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1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como presente instrumento o resumo sobre os temas das providências preliminares e do saneamento do processo, medidas que podem ser utilizadas pelo juiz de direito no processo. Uma vez finalizado o prazo de resposta do réu, o juiz se torna responsável pelo andamento do processo, inicia-se a fase das providências preliminares e do saneamento que são, por fim, a organização do processo para que o mesmo prossiga de forma ordenada ou se encerre neste momento processual. Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares constantes das seções deste Capítulo. As providências preliminares visam assegurar o direito fundamental ao contraditório e a sanear o processo, eliminando vícios que possam comprometer sua validade, não se trata de um requisito necessário, mas que ocorre eventualmente de acordo com o conteúdo e conforme as circunstâncias de cada caso. O saneamento é uma espécie de “limpeza” do processo, onde o juiz filtra todos os vícios e sana-os no objetivo de julgar o mérito de forma clara, valida e objetiva. 2 DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO DO PROCESSO O réu possui um prazo de 15 dias para resposta ao processo (art. 335 NCPC), ou seja, produza provas mesmo que não tenha apresentado defesa, após o fim deste prazo o juiz conclui os autos e então determina as providências que serão tomadas a partir deste. Inicia-se então a fase ordinatória, o qual o juiz coloca o processo em ordem resguardado o princípio do contraditório e se precavendo de nulidades. Essa fase exige que o juiz desempenhe três tarefas sendo, a verificação da necessidade de produção de provas pelo autor (casos essas ainda não tenham se esgotado), sanar as irregularidades que impendem o prosseguimento do processo, eliminando os vícios ou excessos, ou extingue-o sem o julgamento do mérito e caso ainda não esteja convicto poderá pedir a produção de mais provas. Assim sendo, se não houve mais provas a produzir o julgamento é antecipado, havendo a necessidade de produção de mais provas, ele impulsiona para a fase instrutória. Conforme previsto nos termos do artigo 347 a 352 do NCPC: Art 347 – Findo o prazo para contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares constantes das seções deste capítulo. É a fase em que o juiz analisa e verifica o processo, tomando a partir daí as providências necessárias cabíveis para a resolução do mesmo. Art 348 - Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia, previsto nos art. 344, ordenará o que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. O dispositivo deste artigo é sempre aplicado quando o réu mesmo revel não tiver apresentado sua defesa, ou seja, não tenha ocorrido o efeito da confissão ficta (os fatos alegados pelo autor ainda não são considerado verdadeiros) ou não tenha convencido o juiz que solicita ao autor que especifique provas sobre os fatos por estes alegados. Lembrando que a revelia nem sempre implica na confissão ficta dos fatos alegados pelo autor, sendo assim, em algumas circunstâncias o autor deve comprovar a veracidade de suas alegações. Art 349 – A réu revel será licita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os autos processuais indispensáveis a essa produção. 3 Especifica que réu revel tem o direito de defesa naquele processo a partir da produção de provas, desde que solicitado no tempo certo. Art 350 - Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de provas. Significa que em caso de alguma alegação no artigo citado por parte do réu, o juiz abre um prazo de 15 dias para alegação do mesmo, ou seja, recai sobre o réu o ônus da prova, este direito tem como base o princípio do contraditório. O autor no mesmo prazo de 15 dias pode impugnar essas alegações de forma especificada, caindo a partir daí sobre este o ônus das provas, se ele não o fizer, os fatos alegados pelo réu são alegados verdadeiros, conforme previsto no artigo 351 conforme segue: Art 351 – Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no artigo 337, o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de provas. Art 352 – Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias. Se há vícios ou irregularidades sanáveis o juiz determina a correção no prazo nunca superior a 30 dias. Tempo para contestação do réu → 15 dias. Tempo para réplica à contestação do réu → 15 dias. Tempo para sanar vícios ou irregularidades → 30 dias. 4 JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO Após cumprir as providências, mesmo não sendo elas necessárias, conforme termos do artigo 353: Art. 353 – Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o capítulo X. Então, o juiz possui 3 providências para proferir o julgamento conforme o estado do processo, sendo elas: I- Pode julgar o processo e extingui-lo – Extinção do processo com ou sem julgamento. II- Pode julgar antecipadamente o mérito III- Pode julgar de forma antecipada, porém parcialmente. I - EXTINÇÃO DO PROCESSO → o juiz pode verificar que o processo já comporta extinção por sentença terminativa: Sentença terminativa é aquela que o juiz nem chega a verificar quem tem razão, pois foi constatado o vício formal ou irregularidade do processo prevista nos artigo 485, do CPC, não havendo julgamento do mérito, assim ocorrendo a extinção do processo sem julgamento do mérito. Indeferir a petição inicial (rejeitar prematuramente a petição não dando continuidade ao processo, por exemplo, quando houver algum na petição). O processo ficar parado por mais de 12 meses por negligências das partes (a parte poderá ser intimada no prazo de 05 dias para suprir a falta). Por não promover atos e diligencias que lhe incumbir o autor, abandonando a causa por mais de 30 dias (a parte poderá ser intimada pessoalmente no prazo de 05 dias para suprir a falta). Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento valido e regular do processo (exemplo quando o juiz é imparcial ou incompetente. A verificação desse vicio é causa de nulidade absoluta, podendo ser arguida a qualquer tempo enquanto não ocorrer o transito em julgado). Reconhecer a existência de perempção, litispendência ou de coisa julgada: 5 - Perempção: quando o autor abandona a causa 03 vezes. - Litispendência: quando o autor repete uma ação já em curso. - Coisa julgada: quanto o autor entra com uma ação que já foi julgada anteriormente. Verificar a ausência de legitimidade ou de interesse processual. Acolher a alagação (alegada na contestação do réu) de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência. Homologar a desistência da ação por parte do autor desde que haja ciência e consentimento do réu. II - JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO Art. 355 – O juiz julgará antecipadamente o pedido, preferindo sentença com resolução do mérito, quando: I – não houver necessidade de produção de outras provas. II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no artigo344 e não houver requerimento de prova, na forma do artigo 349. Extinguirá o processo desde logo, por sentença, porém com julgamento do mérito, se houver reconhecimento do pedido, transação, decadência, prescrição ou renúncia do direito formulada pelo autor, contrário da desistência que significa a desistência de provocar o poder judiciário em certo momento. O julgamento antecipado do mérito ocorre quando não há necessidade de produção de novas provas e o juiz constatar total veracidade dos fatos, podendo assim resolve-los naquele momento. Ocorre também quando o réu foi revel e os fatos alegados pelo auto forem verídicos, sendo assim dispensável a fase de instrução. III – EXTINÇÃO PARCIAL DO MÉRITO. Extinção parcial do mérito ocorre quando um ou mais dos pedidos formulados ou parte dele for incontroverso ou estiver em condições de solução imediata 6 conforme mencionado nos termos dos artigos 485 e 487 NCPC. A outra parcela da lide será, então, submetida à instrução probatória. Uma vez transitada em julgado a sentença parcial do mérito, seja porque não interpôs recurso contra ela, seja porque não tiveram sucesso aqueles interpostos, passa a caber a própria execução definitiva (art. 356, § 3º). Art. 356 O Juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - Mostrar-se incontroverso; II - Estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra esse interposto. § 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. § 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento 7 SANEAMENTO DO PROCESSO O saneamento é a fase que ocorre quando é necessária a produção de novas provas e não se inclua na situação de extinção do processo, ocorre então o saneamento que é a preparação do processo para o início da fase de instrução. As etapas realizadas pelo juiz para essa preparação é verificar as questões processuais ainda pendentes se houverem (art. 357, I), resolvendo os erros das fases preliminares que caso ocorram a parte interessada possui a autorização do juiz para a correção. Em seguida o juiz delimitará questões de fato sobre as quais dependerá de provas apontando os vícios especificando os meios de provas que serão utilizados para formar seu convencimento. Também há a delimitação das questões de direito relevantes, aplicando normas e qualificações jurídicas pertinentes ao caso, independente da alegação das partes (inc. IV), porém o juiz não pode decidir com base no fundamento que não tenha sido previamente submetido a contraditório, mesmo que se trate de matéria que possa ser reconhecida de oficio. E ainda se a causa apresentar complexidade o juiz designará a necessidade de uma audiência de instrução e julgamento. SANEAMENTO POR MEIO DE DECISÃO: É o procedimento tradicional no qual o juiz irá decidir após a fase de providencias preliminares, realizado o saneamento, as partes tem direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes no prazo de 05 dias, findo o qual, a decisão se torna estável. SANEAMENTO CONSENSUAL: É o procedimento que pode ser realizado pelas próprias partes que podem apresentar questões de fato e de direito referentes a lide, fazendo assim com que todos os envolvidos no processo possam colaborar para que o conflito seja solucionado de forma justa e efetiva e em tempo plausível e o juiz pode analisa-las e homologa-las também juntamente as partes Vale ressaltar que não há acordo para afastar nulidades absolutas, garantias processuais e normas cogentes. 8 SANEAMENTO COMPARTILHADO: Determinação de audiência em casos complexos para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, cabe ao juiz provocar as partes para que esclareçam ou complementem suas alegações. Caso seja determinado à produção de provas o prazo para apresentação destas é de 15 dias e um rol de testemunhas no mínimo 03 máximo 10 presentes no dia da audiência. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MELO, Nehemias Domingos. Lições de Direito Processual Civil. Volume 1. São Paulo: Editora Rumo Legal. Edição, 2017. Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Editora Saraiva 2016. HELLMAN, Renê Francisco. Novo CPC, providências preliminares e saneamento. Paraná, 2015.
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