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ECONOMIA E IDEOLOGIA Diante de tantas correntes de pensamento econômico é impossível acreditar que não sofram influência de algum tipo de ideologia. Segundo o texto de Costa e Flávio, o raciocínio das pessoas consiste em descobrir argumentos para reafirmar suas crenças, uma vez que são tomadas como verdades incontestáveis. A crença acaba, em alguns casos, direcionando o estudo científico, principalmente no ramo das ciências sociais. No caso da ciência econômica, a ideologia, que com grande frequência é utilizada por pequenos grupos dominantes para defender seus interesses, tem seu efeito manipulador potencializado, estudos são direcionados para encontrar argumentos favoráveis ao interesse, e em alguns casos mais graves, são descartados dados que contrariam a ideia inicial, obras de grandes pensadores da ciência econômica são interpretadas em fragmentos para que possam ser selecionadas apenas as partes de interesse deixando o restante da obra de lado, aceitam-se apenas a obra deste ou daquele economista sem verificar que nenhuma corrente do pensamento econômico consegue responder e resolver a todos os problemas econômicos. As teorias econômicas foram formuladas por meio de observações da sociedade ao longo do tempo, muitas vezes na tentativa de resolver falhas na estrutura econômica que o pensamento dominante na época não conseguia explicar. Os métodos quantitativos tinham a função de mensurar aquilo que era proposto pela teoria e fortalecer as características científicas. No século XVI surgiu o Estado Absolutista, a economia ainda não existia como ciência, ocorreu um fortalecimento do Estado como agente de intervenção da estrutura econômica, século XVII dá se início ao pensamento que faz com que surjam os fisiocratas, estes iniciam o estudo da economia baseado em leis naturais, em 1776 Adam Smith publicou Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações no qual as políticas protecionistas e intervencionistas do Estado eram criticadas, surgem então os alicerces do liberalismo e a economia moderna como ciência. Tanto os fisiocratas quanto os liberais defendiam que o Estado não deveria intervir e deixar a economia se autorregular, é possível que neste momento tenha ocorrido alguma influência ideológica, leis naturais e modelos matemáticos estavam sendo utilizados para explicar relações sociais e como é descrito no próprio texto de Costa e Flávio, é impossível existir uma ciência isenta de valores. Em 1929, iniciou-se uma grande crise e a autorregulação passou a ser questionada, em 1936 John Maynard Keynes argumentou que deveria haver intervenção do Estado para garantir a estabilidade da macroestrutura com o uso de políticas econômicas, neste momento fundaram- se os argumentos para uma nova corrente ideológica. Anos depois, nas décadas de 1970-1980 surgem os monetaristas e os neoclássicos, contestando a teoria Keynesiana e a intervenção do Estado, formando novas correntes ideológicas. Estes são apenas alguns exemplos nos quais a ciência econômica está acompanhada da influência da ideologia, o que muitas vezes não é levado em consideração é o contexto do surgimento dessas teorias e dos estudos científicos utilizados para explicar as condições econômicas em cada época, sendo que o berço de cada um deles foi a própria sociedade. As teorias econômicas foram criadas para explicar e resolver os problemas econômicos que se manifestaram ao longo do tempo, as ideologias utilizam fragmentos dessas teorias para direcionar a sociedade no sentido de interesse. Podemos concluir que é impossível separar a ciência econômica da ideologia, uma vez que se trata de uma ciência social, no entanto, devemos tomar cuidado ao defender esta ou aquela ideologia sem antes avaliar seus fundamentos. A ideologia é utilizada com grande frequência para manipular a sociedade, sendo neste caso ferida a neutralidade científica.
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