta as explicações prestadas para receber ou rejeitar a inicial 
acusatória. 
e) Estabelece a parte final do art. 144 do Código Penal: “Aquele que se recusa a dá-las ou, a 
critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”. 
A rápida leitura desse dispositivo legal conduz a uma conclusão precipitada. Fica a impressão 
de que, se o requerido recusar-se a prestar as informações, ou prestá-las insatisfatoriamente, 
será condenado pela ofensa. Mas não é essa a finalidade da lei. 
Com efeito, após o recebimento da inicial acusatória, o ofensor exercerá sua ampla defesa, com 
respeito ao contraditório e ao devido processo legal. Terá à sua disposição todos os meios em 
direito admitidos para provar sua inocência, não podendo se falar em condenação automática e 
baseada unicamente no pedido de explicações. 
Ressalte-se que a recusa em prestar informações não caracteriza novo crime contra a honra. 
f) O pedido de explicações não interrompe nem suspende prescrição nem a decadência. 
Contudo, torna prevento o juízo para futura ação penal. 
 
 
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Espécies de ação penal 
O art. 145 do Código Penal revela que nos crimes contra a honra a ação penal pode ser privada 
(regra) ou pública, incondicionada ou condicionada (exceções). 
A regra geral está na primeira parte do caput: a ação penal é privada, pois “somente se procede 
mediante queixa”. 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
Mas há três exceções: 
a) Ação penal pública incondicionada: 
Na injúria real, se da violência resulta lesão corporal (art. 145, caput, parte final). 
De acordo com o texto legal, a ação penal será pública incondicionada qualquer que seja a lesão 
corporal: leve, grave ou gravíssima. 
No entanto, há posições doutrinárias sustentando que, em face do art. 88 da Lei 9.099/1995, a 
lesão corporal leve passou a ser crime de ação penal pública condicionada à representação. 
Consequentemente, se da violência empregada como meio de execução advém lesão leve, a 
ação penal na injúria real será pública condicionada, subsistindo a ação penal pública 
incondicionada somente para as hipóteses em que resultar lesão grave ou gravíssima. 
Mas há também quem entenda que, por se tratar a injúria real de crime complexo, integrado 
por um misto de injúria e lesão corporal, a ação penal continua pública incondicionada, qualquer 
que seja a natureza da lesão corporal. Isso porque a lesão corporal perde sua autonomia, não 
sendo alcançada pela exigência de representação prevista no art. 88 da Lei 9.099/1995. 
A injúria real praticada com emprego de vias de fato é crime de ação penal privada. Como não 
há ressalva expressa, segue a regra geral prevista na primeira parte do caput do art. 145 do 
Código Penal. 
 
b) Ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: 
Crime contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro (CP, art. 145, 
p. único, 1.ª parte). 
A requisição do Ministro da Justiça, nada obstante receba tal denominação, indicativa de ordem 
ou mandamento, não vincula a atuação do membro do Ministério Público. Extrai-se essa 
conclusão do princípio da independência funcional dos integrantes do Parquet, consagrado 
pelo art. 127, § 1.º, da Constituição Federal. Além disso, enquanto instituição, o Ministério 
Público é também dotado de autonomia funcional (CF, art. 127, § 2.º). 
A palavra requisição deve ser atualmente compreendida como representação, pois assimfoi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Mas por que o Código Penal utiliza o 
termo “requisição”? 
A razão é histórica. Com efeito, o Código Penal é de 1940. Naquela época, estava em vigor a 
Constituição Federal de 1937 (apelidada de “polaca”, em decorrência de ter se inspirado na 
Constituição polonesa), a qual situava o Ministério Público como órgão do Poder Executivo, 
sem as garantias e prerrogativas hoje existentes. Consequentemente, o Parquet se subordinava 
ao Ministério da Justiça, legitimando sua “requisição” pelo Ministro de Estado sempre que 
necessário. 
 
c) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: 
1) calúnia, difamação ou injúria contra funcionário público, em razão de suas funções (CP, art. 
145, p. único, 2.ª figura); e 
2) injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem 
ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, na forma do art. 140, § 3.º, do Código 
Penal (CP, art. 145, p. único, in fine, com redação dada pela Lei 12.033/2009). 
Prof. Rone Miller Roma – Especialista em Direito Penal 
No tocante ao crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções, é 
conveniente tecer algumas considerações. Vejamos. 
Se não há relação entre o delito contra a honra e o exercício das funções públicas, a ação penal 
é privada. Também é privada a ação penal quando a ofensa se dirige a pessoa que já deixou a 
função pública. 
Note-se o teor da Súmula 714 do Supremo Tribunal Federal: “É concorrente a legitimidade do 
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, 
para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas 
funções”. 
O fundamento da súmula é simples. O Código Penal previu a ação penal pública condicionada 
para não onerar o funcionário público ofendido em razão de suas funções. Não seria correto 
impor a ele a custosa tarefa de constituir um advogado para tutelar sua honra, injustamente 
atacada quando desempenhava alguma atividade de interesse público. Mas, se ele quiser arcar 
com o encargo do ajuizamento de queixa-crime, pode recusar o benefício que lhe é assegurado 
e ingressar com ação penal privada.

Outros materiais